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[PORTUGAL] Diário, pena e tinteiro

--Estrela_cadente


Diário, Pena e Tinteiro

Code:
29 de Fevereiro de 1460 - Estalagem taverna Popular de Lamego

Querido diário...

Nem sei por onde começar, me sinto perdida, como não tenho com quem falar, peguei com senhorio alguns papeis, pena e tinta.
 
É muito estranho não ter com quem falar, estou num lugar praticamente deserto e cheia de dúvidas sobre o meu destino.
Não sei minha origem, sei apenas que quando tomei consciencia de mim, estava num porão fétido de uma estalagem de beira de estrada, era uma serva dos donos da estalagem, ajudava a servir a quem passasse por ali.

Vi diversos rostos, homens marcados por infindas batalhas, outrora homens  garbosos, notáveis senhores da nobreza acompanhados de suas damas e em alguns momentos seus filhos bem apessoados.
Vi mulheres de fibra em busca de ideais, jovens  contruindo seus futuros. Muita coisa sofri onde me encontrava, quando quebrava uma loiça, era na certa amarrada e levava tareia até sentir gosto de sangue em minha boca, nunca imaginei que pudesse ter um futuro longe dali.

Certo dia uma familia se hospeda na estalagem, trata-se de pessoas da alta nobreza, fui destinada a servi-los.
Enquanto  organizava a cama para que pudessem repousar, uma de suas filhas  se aproxima de mim e  troca comigo algumas palavras, naquele instante descubro que  ganhei uma amiga.
 
Ela tinha olhar penetrante e cabelo de fogo, nos tornamos muito amigas, em alguns momentos de folga bricavamos e nos divertiamos, contavamos a idade de 12 anos. Passado alguns dias sua família foi embora e eles levaram minha amiga.
O tempo passou e ja não aguentando mais aquela vida, fugi dali e fui em busca dessa amiga que fiz, pois sei que ela irá me mostrar esse novo mundo que desconheço.

Hoje, inicio a minha saga, vou construir a minha história...
                                                                                             


                                                                                                      L.
--Estrela_cadente


Diário, pena e tinteiro

Code:
01 de Março de 1460 - ainda na estalagem

Querido Diário...

Hoje o dia amanheceu chuvoso, pensei em seguir viagem de onde me encontro, mas com essa chuva o máximo que conseguiria era me perder. Além do mais tenho que arranjar um oficio, pois já nao tenho alimento, não poderei viver de água e brisa.

Me ofereci para ajudar o estalajadeiro, este me pareceu um bom homem, um tanto estranho, mas um bom homem, irei permanecer aqui alguns dias, quem sabe juntos uns tostões e alimento suficiente para seguir viagem. O que me intriga é que esta cidade é vive ás moscas, quem cá vejo não pertence a cidade, mas são viajantes ora a passeio, ora a comércio.

No momento, estão hospedados cá uma bela dama, com traços finos, vinda de Chaves, não seipra que lado fica, mas ela afirma que a cidade é belissima, espero poder conhecer um dia. Há também um senhor de feições duras, não sei de onde vem ou pra onde vai, sei apenas que seu olhar me dá arrepios. Hoje pela manha ele pediu um licor e um remédio amargo ao estalajadeiro, quando levei  para ele percebia que estava a sentir muita dor em algum lugar, pois estava vermelho, olhos lacrimejavam e a expressão sombria.

Com essa chuva sequer poderei ir ao lago, e isso me deixa frustrada, pois aqui a cidade não anda nem para frente, nem para trás. Voltarei a minha labuta, pois é chegada a hora.


                                                       L.
--Estrela_cadente


Diário, Pena e tinteiro

Code:
02 de Março de 1460 - na estalagem

Querido Diário... a chuva perdura, é como se um segundo diluvio caisse sobre a terra, pensei então em como a terra anda pervertida e tinha dúvida se ela deveria acabar em água  ou em fogo como Sodoma e Gomorra.

A primeira coisa que fiz ao amanhecer foi lavar a loiça da janta da noite passada, um grupo de viajantes haviam pousado na estalagem e pediu para ser servido o melhor prato da estalagem, que o  senhorio nomeou de Picanha na Pedra. Eram cinco homens, dois mais jovens de face limpa, com algumas cicatrizes, um deles era até bem apessoado, traziam na citura facas e mosquetões. Os outros três eram barbudos e mais velhos, usavam casacos de couro surrado, tinha cheiro de suor misturado a alcool, todos riam alto e falavam mais alto ainda.

Devoraram  a Picanha acompanhado do melhor vinho tinto da estalagem, ao servi-los percebia o olhar que todos me lançavam e sentia arrepios, sai o mais rápido que pude dali, ouvi ainda dizerem que iriam jogar um pouco de poquer e percebi que a outra ajudante não teve a mesma sorte que eu e foi enlaçada pela cintura, só Jah sabe o que eles fizeram a ela.

