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Malo Mori Quam Foedari (Antes a Morte que a Desonra)

Alberto.barreto



[Entre Alcácer do Sal e Montemor-o-Novo]


O jovem Barreto tentou endireitar-se na sela do seu andaluz, não estava habituado a montar um cavalo com aquela envergadura e a cada movimento mais ríspido parecia que estava prestes a cair de um penhasco.
Ao seu lado acompanhava-o o seu tio-avô, numa postura ligeira de quem já passara muitos dias e noites em cima duma sela. Para não variar a face do face não demonstrava qualquer sentimento ou alegria, totalmente fechado em si e focado no caminho que tinham pela frente. Deixara crescer ainda mais as barbas brancas de tal forma que estas já lhe escondiam a cara e o pescoço. Argumentara que elas o protegiam dos frios ventos do inverno.
Para o proteger do frio o jovem Alberto apenas podia recorrer a um manto de lã que lhe fora fornecido à saída de Alcácer. No entanto só agora percebia o quão ineficaz ele ela perante aquele frio de rachar. Viajavam há apenas meio dia com destino a Montemor, investidos de um mandato da condessa de Ourém para entregar um embrulho a uma senhora fidalga local.

O chão estava enlameado, o que retardava o andamento dos cavalos. E as chuvas que surgiram a meio do trajecto não facilitavam mais a tarefa. O Barreto puxou o capuz e tapou a cabeça, mas a lã ensopada ainda o fazia desequilibrar mais com o seu peso. Olhou na direcção do tio, na esperança de ai encontrar um conselho mas aquele nem reparou nele. Estava a analisar o céu que escurecia em busca de pistas.


- Vem aí trovoada e mais chuva - suspirou o velho Fernão ao sobrinho - Prepara as tuas coisas, vamos passar a noite aqui.

Alberto ficou boquiaberto, estavam no meio do caminho e não havia ali albergues. Quis perguntar ao tio se pretendia dormir ao relento, mas ao ver a expressão de pedra dele preferiu engolir as palavras e fazer o que aquele dizia. Desceu do cavalo num salto trapalhão e conduziu-o entre a vegetação, logo atrás do tio que entretanto encontrara um local abrigado.
Fernao.barreto



O velho Barreto retirou a trouxa de cima do seu cavalo e amarrou-o a um carvalho juntamente com o andaluz do sobrinho e o velho garrano de carga que trouxera atado atrás de si. Desprendeu a capa que trazia aos ombros e esticou-a sobre a erva e terra húmida.

- Vai procurar gravetos, de preferência não muito molhados - ordenou ao sobrinho enquanto lhe arrancava a capa dos ombros para a esticar ao lado da sua - E não te afastes.

Alberto afastou-se pesaroso sob o olhar atento do tio-avô. Assim que aquele lhe desapareceu de vista o velho Barreto estudou o carvalho. Apesar de ali quase não chover Fernão decidiu esticar um pedaço de pano e prende-lo à árvore para impedir que as escassas e grossas gotas de água lhe caíssem durante o sono.
Quando finalizou o trabalho naquele engenho voltou a sua atenção para o local onde iria acender uma fogueira. Limpou o local e rodeou-o com pedras para impedir a propagação das chamas. Foi nessa altura que surgiu Alberto, com a lanterna presa à cintura, o Barreto abraçava com dificuldade um monte de lenha que deixou cair aos pés do tio.
Fernão puxou a lanterna para junto de si e analisou cada bocado de madeira.


- Não nos há-de aquecer... mas pelo menos serve para afastar os animais...

Escolheu os melhores gravetos e colocou-os dentro do circulo de pedras que tinha preparado previamente. Enquanto isso Alberto deitara-se sobre a sua capa e adormeceu quase instantaneamente.
Fernão percebeu que a vigia teria que acontecer por sua conta... retirou a espada da bainha em silêncio e depositou-a sobre o chão, mesmo ao seu lado. Aguardava-o uma longa noite.
Alberto.barreto



[Entre Alcácer do Sal e Montemor-o-Novo]


O jovem Barreto foi acordado de forma precipitada ainda o sol mal se distinguia entre o extenso arvoredo. Bastou um pontapé bem no centro da bochecha esquerda para o colocar em pé e sentido.

