Sylarnash
[Aveiro, Condado de Coimbra]
Sylarnash não parara quieto. Os últimos dias, entre viagens, trabalhos nas mansões dos mais altos cidadãos do condado, o conselho que graças ao Altíssimo, finalmente, chegava ai fim, e ainda alguns trabalhos locais e gestão das suas propriedades tomavam-lhe todo o seu tempo, no entanto, havia, como sempre houve, alguns minutos dedicados a oração e pregação aos fieis.
O Conde de Óbidos tinha acabado de chegar a Aveiro vindo de Coimbra e observou atentamente os rendimentos e a concorrência no ramo de negócio de tavernas e, sem grande espaço de manobra tendo em conta os dados que tinha em mãos apresentou uma nova alteração ao cartaz de ementas do Farol de Aveiro. Após isso escreveu algumas cartas que tinha em atraso já desde a saída de Coimbra, pediu que fossem entregues ao destinatário e já se encontrando a escrever pegou no seu livro e redigiu algumas linhas.
#59 wrote:
Aveiro, 14 de Setembro de 1460
É com felicidade que vejo que finalmente o XXVIII Conselho do Condado de Coimbra se encontra a acabar. Apesar de todos os comentários mais inadequados, ofensivos, opressivos e propagadores de boatos criados por alguns cidadãos-opositores o Conselho cumpriu a sua função e entregou a possibilidade aos próximos conselhos de superarem o défice e com a ajuda de todos chegar ao positivo. É com mais felicidade ainda que o posso afirmar, foi com sucesso que termina o XXVIII Conselho do Condado de Coimbra.
Tratei à pouco de algumas alterações à ementa d'O Farol de Aveiro, a criação obscura de uma nova taverna no anexo de uma casa abandonada desregulou por completo o mercado das tavernas, já para não falar do desajuste ao comércio local criado. Espero que com as novas ementas e os preços dos bens que pratico possam ajudar à regulamentação destes mercados.
Entretanto deixarei alguns serviçais a tomar conta da Residência em Aveiro e partirei de novo em Viagem. Desta vez às cidades do Condado do Porto.
Mons. Dom Sylarnash Manuel de Albuquerque
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Sylarnash
[Aveiro, Condado de Coimbra]
O Conde tinha passado algumas horas a discutir com alguns familiares os eventos políticos a nível de todo o reino. Vários eram os temas que poderia ter sido alvo de discussão, desde o Conselho do Condado e os portos do condado, à situação da Real Casa da Justiça e Parlamento. Apesar da audível e forte discussão Sylarnash mantivera-se calmo e atento às opiniões. No final já na sua residência em Aveiro e após alguns momentos de descanso o Conde pegou no seu diário e escreveu algumas linhas.
#61 wrote:
Aveiro, 08 de Outubro de 1460
Denoto algum desinteresse, a nível condal, pela política portuária não pude deixar de reparar na dificuldade em encontrar candidatos a capitães dos portos de Coimbra. Por outro lado verifico que o Parlamento não ratificará tão cedo os nomes dos candidatos a Juízes da Real Casa da Justiça, ainda por cima o Condado do Porto está com dificuldades em arranjar cidadãos interessados.
Se porventura forem abertas candidaturas extraordinárias ao Porto de Aveiro, juntarei o útil ao agradável e candidatar-me-ei. É imprecindível que a evolução do Porto de Aveiro não pare e, admito que já tenho alguma saudades de participar na área náutica do Reino de Portugal.
Lamento que, constatando os meus receios, a Marinha Real Portuguesa se encontre sem actividade, e mais, sem instalações, sem aplicação e exercício dos deveres exercidos pela Constituição sobre a Instituição. Lamento-o porque eu estaria disposto a ingressar na instituição, poucos detêm tanta experiência, estudos e interesse pela navegação, portanto julgo que eu seria uma mais valia, isto claro se houvesse marinha, o que não há, e parece não vir a haver tão cedo.
Mons. Dom Sylarnash Manuel de Albuquerque
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Sylarnash
[Aveiro, Condado de Coimbra]
Chovera todo o dia. Sylarnash passara o seu dia dentro de casa rodeado de livros, cadernos, papeis e escritos importantes. Não tinha havido possibilidade de sair do interior da residência então o conde entregara o seu tempo para tratar de alguns documentos importantes.
Após notar a ausência de uma entrada no seu diário à alguns dias Sylarnash sentou-se no escritório e escreveu umas novas linhas.
#62 wrote:
Aveiro, 12 de Outubro de 1460
Apesar de raras, as visitas de familiares à Mansão em Aveiro, acontecem frequentemente, algumas rápidas e outras mais demoradas, para tal é sempre de bom tom ter um pouco de um bom vinho ou outros líquidos de luxo para oferecer aquando de uma boa conversa ou troca de informações sobre os territórios mais longínquos.
