Ana.cat
O grupo saíra como já se tornara hábito pela madrugada, para trás deixaram a cidade de Santarém ainda adormecida sob o minguar da noite. A Este já se notava um tímido sol que parecia teimar em se levantar. Como Ana o compreendia... levantar-se àquelas horas com a frequência que ultimamente o fazia deixava-a com as ideias trocadas para não falar do seu humor, ou a falta dele neste caso.
A marcha foi lenta - mais uma vez por causa dos bois - e monótona, para trás deixaram as margens irrigadas do Ribatejo e entravam na chamada Estremadura, a paisagem ali era de um verde inóspito sem variação de tons, naquele momento sentia saudades do seu Alentejo dourado e das sombras que os sobreiros providenciavam. Ao longe, um pouco mais a norte avistava-se entre o nevoeiro as silhuetas indistintas de montanhas, a serra d'Aire. Ao pensar naquela serra esboçou um sorriso meio incongruente ou talvez uma cara de parva, mas ela não se apercebeu. Aquelas montanhas repletas de mato e pequenos arbustos lembravam-lhe Ourém, de facto o seu condado não se situava muito longe dali, não fosse estar já terrivelmente atrasada e com certeza teria insistido para parar e rever aquela vila quase inacessível que sempre a encantava à chegada.
Um guarda adiantou a marcha e colocou-se ao seu lado, aquela voz rouca e forte afastou os seus pensamentos sobre a paisagem, levando-a à realidade.
- Havemos de chegar a meio da tarde minha Senhora. Os bois estão a andar a um ritmo constante, apesar de não se o ideal... - acrescentou numa expressão de aborrecimento.
A Monforte acenou-lhe com a cabeça num gesto de aprovação.
- Estamos a chegar a estradas perigosas, é melhor mantermos-nos atentos. Ouvi relatos de assaltos mais a norte, não gostava nada de ser apanhada na mesma situação, se nos atrasamos nem que seja um dia poderemos não apanhar o barco em Lamego - disse ela, só para não ficar calada perante a primeira observação do guarda.
A viagem decorreu tranquilamente, apesar de o terreno ali ser mais irregular a estrada estava em melhores condições o que permitiu avanços mais visíveis do grupo. Ou então talvez tenha sido a boa companhia que diminuira inconscientemente o tempo da viagem. Quando Ana não o passava a observar indistintamente a paisagem passava-o junto dos amigos que encontrara em Santarém e a acompanhavam, o trovador Aristarco e Eudóxio Amaury, seu primo. A condessa apreciava bastante ouvir as cantigas e histórias do trovador, em particular as da Bretanha. Imaginar aquela abençoada terra verde-esmeralda fazia sentir-se bem consigo mesma, recordava-lhe as antigas histórias de cavalaria que lhe contavam em pequena, dos amores e triste destino de Tristão, cavaleiro bretão e da sua amada Isolda, uma princesa irlandesa. "Ahhh... bons tempos" - pensava ela.
Como esperado o grupo avistou as majestosas torres sineiras do mosteiro d'Alcobaça a meio da tarde. Sempre que a Monforte avistava a vila onde estava combinado pernoitar uma imensa alegria enchia-a por dentro, era a sensação de dever cumprido, estava completada mais uma etapa, outras se seguiriam.
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A marcha foi lenta - mais uma vez por causa dos bois - e monótona, para trás deixaram as margens irrigadas do Ribatejo e entravam na chamada Estremadura, a paisagem ali era de um verde inóspito sem variação de tons, naquele momento sentia saudades do seu Alentejo dourado e das sombras que os sobreiros providenciavam. Ao longe, um pouco mais a norte avistava-se entre o nevoeiro as silhuetas indistintas de montanhas, a serra d'Aire. Ao pensar naquela serra esboçou um sorriso meio incongruente ou talvez uma cara de parva, mas ela não se apercebeu. Aquelas montanhas repletas de mato e pequenos arbustos lembravam-lhe Ourém, de facto o seu condado não se situava muito longe dali, não fosse estar já terrivelmente atrasada e com certeza teria insistido para parar e rever aquela vila quase inacessível que sempre a encantava à chegada.
Um guarda adiantou a marcha e colocou-se ao seu lado, aquela voz rouca e forte afastou os seus pensamentos sobre a paisagem, levando-a à realidade.
- Havemos de chegar a meio da tarde minha Senhora. Os bois estão a andar a um ritmo constante, apesar de não se o ideal... - acrescentou numa expressão de aborrecimento.
A Monforte acenou-lhe com a cabeça num gesto de aprovação.
- Estamos a chegar a estradas perigosas, é melhor mantermos-nos atentos. Ouvi relatos de assaltos mais a norte, não gostava nada de ser apanhada na mesma situação, se nos atrasamos nem que seja um dia poderemos não apanhar o barco em Lamego - disse ela, só para não ficar calada perante a primeira observação do guarda.
A viagem decorreu tranquilamente, apesar de o terreno ali ser mais irregular a estrada estava em melhores condições o que permitiu avanços mais visíveis do grupo. Ou então talvez tenha sido a boa companhia que diminuira inconscientemente o tempo da viagem. Quando Ana não o passava a observar indistintamente a paisagem passava-o junto dos amigos que encontrara em Santarém e a acompanhavam, o trovador Aristarco e Eudóxio Amaury, seu primo. A condessa apreciava bastante ouvir as cantigas e histórias do trovador, em particular as da Bretanha. Imaginar aquela abençoada terra verde-esmeralda fazia sentir-se bem consigo mesma, recordava-lhe as antigas histórias de cavalaria que lhe contavam em pequena, dos amores e triste destino de Tristão, cavaleiro bretão e da sua amada Isolda, uma princesa irlandesa. "Ahhh... bons tempos" - pensava ela.
Como esperado o grupo avistou as majestosas torres sineiras do mosteiro d'Alcobaça a meio da tarde. Sempre que a Monforte avistava a vila onde estava combinado pernoitar uma imensa alegria enchia-a por dentro, era a sensação de dever cumprido, estava completada mais uma etapa, outras se seguiriam.
[frp: Este RP faz parte de uma série que estou a fazer em cada cidade por onde passoo nesta viagem.
http://www.univers-rr.com/RPartage/index.php?page=lv&id=1984 /frp]
http://www.univers-rr.com/RPartage/index.php?page=lv&id=1984 /frp]
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