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Malo Mori Quam Foedari (Antes a Morte que a Desonra)

Filipesilva


Ao avançar pela cidade de Saumur, Filipe, que já assistira à devastação da guerra em cenários anteriores, não deixa de ficar surpreendido com o cenário que encontra. Os danos aos edifícios da cidade atingiam um grau arrepiante. Mas ao olhar para o horizonte repara também numa invulgar quantidade de estandartes de vários exércitos diferentes. De entre os quais se destacou um estandarte que exibia um escudo de armas até então desconhecido para Filipe, que não perdeu tempo a vasculhar por entre os seus pergaminhos na tentativa de descobrir a quem pertencia aquele escudo. Após uns minutos descobriu a resposta que tanto procurava, aquele exército exibia as armas do condado vizinho de Poitou. Filipe ficou inquieto, na dúvida de se tratar de um exército aliado ou inimigo, mas um soldado veterano que se encontrava ali perto depressa o acalmou, afirmando tratar-se de um condado aliado. A curiosidade de Filipe levou então a melhor, que começou a contar freneticamente quantos estandartes diferentes se encontravam na cidade, e após longos minutos e uma leve dor no pescoço chegou a conclusão que eram 4 os exércitos aliados presentes em Saumur. Com tal surpresa, Filipe não conseguiu conter o entusiasmo e soltou uma breve exclamação de entusiasmo, que logo foi abalado pelo sentimento que batalhas de grandes escala se aproximavam.

No entanto o momento era de descanso, e Filipe aproveitou para conhecer o que restava da cidade, percorrendo o que sobrava das suas ruas, até que por fim avistou o que restava do mercado local. Aproximou-se então, curioso quanto a se encontraria alguma iguaria local, mas logo é confrontado com um cenário como já há muito não via, alimentos essenciais a preços descomunais. Mas não era de admirar tendo em conta o que a cidade tinha passado e pela quantidade de tropas lá estacionadas.

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Ana.cat
Ana Catarina nunca tinha visto nada assim, aquela cidade meio destruída dava guarida a três exércitos! Não havia uma única praça em Saumur que não estivesse já ocupada por tendas e soldados, mesmo no exterior das muralhas haviam acampamentos montados.

- Meu Jah santíssimo... - balbucionou a condessa - São milhares!

Ana observava tudo em seu redor, aquele era sem dúvida um cenário estranho... casas em ruínas, mendigos, mortos empilhados à espera da última morada, especuladores de mercado, e soldados... incontáveis soldados.

- Temos que acampar lá fora - disse alguém junto de si - Aqui não temos espaço para montarmos o acampamento.

Então, o exército bretão (que agora não era o único, haviam mais dois outros exércitos com a bandeira de arminho pleno*) espalhou-se em redor das muralhas da cidade, excepto os altos oficiais e as mercadorias dos viveres, esses ficaram em segurança do lado de dentro das muralhas.
Ana e a sua família tiveram a sorte de serem convidados a permanecer dentro da cidade, ocuparam várias tendas montadas em redor de uma pequena praça, que outrora fora um mercado.


    ***

Naquela noite Ana não conseguira dormir com a tranquilidade que habitualmente tomava conta de si. Estava há horas a fixar um ponto da tenda, com um olhar vago, mas que deixava transparecer a preocupação que a consumia por dentro. A batalha estava próxima, e com ela chegaria inevitavelmente a perda de vidas humanas, a raiva e o ódio pelo semelhante. Pela primeira vez Ana pensava se deveria ali estar, se teria valido a pena cruzar o mar, percorrer águas desconhecidas e enfrentar tempestades só para assistir a uma carnificina. Foi então que desviou o olhar do tecto da tenda e mirou o seu anel de pedra rubra, cor de sangue, e com um leão rampant de duas caudas gravado na superfície, o anel de Simon IV de Montfort. Recordou as histórias que o seu avô lhe contava em pequena, da coragem dos seus antepassados perante o perigo, e das suas façanhas.

- Eles nunca pensariam sequer em desistir - murmurou - Prefeririam morrer em combate que não actuarem e ficarem a assistir aos feitos alheios... sim... é este o nosso destino, é este o destino que carregamos no nosso nome, é por ele que iremos lutar!

Como que por magia todas as duvidas e incertezas que minutos antes martelavam na cabeça de Ana desvaneceram-se. Agora a sua vontade de lutar pela Bretanha e pela sua família estava reforçada.

