Funeral de SMR Nortadas Eduardo de Albuquerque (Nortadas)

- Sei bem que nada se compara a vossa dor, Condessa, mas lembrai de que todo o reino sofre pela morte de nosso rei e quem sabe as lágrimas do povo humilde que vi ao entrar na Catedral possam amainar um pouco vosso sofrimento e de toda vossa família.

Gwen demorou a reagir. Olhou apaticamente para a dama velada e pestanejou por diversas vezes, tentando reorganizar os pensamentos.

- Perdoai, senhora. Hoje não estou em mim -murmurou, entorpecida.- É realmente uma grande dor. Choro o rei, mas choro muito mais o sobrinho que criei de pequeno, a quem ensinei a jogar às cartas, a montar e a esgrimir com as palavras como com a espada.

A voz perdeu-se num soluço e Gwen procurou dominar-se.

- Perdoai, senhora -repetiu.- Mas hoje não estou realmente em mim.

Mpontes entra na Catedral de semblante carregado, sabendo que detesta funerais, simplesmente não havia hipotese de faltar a este, pois era o seu Irmão que descia á terra e subia aos ceús com a graça do Altissímo.

Cumprimenta conhecidos e amigos e junta-se á familia sentando-se ao lado deles.

Marramaque, veste as suas vestes fúnebres. Completamente pretas, pois era assim que se sentia.
Como sempre foi acompanhado da cruz de Jah e do missal aristotélico, cumprimentando levemente os seus conhecidos, pois não tinha forças para mais.

A idade já era avançada e já não aguentava estas coisas como antigamente. Foi o seu Rei e alguém que o ajudou muito.

Sentou-se mal pôde, as forças falhavam. Ficou a rezar sozinho, enquanto aguardava o início da cerimónia.

Vestido de negro, desde el sombrero hasta las botas, aquel día caminaba junto a su prometida Franciska del brazo por las calles de la ciudad hacia la Catedral del Reino de Portugal. Gulf de Östemberg y Pombe, Señor de Picasent, ciudadano del Reino de Valencia, había tenido la mala suerte de presenciar en persona el lamento del pueblo portugués por su Rey fallecido. Nortadas de Portugal había muerto hacía tan sólo unos días.

La gente caminaba con ropas lúgubres por las calles y todos se dirigían a la casa del Altísimo. Allí se le rendiría un último homenaje y se encomendaría su alma a Jah, quien todos esperaban que acogiese al Rey en su seno, en el paraíso solar.

Franciska y Gulf, subían la escalinata de la Catedral escuchando con fuerza el triste tintineo de las campanas, que tocaban a muerto. Era una melodía inconfundible, melancólica, como el lamento de un alma perturbada por el dolor.

Pero antes de que la pareja traspasara los gruesos portones de madera de la iglesia, un gran estruendo se escuchó en las cercanías del puerto. Tal y como había ordenado Gulf el Capitán, y a la hora precisa, su tripulación había prendido todos sus cañones hacia el cielo. Una salva de despedida resonaba en la ciudad. Los cañones del Picassent lanzaban con fiereza sus bolas de hierro que caían al mar en memoria del Rey Nortadas.



Gulf se persignó al entrar en el edificio, y tras sentarse en un banco se dispuso para escuchar la ceremonia.

Vestido de preto, de chapéu e botas, naquele dia eu estava andando com o braço Franciska noiva pelas ruas da cidade até a Catedral do Reino de Portugal. Gulf do Östemberg e Pombe, Senhor do Picasent, cidadão do Reino de Valência, teve a infelicidade de testemunhar pessoalmente o lamento do povo português para o seu rei morreu. Nortadas de Portugal tinha morrido poucos dias.

As pessoas caminhavam pelas ruas de roupas sujas e todos foram para a casa do Todo-Poderoso. Não daria um tributo final, e confiou a sua alma para Jah, que todos esperavam que os levou em seu peito, o sol no paraíso.

Francisca e Gulf, subiu os degraus da Catedral ouvindo o tilintar duro triste dos sinos, que desempenhou até a morte. Era uma melodia inconfundível, melancolia, como o grito de uma alma perturbada pela dor.

Mas antes de o casal furar as espessas portas de madeira da igreja, um estrondo foi ouvido perto do porto. Como Gulf, o capitão, ordenou, e no momento preciso, a tripulação tinha estabelecido todas as suas armas para o céu. Uma saraivada de despedida tocou na cidade. Os Canhões de Picassent ferozmente arremessou bolas de ferro seus caindo no mar, em memória do Rei Nortadas.



Gulf cruzou para entrar no prédio, e depois de se sentar em um banco foi criado para ouvir a cerimônia.

O Conde Capelão-régio adentrou a Catedral em triste tom. Em sinal de luto, o clérigo deixou a batina referente ao seu cargo Romano e usou a típica batina preta, com capa e barrete de mesma cor.

