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Malo Mori Quam Foedari (Antes a Morte que a Desonra)

Ana.cat
[Algures numa das muitas divisões da Residência dos Monforte em Alcácer do Sal (Lisboa)]


- Mas quantas vezes já lhe disse que os vestidos ficam por cima?! Não percebeu ainda que se os colocar no fundo ficarão todos amarrotados com as coisas que irão colocar sobre eles?! Estou sempre a repetir o mesmo, mas será que tenho que arranjar um papagaio? Bla-bla-bla-bla... - as queixas de Ana Catarina tornavam-se inaudiveis à medida que esta saia daquela divisão - para rejubilo das suas aias que a aturavam há largos minutos sem cessar - para ir desta vez à biblioteca ver como estava a correr a arrumação dos seus escritos, e claro, resmungar com mais alguém

- Mas que lhe disse eu da última vez que aqui passei? Só quero levar estes livros, aquelas sebentas, esses rascunhos, também aquele livro pequeno que está entre aqueles grandalhões - Ana apontava indiscriminadamente em todas as direcções, confundido os criados que arrumavam livros e outros materiais impressos num baú - E as folhas que pedi?! Julga que no alto mar vou escrever onde?! Nas tábuas do convés?! Havia de escrever era no seu coiro - resmungou entre-dentes antes de voltar ao ataque - Não! Não quero que coloque os livros assim no baú! - a condessa arrancou um dos livros de Astronomia que o criado tinha nas mãos e bateu-lhe com ele na cabeça, colocando-o de seguida com bastante cuidado dentro do baú, de uma forma que só ela entendia - Coloquem assim os livros ordeiramente! Ou então quando este baú for colocado no navio rebola tudo o que estiver lá dentro, não acha?! - o criado da casa, pouco habituado a arrumações criteriosas, acenou afirmativamente com a cabeça e com bastante rapidez (provavelmente mais motivado pelo receio de levar com outro livro de 800 grossas páginas na cabeça do que de concordância com as estranhas considerações da condessa).

* Uns quantos resmungos depois *

Ana Catarina saiu da biblioteca e ficou retida por momentos no corredor, na dúvida para onde seguir para incomodar mais alguém. Decidiu voltar à biblioteca, para temor dos criados que acabara de repreender severamente, mas desta vez não os massacrou, foi apenas pegar numa pena com o bico fresco de tinta e num pergaminho meio rasgado... na falta de melhor... as folhas inteiras já estavam (bem ou mal, pouco interessa para o entendimento da narração) arrumadas nos baús. Ordenou aos criados que saíssem dalí e fossem procurar trabalho noutra zona da mansão dos Monforte, estes saíram sem muita cerimónia, mas não foi para procurar mais trabalho, que desse já estavam fartos.
Ignorando a falta de maneiras da criadagem da casa, para Ana só interessava que ficasse sozinha (tanto pelo respeito que se impunha a uma dama, como pelo silêncio que uma sala vazia lhe motivava para organizar as ideias), sentou-se à mesa e começou a escrever livremente, sem preocupações de retórica ou embelezamento do texto (que a sua feia letra não favorecia nada, diga-se de passagem):




    "Alcácer do Sal, 3 de Outubro do Anno da Graça de 1459

    Esta casa está um autêntico reboliço, a eminência da chegada d'O Lusitano a Alcácer do Sal, vindo do porto de Santarém, provocou também um frenesim na povoação, todos querem assistir à ancoragem do navio, ouço as criadas dizerem que há até quem tenha assentado arraiais na praia, mesmo de frente para o Sado. "Gente desocupada, que não tem nada para fazer, se fosse prefeita deste vilarejo punha-os a correr para as minas!" resmunguei eu às criadas, que logo se calaram e voltaram ao trabalho, talvez pensado que me referia a elas. Bem que gostaria de me juntar à população nas boas vindas a'O Lusitano, mas o tempo está contra nós, temos que arrumar tudo o que pudermos carregar no navio e levar a bagagem ao porto antes que ele chegue, senão ficaremos em terra a recuperar os dias perdidos do arraial de boas vindas, caso perdêssemos o nosso precioso tempo nisso.
    Esta vai ser a viagem das nossas vidas, e o mais impressionante não é a distância a que me vou ver deste Portugal cada vez mais cinzento, mas o facto de ter conseguido reunir praticamente toda a família num único objectivo e numa única jornada.

