Ana.cat
Aquela noite tinha sido um tormento para Ana Catarina, não conseguira dormir quase nada devido aos festejos da tomada de Tours, a condessa acordara (pensava ela que acordara, na verdade nem pregou olho...) com um péssimo humor que se explicava não só com a falta de sono mas também com o frio intenso que ainda se fazia sentir.
- P'las barbas de Aristóteles - praguejou entre dentes - Sois vós homens-de-armas ou menestreis?! - inquiriu num tom rude a um grupo de soldados que cantava à entrada da sua tenda, eles pareciam desorientados - Ide lavar-vos à ribeira, ninguém aguenta este fedor a álcool, até o próprio Baco cairia para o lado!
A outro soldado que se segurava a um poste para vomitar enquanto segurava um companheiro pelo braço a Monforte brandiu:
- Largai esse poste e pegai em armas, foi para isso que vos trouxeram aqui! Que diriam os vossos compatriotas se vos vissem nesse estado? Sois a vergonha da Armórica! Onde estai a vossa honra?! Ide-vos!
Ana Catarina voltou à sua tenda para colocar a capa aos ombros, Filipe já se encontrava a pé e foi para ele que endereçou os seus queixumes.
- Já vides isto?! Em vésperas de entrarem em combate decidem armar um festival... queria ver se o inimigo nos flanqueasse enquanto eles se divertem e se enchem de vinho que nem odres rotos...
Duplamente agasalhada a Monforte saiu da tenda e foi tratar dos seus afazeres.
Corria o final da manhã, os soldados já tinham retomado aos seus postos, no entanto muitos ainda sofriam os efeitos da ressaca e exaustão do dia anterior.
Ana encontrava-se junto a Meerclaw de Montfort a dar-lhe conta dos viveres existentes, era necessário uma reposição urgente pois estes começavam a esgotar-se.
Então, um batedor a cavalo invadiu o acampamento gritando à sua passagem e espalhando o alvoroço entre os soldados.
- Eles vêm aí! - gritava ele - Eles estão a compor as tropas, não tardará a sermos atacados! Pegai em armas irmãos!
A mensagem rapidamente se espalhou pelo acampamento, de todos e para todos os lados corriam soldados desnorteados a equipar as suas armaduras e a pegarem em armas. Nem Ana conseguia perceber ou ter voz sobre o que estava a acontecer. Não tardou a soar o habitual toque de alvorada, mas desta vez para chamar a atenção dos soldados. O efeito foi o pretendido... os soldados pararam para escutar os seus líderes, e ali mesmo ordens foram dadas a cada contingente. Naquela mesma tarde barricadas foram grosseiramente montadas em locais estratégicos e o acampamento abandonado, os soldados ocuparam uma colina, dali iriam esperar e atacar os exércitos reais franceses.
Ana mal tivera tempo para se preparar, vestira as principais peças da armadura e montara a sua égua com uma velocidade e força que ela já duvidava ter. No dude da colina, acompanhada pelos restantes cavaleiros do seu contingente, esperou por ordens à medida que via ao longe as tropas francesas progredirem no terreno. A noite estava calma, apesar das dificuldades... mas a próxima manhã iria ser banhada em sangue...
A trombeta da alvorada soou entre as tropas... a noite tinha sido dura, o acampamento tinha ficado para trás e apesar de já não nevar nem estar tanto frio poucos tinham conseguido dormir bem. À frente de todos as tropas francesas ocuparam os seus lugares, eram em grande número, como seria de esperar. Pareciam bem equipadas e alimentadas, ao contrário das tropas do Ponant, onde a comida começava a escassear e a forma física dos soldados não era com certeza a melhor. Avizinhava-se uma luta renhida...
Os franceses foram os primeiros a ter a iniciativa, muito provavelmente tiveram conhecimento da exaustão dos soldados do Ponant, lançaram a sua cavalaria sobre a infantaria de um dos flancos que, apesar da sua resistência, não demorou a sucumbir. Os generais Ponant responderam com o ataque de um dos flancos que ficara mais exposto... e assim continuou a batalha, com ataques de parte a parte, sem que nem Ana nem o seu contingente fosse chamado a intervir. A Monforte sentia-se impotente perante aquela carnificina e para piorar nenhum dos lados parecia estar em vantagem...
Mas não tardou muito a que fossem chamados, era necessário quebrar uma das frentes que impedia o avanço da infantaria do Ponant. Nada melhor que a cavalaria pesada para resolver o dito problema.
Repentino o ritual de Poitiers (como convém a uma supersticiosa convicta) a Monforte elevou bem alto o seu estandarte, foi seguida por outros cavaleiros e nobres da Bretanha que fizeram o mesmo para trazer a honra às suas armas e mostrar confiança ao inimigo e aos seus soldados.
- P'la Bretanha! P'la honra, e que nesta nunca caia a mais impura das nódoas! Por Montfort, antes a morte que a desonra!!! - gritou por fim enquanto picava a égua para que esta ganhasse velocidade e se dirigisse à frente pretendida...