    ***

Na manhã seguinte um coro de trombetas ecoou pela cidade de arredores, estava dada a ordem de alvorada, a marcha ia começar de novo, e desta vez o destino era Thours, já dentro do território do condado de Poitou.

- Para onde vamos? - perguntou um soldado entre a coluna.

Uma voz grossa e rouca sobressaiu de entre a multidão respondendo de imediato:

- O nosso destino final é Poitiers, a capital de Poitou, está a ser cercada pelos cães da Malemort!

A marcha continuou, desta vez mais lentamente que o normal pois o exército agora tinha quadruplicado de tamanho.

Apesar de tudo, final do dia avistou-se finalmente Thouars... o exército iria ali acampar antes do grande combate.

* antiga bandeira da Bretanha

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Joanokax


Joanokax chega finalmente a Thours. Após terem montado acampamento na zona e do sol já se ter posto Joanokax nota o ambiente pesado que pairava no acampamento... alguns soldados deitados no chão vagueavam o olhar no céu estrelado, enquanto outros, os mais velhos, sentados à volta da fogueira aquecendo as mãos fixavam apáticos as chamas talvez pensando no que os espera amanhã no combate... Mas havia algo comum a todos os soldados um objectivo, e esse era o de voltar sãos e salvos a casa e abraçar uma vez mais as suas famílias...

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Filipesilva


A noite fora de inquietude. A ansiedade da batalha que se avizinhava, os ruídos longínquos dos exércitos reais que tentavam incessantemente abrir brechas nas muralhas de Poitiers, os receios de uma emboscada nocturna... Vários foram os soldados que recorreram a remédios caseiros na tentativa de conseguirem dormir pelo menos algumas horas para recuperarem as forças, dos quais o remédio mais popular era a cerveja. No entanto muitos outros opunham-se a estes remédios, alegando que estes os tornavam mais fracos e desconcentrados no campo de batalha. Filipe era um destes, que acabou por optar por permanecer na sua tenda junto da sua família, aproveitando o momento da melhor forma que lhe era possível, em família.

Ao raiar da alvorada, a corneta finalmente tocou e todos os soldados no acampamento (muitos dos quais já estavam acordados) apressaram-se a saírem das suas tendas e ir para a formação. Os generais dos diversos exércitos presentes aproveitaram a oportunidade para fazerem breves discursos de incentivo e para relembrar os motivos que originaram esta guerra. E como era inevitável, enfatizaram alguns dos actos repugnantes dos próprios exércitos que iriam enfrentar, dos quais se destacava um recente episódio ocorrido na vizinha cidade de La Trémouille (pertencente ao Condado de Poitou), a qual fora pilhada sob ordens da rainha Nebisa de França dias antes do início do cerco que ainda perdurava em Poitiers. A hora tinha finalmente chegado de libertar Poitiers (capital do Condado de Poitou) do cerco a que estava sujeito há já 13 longos dias e libertar o Condado de Poitou do jugo da rainha de França.

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Ana.cat
A luz do sol que se erguia placidamente no horizonte encoberto e chuvoso invadiu a tenda de Ana Catarina. Era o grande dia. Um dia ansiado por uns e temido por outros. Os exércitos bretões e pontevinos iriam tentar romper o cerco a Poitiers, imposto pelas tropas francesas há quase duas semanas.
Ainda antes de a trombeta se fazer ouvir pelo acampamento Ana começou-se a equipar. A sua família fora integrada num contingente de cavalaria e em principio não iriam lutar todo o dia, seriam chamados a intervir apenas quando os generais o achassem estrategicamente adequado.
A condessa para além das roupas almofadadas vestiu uma cota de malha que lhe chegava quase aos joelhos, por cima dessa protecção necessitou que lhe colocassem a restante armadura, pois devido ao peso era impossível fazê-lo sozinha.
Todo aquele equipamento pesava à volta de 12 quilos e apesar da idade, que já lhe começava a dar sinais, Ana conseguiu aguentar-se bem em pé, só voltou a necessitar de ajuda para subir à sua égua que também se encontrava bem guarnecida com protecções.
A condessa pegou no seu escudo forrado a pele onde fora desenhado o leão branco de duas caudas de Simon de Montfort e bateu nele com o punho da sua espada para chamar a atenção dos seus familiares que aos poucos chegavam e se alinhavam em seu redor.


- Família... chegou a hora! Há dois séculos que o nosso estandarte não é visto nestas terras, por isso vamos honrar os feitos dos nossos ancestrais... - elevando o tom de voz quase para um grito continuou - Vamos mostrar a esses franceses nebisinos de que matéria são feitos estes portugueses! Pela Bretanha e por estes povos oprimidos sob o jugo real! Por Montfort!