    Que Jah nos conduza nesta perigosa aventura e nos dê a bravura necessária para chegar-mos ao nosso destino. Por Aristóteles, pelos Santos, Arcanjos e Mártires da Igreja, Amén.

    Ana C. de Monforte"



Após dobrar a carta num envelope e lacrar a cera com o anel de família, que trazia sempre na sua mão direita, símbolo hereditário dos seus nobres ancestrais e da sua condição de matriarca dos Monforte, Ana colocou a carta recém-redigida entre as primeiras páginas amareladas do seu manual de artes náuticas favorito e desceu até ao armazém da mansão, para verificar as quantidades de comida necessárias para a viagem.

Mudei o nome do titulo por acordo dos intervenientes do RP.
Este RP em principio está reservado a integrantes da família Monforte e amigos que estejam a participar na campanha de França ou todo e qualquer um que deseje enriquecer este RP.

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--Fantasma_jrel


Estava um fantasma sentado num canto do armarem a ver os criados arrumarem a comida para a grande viagem quando se apercebe que a a sua irmã Ana acabara de entrar. Demasiado deprimido olha para o chão, pensado na sua infelicidade pro não seguir viagem com seus familiares. Nunca em vida tivera viajado para tão longe daquela que tinha sido a sua casa, e agora em morto estada destinado a vaguear preso na casa dos seus familiares.Mas depressa se apercebeu que a sua tristeza de alma era inferior ao stress que a sua irmã vivia. Sem se aperceber de ter erguido a cabeça , contemplava a irmã aos gritos com seus criados para que tudo fica-se para la do perfeito. já acostumado a essa atitude por parte da irmã sorri o seu primeiro verdadeiro sorriso do dia e se levanta em direcção as escadas. Ao passar pela sua irmã sem conseguir resistir atravessa por ela sentido o característico calor humano que sentia sempre que atravessava uma pessoa
Ana.cat
A condessa dirigia-se, quase a passo de corrida, aos armazéns da residência dos Monforte, a sua presença colocava em sentido os vários criados que por si se cruzavam nos corredores, divisões e escadarias da casa. A alguns, os que estavam a trabalhar, Ana acenava ligeiramente com a cabeça num cumprimento distante, a outros, os que eram surpreendidos por si em momentos de relaxo, a condessa de Ourém fulminava-os com um simples olhar, e mais não era necessário para que esses voltassem ao trabalho com as forças redobradas.

Ao chegar nos armazéns Ana teve um estranho pressentimento de que algo se iria passar ali. A condessa entrou a passo no primeiro espaço dos armazéns, aquele fora destinado a conservar cereais, criteriosamente arrumados em sacos por diferentes tamanhos, espécies de sementes e (para cúmulo da organização) também por cores.
Ao verem-na chegar os criados, que se ocupavam do transporte de sacas de trigo para uma carroça conduzida por um sujeito que Ana reconheceu como trabalhador nos estaleiros do porto de Alcácer, endireitara-se e tiraram respeitosamente os seus chapéus, mas voltando ao trabalho assim que ela lhes fez sinal para que continuassem e não dessem (tanta) importância à sua presença.
Começou por abrir os sacos maiores e vasculhou as suas sementes com as mãos (aqueles continham favas, sementes que Ana tinha suores frios só de nelas pensar), na expectativa de encontrar algo mais do que favas.
Nesse momento sentiu um calafrio, como se uma aragem glaciar a tivesse percorrido da cabeça aos pés. Não era a primeira vez que tal sucedia, na verdade Ana julgava saber o que se tratava, mas guardava isso para si, de outra forma provocaria o pânico na residência da sua família.
Aquela brisa trazia-lhe sempre à memória imagens do seu falecido irmão, apesar da estranha sensação que aquilo causava Ana sentia-se revigorada depois de ela lhe passar, e por isso resguardava para si, deste modo eternizaria a presença de Jrel. Que Jah o tenha.