- Não te demores - ordenou-lhe o tio, atirando-lhe um bocado de queijo duro - Vou preparar os cavalos.

Alberto mordeu o queijo e sentiu o seu sabor intenso a mofo invadir-lhe a boca. Desejou cuspir mas aquela poderia bem ser a sua última refeição do dia, e por isso reconsiderou. Levou o resto do queijo à boca e mastigou-o com vigor, tentando esquecer o seu mau sabor.
Quando terminou o tio-avô já estava a conduzir os três cavalos na direcção do caminho. Alberto pegou na sua capa húmida estendida no chão e atirou-a sobre as suas costas. Já não estava a chover por isso confiava que aquele sol tímido a pudesse secar no caminho que restava para Montemor.

Para infelicidade do jovem Barreto sol foi coisa que pouco se viu até à chegada a Montemor. O céu cobriu-se de nuvens cinzentas e algo ameaçadoras, e de vez em vez alguns chuviscosos perturbaram-nos e molharam ainda mais as capas. Foi portanto com alegria que Alberto recebeu a visão dos casarios da periferia de Montemor. Aos poucos e poucos foram-se tornando mais frequentes, assim como as pessoas. Percorriam os caminhos enlameados na sua rotina diária de trabalho. Algumas crianças com pouco mais de cinco anos também corriam na lama e na erva com uma alegria contagiante. Descalços e quase nus brincavam com paus e às corridas sem sequer se importarem com aqueles viajantes.
Alberto manteve-se a viajem todo calado e colado atrás do tio, sabia que se se queixasse das dores de costas ou do traseiro, ou até da chuva, receberia um olhar repreendedor de volta e quiçá algum castigo no regresso a Alcácer. Para dizer a verdade ele nem sabia bem qual o objectivo daquela viagem. Tudo o que sabia era que se tratava de uma ordem da condessa. A ideia que ela os considerava a ambos como alguma espécie de estafetas irritou-o levemente. Ele era um Barreto! Não era nenhum moço de recados, ora!
Fernao.barreto



[Em Montemor-o-Novo]


Fernão atirou uma moeda de cobre ao cavalariço para lhe guardar os três cavalos na sua ausência. O resto do caminho seria feito a pé, para indignação do sobrinho. Ainda que por escassos momentos aquele olhar irritante de Alberto não lhe passou despercebido. Uma caminhada entre a lama, palha e dejectos seria suficiente para dar alguma humildade ao sobrinho.

- Para onde vamos? - perguntou ele finalmente segundos depois de entregar as rédeas ao cavalariço.

O velho Barreto retirou uma caixa do saco que o terceiro cavalo trazia entre a carga e colocou-a debaixo do braço esquerdo, logo acima da bainha da espada.


- Procurar uma residência - pousou o olhar sobre Alberto - Recordas-te das armas dos Guerra? São uma família fidalga desta cidade, julgo que não teremos problemas em encontrar a sua pedra de brasão - acrescentou - Mas mesmo assim é melhor perguntar a alguém pela localização da residência - concluiu.

O Barreto olhou em redor e o seu instinto recaiu sobre um homem com aspecto trajes pobres de trabalho. No entanto estava calçado com umas botas de pele gastas, mas que mesmo assim deram esperanças ao Barreto de tratar-se de um artesão local. Dirigiu-se a ele a passe apressado, antes que o mesmo entrasse na taverna para onde se dirigia.


- Você! - chamou o Barreto à distância - Pode-nos fornecer algumas informações?

O homem olhou Fernão de alto abaixo percebendo certamente que se tratava de um velho cavaleiro.

- Posso s'senhor... o que deseja su' senhoria saber deste pobre carpinteiro?

Por dentro Fernão rejubilou com a confirmação da ocupação do homem, mas por fora nenhuma emoção deixou transparecer. Com rosto sereno e impassível o velho Barreto respondeu-lhe:

- Procuro a residência dos Guerra, sabeis onde a posso encontrar?

- Sei sim s'senhor! - exclamou de imediato o homem - É no centro da vila, perto da Igreja e pr'ós lados da Casa do Povo, nãm terá dificuldade nenhuma em encontra-la, garanto-lhe!