A última parte já foi gritada quase em sufoco, mas mesmo em dificuldades Ana ergueu bem alto o seu escudo e deu ordem para que aqueles cavaleiros tomassem a sua posição na coluna.

    ***

A viagem até Poitiers foi rápida apesar de tudo. No cimo de uma pequena colina puderam assistir ao cenário apocalíptico que os esperava. Ao fundo via-se uma cidade amuralhada cujas muralhas não passavam já de montes de pedra e entulho. Entre o casario distinguiam-se vários focos de incêndio causados pelos trebuchets franceses que de vez a vez lançavam pedras, corpos e outras matérias inflamáveis contra a cidade e as suas muralhas. Viam-se igualmente soldados agarrados a escadas a tentarem entrar pelas brechas da cidade pontevina. Mas acima de tudo o que não faltavam eram corpos por enterrar e despojos de guerra espalhados por toda a parte.
Os generais estavam reunidos a discutir a melhor estratégia para o ataque, sabiam que já tinham sido detectados e o inimigo estava a reorganizar-se. Decidiram atribuir posições aos diversos contingentes. A Ana e à sua família fora ordenado que atacassem um dos flancos inimigos para que abrissem brechas nas fileiras e dessem depois lugar aos combatentes a pé.


- Vamos! - gritou Ana como ordem de marcha

Enquanto se posicionavam no local indicado pelos generais e ansiavam pela ordem para avançar Ana cantarolava para puxar a moral das tropas e fazer surgir alguns sorrisos naquelas faces carregadas.


    - Sob o Sol encoberto, naquelas frias paragens estrangeiras,
    Entre corpos estendidos e os habituais despojos de guerra,
    Os Montforts portugueses marcharam entre matas e clareiras.
    E pela honra dos ancestrais esqueceram as saudades da terra.

    - Os povos oprimidos sob o jugo real eles ousam defender,
    Enquanto que na sua terra natal por alguns notáveis apontados são
    De reles párias e de a troco de dinheiro combater.
    Mas afinal, são eles os reais embaixadores da grandeza da sua nação!

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Filipesilva


A posição privilegiada no dude de uma colina situada num dos flancos do campo de batalha permitia ao contingente português ter uma perspectiva única sobre o que os esperava. Num reflexo involuntário, Filipe ficou parado de boca entreaberta a olhar para o que os esperava. Mesmo para um soldado como ele que já havia participado em vários conflitos armados no passado, aquela visão era deveras intimidante. Diante deles encontravam-se nem mais nem menos do que cinco exércitos nebisenses dispostos ao longo das muralhas de Poitiers e correndo de forma desordenada numa tentativa de assumirem uma posição defensiva que lhes desse alguma hipótese contra os quatro exércitos ponanteses que haviam chegado em socorro das gentes locais. Apesar da distância dava para notar o cansaço e a moral baixa que pairava por entre exércitos nebisenses que haviam já passado largos dias a batalhar pela conquista de Poitiers sem obter qualquer resultado positivo. Olhando para as muralhas de Poitiers, Filipe viu o que restava da população da cidade a festejar no dude da muralha, criando involuntariamente a ilusão de que aquelas muralhas haviam ganhado vida, ondulando de alegria numa saudação aos exércitos ponanteses acabados de chegar.

Filipe olhou então para a sua amada esposa e a convicção era inabalável: com a graça de Jah, a cidade de Poitiers iria hoje ser livre de novo!

O conde ajeitou então o seu escudo e empunhou a sua espada. A batalha iria começar a qualquer instante!

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Ana.cat
No dude da colina o contingente de cavalaria aguardava o sinal para avançar, aqueles minutos de espera pareceram horas para todos eles. Durante esse tempo milhentos de pensamentos passaram pela cabeça de Ana Catarina, a ansiedade crescia dentro de si e aquela espera sufocava-a, começava a sentir as pernas a tremerem-lhe e suores frios.

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Quando soou a corneta a condessa suspirou longamente e olhou para o marido, que se encontrava ao seu lado, num olhar que transmitia um misto de desejo de boa sorte e preocupação pelos acontecimentos futuros.
Mas pegando no estandarte de Simon de Montfort, Ana respirou fundo e cavalgou à frente das fileiras gritando a ordem de marcha:


- Está na hora! A vitória espera-nos! Antes a morte que a desonra!

