Ana.cat
[Algures numa das muitas divisões da Residência dos Monforte em Alcácer do Sal (Lisboa)]
- Mas quantas vezes já lhe disse que os vestidos ficam por cima?! Não percebeu ainda que se os colocar no fundo ficarão todos amarrotados com as coisas que irão colocar sobre eles?! Estou sempre a repetir o mesmo, mas será que tenho que arranjar um papagaio? Bla-bla-bla-bla... - as queixas de Ana Catarina tornavam-se inaudiveis à medida que esta saia daquela divisão - para rejubilo das suas aias que a aturavam há largos minutos sem cessar - para ir desta vez à biblioteca ver como estava a correr a arrumação dos seus escritos, e claro, resmungar com mais alguém
- Mas que lhe disse eu da última vez que aqui passei? Só quero levar estes livros, aquelas sebentas, esses rascunhos, também aquele livro pequeno que está entre aqueles grandalhões - Ana apontava indiscriminadamente em todas as direcções, confundido os criados que arrumavam livros e outros materiais impressos num baú - E as folhas que pedi?! Julga que no alto mar vou escrever onde?! Nas tábuas do convés?! Havia de escrever era no seu coiro - resmungou entre-dentes antes de voltar ao ataque - Não! Não quero que coloque os livros assim no baú! - a condessa arrancou um dos livros de Astronomia que o criado tinha nas mãos e bateu-lhe com ele na cabeça, colocando-o de seguida com bastante cuidado dentro do baú, de uma forma que só ela entendia - Coloquem assim os livros ordeiramente! Ou então quando este baú for colocado no navio rebola tudo o que estiver lá dentro, não acha?! - o criado da casa, pouco habituado a arrumações criteriosas, acenou afirmativamente com a cabeça e com bastante rapidez (provavelmente mais motivado pelo receio de levar com outro livro de 800 grossas páginas na cabeça do que de concordância com as estranhas considerações da condessa).
* Uns quantos resmungos depois *
Ana Catarina saiu da biblioteca e ficou retida por momentos no corredor, na dúvida para onde seguir para incomodar mais alguém. Decidiu voltar à biblioteca, para temor dos criados que acabara de repreender severamente, mas desta vez não os massacrou, foi apenas pegar numa pena com o bico fresco de tinta e num pergaminho meio rasgado... na falta de melhor... as folhas inteiras já estavam (bem ou mal, pouco interessa para o entendimento da narração) arrumadas nos baús. Ordenou aos criados que saíssem dalí e fossem procurar trabalho noutra zona da mansão dos Monforte, estes saíram sem muita cerimónia, mas não foi para procurar mais trabalho, que desse já estavam fartos.
Ignorando a falta de maneiras da criadagem da casa, para Ana só interessava que ficasse sozinha (tanto pelo respeito que se impunha a uma dama, como pelo silêncio que uma sala vazia lhe motivava para organizar as ideias), sentou-se à mesa e começou a escrever livremente, sem preocupações de retórica ou embelezamento do texto (que a sua feia letra não favorecia nada, diga-se de passagem):
Após dobrar a carta num envelope e lacrar a cera com o anel de família, que trazia sempre na sua mão direita, símbolo hereditário dos seus nobres ancestrais e da sua condição de matriarca dos Monforte, Ana colocou a carta recém-redigida entre as primeiras páginas amareladas do seu manual de artes náuticas favorito e desceu até ao armazém da mansão, para verificar as quantidades de comida necessárias para a viagem.
