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Malo Mori Quam Foedari (Antes a Morte que a Desonra)

Ana.cat
Toda a fadiga acumulada por dias a fio de marcha, o cansaço da batalha, a preocupação... tudo desapareceu como por magia naquele momento em que o casal se encontrou finalmente. No entanto a sua união era ainda assombrada pelo desaparecimento da filha de ambos.

- Temos que a encontrar - suspirou Ana, que procupada com Joanokax nem notara no ferimento que Filipe tinha no ombro.

A batalha estava quase no seu fim, as tropas do Ponant conseguiram subjugar as tropas reais e a libertação de Poitiers estava praticamente garantida, no entanto nem Filipe nem Ana pararam um momento para comemorar a vitória eminente, só o fariam depois de encontrar Joanokax.
Perguntaram pela filha aos soldados que iam passando, percorreram toda a colina onde a cavalaria bretã estivera reunida antes do ataque e em desespero procuraram-na nas tendas dos cirurgiões militares, onde se reuniam os moribundos e feridos... em lado nenhum encontraram a filha.
O desespero começara a apoderar-se daqueles pais e foi quando Ana abraçou Filipe, para sentir o seu porto-seguro no meio de tanta incerteza, que este não conseguiu suster um pequeno gemido denunciando a sua ferida por baixo da armadura.


- Que foi isso? Estás ferido? - perguntou a condessa sem esperar pela resposta do marido - Deixa-me ver isso.

Ana começou a retirar as correias que uniam a armadura de ombros e peito ao corpo de Filipe. À medida que retirava tudo o que se sobrepunha à pele uma mancha avermelhada apareceu e foi crescendo em tamanho à medida que as roupas mais grossas iam sendo retiradas.
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Filipesilva


Após retirar as várias camadas de roupa que cobriam o seu tronco, a sua ferida ficou exposta. Tratava-se de um longo corte superficial rodeado por uma enorme mancha negra, que cobria grande parte do seu braço direito, desde o ombro até ao cotovelo.

- Não te preocupes Ana, o aspecto é pior do que a ferida em si. De certeza que amanhã já estarei como novo - disse Filipe num tom de voz calmo e esboçando um sorriso, numa tentativa de reconfortar a sua amada. É melhor continuarmos à procura da nossa filha, este arranhão pode esperar

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Ana.cat
Ana Catarina e Filipe acabaram por retornar à colina onde os familiares já se encontravam reunidos a partilhar as suas experiências do combate. Todos se tinham portado com bravura fazendo honrar o seu ancestral estandarte, no entanto haviam algumas baixas a registar, para infelicidade de todos.
A batalha tinha sido vencida, Poitiers estava finalmente livre, mas o ambiente entre os portugueses era pesado, entre feridos e desaparecidos, o contingente português viu-se desfalcado em cinco elementos. Joanokax estava ainda desaparecida e Eudóxio ficara pelo caminho, provavelmente perdido numa qualquer taverna de Thoaurs, a última cidade deixada pelo exército.

Mas apesar de todos estes contratempos o grupo tinha que prosseguir viagem, faltava libertar La Tremouille, e era para aí que tinham ordens para avançar com a restante coluna.
Antes de partir Ana deteve-se alguns momentos com Filipe, que seria levado para a retaguarda e onde iria recuperar dos ferimentos da batalha daquele dia, abraçou-o e fez-lhe prometer que também ele procuraria pela filha no contingente onde seria integrado.

Após aquela despedida repleta de emoção, Ana Catarina fez algo que sempre dissera a si mesma que nunca faria... desceu a colina e caminhou entre os corpos e despojos de guerra. A condessa não estava sozinha, por toda a parte se viam soldados a recolher os corpos dos seus companheiros ou a escolher armamento inimigo que ainda estava em condições para ser utilizado. Ana não estava ali nem para uma coisa nem para outra, apesar de parecer mórbido, ela queria reflectir consigo mesma naquele local.

"A vida é passageira, aqui está a prova disso", pensava ela enquanto continuava o seu caminho.

Entre os despojos que um soldado carregava Ana reconheceu a sua lança, largada em batalha, trazia ainda agarrada a si a pequena flâmula com as armas da sua família, daí a facilidade com que o reconhecimento da arma se dera. A condessa aproximou-se do soldado e com toda a educação pediu-lha de volta, pedido ao qual o soldado acedeu sem muitas delongas, por conhecer a posição que Ana ocupava no exército, e tudo o que ele não queria naquele momento era ficar sem a sua ração diária.
A condessa levou as mãos à arma e manobrou-a, estava praticamente como nova, embora a ponta necessitasse de alguns cuidados num ferreiro, ofício que não faltava por ali. Ao ter aquela lança nas mãos Ana sentiu-se revigorada, ela representava tudo para si, era a honra dos seus antepassados, era por eles que tinha que lutar. E para isso tinha que saber ultrapassar os obstáculos que a vida lhe colocava à frente.