Após se certificar que estavam todos prontos para avançar Ana fez sinal às outras companhias de cavalaria com o seu estandarte e colocando o elmo na cabeça bateu com as esporas no lombo da égua, dando inicio ao ataque.

- Pela Honra!! Por Montfooooort!! - Gritou a condessa enquanto posicionava a lança do seu estandarte para o embate.

Ana tinha os olhos postos nas grossas fileiras de soldados à sua frente protegidos por simples escudos de madeira e piques esticados na sua direcção. A condessa sabia que o impacto da coluna sobre aqueles soldados seria assombroso com muito aço e sobretudo sangue, no entanto ela não quis pensar nas consequências, pois isso poderia enfraquece-la psicologicamente, naquele momento era necessário manter a frieza e colocar de lado a compaixão. A Monforte franziu a testa, cerrou os dentes e lembrou os relatos das atrocidades cometidas pelas tropas nebisinas assim como as lembranças vividas em Angers e Saumur. Endereçando toda a sua raiva para a ponta da lança a condessa e os cavaleiros que cavalgavam a alta velocidade ao seu lado, criando uma extensa nuvem de pó atrás de si, investiram implacavelmente sobre a infantaria francesa.
A última visão que Ana teve antes do embate foi a face aterrorizada de um jovem soldado com profundas olheiras e face subnutrida provavelmente devido à má alimentação e longa permanência no exército, o jovem não tinha qualquer protecção de tronco e empunhava um escudo de madeira gasto de golpes e um pique cuja ponta nem afiada ou direita estava.

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Hijacker


Este era o verdadeiro momento as linhas estavam alinhadas.... As formações de soldados tinham as suas ordens e a estratégia estava montada...

Em cima do seu cavalo Hijacker decidira nao levar um lança como a maioria dos cavaleiros, em vez disso Hijacker tinha arranjado um Machado franco, Este tinha sido um achado raro e muito valioso que Hijacker tinha feito, este tinha lhe custado um bom punhado de cruzados mas valiam bem a pena.

A cavalaria franca tinha sido considerada a melhor cavalaria ate então, estes eram considerados bárbaros, mas a verdade e que a sua cavaria fora a mais temida e mais bem sucedida desde sempre, com os seus machados eram conhecidos por trespassar as armaduras e escudos dos adversarios.

Com a sua espada embainhada no cinto, o seu Machado Franco numa mão e o seu escudo na outra Hijacker sentia se pronto para combater, era tempo de por fim a esta tirania de uma rainha que perdera completamente o sentido da razão.

Baixando o seu elmo Hijacker olha para alguns dos familiares que se encontravam na linha da frente, havia um misto de emoções, mas a mais determinada era Ana, esta estava determinada e bem motivada, e isso fazia se tresparecer a toda a família.

Quando foi dado a ordem de ataque o caos abateu se sobre aquele campo de batalha, ouviam se gritos, o som dos cavalos a cavalgar era insurdecedor, Hijacker seguia com o escudo bem erguido e fortemente agarrado. Na outra mão levava o Machado bem elevado para que pudesse quebrar um escudo ou mesmo derrubar logo um adversário.

Já perto da linha adversária Hijacker começou a gritar.

POR MONFORTE!!!

Ao ver um adversário Hijacker balança o seu Machado com toda a forca que tinha...

Este não tiver mínima hipótese contra o seu Machado Franco, partindo lhe o escudo e deixando o inconsciente no campo de batalha...

A primeira vitima dos Monfortes tinha sido feita, mas ainda agora a batalha tinha começado... Era preciso continuar concentrados e atentos.

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Ana.cat
Em poucos segundos a investida da cavalaria bretã onde Ana estava incluída esmagou a defesa daquele flanco da infantaria francesa, o embate inicial tinha provocado alguns feridos entre os cavaleiros, mas estes estavam de tal modo bem protegidos que aqueles piques mal afiados não foram o pior dos obstáculos.
Ana escapara aos piques e não perdera tempo para cravar a sua lança na perna de um soldado francês, não atingira uma parte vital do corpo daquele homem mais por falta de pontaria do que por misericórdia da sua alma. À medida que a cavalaria penetrava no flanco ia-se tornando mais difícil combater com uma arma longa como era a lança por isso Ana optara por desembainhar a sua espada e distribuir golpes pelos soldados que se metiam à sua frente. O objectivo não era matar mas sim lançar o pânico pelas tropas francesas, para quando chegasse a hora de fazer recuar a cavalaria da cena principal da batalha a infantaria avançasse para a luta sem tanta resistência.