Fernão agradeceu ao carpinteiro e colocou-lhe mais uma moeda de cobre na palma da mão. De seguida chamou o sobrinho que ficara a meio da rua à sua espera e dirigiu-se ao centro da vila, sempre de olho nas residências mais abastadas por que iam passando.

- Lembras-te das armas dos Guerra? - perguntou ao sobrinho enquanto este saltitava na tentativa de evitar os dejectos de animais da estrada.

- Ahm... é verde creio, com uma bordadura de ouro com uma inscrição que não me recordo... e ao centro... tem um castelo ou uma torre em chamas... está certo?

Fernão considerou a resposta aceitável...

- É uma torre. E a inscrição é "Avé Maria / Gratia Plena". Se participasses em torneios saberias o armorial de toda a nobreza e fidalguia do Reino de cor!

O sobrinho não lhe respondeu.
Ambos continuaram o caminho até ao centro da vila, onde a calçada era mais limpa e bem tratada. Quando Fernão avistou a torre da igreja redobrou a vigilância, no entanto foi mesmo Alberto quem localizou a residência antes.


- Ali tio! - indicou entusiasmado na direcção de uma residência imponente cuja pedra de armas coincidia com a anteriormente descrita.

Fernão sacudiu o ombro de Alberto.

- Bom trabalho.

Dirigiram-se ambos à entrada da residência e foi o próprio Fernão quem tocou a sineta da entrada. Até que alguém surgisse alguém à entrada demorou uma eternidade no entender de Fernão que até se considerava uma pessoa paciente.
Um criado com as cores dos Guerra surgiu timidamente à entrada, o velho Barreto não se fez esperar.


- A tua senhora, Dona Maria Guerra está? Temos um assunto de urgência para tratar com sua senhoria.

O criado olhou para o interior da residência e acenou de forma.
Fernão suspirou de irritação, e tentou mais uma vez.


- Vem cá! Tenho algo para lhe deixar...!

O criado voltou a olhar para o interior da residência, mas desta vez caminhou na direcção de Fernão, com uma incerteza assustadora nos olhos.
Assim que ele ficou à distância de um braço o Barreto estendeu-lhe a caixa.


- Lamento transmitir desta forma, mas o noivo da sua Senhora não sobreviveu à longa campanha em terras bretãs - inclinou a cabeça em sinal de luto - Eis uma lembrança simbólica da sua existência. Não padeceu em combate, mas honrou a sua linhagem e todos os que dele tinham lembrança - acrescentou num tom pesaroso.
Alberto.barreto



[Cerca de dois meses depois, em Alcácer do Sal]


- Direita... direita... esquerda... centrar... - murmurou Alberto de olhos fixos nas lâminas - direita... esquerda... ataque... - vários dias tinham passado desde que iniciara o seu treino de espada com o tio, e já se sentia mais hábil, quase como se a espada fizesse parte do seu próprio braço - esquerda... defender! - o tio parecia até mais bem disposto, já não lhe batia com tanta frequência nem lhe mandava fazer serviços menores - defesa... esquerda... defesa! - mas nem por isso se tornara mais ternurento, não o conhecesse e diria que as suas estocadas nos treinos o tencionavam cortar ao meio como manteiga - esquerda... direita... - o que lhe valia era que eram espadas de treino - defesa... defesa... defesa... - agora os ataques do tio eram mais insistentes e perigosos, precisava de toda a atenção para os percepcionar e agilidade para se esquivar - defesa... esquerda... defesa... - atenção, era tudo o que ele necessitava... - defesa... direita... - atenção... e um mensageiro...? Mas que raio era... - Autch! - a espada voou-lhe das mãos e caiu a cinco metros dali.

- Atenção! Quantas vezes já te disse isso?! - o velho Barreto tinha recolhido a espada mas a sua expressão era mais aterradora que meia dúzia de lâminas encostadas à garganta.

- Foi o cavaleiro! - Alberto tentou-se desculpar, apontando para o mensageiro que aí vinha a toda a velocidade - Distraiu-me...

Como se ainda fosse possível, a expressão do tio endureceu ainda mais... o velho cavaleiro pegou-o pelo colarinho e puxou-o para si. Alberto conseguia cheirar o seu bafo amargo.