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Octocore


No meio do campo de batalha apos o confronto sangrento que avia se desenrolado Octocore finalmente acordara apos ter sofrido uma forte pancada na cabeça, apesar de não lembrar de quase nada somente de alguns traços de memoria do combate e uma forte dor de cabeça o baronete percebe que ainda estava no campo de batalha mesmo que a luta ja tenha terminado.
- Meu Jah, o que aconteceu aqui ?- Pensa Octo ao ver os vários corpos que se encontrava ao seu redor, ainda confuso, ele se lembra que estava avançando com seu cavalo numa investida junto de seus familiares quando algo o acerto na cabeça e o derrubou de seu cavalo.
- Maldição... Gesticula o baronete que retira seu helmo e percebe que avia um amaçado nele, como se uma flecha ou algo parecido o tivesse acerta.
-Parece que devo minha vilta a essa placa de ferro.
Apos se levanta ainda atordoado e cambaleando para os lados o baronete saca sua espada e vai a procura de alguma alma viva, Assim que percebe um vulto ao longe, ele se aproxima calmamente pois não sabia dizer se era amigo ou inimigo mas conforme sua distancia do vulto diminui , logo reconhece que se tratava de Ana.cat matriarca de sua família, feliz por ser ela o Baronete embainha sua espada e vai em direção a Condessa.

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Ana.cat
Ana Catarina continuava a mirar o horizonte. O soldado já partira e por ali só se encontrava um arauto bretão a saltar de corpo em corpo, visivelmente horrorizado com aquele espectáculo de pura carnificina, mas ele tinha que cumprir o seu dever, identificar as armas dos escudos dos nobres e fidalgos bretões caídos em combate.
O som de passos irregulares despertou a atenção da condessa, esta virou-se e encarou o vulto que se aproximava de si, era Octocore que cambaleava entre os corpos e despojos sangrentos.


- Octo! Estás bem? - Ana correu na direcção do sobrinho para o amparar - Pareces fraco, foste ferido? Retira a armadura e segura-te a mim, vamos ter com os outros.

Os dois caminharam lado a lado até ao dude da colina, Ana deixou Octocore encostado a uma árvore para que pudesse descansar e retirar as ultimas peças que lhe protegiam o corpo.
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Octocore


Assim que retira por completo as peças de armaduras que ainda faltavam Octocore pega seu cantil que carregava na cintura e bebé um pouco de água, não avia percebido que estava com tanta sede somente quando parou de observa os corpos no campo de batalha, ele se dera conta do seu estado.

-Vamos voltar para o acampamento, estou precisando de um banho e comida.
Enquanto levantava lentamente da arvore que parecia tão aconchegante, e se preparava para a caminhada até o acampamento.
Ana.cat confirma a proposta com a cabeça e ajuda o baronete a se levantar para iniciarem a caminhada até o acampamento.

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Ana.cat
Passado o fervor da vitória a cavalaria bretã recebeu ordens para se reunir e voltar ao acampamento, dentro dos muros de Poitiers ficaria apenas uma hoste de prevenção. Mas era também necessário garantir a segurança das estradas e caminhos que afluíam à capital pontevina, para isso foram destacados inúmeros grupos de batedores para encontrarem e neutralizarem os desertores e fugitivos franceses.

Ana Catarina e a sua família seguiram a trote na dianteira da coluna, pelo caminho cruzaram-se com inúmeras carroças de bois onde os corpos dos soldados eram empilhados para providenciar um rápido mas honroso funeral aristotélico. A condessa não conseguiu deixar de pensar na filha, que continuava em local incerto, era uma dor terrível que ardia dentro de si sempre que pensava que o destino daqueles soldados poderia ter sido o mesmo de Joanokax.

Quando chegaram ao acampamento a coluna dispersou-se, os cavaleiros estavam autorizados a retirarem-se para as suas tendas e descansar, pois o dia seguinte ia ser duro, mais uma jornada o esperava, desta vez iriam posicionar-se num local estratégico para a tomada da cidade de La Trémouille.

    ***

Ana Catarina estava junto à sua égua junto com alguns escudeiros que a ajudavam a retirar as placas protectoras e a cota de malha de cima do animal quando um soldado bretão veio até junto de si.


- Diglokter tremen? [1] - questionou a condessa de imediato ao rapaz.