Por momentos, quando a luta baixava de ritmo e Ana tentava dar algum descanso ao seu braço já dorido de manobrar a espada incessantemente contra os corpos dos soldados franceses, a condessa ficava a observar a cena geral da batalha. Nunca na sua vida tinha assistido a tamanho massacre, era uma imagem impressionante aquela que os seus olhos captavam. Corpos decepados, soldados a arrastarem-se pelo chão gemendo por ajuda e clemência mas acima de tudo, sangue... charcos de sangue por toda a parte. A terra perdera as suas tonalidades habituais e ganhara uma cor vermelha viva que se misturava entre as poças de água e as raras plantas que nasceram naquele campo sem vida. E entre tamanha matança destacava-se um cavaleiro de machado em punho a cavalgar impiedosamente entre fileiras e derrubando tudo e todos os que se atravessavam no seu caminho. Ana não deixou de sorrir de orgulho, era o seu primo Hijacker empenhado em mostrar na pele aos franceses nebisinos a força e a raça da sua família.
Mais longe viu também o seu marido igualmente empenhado na luta. A condessa pediu ao Altíssimo que o protegesse e voltou à carga sobre os franceses, mas o primeiro desta nova ronda não teve tanta sorte como o da primeira, pois "viu" a espada da condessa de Ourém atravessar-lhe o peito sem que este tivesse tido tempo para se esgueirar.


- Não lhes dêem espaço! Não lhes dêem espaço!! - gritava Ana - Pressionem-nos! Temos que os fazer recuar!

Enquanto gritava isto aos seus companheiros a Monforte apercebeu-se de movimentações nas fileiras adversárias que poderiam trazer sérios problemas aos cavaleiros. Eram besteiros franceses que se inseriam entre as restantes tropas. Ora, estes besteiros tinham uma fama temível, as setas das suas bestas conseguiam perfurar até a armadura mais grossa sem grande dificuldade. Aqueles homens tinham nas mãos as armas que mais receio provocava nos cavaleiros pesados como eram aqueles com o estandarte "gwenn-ha-du".
E as preocupações de Ana concretizaram-se minutos depois quando as primeiras setas começaram a voar e a derrubar os pesados soldados dos cavalos. A condessa aí percebeu que era a hora da infantaria tomar-lhes o lugar, eram uma força mais numerosa e adaptava-se melhor às circunstâncias da batalha que a cavalaria.

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Filipesilva


O choque da cavalaria bretã, que o contingente português integrava, contra a infantaria nebisina foi impiedoso. Num breve instante, a cavalaria tinha rompido a linha da frente da infantaria nebisina, semeando o caos nas suas fileiras. Cansadas e agora desorganizadas, a infantaria nebisina oferecia uma resistência inferior ao esperado. Ainda assim, após alguns minutos de combate, Filipe aproveitou um momento de calma para olhar em seu redor e tentar analisar a situação, e reparou num batalhão que parecia estar ainda a oferecer uma resistência organizada e por entre este batalhão Filipe notou um cavaleiro que agitava a sua espada no ar enquanto gritava constantes indicações a quem o rodeava. Pela sua experiência de combate, o conde de Olivença percebeu de imediato que este cavaleiro poderia tornar-se num grande obstáculo se lhe fosse dado tempo para organizar um contra-ataque, pelo que decidiu investir sobre ele, mas não sem antes olhar para a sua amada esposa para confirmar que estava bem. Chegar perto do cavaleiro não foi fácil já que havia muito nebisinos pelo caminho, mas com algum esforço, e com a ajuda de alguns cavaleiros bretões que estavam nas imediações, o conde lá conseguiu chegar ao cavaleiro, que não tardou em notar a chegada do conde. Olhando o cavaleiro nos olhos, Filipe não se pôs com cerimónias e carregou de frente contra o cavaleiro enquanto brandia a sua espada no ar, e mal o cavaleiro ficou ao seu alcance, o conde deu-lhe as boas vindas à moda de Crato empenhando toda a sua força num golpe de espada que acertou no escudo do cavaleiro, que ficou com o escudo marcado e por pouco não caiu do cavalo. Mas o cavaleiro não se ficou e logo Filipe viu-se num combate corpo-a-corpo com este cavaleiro, que depressa deixou claro que não era a sua primeira vez num campo de batalha. O combate foi renhido e parecia durar a uma eternidade com ambos os combatentes num nível semelhante, mas o conde estava tão concentrado no cavaleiro que não reparou num soldado nebisino que se aproximou pelo seu flanco direito e lhe desferiu um golpe no braço. Surpreendido e nervoso com a súbita desvantagem em que se encontrou, Filipe apressou-se a analisar a situação e constatou que a sua armadura tinha feito o seu trabalho e protegeu o seu braço direito, no entanto este estava dorido e a espada do conde estava agora no chão. A resposta do conde foi instintiva, impelindo o seu escudo contra o nariz do soldado, que tombou de imediato no chão. Mas o cavaleiro nebisino não perdeu a oportunidade e desferiu um forte golpe contra o escudo do conde, cortando-o a meio. Sem espada nem escudo, e com o braço direito dorido, o conde recusou-se e desistir e procurou de imediato encontrar uma abertura que lhe permitisse chegar ao cavaleiro com o seu punhal, enquanto se esquivava dos seus golpes de espada, até que chegou um cavaleiro bretão que afastou o cavaleiro nebisino e informou o conde que estava na hora da cavalaria se retirar. Contrariado mas consciente que já pouco mais poderia fazer neste combate, Filipe retirou-se da linha da frente juntamente com o cavaleiro bretão. No entanto, tal era a confusão com a cavalaria a recuar e a infantaria bretã a avançar que o conde perdeu a família de vista. Sem grandes alternativas, Filipe seguiu caminho para o acampamento onde seria mais fácil reencontrar a família mas agora que a sua luta tinha acabado e estando separado da família, a preocupação instalou-se e pouco mais podia o conde fazer do que rezar a Jah para que a sua família, e principalmente a sua esposa e filha, estivessem em segurança.