Hoje percebo a quantidade de pratos , nunca imaginei que pudessem sujar tanto prato na vida. Enquanto lavava ouvia gritos e risadas, do lado de fora da estalagem, corri a ver do que se tratava, fiquei horrorizada, a pobre menina estava a ser usada em tiro ao alvo, com uma maçã no topo da cabeça, nesse momento lembrei-me da minha amiga de cabelos de fogo, quando me contou  a história de Guilherme Tel, minha amiga me contou muitas coisas antes de ser levada pelos pais. Temi pela pobre diaba com aquela maça sobre a cabeça, mas felizmente a festa foi encerrada quando um grupo de soldados, que por ali passava e viu a atrocidade, os soldados também se hospedaram na estalagem.

Vou voltar aos meus afazeres...

                                                        L.



Code:
03 de Março de 1460 - Estalagem em Lamego

Querido diário... esta cidade que outrora andava as moscas desde ontem parece viver em movimentos frenéticos, e o interessante é que descobri que cidade é essa que tem me prendido desde que cheguei aqui.

O dia amanheceu calmo, parece que a chuva cessou e vejo um lampejo de sol no céu azul turquesa, mas algumas nuvens teimam em passear proximas ao astro rei. Os homens mal o dia raiou, subiram em seus cavalos e galoparam rumo ao sul, já os soldados permaneceram na estalagem.

Pela manha lhes servi pão de centeio com leite de cabra fresquinho e algumas frutas, eles conversavam animadamente,  sobre a campanha que realizaram na fronteira com a Espanha, divertiam-se contando a façanhas dos espanhóis e do portugueses, atrevi a rir também, de algo que ouvi. Um deles, um mais magro de bigode escovado, contava a plenos pulmões e rindo muito que, um espanhol ao avistar uma figura que vinha na estrada enevoada gritou "alta, que viene aquí" e a figura não respondeu, o espanhol que estava a ser observado pelos soldados, começou a tremer e gritou mais uma vez "respóndeme, o disparo" , a figura que continuava a vir em direção ao espanhol apenas relinchou e o moço achando tratar de assombração correu em sentido oposto gritando "un fantasma, un fantasma" , os soldados sem se aguentarem sairam de seu esconderijo rindo e pegaram a tal figura que se tratava de um pobre equino.  Ao ouvir esse relato, tive que ir a cozinha para poder rir sem me sentir constrangida, enquanto os soldados riam solto.

Volto a minha labuta, tenho que polir as botas dos soldados...
               
                                                                                               L.



Code:
04 de março de 1460 - Estalagem em Lamego

Querido diário...hoje acordei bem disposta, creio que rir faz bem a alma,  alimenta-a de forma tal que me sinto renovada, além disso andei a sonhar com a minha amiga ruiva, ela em um lindo vestido azul e um belo penhoar,  andei olhando meus pertences, percebo ter 50 cz e dois sacos de milho, acho pouco pra seguir viagem irei esperar mais um pouco.

Ao caminhar pelo salão principal da estalagem, percebo um silencio aterrador, fui de encontro a esposa do senhorio, uma senhora gorducha baixinha, mas de mão pesada, esperei por ordens, ela me disse que os militares seguiram viagem ainda a noite, logo apos o jantar em que comeram outro prato da estalagem Pescada Grelhada e beberam vinho branco. A cidade ficou vazia novamente, apenas moscas e curiosamente eu cá estou. Conheci o senhor Wolwerine na taverna, um homem bom e prestativo, morador daqui, mas me parece que pouco sai de sua casa, ele veio a taverna da estalagem para beber umas canecas de cerveja, conversamos um pouco e ele me aconselhou sobre investimentos.

Agora analisando as coisas, me pergunto o que uma pobre coitada como eu saberia de investimentos,  ri sozinha da minha condição, mas sou grata a gentileza do homem, outro senhor gentil foi um nobre mosqueteiro que ontem a noite encontrei na tasca, o senhor Pothos, me fez companhia, enquanto  arrumava a prataria  nas prateleiras da tasca.

Nessas horas vemos que na terra nem tudo esta perdido, há bons homens a pisar sobre ela. Que não acabemos como Sodoma e Gomorra.

Vou a a adega agora ver se encontro presunto  e um pouco de vinho, tenho fome e nada pude comer desde que amanheceu...

                                                                                  L.








Leonna


Diário, pena e tinteiro

Code:
05 de março de 1960 - Estalagem em Lamego

Querido diário... hoje me aconteceu um acidente, sem querer acabei derrubando uma das garrafas de vinho do Porto do Senhorio, ele quase me mata , pela perda da bebida, por essa razão ficarei mais uns dias cá, para ser honesta acho que farei daqui um lar onde possa voltar sempre. Apesar de bravo sei que eles gostam de mim, tanto a esposa quanto o filho pequeno deles, ontem vi um campo a venda e com os trocados que juntei, irei comprar o campo, lá farei uma casinha. Lamego é uma boa cidade apesar de desértica.