O jovem soldado indicou a tenda dos oficiais e respondeu num tom seco.

- Hoc'h uhelded a-wel da reter dav eo. [2]

Ana não entendeu metade das palavras do bretão, por este ter um forte acento característico da alta Bretanha, mas pensou que seria melhor segui-lo até à tenda, no seu interior encontrou todos os oficiais do exército reunidos à volta de uma mesa de madeira preenchida por mapas da região. No entanto faltava ali alguém...

- Pelec'h sav-heol meur Rozane?[3] - perguntou a condessa de imediato.

Um dos oficiais tomou a voz e falou lentamente, para que Ana o entendesse.

- Meur Rozane reter hep gortoz...[4] - olhou para os restantes oficiais - Mac'hagnad a-benn brezeliñ [4]- acrescentou num lamento aquele que era um dos líderes da cavalaria.

Ana Catarina mirou incrédula os oficiais um a um, tinha captado a mensagem e sabia o seu significado. A general fora ferida e era necessário que fosse substituída, neste caso, pelo oficial mais próximo dela na hierarquia... essa oficial era Ana.


- Não pode ser... - murmurou para si própria - Não tenho os conhecimentos necessários... - após reflectir por alguns minutos, a responsável pela logística encarou os oficiais e disse num tom de voz seguro, que desencorajava quaisquer questões - Me envel evel kent meur marc'hegañ Kotapula ap Monforthz.[5] - e retirou-se da tenda.

No exterior, Ana observava distraidamente o movimento do acampamento, tinha feito uma decisão difícil mas sabia que era a mais acertada, Kotapula, seu tio, era um homem culto e conhecedor da arte da guerra, era ainda há vários anos lente na universidade de Lisboa, sem dúvida, a pessoa ideal para o posto.
Voltando à terra, dirigiu-se à tenda de Kotapula para conversar.


[1] O que se passa?
[2] A presença de vossa senhoria é solicitada
[3] Onde está a general Rozane?
[4] General Rozane está a repousar (...) foi gravemente ferida em combate
[5] Nomeio para general o cavaleiro Kotapula de Monforte

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Hijacker


Quando a coluna de cavalaria parou Hijacker manteve se no seu cavalo e seguip em direcção a um riacho que passava junto ao acampamento.

Era um riacho pequeno, mas era um sitio calmo e longe de todas as lutas e agiatação do acampamento.

Hijacker desceu do cavalo, removeu a sua armadura de peito e sentou se à beira do riacho. A ultima batalha tinha sido sem precedentes de todas aqueles que ele alguma vez partitcipara.. As guerras de alcacer e crato tinham sido uma pequena escaramuça comparado ao que se tinha passado ali. A quantidade de pessoas envolvidas era milhares de vezes superior e envolvia castelos e armas de guerra pessada que davam uma dinâmica completamente diferente à batalha.

No riacho Hijacker ia molhando as mãos, o fresco do riacho sabia lhe bem, apesar daquela zona da França não ser muito quente, o peso, e as vestes da armadura tornavam o clima no seu menos problema.

Olhando em volta nem parecia que aquela terra estava em guerra, reinava a calma e a paz, a paisagem era de veras bonita e relaxante.

Deitando se no chão junto ao riacho Hijacker olha para o céu e fecha os olhos... Após uns momentos Hijacker já dormia calmamente ao som do riacho e do vento a passar nas arvores.

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Ana.cat
No dia seguinte à tomada de Poitiers o exército, já liderado por Kotapula, despertou com a ordem de marcha, as ordens dos generais que lideravam as operações eram claras, era necessário libertar La Trémouille. Esta cidade fronteiriça seria o reduto das tropas do Ponant naquela frente de combate, mas antes do ataque era necessário reunir os exércitos, verificar inventários, contar mortos e feridos, algo que se temia que poderia levar vários dias, dias preciosos que o inimigo iria com certeza aproveitar para também se reorganizar.

Junto à sua carroça Ana conversava com os guardas que acompanharam a família de Portugal.


- Está a ser mais duro do que inicialmente previa, minha senhora. E o tempo também não ajuda...

A condessa retirou o cinto que segurava a espada à cintura e encostou-a a uma das rodas da carroça.

- É assim a guerra meu caro, ninguém disse que seria fácil, mas quando sabemos que estamos a fazer o que é correcto a dureza dos dias quase que se desvanece. Temos que ter fé... - suspirou a Monforte

Um silêncio constrangedor apoderou-se do pequeno armazém improvisado, cada um com os seus pensamentos mas todos com a mesma certeza que estavam a cumprir o seu dever.