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Hijacker


A confusão no campo de batalha era geral, o som das espadas a colidir entre si e nos escudos invadia o campo de batalha, pareciam trovões de uma tempestade infernal.

Em muitos pontos da batalha podia se ver lanças com o estandarte Monforte erguido, muitas delas já manchadas com o sangue dos inimigos.

No cimo do seu cavalo Hijacker continuava a balançar o seu machado franco, era uma maravilha da engenharia bélica. Os inimigos com escudos ou acabavam no chão com o impacto ou com o seu escudo rachado.

Hijacker estava a tentar derrubar mais uns adversários quando de repente sente o seu cavalo a cair, Hijacker no cimo cai violentamente para trás, ficando estendido no chão. Levantar se ia ser tarefa difícil com o peso que carregava da armadura, mas com algum esforço e apoiando se no seu machado Hijacker foi se levantando, para se deparar com 3 inimigos na sua frente.

Olhando para o seu cavalo vê um projéctil parecido com uma seta, mas de aparência diferente, para o fundo das linhas vê um grande grupo de besteiros a carregar as suas bestas a varrer a cavalaria com ataques mortíferos.

Quase esquecendo os inimigos que tinha pela frente um deles ataca o com a sua espada. Hijacker num movimento instintivo ergue o seu escudo para se defender. Num contra ataque rápido acerta com o seu machado no joelho do inimigo deixando o agarrado ao mesmo a gritar no chão.

No entanto os outros dois inimigos estavam a separar se e a cercar Hijacker, ia ser impossível combater com os dois ao mesmo tempo, isto não podia acabar bem.

Vendo toda a cavalaria a recuar por causa dos besteiros Hijacker vê se em maus lençóis para se safar desta situação, se ataca se um dos inimigos o outro ira com certeza ataca lo pelas costas ou pelo flanco... Tentando recuar lentamente Hijacker tentava imaginar como se safar desta situação... Quando ao longe vê u cavaleiro a cavalgar a toda a velocidade na sua direcção... Os inimigos de costas nem se deram conta da sua aproximação, e nem mesmo Hijacker tinha ainda conseguido desvendar quem era o cavaleiro, pois debaixo do elmo era difícil reconhecer.

O cavaleiro aproximava se rapidamente, e debruçando se de lado no cavalo estende a mão como que se fosse apanhar alguma coisa, Hijacker entendera agora que devia ser um cavaleiro Bretão a tentar agarra lo para o tirar do campo de batalha... Hijacker rapidamente guarda o seu machado, remove as protecções metálicas que tinha nos braços e prepara se para a chegada do cavaleiro.

Os seus inimigos ficaram sem perceber a sua atitude, mas pareciam pensar que Hijacker se ia render e entregar como prisioneiro.... Mas estes pensamentos foram curtos quando o cavaleiro a galopar passa por eles e agarra a mão de Hijacker.. Hijacker foi arrastado uns metros mas depois num impulso forte e um puxão vigoroso consegue saltar para o dorso do cavalo atrás do cavaleiro...

