Naquela noite havia algo que perturbava o pequeno Dinis. Talves fosse o barulho do vento lá fora ou aquelas imagens do livro do irmão Beau. Mas o certo é que tinha o sono bastante agitado.
Sonhava que o seu irmão o operava com a ajuda da espada ou que o enchia daqueles bichos estranhos sanguessugas. Saltava de sonho em sonho e cada um mais aterrador que o outro. Até que algo o despertou, não foi nenhum sonho que o fez acordar, foi alguém a chamar. A chamar o seu nome:
- Dinis... Dinis...
Escondeu-se de baixo dos lençois.
Maldito vento. pensou ele
Talvés se me esconder aqui o barulho passe.
- Diniiiiiiiiiis.
Espreita para fora do lençol e não vê nada. Resolve sair da cama e olhar a janela, para ver quem o chamava. Ao principio olha para os jardins e para o portão do Solar e nada. Não havia ninguém.
Só pode ter sido o vento ou então o meu irmão a querer pregar-me mais uma partida das dele.Vou voltar pra cama. enquanto estes pensamentos passavam pela sua cabeça vislumbra três silhuetas a ganharem forma junto do portão.
- Beau pára imediatamente com isso. Não tem piada nenhuma, espera só eu contar para a mamy.
Mas não obteve qualquer resposta. Sem tirar os olhos da janela, ele observa as três figuras a ficarem cada vez mais nítidas. Duas delas, mais altas, vestidas de negro, enquanto que a outra vestida de branco era mais baixa, da altura de uma criança.
Os três se aproximavam da janela do seu quarto, e ele sentia que o observavam, embora não pudesse distinguir os seus olhos.
O pequeno estava paralisado de medo. Não queria ver, mas também não conseguia deixar de olhar. À sua volta o ar estava cada vez mais frio, ao ponto de conseguir ver a sua própria respiração. Tentou gritar, mas da sua boca aberta nem um som saiu. Eles vinham na sua direcção e ele nada podia fazer. Era o fim...