Foi ontem tirado o dia para fazer uma lista dos bens que detenho em Aveiro e verifiquei que entre outros bens degradáveis ou consumíveis, a pequena adega local encontrava-se severamente vazia. Tal era necessário ser corrigido. Não só era um desrespeito para com os visitantes não colocar um bom jarro de vinho ou umas uvas, mas também era uma mancha deixada pelo senhor na hospitalidade aveirense e nobre.
Lá tratei, após uma boa noite de sono e reflexão, de encarregar alguém de viajar até às adegas do norte para trazer alguns bens menos encontrados nos mercados cá do centro. O Rodrigo ainda estava cá em Aveiro, a sua ajuda noutros assuntos da residência tinham sido bastante úteis e a sua presença justificava-se, mas agora menos, por foi ele mesmo quem autorizei a ir ao Condado do Porto trazer alguns dos bens necessários.
Mons. Dom Sylarnash Manuel de Albuquerque
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Sylarnash
[Aveiro, Condado de Coimbra]
O dia no Porto de Aveiro terminara. Sylarnash iria em breve fechar o edifício do porto, arrumou alguns documentos sobre a secretária do gabinete do capitão, a sua secretária, e notou o seu diário no canto esquerdo da secretária. Não hesitou, observou o resto do gabinete mais ou menos arrumado e então sentou-se por alguns minutos e descreveu o que lhe ia na alma, naquele dia a falta de resposta de alguns cidadãos.
#64 wrote:
Aveiro, 29 de Outubro de 1460
Iniciei à duas semanas os trabalhos na Capitania do Porto de Aveiro, o inventário do porto encontrava-se já preparado para a fase de obras que se iria iniciar, contudo havia necessidade de encontrar mão de obra qualificada, o que iniciei de imediato à procura.
Enviei dois serviçais às universidades mais próximas, Coimbra e Porto, as mesmas mantêm, normalmente, um quadro com as pessoas qualificadas. Iniciei os contactos logo que obtive os nomes dos cidadãos Mestres em Alvenaria. Foram enviadas cerca de cinquenta cartas aos cidadãos de Coimbra e Porto capacitados.
Apesar da quantidade de enorme quantidade de pessoas qualificadas, poucos foram os que responderam, a recepção das cartas pelos mesmos foram confirmadas, usei dos meus próprios mensageiros, não usei pombos uma vez que havia necessidade de ter confirmação de que as cartas seriam entregues às pessoas.
Desde o dia em que foram enviados os mensageiros até hoje, apenas cerca de uma dezena das pessoas responderam de volta. Louvo, apesar de tudo, aqueles que responderam, negativamente ou afirmativamente pouco importa, a seriedade das pessoas está na capacidade de não terem medo de demonstrar-se capazes ou incapazes de ajudar, está na capacidade de responder civilizadamente ao outro interlocutor. As obras seguem com cerca de duas contratações por dia, às vezes 3. Alguns dos contactados comprometeram-se a dirigirem-se a Aveiro nas próximas semanas, dois deles já se encontram em Aveiro e ajudam diariamente, mais virão em breve, tenho fé.
Mons. Dom Sylarnash Manuel de Albuquerque
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Sylarnash
[Aveiro, Condado de Coimbra]
O Conde passara os últimos dois dias maioritariamente nas instalações da Real Casa de Justiça, não como juiz como se tinha candidatado, mas como requerente da reapreciação de alguns processos que em primeira instância não foram correctamente julgados e sentenciados.
O primeiro dia de audiências terminara...
#65 wrote:
Aveiro, 05 de Novembro de 1460
Finalmente se iniciaram as audiências de análise dos processos que coloquei na Real Casa de Justiça para reapreciação. O cansaço de me manter fechado nos salões do tribunal da Real Casa da Justiça horas a fio é visível.
Apesar dos imprevistos, dos desacatos que por duas vezes decorreram não poderei dizer que não esperava por eles, não poderei também e mais importante dizer que tenham tido qualquer efeito nos cidadãos, nobres, de honra, de rectidão e seriedade inquestionável que no tribunal se encontravam, a análise dos processos continuou como previsto. Resta lamentar determinadas atitudes.
Em breve, serei novamente chamado a prestar depoimento na Real Casa da Justiça, até lá prepararei o discurso, tratarei de reunir e cuidar das provas, hoje em dia segurança em torno das matérias mais sensíveis e importantes nunca é demais.
Mons. Dom Sylarnash Manuel de Albuquerque
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Sylarnash
[Aveiro, Condado de Coimbra]
A entrada do Conde na vida académica transformara por completo os afazeres do mesmo. Como se já não chegassem os trabalhos e funções diárias, as aulas enchiam os horários de cada dia e traziam um visível cansaço a Sylarnash, a única vantagem era, realmente, a oportunidade de ensinar os estudantes e, claro, os pagamentos pelas aulas que dera.