Agarrando se ao cavaleiro com a outra mão vira o escudo em direcção à batalha, era preciso proteger a retaguarda devido aos ataques dos besteiros...

Após um bom bocado a cavalgar os dois cavaleiros conseguiram chegar a salvo ao acampamento... Saltando do cavalo Hijacker diz para o cavaleiro.


Merci noble chevalier

Ouve uma grande gargalhada vinda do Elmo, era como se o cavaleiro se tivesse a rir dele... Nisto o cavaleiro abre a viseira do elmo e para sua surpresa não era nem mais nem menos que Tocha... Parece que hoje quem paga a rodada és tu meu amigo Disse Tocha rindo se..

Deixando se cair no chão Hijacker ia rindo...
Hoje podes beber tudo aquilo que encontrares e te deixarem, a minha bolsa paga. Respondeu lhe Hijacker rindo, sabendo que acabara de ser salvo pelo seu amigo.

Então deixa me ir por o meu cavalo nas cavalariça de campo e já venho cobrar isso.


Há medida que Tocha ia se afastando a passo no cavalo ainda se podia ouvir uns risos da sua parte.

Sentado no chão Hijacker olha para o campo de batalha, este agora já bem mais longe, onde os corpos se amontoavam, com alguns membros da cavalaria ainda a recuar, entre eles reconhecera Ana que vinha no seu cavalo inconfundível, e logo a trás um contingente maior de cavaleiros a pé erguendo os seus escudos para protecção e recuando, no meio deles vinha Filie já sem o seu elmo colocado.

Hijacker sente uma boa sensação, praticamente todos os envolvidos no assalto estavam agora a regressar ao acampamento, alguns mal tratados, mas pelo menos vivos.


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Ana.cat
A rajada de setas dos besteiros voou sobre a cabeça de Ana Catarina que quase cavalgava deitada sobre a sua égua baia. A condessa não se encontrava sozinha, a sua retirada era acompanhada pela de muitos cavaleiros bretões, mas mesmo assim Ana sentia algum receio de ser atingida e para piorar a situação a subida daquela colina parecia não ter fim. Ironia do destino, a inclinação daquela subida ainda naquele dia servira para incrementar ainda mais a força do embate da cavalaria bretã com as tropas francesas, e agora servia precisamente para atrasar os cavaleiros e fazer muitos deles sucumbir pelo caminho.

A meio da subida Ana olhou para a sua retaguarda, a infantaria bretã tinha progredido vinda de outra direcção e já estava a combater aquele flanco. Ana então sentiu-se mais descansada e retomou a sua posição habitual a cavalo e minutos depois já estava no dude da colina onde muitos já se encontravam reunidos a averiguar o estado das montadas ou os seus ferimentos.

A primeira coisa que Ana fez foi olhar em todas as direcções na tentativa de encontrar os seus familiares, vislumbrou Hijacker e Tocha a quem logo acenou freneticamente. Mas a condessa queria ver o seu marido, estava preocupada com o seu estado, a ultima vez que o vira em batalha estava ele embrulhado numa luta de um para um com um cavaleiro francês, só não o pudera auxiliar porque também ela estava ocupada a combater a infantaria nebisina. Apesar de saber que Filipe era um cavaleiro hábil e dotado com a espada sentia algum receio com o desfecho dessa luta.

A condessa estava cansada e a armadura começava a pesar-lhe, sem pensar duas vezes saltou da sua égua e retirou a custo as suas protecções para os membros e cabeça, deixou apenas a armadura para o tronco por não conseguir chegar às correias laterais que uniam aquela protecção ao seu corpo. Depois de se livrar daquele peso pegou nas correias da sua égua e continuou a pé a sua busca por Filipe.



Editei o nome do tópico com o consentimento dos intervenientes, por considerarmos que este se adequa melhor ao desenrolar da narração.

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Joanokax


Joanokax lutou com bravura. Com o desenrolar da luta, abstraída pela luta para salvar a sua própria vida, não repara que o seu grupo se move para outro local e acaba por se juntar a outro. Em pânico por não ver ninguém conhecido começa a imaginar o pior que poderia ter acontecido a sua família. Teve que fazer algum esforço para controlar o cavalo pois este sentia o seu estado de espírito. Estava triste mas dureza da guerra já a tinha mudado..na sua lista mental já havia morto 10 soldados, algo que sabia que nunca iria esquecer por muito que quisesse, por muito tempo que passasse. Estava "fria" demais para chorar, mesmo pensando na sua família.