- Onde estão os arminhos? - perguntou Ana, rompendo finalmente com o momento reflectivo - Já não os vejo há uns dias, desde os preparativos para o assalto que deixei de os vir espreitar...

- Estão ali aninhados minha senhora - disse um dos guardas apontando para uma caixa de madeira forrada a palha - Temos estado a tratar deles, mas olhe que esses animais são malandros, já perdi as contas às dentadas que me deram...

A Monforte sorriu com o desabafo do guarda e baixou-se para ver de perto os animais. Eram magníficos, de uma pelagem branca imaculada, estavam ambos enroscados a dormir. Com cuidado, para não os acordar maldispostos Ana acariciou-lhes o ventre.

- Temos que vos levar para Portugal... - murmurou às orelhas deles - Mas antes temos que sair daqui vivos...
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Eudoxio


Malo mori quam foedari...
Andava já há horas, os pés, repletos de bolhas, já sangravam e a cada passo a dor ia aumentando. Podia parar de andar a qualquer momento, nem sequer caminhava para nenhum lugar em concreto, andando simplesmente às voltas por entre um pequeno bosque.

Eudóxio estava retido em Thouars. Ficara para trás. Todo o nervosismo e o medo que sentia em relação à guerra levara-o a enfiar-se numa tasca na noite antes a partirem. Sabia que não era certo, mas, ainda por cima, aquela poderia ser a última vez que teria a oportunidade de beber uma cerveja. Bebeu uma caneca de cerveja e depois outra. Não seriam duas canecas de cervejas que o prejudicariam. Porém, continuava a pensar nos combates que o esperavam. Muitos combatentes experientes tinham já morrido... que destino poderia ele, que não tinha experiência de combate e nem sequer uma arma decente, esperar? O medo da morte, entretanto, despertara em si um outro desejo... Rapidamente localizou uma presa e bebeu mais umas canecas para ganhar coragem de a abordar. E a partir daí a situação descontrolou-se. Acordara, na tarde do dia seguinte, num canto de uma outra taverna, com a cabeça a latejar e sem se lembrar de grande parte da noite. Os outros Monfortes já tinham partido e ali ficara ele...
Malo mori quam foedari... - repetiu novamente para si.
Antes a morte que a desonra... Não mereço ser um Monforte. Sabe Jah por que perigos estão eles a passar e eu aqui...
Tinha os sapatos ensopados em sangue, mas não lhe interessava. Merecia-o.
Não, não sou digno de ser Monforte...
Sentia-se enojado consigo próprio. Ficar para trás por aqueles motivos era, no mínimo, vergonhoso. Deveria estar a combater e não ali. Deveria estar ao lado da família, como um verdadeiro Monforte!
Não lhe restava agora alternativa senão esperar pelo regresso dos outros e cooperar o mais que pudesse, tentando compensar as suas acções.

-- * --

Já de regresso à cidade, Eudóxio, sentiu uma forte preocupação abater sobre ele. Será que os restantes Monfortes já tinham combatido? Será que estavam bem?
Era uma tortura permanecer ali sem notícias...

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Ana.cat
Naquele dia o sol começava a raiar tímido entre as espessas nuvens cinzentas que anunciavam alguma chuvada, mas os últimos preparativos para a partida do exército concluíam-se. Ana Catarina já estava em cima da sua montada, aguardava apenas que seu tio Kotapula desse a ordem de marcha às tropas estacionadas nos arredores de Poitiers. Esperava-os uma caminhada até La Trémouille, uma cidade franca a este da capital pontevina que permanecia ainda sob o jugo real.

Seria a primeira caminhada da condessa de Ourém sem o seu marido ao lado a dar-lhe apoio, a falta de notícias dele e da filha atormentavam a Monforte que tentava por todos os meios manter-se ocupada para não pensar tanto neles. Passava o seu tempo livre com as duas crias de arminho encontradas à saída de Rieux, continuava a controlar as quantidades de ração diária entregue aos soldados, enquanto oficial participava nas reuniões com os restantes oficiais e quando caia a noite confraternizava com os seus familiares e soldados bretões ao calor da fogueira.


- Oyez! Oyez! - gritou um oficial bretão para que fossem tocadas os trompetes para anunciar a ordem de marcha.