Depressa foi seguida pelos restantes cavaleiros, que pegando nas suas armas as colocaram em riste, prontas a trespassarem corpos ou cortarem algumas goelas impuras...
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- P'las barbas de Aristóteles - praguejou entre dentes - Sois vós homens-de-armas ou menestreis?! - inquiriu num tom rude a um grupo de soldados que cantava à entrada da sua tenda, eles pareciam desorientados - Ide lavar-vos à ribeira, ninguém aguenta este fedor a álcool, até o próprio Baco cairia para o lado!
A outro soldado que se segurava a um poste para vomitar enquanto segurava um companheiro pelo braço a Monforte brandiu:
- Largai esse poste e pegai em armas, foi para isso que vos trouxeram aqui! Que diriam os vossos compatriotas se vos vissem nesse estado? Sois a vergonha da Armórica! Onde estai a vossa honra?! Ide-vos!
Ana Catarina voltou à sua tenda para colocar a capa aos ombros, Filipe já se encontrava a pé e foi para ele que endereçou os seus queixumes.
- Já vides isto?! Em vésperas de entrarem em combate decidem armar um festival... queria ver se o inimigo nos flanqueasse enquanto eles se divertem e se enchem de vinho que nem odres rotos...
Duplamente agasalhada a Monforte saiu da tenda e foi tratar dos seus afazeres.
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Corria o final da manhã, os soldados já tinham retomado aos seus postos, no entanto muitos ainda sofriam os efeitos da ressaca e exaustão do dia anterior.
Ana encontrava-se junto a Meerclaw de Montfort a dar-lhe conta dos viveres existentes, era necessário uma reposição urgente pois estes começavam a esgotar-se.
Então, um batedor a cavalo invadiu o acampamento gritando à sua passagem e espalhando o alvoroço entre os soldados.
- Eles vêm aí! - gritava ele - Eles estão a compor as tropas, não tardará a sermos atacados! Pegai em armas irmãos!
A mensagem rapidamente se espalhou pelo acampamento, de todos e para todos os lados corriam soldados desnorteados a equipar as suas armaduras e a pegarem em armas. Nem Ana conseguia perceber ou ter voz sobre o que estava a acontecer. Não tardou a soar o habitual toque de alvorada, mas desta vez para chamar a atenção dos soldados. O efeito foi o pretendido... os soldados pararam para escutar os seus líderes, e ali mesmo ordens foram dadas a cada contingente. Naquela mesma tarde barricadas foram grosseiramente montadas em locais estratégicos e o acampamento abandonado, os soldados ocuparam uma colina, dali iriam esperar e atacar os exércitos reais franceses.
Ana mal tivera tempo para se preparar, vestira as principais peças da armadura e montara a sua égua com uma velocidade e força que ela já duvidava ter. No dude da colina, acompanhada pelos restantes cavaleiros do seu contingente, esperou por ordens à medida que via ao longe as tropas francesas progredirem no terreno. A noite estava calma, apesar das dificuldades... mas a próxima manhã iria ser banhada em sangue...
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A trombeta da alvorada soou entre as tropas... a noite tinha sido dura, o acampamento tinha ficado para trás e apesar de já não nevar nem estar tanto frio poucos tinham conseguido dormir bem. À frente de todos as tropas francesas ocuparam os seus lugares, eram em grande número, como seria de esperar. Pareciam bem equipadas e alimentadas, ao contrário das tropas do Ponant, onde a comida começava a escassear e a forma física dos soldados não era com certeza a melhor. Avizinhava-se uma luta renhida...
Os franceses foram os primeiros a ter a iniciativa, muito provavelmente tiveram conhecimento da exaustão dos soldados do Ponant, lançaram a sua cavalaria sobre a infantaria de um dos flancos que, apesar da sua resistência, não demorou a sucumbir. Os generais Ponant responderam com o ataque de um dos flancos que ficara mais exposto... e assim continuou a batalha, com ataques de parte a parte, sem que nem Ana nem o seu contingente fosse chamado a intervir. A Monforte sentia-se impotente perante aquela carnificina e para piorar nenhum dos lados parecia estar em vantagem...
Mas não tardou muito a que fossem chamados, era necessário quebrar uma das frentes que impedia o avanço da infantaria do Ponant. Nada melhor que a cavalaria pesada para resolver o dito problema.
Repentino o ritual de Poitiers (como convém a uma supersticiosa convicta) a Monforte elevou bem alto o seu estandarte, foi seguida por outros cavaleiros e nobres da Bretanha que fizeram o mesmo para trazer a honra às suas armas e mostrar confiança ao inimigo e aos seus soldados.
- P'la Bretanha! P'la honra, e que nesta nunca caia a mais impura das nódoas! Por Montfort, antes a morte que a desonra!!! - gritou por fim enquanto picava a égua para que esta ganhasse velocidade e se dirigisse à frente pretendida...
Depressa foi seguida pelos restantes cavaleiros, que pegando nas suas armas as colocaram em riste, prontas a trespassarem corpos ou cortarem algumas goelas impuras...
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