Ana.cat
[Nota FRP: este RP é uma pequena brincadeira entre mim e o jogador que controla o Eudóxio, apenas pretende retratar um pouco a superstição das pessoas desta época :p e servir de ligação a outros RP's que se irão seguir em breve]
[No Paço Real]
A rainha encontrava-se no jardim do Paço, aquela serenidade e aromas das mais variadas espécies de flores misturavam-se com a maresia e cheiros característicos da foz do Tejo. Ana Catarina sentara-se num banco de pedra sobre o qual uma árvore antiga, provavelmente mais antiga que aquelas paredes que rodeavam o jardim, providenciava uma sombra fresca deveras agradável.
Sobre o seu colo tinha aberto um pequeno livro, com o vento as suas folhas pareciam ter vida, mas Ana não se preocupou com o correr das páginas, já tinha lido o suficiente para aquela tarde, agora só desejava saborear aquele pedaço de liberdade.
- Sua Majestade... - um pajem aproximou-se de si numa espécie de dança cheia de reverências e vénias - Perdoai-me, já chegou o Doutor Albernaz para a audiência solicitada - acrescentou sem tirar os olhos da ponta dos sapatos.
Ana Catarina levantou-se e sacudiu as sedas, apetecia-lhe espreguiçar, afinal estivera sentada durante bastante tempo, mas não achou apropriado... e seguiu o pajem.
- Vamos então, não façamos o Doutor esperar...
A rainha estava no Paço há menos de uma semana, ainda não se ambientara totalmente à nova vida palaciana, achava aquele sitio demasiado monumental e confuso, mas era normal, antes de ser eleita residia habitualmente no seu feudo d'Ourém, uma pequena vila muralhada elevada num morro, perto da cidade de Leiria. O jardim que agora deixava começava a tornar-se o seu refúgio, era sossegado e era a forma mais segura de ter acesso ao que acontecia "lá fora". Assistia ao passar dos navios mercantes pelo rio e aos pregões dos marinheiros nas docas, muito diferente dos sussurros da Corte, ditos de orelha em orelha até se tornarem histórias grotescas.
Foi o pajem que a levou até à sala do trono, era a primeira audiência que Ana iria fazer, sentia-se estranhamente calma, afinal não era nada que fosse mudar o rumo do Reino.
- Sua Majestade Real, a rainha Ana Catarina, primeira de seu nome... - anunciou um arauto, seguindo-se um trovejar de trombetas em uníssono que quase rompeu os tímpanos da Monforte
Ana dirigiu-se ao trono e sentou-se nele, era macio, mas a sua elevação deixava-a desconfortável, tinha todos os olhares presos em si. Um pagem trouxe-lhe o ceptro real e outro vindo do outro lado colocou-lhe a coroa no colo sobre uma almofada. Findas as praxes Ana falou finalmente ao velho homem que ainda se encontrava ajoelhado a seus pés.
- Doutor Martim Albernaz, erga-se por favor... - o velho levantou-se lentamente - Sois um reputado físico e conhecedor dos movimentos dos astros, segundo me foi dito - a sua voz era firme - Tendo em conta os antigos costumes dos primeiros reis, que muito admiro e espero conseguir restaurar enquanto for viva, diga-me, quando será o dia mais favorável para a tão esperada aclamação, segundo os seus cálculos e conhecimentos.
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