Os alunos chegavam aos grupos de 5 e as aulas tinham um sabor a vitória, o pequeno grupo de estudantes para cada aula possibilitava o acompanhamento mais de perto das dificuldades dos alunos.
#66 wrote:
Aveiro, 20 de Novembro de 1460
Iria deixar aqui algumas linhas com os mais recentes acontecimentos e momentos, no entanto vejo que os alunos já começam a tomar os seus lugares na sala de aula, terá de ficar para uma próxima oportunidade.
Muito trabalho, muito trabalho.
(espaço em branco)
Mons. Dom Sylarnash Manuel de Albuquerque
E assim ficou escrita uma estranha e curta entrada no diário._________________
Sylarnash
Os dias sem que o Conde escrevesse no seu pequeno livro sucediam-se, o trabalho era verdadeiramente muito, o tempo para reflexão e planificação era de tal maneira escasso que pouco ou nenhum sobrara.
O Conde de Óbidos encontrava-se na sua residência em Aveiro, naquele momento tratava de alguns documentos da Real Chancelaria quando o seu fiel Senescal pedira licença para entrar e conversar um pouco. Como habitual, Sylarnash cedeu algum do seu escasso tempo para ouvir o velho mas fiel amigo.
- Senhor Conde, chego agora da praça. - disse Rodrigo - o Senescal, ao se aproximar e sentar-se - Surgiram alguns boatos de que...
Antes que conseguisse terminar a frase que iniciara, o conde interrompeu-o.
- Já sabes que se forem boatos sem sentido e criados apenas para ofender os envolvidos não estou interessado! - repetiu Sylarnash aquela frase que tantas vezes já a tinha dito
O Senescal sorriu e então retomou a palavra.
- Não se preocupe, verifiquei a veracidade deste boato e tudo aponta para que seja verdadeiro, e olhe que é grave, muito grave. - O conde abanou afirmativamente com a cabeça e então Rodrigo reiniciou a sua anterior frase - Como dizia Senhor Conde, surgiram alguns boatos de que o Parlamento estava sobre ataque.
O Conde abriu literalmente a boca, deixando cair o queixo perante as palavras daquele seu fiel amigo.
- Sobre ataque? - perguntou surpreendido - Trata-se de alguma força estrangeira? Algum grupo invasor?
- Não, não. Pelo que entendi trata-se de uma pequena revolta. - colmatou Rodrigo - Aparentemente os populares estão a incendiar os edifícios circundantes do Parlamento, inclusive Sua Majestade que inexplicavelmente se encontrava no meio da multidão foi atacada e não se sabe mais notícias sobre o seu estado.
Ao ouvir o último comentário, como se já não fosse grave o suficiente a existência de uma intenção de guerra civil, Sua Majestade estava envolvida e pior fora atacada. Sylarnash viu-se perdido, por momentos, nos pensamentos, após respirar fundo, demonstrando um ar composto por tristeza pelo sucedido e, ao mesmo tempo, aflição pelo monarca, retomou a palavra.
- É realmente uma gravíssima situação. É inconcebível que tal se tenha sucedido, o uso da força para o que quer que seja é inadmissível. - exclamou - Trata de enviar dois cavaleiros ao castelo afim de descobrir mais sobre o estado da Rainha, e tente-se também descobrir também como o Parlamento se aguenta, os Parlamentares não são militares, são políticos, o uso da força nada resolverá. - e acrescentou finalizando - Por mim os revoltosos seriam todos denunciados, e condenados por Alta Traição, é inconcebível que a discordância pelas acções dos eleitos leve a este tipo de situações.
Dito isso, Rodrigo saiu de imediato, deixando o Conde novamente enterrado em papelada, e dirigiu-se à Casa da Guarda da Residência em Aveiro afim de instruir dois cavaleiros para investigar sobre o sucedido.
#67 wrote:
Aveiro, 18 de Janeiro de 1461
Chegaram-me informações de que o Parlamento está sobre ataque, uma quase guerra civil contra os eleitos. Pouco tenho a dizer senão lamentar o sucedido e que as pessoas sejam incapazes de se revoltarem sem usar a força, o insulto, e a má educação.
O Fiel Senescal Rodrigo que ouvira e me transmitira esta situação contou ainda que Sua Majestade tinha sido atacada, pouco mais sei, apenas que um objecto foi atirado contra a mesma e que ela caiu inanimada no chão do terreiro junto aos revoltosos.
Espero que não passe de um acidente e que a Rainha recupere.
Mons. Dom Sylarnash Manuel de Albuquerque
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