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- Mas quantas vezes já lhe disse que os vestidos ficam por cima?! Não percebeu ainda que se os colocar no fundo ficarão todos amarrotados com as coisas que irão colocar sobre eles?! Estou sempre a repetir o mesmo, mas será que tenho que arranjar um papagaio? Bla-bla-bla-bla... - as queixas de Ana Catarina tornavam-se inaudiveis à medida que esta saia daquela divisão - para rejubilo das suas aias que a aturavam há largos minutos sem cessar - para ir desta vez à biblioteca ver como estava a correr a arrumação dos seus escritos, e claro, resmungar com mais alguém
- Mas que lhe disse eu da última vez que aqui passei? Só quero levar estes livros, aquelas sebentas, esses rascunhos, também aquele livro pequeno que está entre aqueles grandalhões - Ana apontava indiscriminadamente em todas as direcções, confundido os criados que arrumavam livros e outros materiais impressos num baú - E as folhas que pedi?! Julga que no alto mar vou escrever onde?! Nas tábuas do convés?! Havia de escrever era no seu coiro - resmungou entre-dentes antes de voltar ao ataque - Não! Não quero que coloque os livros assim no baú! - a condessa arrancou um dos livros de Astronomia que o criado tinha nas mãos e bateu-lhe com ele na cabeça, colocando-o de seguida com bastante cuidado dentro do baú, de uma forma que só ela entendia - Coloquem assim os livros ordeiramente! Ou então quando este baú for colocado no navio rebola tudo o que estiver lá dentro, não acha?! - o criado da casa, pouco habituado a arrumações criteriosas, acenou afirmativamente com a cabeça e com bastante rapidez (provavelmente mais motivado pelo receio de levar com outro livro de 800 grossas páginas na cabeça do que de concordância com as estranhas considerações da condessa).
* Uns quantos resmungos depois *
Ana Catarina saiu da biblioteca e ficou retida por momentos no corredor, na dúvida para onde seguir para incomodar mais alguém. Decidiu voltar à biblioteca, para temor dos criados que acabara de repreender severamente, mas desta vez não os massacrou, foi apenas pegar numa pena com o bico fresco de tinta e num pergaminho meio rasgado... na falta de melhor... as folhas inteiras já estavam (bem ou mal, pouco interessa para o entendimento da narração) arrumadas nos baús. Ordenou aos criados que saíssem dalí e fossem procurar trabalho noutra zona da mansão dos Monforte, estes saíram sem muita cerimónia, mas não foi para procurar mais trabalho, que desse já estavam fartos.
Ignorando a falta de maneiras da criadagem da casa, para Ana só interessava que ficasse sozinha (tanto pelo respeito que se impunha a uma dama, como pelo silêncio que uma sala vazia lhe motivava para organizar as ideias), sentou-se à mesa e começou a escrever livremente, sem preocupações de retórica ou embelezamento do texto (que a sua feia letra não favorecia nada, diga-se de passagem):
- "Alcácer do Sal, 3 de Outubro do Anno da Graça de 1459
Esta casa está um autêntico reboliço, a eminência da chegada d'O Lusitano a Alcácer do Sal, vindo do porto de Santarém, provocou também um frenesim na povoação, todos querem assistir à ancoragem do navio, ouço as criadas dizerem que há até quem tenha assentado arraiais na praia, mesmo de frente para o Sado. "Gente desocupada, que não tem nada para fazer, se fosse prefeita deste vilarejo punha-os a correr para as minas!" resmunguei eu às criadas, que logo se calaram e voltaram ao trabalho, talvez pensado que me referia a elas. Bem que gostaria de me juntar à população nas boas vindas a'O Lusitano, mas o tempo está contra nós, temos que arrumar tudo o que pudermos carregar no navio e levar a bagagem ao porto antes que ele chegue, senão ficaremos em terra a recuperar os dias perdidos do arraial de boas vindas, caso perdêssemos o nosso precioso tempo nisso.
Esta vai ser a viagem das nossas vidas, e o mais impressionante não é a distância a que me vou ver deste Portugal cada vez mais cinzento, mas o facto de ter conseguido reunir praticamente toda a família num único objectivo e numa única jornada.
Que Jah nos conduza nesta perigosa aventura e nos dê a bravura necessária para chegar-mos ao nosso destino. Por Aristóteles, pelos Santos, Arcanjos e Mártires da Igreja, Amén.
Ana C. de Monforte"
Após dobrar a carta num envelope e lacrar a cera com o anel de família, que trazia sempre na sua mão direita, símbolo hereditário dos seus nobres ancestrais e da sua condição de matriarca dos Monforte, Ana colocou a carta recém-redigida entre as primeiras páginas amareladas do seu manual de artes náuticas favorito e desceu até ao armazém da mansão, para verificar as quantidades de comida necessárias para a viagem.
Mudei o nome do titulo por acordo dos intervenientes do RP.
Este RP em principio está reservado a integrantes da família Monforte e amigos que estejam a participar na campanha de França ou todo e qualquer um que deseje enriquecer este RP.
Este RP em principio está reservado a integrantes da família Monforte e amigos que estejam a participar na campanha de França ou todo e qualquer um que deseje enriquecer este RP.
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