- Quando estiveres em batalha não te podes distrair com um cavaleiro, haverá centenas de cavaleiros! Achas que...

- Senhor... - era a voz do mensageiro, interrompera o tio no momento certo - Mensagem para a Condessa, é urgente.

O velho Barreto largou o colarinho do sobrinho e retirou o pergaminho das mãos do mensageiro com brusquidão. Alberto conseguia sentir a irritação do tio por este ter sido interrompido em plena reprimenda.

- Do que se trata?! - o cavaleiro lançou um olhar rápido ao selo, mas não parecia estar nenhum sinal ou armas inscrito nele, até Alberto reparara nisso.

O cavaleiro franziu a testa e desviou o olhar numa expressão algo incomodada.


- O rei morreu... - respondeu num tom mais baixo.

Até o tio ficou perplexo por alguns segundos. Alberto ficou igualmente sem expressão... era sem dúvida uma notícia inesperada.


- Tão cedo...? - ouviu-se a perguntar. Depressa se arrependeu de ter aberto a boca, o tio virou-se de imediato para ele com aquele olhar...

- O treino acabou, leva as espadas ao ferreiro para as endireitar! - rosnou, oferecendo-lhe a própria espada.

Alberto foi buscar também a sua espada e virou contrariado as costas ao tio e ao mensageiro.
Não sabia o que tinha acontecido, mas era muito estranho, pelo menos na sua cabeça, que o rei - eleito há menos de um ano - já tivesse morrido... mais estranha ainda era a reacção do tio ao seu comentário. Alberto deu um pontapé numa pedra e seguiu o seu caminho.
Fernao.barreto



À terceira batida finalmente lhe abriram a porta. Seguiu-se a pequena cabeça cinzenta da camareira da condessa. Mirrada pela idade a velha Clotilde espreitou pela fresta da porta com a mesma precaução de alguém que estaria a abrir a porta a um estranho.

- Clotilde... - o velho Barreto tentou o tom mais compreensivo que pôde dadas as circunstâncias - A senhora está? Necessito de lhe fazer chegar uma mensagem, é urgente.

A idosa fitou-o intensamente com aqueles seus olhos quase cegos e pouco expressivos.

- A s'nhora... - balbuciou, finalmente tinha compreendido - Sim... vou avisa-la... sim...

A mulher não devia ter mais de um metro e meio, inclinada sobre o próprio corpo, deslocava-se com uma bengala. Fernão não percebia como ainda estava ao serviço, cada dia que passava parecia mais inconsciente do seus afazeres. Só esperava que quando chegasse à impressionante idade da camareira não ficasse naquele estado, preferia morrer pela sua própria lâmina!

- Clotilde? - a voz da condessa despertou-o dos seus pensamentos - O que se passa...? - a condessa deu o braço à idosa e ajudou-a a sentar-se numa cadeira de madeira, só então reparou na presença do cavaleiro - Fernão! Deseja alguma coisa? - o tom, percebeu o cavaleiro, demonstrava algum incómodo pela sua presença ali, nos aposentos privados da fidalga.

- Vossa graça - levou o joelho ao chão - Trago-lhe uma mensagem urgente, perdoai-me a ousadia de me ter dirigido directamente à vossa presença - esticou o pergaminho selado na direcção da condessa.

A Monforte pegou no documento com curiosidade e quebrou o selo ali mesmo. Caminhou até à janela para ter alguma luz e leu ali mesmo o papel em silêncio. No final da leitura nem uma expressão soube Fernão detectar. Parecia que tinha acabado de ler um relatório de contas da tesouraria.


- Fernão, acompanhe-me.

A condessa conduziu-o até uma pequena divisão coberta de tapeçarias e com a lareira acesa.

- Sente-se - indicou um dos dois lugares, o cavaleiro sentou-se e manteve-se calado - Sabe o conteúdo desta carta? - Fernão acenou afirmativamente no exacto momento em que a condessa amassava o papel e o atirava ao fogo - O rei morreu - ele conseguiu detectar um subtil desprezo na forma como ela pronunciara a frase - Deu-lhe um ataque ou algo assim.