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Tocha



Padre Tocha, acordara naquela manhã com uma estranha energia, estava na hora de preparar a mala O Lusitano chegará a Alcacer em breve e terei de estar pronto. O melhor será fazer um inventario do que iria levar, não que tivesse muitos pertences, pois tendo dedicado uma boa parte da sua vida à Igreja, não tinha dado largas ao consumismo.... mas sempre tinha alguma coisa... chamou o sacristão e diz-lhe:
- Vai ao sótão e trás a arca que esta debaixo de uma lona junto da parede Sul, e não demores...
.... enquanto não vinha abriu o roupeiro e retirou as roupas e dispo-las em cima da cama para as dobrar, dirigiu-se a escrivaninha e tirou o diário e alguns livros que farão falta, possivelmente quando estudar em Universidades estrangeiras, não devem ter livros em Português...
Dirigiu-se a uma arca, fechada e abrindo-a retirou as suas vestes de militar, há muito que não as usa e não trás grandes lembranças, as melhores têm lugar nos períodos de descanso passados junto de amigos a retemperar forças, nos arredores de Alcacer.....
Apercebendo-se da chegada do sacristão, com um carrinho de mão no qual
transporta uma arca encoberta com uma lona cheia de pó, muitos anos a esconder uma arca de olhos amigos e de outros mais nem tanto amigos...
- Vai a cozinha e prepara um pequeno almoço para os dois que temos muito trabalho, vai....., e pensando: Assim posso abrir a arca sozinho...

Ludie



Ao observar Dom Kokkas todo ansioso, quem o visse acharia que estava a lhe nascer mais um filho. Suava frio, era quase manhã e as aves cantavam com o romper da aurora, A esposa estava ainda a passar pelo sono da beleza, mas bem longe ouvia a voz do marido Conde a falar em frente a estalagem. Ao abrir os olhos, Ludie vê a aia aos pés da cama e sem mover-se a condessa exclama:

- Aiiiiiiiiiiiiiiii o barco. É hoje.. Anda mulher, arruma minha roupa, pega meus sapatos e dá-me meu ruge para corar a face.

A aia assustada solta um sorriso maroto e diz:

- Senhora, o seu marido conde Kokkas está .....

- Está indo para o porto, este homem se o conheço nem dormiu direito. Era madrugada quando o procurei com minha perna na cama e não o achei. Tomara que tudo corra bem e que este barco esteja terminado ou então este homem morre de ansiedade.


A condessa veste-se com ajuda de sua aia e calça os sapatos vermelhos. Sem tomar o pequeno almoço desce aceleradamente em direção ao porto afim de estar ao lado do marido naquele momento tão importante. A Sapa conhecia cada detalhe da construção d’O Lusitano, sabia até quantos feixes de madeira fora utilizado no barco. Enfim, tinha chegado o dia de conhecê-lo para além do papel.

- Então amor, está pronto o barco?

Kokkas respira fundo e fita a esposa de cima a baixo.

- Viste que estás com o vestido aberto sapa?

- É? Isso é culpa tua... Saí desesperada a ver onde tavas e o que fazias. Mas visto pela tua respiração funda e teu olhar fixado ao porto. Haha!! Não está pronto. Ai meu Jah!!
!

Mal termina de falar a Sapa e ouve-se o barulho de chaves a destrancar o grande portão do estaleiro ( e com direito a trilha sonora de sinos) vemos o grande e magnífico Lusitano. Os olhos do conde brilham ao ver as velas do barco balançarem, parece que Jah enviou uma forte brisa para balançá-las e fazer com aquele momento ficasse guardado em nossa memória.

- Então Dom Kokkas, bonito o Lusitano não?

Pergunta o capitão do porto de Santarém Dom Mitoo. Kokkas ainda deslumbrado com a visão pisca e responde sem pestanejar.

- Bonito é! Grande é!! Mas quero que seja veloz e forte.. Já posso levá-lo daqui para Alcácer?


- Sim, podes.

-Querida esposa, vamos tomar o pequeno almoço e depois preparar nossas coisas, chame os empregados e digam aos nossos amigos que vamos partir hoje ainda para casa.

Ludie de mãos dadas ao marido sobe em direção a estalagem e enquanto esperam pela comida, Kokkas dá as últimas ordens aos lacaios observando da janela o lindo barco já aos cais a espera de ser navegado.


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Hijacker


Hijacker dormia numa em casa do seu filho em Montemor quando ao raiar dos primeiros raios de sol The_Ripper, seu filho, o acorda todo agitado.

Meu pai, meu pai.
Ia gritando e batendo na porta. Chegou correio para si, o pombo acabou de chegar ao pombal. Nisto The_ripper entrega uma carta a seu pai.

Abrindo a carta Hijacker começa a ler... Ao que parece o Lusitano estava finalmente pronto, os acabamentos tinham acabado e estes estava pronto a zarpar... Era finalmente hora de partir a aventura.