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Hijacker


Das pessoas que tinham participado no ataque principal aos poucos iam se reunindo no acampamento, numa primeira vista ninguém tinha sofrido grandes ferimentos.

Hijacker e Tocha estavam os dois sentados já sem parte das armaduras a beber um pouco de vinho que alguns oficiais tinham dado à família, estes iam discutindo como lhes tinha corrido a batalha.

Sabes que te salvei o coiro, não sabes?? Afirmava Tocha ainda gozando um pouco com Hijacker...

Sim sim eu sei... Mas havias de ter visto os danos que este menino fez nas fileiras, foi magnifico. Ia dizendo Hijacker dando pancadinhas no seu machado franco

A minha espada não se portou mal também, mas adorei usar aquela lança de cavalaria, sem duvida mortífera quando se vai a carregar sobre eles. Dizia Tocha todo entusiasmado Mas devia por acaso dar uma afiadela à minha espada. Brindado uma ultima vez com Hijacker, Tocha segue para a sua tenda.

Bebendo os últimos goles do vinho Hijacker vai também para junto de alguns encarregados das cosias da família... Juntos das coisas Hijacker procura pela pessoa que tinha ficado encarregue de tomar conta dos dois Arminhos bebés que Ana havia encontrado na estrada uns dias antes...

Aqui estão meu senhor Disse a senhora que os tinha enrolados num tecido. Estendendo as mão esta passa os a Hijacker que os segura com cuidado.

Eles tinham se adaptado bem ao leite que Hijacker e Ana lhes tinham arranjado e começavam a ficar mais vivaços, Hijacker ia brincado com eles tentando que eles se fossem adaptado a si e ás pessoas. Mas mesmo assim ainda eram animais selvagens e com instintos de sobrevivência bem presentes, e de vez em quando lá desferiam uma dentada mais forte nos dedos de Hijacker. Mas a verdade é que estes animais eram esplendidamente bonitos e envolvidos numa mística que fazia superar qualquer dor de dentada.

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Filipesilva


Já quase no cimo da colina de onde foi lançado a carga de cavalaria, Filipe aproveita a posição privilegiada para observar o desenrolar dos acontecimentos.

As infantarias ponantesa e nebisina encontravam-se já em pleno confronto e a infantaria nebisina apresentava já sinais de estar a ceder, em especial o flanco atacado pelo contingente português. No flanco oposto, que se encontrava junto da estrada para La Trémouille, Filipe repara em movimentos peculiares de tropas nebisinas, que aparentavam estar a abandonar a centro, já de si enfraquecido, da formação para reforçar aquele flanco. O conde sabia que estas movimentações apenas poderiam ter um significado: os exércitos nebisinos estavam a preparar a sua retirada.

Esta constatação desperta um breve sorriso de dever cumprido no rosto do conde, que depressa se volta para o dude da colina, onde se tinha já reagrupado grande parte da cavalaria ponantesa, na tentativa de reencontrar a sua família. Acercando-se do grupo, Filipe repara em dois cavaleiros de ânimo elevado que reconheceu como sendo os seus amigos Hijacker e Spot. O conde aproximou-se então para saudar os companheiros de armas e saber se tinham notícias dos demais compatriotas, em especial da sua esposa e da sua filha. Hijacker não tardou em apontar para um vulto que se aproximava por entre o aglomerado de cavaleiros.

A visão ligeiramente turva, consequência do cansaço físico e da idade, dificultou a tarefa de reconhecer aquele vulto mas não demorou muito até que um sorriso de orelha a orelha se esboçasse no rosto do conde, que logo se dirigiu ao seu encontro. O reencontro foi muito emocional, enquanto o conde abraçou a sua amada esposa e lhe deu um longo e ternurento beijo nos lábios. A sensação de alívio e felicidade sentida naquele momento era indescritível. Enquanto os seus lábios se separavam, o casal olhou-se olhos nos olhos como que inquirindo-se mutuamente quanto aos seus desempenhos na batalha, sempre envergando sorrisos que não escondiam a emoção do momento. Filipe não conseguiu evitar desviar o seu olhar por um breve instante e usar o seu braço esquerdo para segurar no seu braço dorido, denunciando a sua desilusão com o seu desempenho, mas esse travo amargo não tardou a desaparecer quando a condessa lhe deu um reconfortante abraço que se prolongou por alguns minutos.

- Obrigado - sussurrou ao ouvido da Ana. Não sei o que seria de mim sem ti.

- Não queria ser desmancha prazeres mas é melhor irmos à procura da Joanokax. Rezo a Jah para que ela esteja bem.

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