Ana Catarina pegou então nas rédeas da sua montada e acompanhou a coluna militar bretã, comandada, imagine-se, por um português.
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Joanokax


Enquanto o seu cavalo trotava de um lado para o outro tão em pânico como a própria dona Joanokax avistou alguém deitado ferido no campo de batalha que iria em breve ser vitima do "coup de grace" de um dos inimigos, que ela conseguiu evitar a tempo, desembainhando a sua espada velozmente e aplicando um golpe seguro pelo pescoço. Só depois ao olhar para quem tinha salvo se apercebeu de quem era. Sem tempo a perder conseguiu agarra-lo com a ajuda de outro soldado e pô-lo deitado no seu cavalo e trotou rapidamente para Thouars. O tempo esgotava-se enquanto ela agora já longe do campo da batalha deixava algumas lágrimas cair enquanto se assegurava de que o seu amigo Bluemouse se encontrava bem seguro ao seu cavalo.

Passado algum tempo chegam finalmente a Thouars. Joanokax sabia bem para onde ir. Bluemouse foi transportado para uma maca onde o começaram a tratar. Ela própria se encontrava esgotada pela batalha e pela viagem. Não se permitiu ter mais paragens do que as necessárias, não comeu nem dormiu. Ao se assegurar de que Blue se encontrava em boas mãos encarregou um soldado de arranjar forma de avisar a sua mãe Ana.cat que ela e Blue haviam chegado a Thouars.

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Eudoxio


Eudóxio passeava pela cidade quando reparou em alguma agitação. Dominava pouco o francês e percebia muito pouco de bretão, mas conseguira, ao perguntar a um soldado que passava, perceber que tinham chegado alguns feridos, entre eles portugueses, de uma batalha que sucedera em Poitiers. O soldado falara em bretão e muito rapidamente, obrigando Eudóxio a "mastigar" bem o que ouvira para o perceber e, quando ele lhe ia perguntar onde poderia encontrar os tais feridos, já o soldado ia longe, avançando apressadamente.

Eudóxio correu no sentido contrário que soldado seguira, ignorando a forte dor que sentia nos pés feridos. Sentia o coração a bater descontroladamente. O soldado referira portugueses entre os feridos... só podiam ser da sua família... aqueles que ele não acompanhara... Mais uma vez um sentimento de culpa se abateu sobre ele.

Chegou rapidamente à entrada da cidade. De entre o grupo de soldados que ali se encontravam, reparou logo em Joanokax. Estava com um ar fatigado e abatido. Notava-se que não dormira nos últimos dias e que estava em sofrimento. Estava coberta de sangue, mas não era seu. A seu lado, deitado numa maca, estava Bluemouse. Fora ferido com gravidade e Eudóxio deduziu que grande parte do sangue que estava sobre Joanokax lhe pertencia. Ao vê-lo Joanokax cumprimentou-o silenciosamente. Curvando ligeiramente a cabeça como resposta ao cumprimento, Eudóxio, caminhou em seu encontro, falando, seguidamente numa voz trémula e baixa.

Desculpem... eu devia ter lá estado... devia ter combatido a vosso lado...

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Ana.cat
O caminho até La Trémouille era longo e tortuoso, a terra alagada pelas intensas chuvas do final da manhã retiam os carros de bois e a lama apoderava-se tanto das péssimas botas dos soldados mais remediados como os cascos e patas do mais nobre corcel montado por algum cavaleiro dos Trente, uma ordem militar prestigiadíssima na Bretanha, composta apenas pelos melhores cavaleiros das mais nobres e distintas famílias bretãs.
Ana Catarina seguia junto à sua família como era já costume, tinha o corpo coberto por uma capa negra de lã grossa que lhe absorvia a chuva e a mantinha minimamente confortável, tendo em conta as precárias circunstâncias.


- Não vamos chegar hoje a La Tremouille, este tempo não permite grandes cavalgadas e os carros de bois estão atolados em lama - disse a Monforte para o general Kotapula que lhe acenou afirmativamente.

Ana sabia que o tio já tinha pensado no mesmo, no entanto o frio e a humidade estavam a aborrece-la de morte e necessitava de falar com alguém, sem o marido e a filha ao seu lado a condessa sentia-se desamparada, apesar de estar entre familiares.

      ***

Um pouco antes do final da tarde, por ordem do general, as hostes começaram a instalar-se numa série de clareiras suficientemente próximas para agrupar aquele grande exército num único núcleo. Ana mal teve a sua tenda pronta mergulhou nela e caiu de sono sobre o desengonçado colchão de palha.
Só voltaria a acordar no dia seguinte.

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Joanokax


Passado uns dias, Joanokax, já recomposta do cansaço e susto que havia vivido, desdobrava-se agora em cuidados entre o pai e o amigo Blue.
Não passava um dia em que não pensasse na sua mãe no campo de batalha tentando manter um pensamento positivo e "coleccionando" juntamente com Eudoxio todas as noticias que conseguiam dos soldados feridos que voltavam ocasionalmente do campo de batalha.

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