Pondo a mão sobre a cabeça do seu filho Hijacker diz.
Muito bem tenho de partir o quanto antes para Alcácer, por favor meu filho trata de todos os preparativos para a minha partida Acenando com a cabeça The_Ripper parte para arranjar tudo.

Vendo o seu filho a correr por toda a casa a arrumar as coisas Hijacker pega numa caneca de chá e debruça se sobre o parapeito da janela, a casa do seu filho tinha uma linda vista ideal para apreciar o nascer do sol.

Nisto Hijacker mete se a pensar.... Depois de quase um ano de ausência de Portugal por andar em terras Inglesas, agora estava de novo hora de partir a aventura e descobrir novas terras e novas pessoas. Hijacker lembra com alguma emoção a sua primeira viagem de barco, uma viagem bastante atribulada e com todo o tipo de incidentes possíveis... Bebendo o seu chá e vendo o nascer do sol Hijacker vai lembrando a sua primeira viagem.

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Octocore


Octocore estava em seu gabinete no porto de Alcácer do Sal, quando um de seus assistentes entra correndo pela porta ofegante.

- Sr.Capitão venho-lhe informa que o Navio Lusitano acaba de atracar no Porto de Alcácer do sal.

Já ciente de que se tratava do Navio de seu tio Kokka, Octo começa a guarda alguns papeis que tinha em mãos nas prateleiras e diz ao empregado.

-Vá verifica se meu tio não precisa de nada, e diga que assim que termina de guarda esses papeis irei recepciona-lo.

Logo após termina de ouvir ; o assistente sai pela porta enquanto o capitão colocava os papeis restantes nas prateleiras e embora já ia saindo do gabinete para tranca-lo Octocore deu uma ultima olhada em volta – Talvez essa seja a ultima vez que vejo esse escritório..- logo após fecha o gabinete o capitão vai em direção as docas recepciona seu tio.

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Ana.cat
Algumas horas tinham passado desde o estranho calafrio nos armazéns da residência dos Monforte, as coisas estavam agora mais ou menos sob controlo. "Finalmente encarrilharam!" pensava Ana Catarina, que aproveitara uma pausa no trabalho para descansar um pouco e brindar os avanços daquele dia com um vinho especial da reserva paroquial de Alcácer, oferecido em tempos pelo padre Tocha.
Enquanto bebia o vinho em pequenas porções, para eternizar o momento e o sabor, Ana observava com atenção uma das várias tapeçarias pregadas nas paredes da residência. Aquela em particular era-lhe muito especial, retratava de uma a batalha de Evesham, datada do século XIII. Batalha que o seu hexa-avô, Simon V de Montfort, conde de Leicester e Chester, liderou e foi derrotado pelas tropas leais ao príncipe inglês e futuro rei, Edward I Longshanks. Foi aquela batalha que determinou o curso da segunda guerra dos barões ingleses e a queda de Simon V, que encabeçara a rebelião e o governo de Inglaterra, no interregno que se seguiu à derrota do rei Henrique, pai do príncipe Edward (e cunhado de Simon...).
Aquela tapeçaria não era original, era sim reprodução de um desenho bastante difundido, mas fora adquirida pela sua família há várias gerações, para que as novas nunca esquecessem as suas nobres origens e dessem o devido valor à família. Esta atitude orgulhosa perante a história dos feitos dos seus antepassados era algo primordial na educação de qualquer Monforte, uma herança para partilhar e preservar a todo o custo.
Ana agora focara-se numa parte especifica da tapeçaria, representava, com todos os requintes de malvadez, a tortura a que Simon V fora submetido após ter sido capturado. O seu corpo fora esquartejado em pedaços, sendo estes posteriormente distribuídos entre os Senhores Ingleses que os espalharam por várias zonas de Inglaterra.



Terminado o copo de vinho, Ana retirou finalmente os olhos da triste tapeçaria. Sabia que aquele momento tinha sido o primeiro passo para a perseguição que Edward I de Inglaterra organizaria contra a sua família, aliás, fora exactamente devido a essas incessantes perseguições que se seguiram à batalha de Evesham, que um dos filhos de Simon V foi forçado a refugiar-se em Portugal, iniciando a linhagem dos Monforte lusitanos.

- Aff - suspirou a condessa ao se reerguer do cadeirão onde se achara sentada a recordar mentalmente as incríveis (e sangrentas) histórias que o seu avô paterno lhe contava em menina sobre o passado da família - Tristezas não pagam dividas, vamos lá voltar ao trabalho...
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Ludie


Após a partida de Santarém, O Lusitano navegava pelas águas portuguesas. Era fim de tarde quando o vento começou a soprar calmamente e ao longe se começava a avistar a praia de Alcácer do Sal.