Durante o período entre o pórtico e a sacristia, o clérigo entrou em silêncio, não riu para ninguém e cumprimentou os presentes com a benção.

Ao adentrar a sacristia ajoelhou-se com dificuldade para beijar o anel episcopal do Primaz e foi vestir os paramentos negros para a cerimónia.

PsyCorps entra silenciosamente na Catedral, procura um lugar livre e senta-se.

De seguida reza pelo bom Monarca que partiu para junto de Jah e pelo Reino nestas horas difíceis.

Ricardo chega à igreja, cedo.

Ao entrar, repara na calma que se faz sentir, no silêncio que reina na Catedral..

Ajoelha-se, como de costume, num dos bancos do fundo, e reza um Credo, desta vez a alguém (em) especial.

Depois segue pelo corredor, vagarosamente, até chegar junto de sua Tia Gwen, que estava na companhia de seu Tio Zatarra... Não há uma palavra que se adequasse para ser dita.. Então Ricardo simplesmente cruza um olhar com a Titia e senta-se...

Gwen permanecia emudecida pela dor, com a mão pousada no regaço.

- Criei-os a todos, meu amor, como se fossem meus filhos -disse em voz diáfana.- E um por um, enterrei-os. Como pode um coração suportar tanta dor?

Sentiu o braço do marido envolvê-la mas o mundo continuava entorpecido, numa névoa difusa.

Maria Francisca entra na Catedral do Reino cabisbaixa e desgostosa. Haviam sido dias difíceis para todo o Reino e a memória de tão ilustre pessoa fazia com que pesadas lágrimas caíssem de seus olhos. Não tinha tido oportunidade de o conhecer, mas isso não a impedia de sentir e manifestar a sua tristeza. Retira um lenço do bolso da saia e enxagua as constantes lágrimas que teimavam em escorregar pelo rosto.

- Que a sua alma descansasse em paz, agora no Reino de Jah... - murmura baixinho para não incomodar os acólitos que preparavam a catedral para a cerimónia fúnebre.

Em passos pequenos e silenciosos, chega junto dos primeiros bancos e ajoelha-se iniciando as suas orações por alma do Rei de Portugal.

Passados alguns minutos, levanta-se e senta-se no banco e espera silenciosamente pela cerimónia.

Gwen entrou na Catedral, pesadamente apoiada no braço do marido. Sentia-se oca, vazia, desgostosa de tudo. O véu negro cobria-lhe as feições, cobrindo a sua alma de luto.

Sentou-se no lugar reservado à família, de olhos postos no vazio.

O caixão, trazido por amigos, entra e é depositado à frente do clérigo.

O Capelão-régio dá um passo à frente:

- Caros fieis, estamos aqui reunidos para prestar os últimos ritos ao nosso irmão, Dom Nortadas Eduardo de Albuquerque.

O homem feito de terra e água é por natureza atraído pelo centro da terra, mas a verdadeira amizade elevará a sua alma e se ela for digna de ir ao encontro de Jah ela não se afundará como o seu corpo em direcção ao fogo do inferno, mas pelo contrário ela encontrará a sua verdadeira natureza que é elevar-se em direcção a Jah.

Depois de todos os nossos olhares se cruzarem com o seu, que possa ver, enfim, o teu, Jah.

Jah, não desvies teu olhar do nosso irmão.

- Jah não desvies teu olhar do nosso irmão. - disse Gwen, baixinho.

Anna entra na Catedral silenciosamente...
Cumprimenta com um ligeiro aceno de cabeça alguns amigos e conhecidos.
A Condessa tem um ímpeto desejo de ir junto da família Albuquerque e manifestar o seu pesar mas...prefere não incomodar e aguardar por um momento mais oportuno.
Tentando encontrar um lugar discreto,ve o seu amigo Marramaque sentado num banco sózinho , decide então fazer-lhe companhia ao longo da cerimónia.
Senta-se a seu lado sem que interrompa suas orações, orando ela também a Jah pelo seu Rei...seu amigo,para que descanse em paz. Enquanto reza, recorda a sua vivencia com Dom Nortadas e agradece a Jah por ter tido esse privilégio...

--Jah não desvies teu olhar do nosso irmão - sussurra Anna

- Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Monsenhora Jane, não conseguindo esconder a tristeza que sentia, entra na Catedral.

Apercebendo-se que a cerimónia já se iniciara, senta-se discretamente no primeiro lugar que vê disponível e pronuncia:

- Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Segurando a mão de sua esposa diz:Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Não havia flores de lis bordadas na capa de John naquele triste dia. Vestia apenas negro. Sem colares, sem bastões de arauto, sem insígnias de Capitão Portuário. Nada além de sua espada. De braços dados a ele, sua jovem prima e protegida Celestis Pallas lhe fazia companhia. Nenhum dos dois jamais presenciara um funeral da nobreza. Aquele, o de Sua Majestade, o Rei, era o primeiro. Já conheciam a catedral e procuraram um lugar para sentarem-se. Ao ver que a cerimônia já começava a ser celebrada, John encaminhou a atenção ao celebrante, o Primaz de Portugal, respondendo em tom sereno.

Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Ricardo murmura em baixo tom - Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

- Jah não desvies teu olhar do nosso irmão - murmurando para si.

- Jah não desvies teu olhar do nosso irmão -murmurou Gwen, de olhos fixos no vazio.

Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Concentrado en una profunda oración por el monarca, repitió con los demás feligreses -Jah não desvies teu olhar do nosso irmão.

Amén.

Amén.

Amén - contestó el de Picassent esperando que Jah estuviera escuchando aquellas oraciones.

Gwen levantou-se e tomou o seu lugar junto do púlpito. Pigarreou para aclarar a voz. Sentia um nó na garganta e tinha o coração apertado, mas conseguiu com que a voz saísse sem vacilar.

Manteve os olhos fixos nos do marido, para que não perdesse a coragem, e principiou:

- Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos os presentes terem-se deslocado aqui hoje para se despedirem do nosso rei. Da sua vida pública, todos conhecem; uns apoiam, outros nem tanto, uns criticam, outros limitam-se a ir na corrente, e ainda há aqueles que apoiam.

Fez uma pausa, para evitar que a voz falhasse.

- Mas não é o melhor que recordo de Nortadas. Na verdade, enquanto o vejo a dormir serenamente na sua última cama, vejo o sobrinho que criei de pequenino, vejo a criança séria que mais interessada estava em montar ábacos do que em espadeirar, vejo o jovem que preferia passar um dia de sol na biblioteca a ler pergaminhos velhos e poeirentos do que em brincar com os irmãos e primos à beira rio.

Apertou as mãos, numa oração muda.

- Nortadas era perseverante. Se tivesse de o definir numa única palavra, diria que era perseverança, pois quanto mais o atacavam, mais ele perseverava. Cheguei a pensar que, não tivesse ele acumulado tantos inimigos ao longo da sua carreira política, e não teria chegado tão longe.

A voz saiu-lhe mais firme, embora continuasse, por trás do véu, a fitar insistentemente o marido.

- Não era fácil conviver com Nortadas, a sua persistência podia transformar-se em teimosia e a sua forma de ser e estar na vida... Por Jah, não era nada fácil. Mas haveria melhor amigo, quando lhe conquistavam a sua tão almejada e difícil amizade? São poucos os que podem dizer de boca cheia que o conheciam e que o respeitavam, da mesma forma que não são muitos os que se podem gabar de fazer parte do seu restricto ciclo de amizades. Oh, muitos afirmarão que o conheciam por dentro e por fora, e criticá-lo-ão e crucificá-lo-ão por isso mesmo; mas esses não passam de seres de mentes mesquinhas, curtas de vistas, fixas num passado que não volta. Nortadas rumou contra ventos e marés, e se o seu empenho lhe grangeou inimigos, também lhe trouxe os almejados resultados.

Cerrou as mãos num punho.

- No entanto, o caminho que Nortadas escolheu também lhe trouxe a solidão. Apartou-se da família e do caminho que um dia traçou, e o trono apenas terminou este processo de isolamento. Nenhum homem é uma ilha, mas Nortadas tentou tornar-se nisso mesmo. Se esquecermos de onde vimos, como podemos saber quem somos?

Abeirou-se do caixão onde estava o corpo do rei. As insígnias reais adornavam o caixão, e um véu cobria-lhe o rosto. Gwen afastou o lenço do rosto e depositou um beijo - o último - na face fria do soberano que criara de bebé, na criança que vira crescer, no jovem que tomara o seu próprio destino em mãos. Sempre tão cheio de vida quando o sol lhe iluminava as feições, arrepiou-se ao sentir a pele fria de mármore por baixo dos lábios.

- Até sempre, meu pequenino, meu rei... sobrinho.

Afastou-se lentamente, afogada no seu próprio desgosto.

Gwen aporta a canastra da amizade onde são depositadas flores e presentes.


- Nortadas Eduardo de Albuquerque, pela Graça de Jah Rei de Portugal, depositamos estes obséquios sobre teu caixão, símbolo da nossa amizade, símbolo da nossa oração, símbolo do nosso coração -disse em voz velada.

Gwen seguiu lentamente, atrás do caixão, sentindo-se estranhamente distante, como se estivesse a flutuar.

Francisca sai da igreja e acompanha o cortejo fúnebre até ao cemitério. Pelo trajecto, de olhos cabisbaixos caminha em passo curto arrastado, entregando-se à resignação de tão triste fado. Repetindo em sussurro as palavras ditas durante a cerimónia.
- Jah não desvies teu olhar do nosso irmão. Amén.

Ricardo segue a passo lento em direção ao cemitério. Ia bem junto de sua Tia Gwen, pelo medo que sentia... Sentia-se distante, como um mero boneco num mundo no qual não tem poder nenhum para mover o que fosse.