- Sem descendência própria.

- Sim, tem apenas um protegido, mas duvido que esteja em condições de lhe suceder - um de silêncio caiu entre os dois, a condessa encostara-se no seu cadeirão. Parecia estar a meditar sobre os acontecimentos - Tenho que apresentar a minha pretensão, este Reino está de doidos. Qualquer dia temos que entrar na Corte dos Nobres de elmo e couraça, nem mesmo na Bretanha senti tanto ódio e divisão - um sorriso triste surgiu-lhe no rosto.

- O que deseja fazer? Como vos posso servir nas vossas intenções? - ofereceu-se de imediato.

A Monforte desencostou-se e esticou as mãos na direcção do fogo para as aquecer.


- Tenho que fazer algo, tenho a pretensão mais forte - um rasgo de raiva surgiu nos olhos da mulher, como nunca Fernão antes vira - Tenho que honrar a memória do meu sobrinho... e a de meu avô. Lembrai-vos da última crise? E da nova dinastia que se lhe seguiu?

- Não era nascido minha senhora, tudo o que sei... sei por via das crónicas, que como sabeis não são muito abonatórias para a vossa linhagem - arriscou Fernão.

A condessa sorriu, desta vez era um sorriso verdadeiramente genuíno.

- Sim, a história é escrita pelos vencedores. O meu avô contou-me o que realmente aconteceu... a forma como um bastardo real ultrapassou os seus irmãos legitimados e se apropriou do trono. A forma como a minha família apoiou o legítimo pretendente, o seu casamento com a filha daquele; João de Portugal, varão legitimado pelo próprio rei justiceiro. Afinal, foi essa associação que suportou a pretensão do meu sobrinho, e será essa a minha também. Alguém tem que devolver devolver alguma credibilidade à Coroa, já chega de tirania, alguém tem que fazer algo pelo nosso feudalismo.

"Tirania", pensou Fernão algo assustado sem que o demonstrasse.

- Isso é traição vossa graça, embora vos seja totalmente leal... o mesmo não poderei dizer destas paredes.

A condessa soltou uma sonora gargalhada que até apanhou Fernão desprevenido.

- Traição? O rei está morto... longa vida ao rei... - acrescentou com uma pitada de sarcasmo - Irei às suas exéquias, farei o devido luto, como compete à minha condição de sua ex-vassala... - acrescentou ainda num murmúrio - e que Ankou o acolha - ela desviou o olhar para uma folha que retirou de dentro da manga - Tenho um trabalho para si, em breve irei viajar para o norte e daí seguirei até Castela e Leão com um carregamento de pedra que o Conselho de Lisboa me pediu para vender em Valladolid. Desejo aproveitar a viagem para me encontrar com o rei Carolum. Preciso que prepare a expedição. Arranje pelo menos três juntas de bois e seus condutores. Trate igualmente da guarda necessária para a viagem e necessários mantimentos. Talvez devesse ainda aproveitar a viagem para espalhar a minha pretensão e procurar apoio entre a população - concluiu enquanto se levantava.

Fernão levantou-se imediatamente, direito como uma estaca.

- Tomarei as devidas providências vossa Graça. Dai-me licença para me retirar?

A condessa virou-se para o velho Barreto com um brilho nos olhos. Colocou a mão no ombro do velho cavaleiro e fitou-o.

- Uma nova era está a chegar Barreto... esta guerra provou que nos conseguimos unir e fazer algo. Lembra-se da história como a minha família chegou a Portugal? Simon, o cruzado solitário e empobrecido, filho cadete de uma antiga e nobres família sob perseguição. Não tinha nada quando aqui chegou, valeu-lhe a mercê do rei e o acolhimento dos Barretos também eles com raízes e ancestral sangue bretão - a condessa olhou-o ainda com mais intensidade - Um Monforte não esquece com facilidade, leão e arminhos são um só. Kentoc'h mervel eget bezañ saotret!

- Malo mori quam foedari! - exclamou o Barreto o lema da sua família, emprestado aos Monforte na sequência do casamento do fundador do ramo português com uma donzela filha mais nova do então patriarca dos Barretos.

- Antes a morte que a desonra... - retorquiu ela.


Fim! ^^
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