A sapa a abanar seu leque olha ao horizonte e pensa em como seria bom ter todos os filhos ao pé dela e do marido para velejarem até as águas estrangeiras. Com olhar perdido nem percebe que o sapo a abraça pelas costas e sussurra em seus ouvidos:

- Casa à vista!

Ainda abraçados, Ludie percebe que um dos marinheiros começa a preparar o barco para atracar. Conde Kokkas chama amigos e neto para que todos juntos possam contemplar a bela cidade e os familiares que já se encontravam a espera d' O Lusitano.

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Tocha




Tocha acabava de fechar a sua última arca, quando a porta se abre e o sacristão diz que O Lusitano tinha atracado a pouco tempo.

Com esta informação Tocha dobra o habito que tinha acabado de despir e após dobra-lo coloca-o sobre a cama.

- Bons tempos passei contigo vestido e se pudesses falar as histórias que teríamos. Quem sabe não ficam para um livro de memórias....

Virando-se para o sacristão, pede-lhe que coloque a arca na carroça. Então olhando em volta, sente uma pequena tristeza a invadi-lo pois não sabe quando voltará a Alcacer e por saber que mais difícil será voltar a ver estes aposentos.

- Espero que o meu amigo Duquezezere encontre alguém rapidamente para me substituir...

Saindo encontra o sacristão ao pé da carroça e diz-lhe:

- Meu fiel amigo, vou partir e espero de ti a mesma lealdade para o meu substituto, e lembra-te que terás em mim um amigo para além de que espero encontrar-te por cá quando voltar. Adeus e até a vista. Que Jah esteja contigo.

Abraça o sacristão e sobe para a carroça, olha uma última vez para a Igreja e incita o burro a arrancar.

Hijacker


Perdido nos seus pensamentos Hijacker é interpolado pelo seu filho.

Meu pai, toda as suas coisas estão prontas e arrumadas.

Sorrindo Hijacker diz - Deixas um pai babado, tua mãe teria muito orgulho de ti. Agora ouve com atenção, quero que tomes conta de tudo por cá, sabes que não te posso levar por ser uma viagem perigosa, e sabes que vais ter um papel muito importante neste condado, por isso estarei de olho em ti, já pedi a amigos meus de confiança que me mantivessem informado, e caso precises de aconselhamento sabes que podes recorrer a eles ou enviar me mensagem.

Abraçando fortemente o filho Hijacker sobe para o seu cavalo e começa a pequena jornada até Alcácer onde uma jornada muito maior, mais perigosa e mais emocionante o esperava.

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Ana.cat
- Está a chegar! O Lusitano está a chegar! - foram apenas estas as palavras proferidas pelo moço da estrebaria que fizeram soar o alarme na residência dos Monforte, mas foram as suficientes para criar uma onda de excitação pela criadagem da casa e pelos Monforte que se encontravam no interior.

Ana Catarina estava no seu gabinete a dar as últimas ordens aos capatazes quando a notícia lhe chegou aos ouvidos, ergueu-se de imediato e foi até à varada que tinha vista para o Sado. Era verdade, aí vinha ele, o Lusitano em todo o seu esplendor a entrar no estuário e seguido de perto em festa pelos pequenos barcos dos pescadores locais. A população reunia-se na praia e as crianças atiravam pétalas das mais variadas flores ao ar, nunca antes tinha visto algo assim em Alcácer do Sal. Ana não pode deixar de se emocionar com a cena, era algo único que estava a presenciar na sua terra-natal.
Achou que tinha chegado a hora de se juntar à população e ir à praia dar as boas vindas ao capitão d'O Lusitano, o seu irmão Kokkas de Monforte.


- Vou à praia ver o meu irmão e o navio - disse aos capatazes - Tomem conta dos trabalhos por aqui, não baixem o ritmo. Quando eu voltar têm permissão para irem ver o barco - as faces dos homens iluminaram-se com aquela notícia, também eles não escapavam ao entusiasmo geral, e à vontade de ver um verdadeiro navio de perto.

