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[RP] Relato de uma Viagem (Coimbra) - Dia 8

Ana.cat
Naquele dia Ana não resistiu, o sono chegou-lhe de mansinho como quem vai desentendido no caminho, os olhos começaram a pesar-lhe e o corpo parecia demorar a reagir. A habitualmente recta condessa naquele dia praguejava e rogava pragas a si mesmo, pelo seu comportamento descuidado do dia anterior. Ainda em Leiria, na tasca da prefeitura a Monforte perdera a noção do tempo e inevitavelmente também algumas horas de sono. Esquecera-se completamente que no dia seguinte tinham que madrugar uma hora mais cedo que o normal, pois bastantes léguas separavam Leiria de Coimbra que Leiria de Alcobaça.
A condessa parecia um saco de batatas desajeitado sobre o seu andaluz, ora balançava para um lado, ora balançava para o outro sem se aperceber sequer do perigo que por vezes passava, em duas vezes quase bateu nos ramos de árvores que acompanhavam a estrada.


- Minha senhora, não será melhor descer do cavalo e seguir numa carroça? É mais seguro - suplicou-lhe um guarda que seguia todo o caminho atrás dela, e já se assustara o suficiente para um dia com os quase acidentes da condessa.

Ana tentou olha-lo duramente com os seus olhos cor de esmeralda, mas tudo o que conseguiu foi um olhar mole e cómico.


- Não! - resmungou ela - Não sou uma inválida, não seguirei numa carroça como se de uma criança ou um de idoso me tratasse!

Perante tal veemente recusa optaram por atar-lhe a cintura ao cavalo com uma corda e acompanha-la atentamente tanto pela esquerda como pela direita para a segurar caso caísse. As rédeas do seu cavalo foram entregues a um dos guardas para que aquele pudesse marcar o ritmo.
E daquela estranha forma seguiu Ana Catarina enrolada em si mesma com a velha manta sob a cabeça até meio da manhã, altura do dia em que se começou a recompor e a trotear por sua vontade e à velocidade que desejava.


- Onde estamos? - perguntou mal se livrara da corda que a atara à cela.

Era Hijacker que liderava o grupo também por isso Ana não se incomodara muito com a velocidade ou trajecto a seguir do grupo, ele conhecia relativamente bem aquelas estradas e com certeza teria feito boas escolhas.


- Cruzamos-nos há momentos por uma estrada de terra batida que conduzia a Pombal, pelo tempo que fizemos entretanto já deveremos estar a passar pela Redinha.

Aquele era um bom indício, pensava Ana, em breve começariam a avistar os férteis campos do Mondego, dizia-se que bem poderiam ser o celeiro do reino. Quando a Monforte residira em Coimbra, ainda que por poucas semanas, teve o prazer de conhecer aqueles magníficos campos irrigados.
E as suas previsões estavam correctas, ao início da tarde já se ouvia quase num sussurro a corrente das águas cristalinas da ribeira de Anços, era sinal que estariam a passar perto de Soure, por momentos a condessa pensou sugerir um desvio até lá e visitar o conde Pedro Affonso, mas logo desistiu da tentação... afinal estavam tremendamente atrasados e não tinha certeza se o encontraria lá.

Ainda o sol estava inteiro no céu, apesar de já se começar a cair para lá do ocidente, e o grupo avistou finalmente o Mondego, estava com um curso anormalmente baixo para aquela altura do ano, mas isso não a surpreendeu...
"Basófias...", pensou, era a alcunha daquele curso de água ardiloso que nascia na serra da Estrela como um pequeno ribeiro, o Mondeguinho, e desaguava amplo e placidamente na Figueira. Aquele rio tanto podia estar quase seco no inverno como cheio num verão, tinha as suas manias, como se de uma pessoa se tratasse.

- Atravessamos o rio a pé? - perguntou um dos guardas que fora verificar a profundidade do Mondego, a água não ultrapassara a sua cintura e estava transitável.

Ana estava tentada mas sabia que era demasiado arriscado, os animais não iriam gostar nada do banho (apesar de muito bem lhes fazer, pelo menos para tirarem aquele cheiro fétido) e as carroças não podiam circular debaixo de água.


- Não, iremos acompanhar a margem do rio até encontrarmos uma ponte, salvo erro a ponte viável mais próxima é mesmo a da Portagem... - a Monforte torceu o nariz, sabia que teria que desembolsar alguns cobres, e talvez até um ou dois cruzados por viajante, para passar a ponte. Mas pelo menos era mais segura que arriscar alguma das desengonçadas pontes de madeira usadas pelas tricanas ou, pior, atravessar o rio a pé.

Então, o grupo seguiu a margem esquerda do Mondego em direcção a Este. Avistaram na margem oposta o Choupal com os seus choupos delgados e totalmente despidos de folhas. E não demorou muito a colocarem a vista sobre o casario conimbricense, desde o alto da Conchada à parte baixa da cidade parcialmente rodeada por uma muralha. Foi para lá que se dirigiram, depois de pagarem a passagem na ponte, em busca de uma estalagem para os acolher por uma noite.


- E desta vez tenho que dormir! - prometeu a Monforte a si mesma.


[frp: Este RP faz parte de uma série que estou a fazer em cada cidade por onde passo nesta viagem a Lamego.
http://www.univers-rr.com/RPartage/index.php?page=lv&id=1984 /frp]

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