Entretanto Ana vestira uma capa escura com capuz que lhe tapava parcialmente a cara, montou a sua habitual égua baia e fez-se seguir por mais dois cavaleiros que transportavam cada um o estandarte com as armas dos Monforte e as da condessa de Ourém.
A população ao ver aquela comitiva bem identificada chegar à praia abriu instintivamente passagem para a condessa e cavaleiros passarem. O barco estava ancorado no porto, mas como este ainda se encontrava em construção fez com que o navio sofresse alguns danos. Ana desceu do cavalo e perguntou pelo conde Kokkas a um pescador, encontrou-o mais à frente junto ao seu sobrinho Octocore, capitão do porto, e Ludie, a sua cunhada. Dirigiu-se a ele e abraçou-o dizendo.


- Meu irmão! Folgo saber que estás bem! Devíamos chamar o tio Tocha para abençoar o barco, sem dúvida vamos necessitar da protecção de Jah, que me dizes?
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Kokkas


Conde Kokkas de Monforte desembarca com sua esposa Condessa Ludie Malaquias de Monforte e vai ter com seu sobrinho Capitão do Porto de Alcácer do Sal, Octocore de Monforte. Cumprimenta o com um abraço e o agradece pela ajuda do atraque do Lusitano. De seguida vê sua irmã a Condessa Ana Catarina de Monforte e a abraça calorosamente.

- Querida irmã, tens razão. Temos que abençoar o Grande Lusitano. Chamemos o nosso tio reverendo Tocha para pedir a benção de Jah.

De seguida Kokkas de Monforte manda um dos empregados buscar o seu tio Tocha de Monforte, que se encontrava na adega da família fazendo as malas para a viagem. Ao chegar até a adega o empregado ouve o reverendo a dizer consigo mesmo:

- Esta é para mim.. Esta também é para mim.. Esta é para o meu sobrinho Kokas e para mim.. Esta é para a Ana dividir com todo o barco e comigo também... Enfim, 40 garrafas todas para mim e para mim..

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Todos os homens morrem. Mas nem todos os homens de fato vivem.
Tocha
Tocha sentado na carroça em direcção ao porto, não conseguia esconder algumas lagrimas que escorriam pelo rosto e vendo o porto a aproximar-se pega no lenço e limpa a face e dá uma tossidela na tentativa de se recompor...

Ao entrar no porto vê que este já tem muitas pessoas a ver o Lusitano e repara que Ana esta desmontar seu belo corcel e dirige-se até esta, ainda a tempo de ouvir a sua frase a Kokkas e da um grito:

- ANA... Sobrinha claro que sim.... com todo o gosto esperemos mais Monfortes e faremos a bênção d'O Lusitano... Tenho comigo um branco espumante de 1455, que acho ser uma boa altura de abrir...partir...
Hijacker


Hijacker chegara de Montemor e dirigira se a sua casa para acabar os preparativos para a viagem, umas ultimas coisas importantes eram precisas ser carregadas e arrumadas.

Estava Hijacker a carregar uns últimos livros quando vê um grupo de crianças a correr todas juntas muito agitadas em direcção à praia.


- Crianças, crianças. - Gritou Hijacker da janela, fazendo com que as crianças parassem a sua correria e olhassem para a janela. - Que acontecimento tão especial se passa para irem assim tão rapidamente para a praia? Questionou lhes Hijacker com alguma curiosidade.

Vamos ver o novo grande barco chegado a Alcácer meu senhor, dizem que é maior já alguma vez visto. Disse um dos rapazes - Também devia vir meu senhor jamais veremos tão grande barco Lusitano por estas bandas. E disto isto os rapazes começam de novo a correr em direcção a praia.

Hijacker sorri e pensa. - Por enquanto...

Virando se para o seu pagem Hijacker diz lhe. Preciso ir rapidamente à praia isto só pode ser o Lusitano do Kokkas quero lá estar... Arruma tudo o que falta e pega na carroça e segue para a mansão de lá logo nos juntamos todos. Muito bem meu senhor, disse o pagem pegando nos livros de Hijacker

Nisto Hijacker sai pela porta monta no seu cavalo e segue a toda a velocidade para a praia.

Ainda ao longe já podia ver os seus amigos todos reunidos junto ao Lusitano, e Tocha com uma garrafa na mão, isto só podia significar o abençoar do Lusitano, Hijacker não podia perder isto. Dando uns incentivos ao seu cavalo Hijacker galopa a toda a velocidade para não perder a bênção.

Chegando se perto de todos Hijacker desce do cavalo.
- Não ia começar a bênção sem mim não. Diz ele sorrindo Como estão meus amigos tem tudo pronto para a grande viagem?

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