Claro que terei que dar um jeito de pagar o vinho, mas não acho que será problema. a estalagemesta vazia, nem uma alma esta na tasca, ontem conheci Dom The_exile,  conversamos a vera, acho que fiz um amigo. Ele é um morador local, não vem muito a tasca, mas ontem me fez companhia enqaunto eu estava a descansar em uma das cadeiras da taverna, cadeira essa que rangia, acho que precisa de um bom oleo, colocarei depois.

Como a cidade praticamente estava vazia, não tive muitos afazeres, então dei uma olhada no horizonte, e vi a estrada, onde só um rastro de poera sendo levada pelo vento era o que se via, e ao lado um pequeno bosque e dentro do bosque um lago, irei lá qualquer dia desse, espero arranjar companhia não tenho coragem de ir sozinha.

Estão me chamando... vou voltar ao trabalho.
                                   
                                                                                                        L.

Code:


06 de março de 1460 - Estalagem em Lamego

Querido diário... hoje acordei mal disposta, acho que foi o chouriço que comi ontem a noite, e o clima não esta favorável, está chovendo muito. Nenhuma alma neste mundo de jah, penso que pessoas não deviam abandonar suas cidades assim, lamego precisa de vida e de ajuda para  melhorar sua economia e o seu lado social. Já comprei o terreno, vou plantar milho nele, separei um cantinho pra construi a minha casa, será meu recanto.

Agora não tenho nenhum centavo, preciso juntar cruzados para comprar umsaco de milho para plantar, minha nossa nem milho no mercado tem, até quando meu Jah! Até quando!

Me falaram que Lamego foi uma cidade divinal em tempos remotos, pena eu nao viver nesse tempo aqui. Resolvi dar uma faxina em um porão velho, nunca entrei lá, dizemser um porão secundário, lá encontrei muitas coisas, uma delas foi esse canto: "No seio do reino Português, nasce então uma princesa, a minha bela lamego, a mais bela cidade com certeza..." o resto do papel estava rasgado, e não dá para ler o nomedo autor, mas cá entre nós meu diário, acho que foi o senhorio quem escreveu.

Vou preparar o jantar...é apenas a minha vida.
                 
                                                                                                  L.

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*Quando uma leoa ruge, o leão abaixa a cabeça em reverência"

Leonna


Diário, pena e tinteiro
Code:

07 de março de 1460 - Já em minha residência em Lamego

Querido diário...penso já estar a ser piegas começar assim, na proxima eu já inicio com o que se passa comigo. Acordei hoje com um sentimento estranho, sinto que algo foge-me as mãos, sabe aquela sensação de que se perde algo valioso, é assim que me sinto. Antes me escondi sobre o pseudonimo de Estrela Cadente, se me perguntarem o porque disso, parece até irônico, mas as estrelas cadentes  sõa estrelas que passam, mas não ficam. Ontem mostrei a minha face, não quero maisser uma estrela que passa e não fica, quero ser real, permanecer por muito tempo.

Já reguei as minha flores, cantarolei alguma cantiga antiga que ouvi em algum lugar, não lembro-me onde, olhei o meucampo, e feliz imaginei, hoje plantarei meu milho. Olhei para a estrada vi alguns viajantes, que me saudaram com uma ligeira vénia, esperei para ver se iam pousar na estalagem, caso assim fosse, teria que correr , para ajudar o senhorio. Não, eles seguiram seu rumo, em silêncio.

A sensação de abandono ou perda não me foge do coração, que sensação estranha é essa? De repente penso na minha amiga e me sinto culpada, por querer ficar aqui em Lamego, mas não desitirei da minha busca irei até ela.

Antes de ir para casa, ouvi o senhorio comentando com sua senhora, sobre ter mais um filho, sorri diante da possibilidade de renovação da vida, eles já tinham um bacuri, é como o senhorio chama carinhosamente seu filho Juvencio, o menino tem apenas quatro anos, mas é esperto que só ele, ontem a tardezinha ele me perguntou como é possivel as nuvens não cairem do céu, eu não sabia esplicar, mas disse a ele que é como os sonhos, eles não desaparecem, mas viaja com o tempo até se realizarem, as nuvens são assim, elas não caem, mas viajam com o vento, até tornarem-se chuva.

Espero que hoje seja melhor que ontem...

                                                                                            L.


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*Quando uma leoa ruge, o leão abaixa a cabeça em reverência"

Leonna


Diário, pena e tinteiro

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08 de Março de 1460 - Minha Residência em Lamego

É curioso como a vida prega certas peças em nós meros mortais, já faz mais de uma semana que cheguei a Lamego, já possuo uma casa, um campo e vejo meu campo arado e semeado. Nunca imaginei que faria essa parada e que acharia em um lugar  tão solitário porém aconcehgante um lar.

Ontem deitei-me tarde pois a esposado senhorio, não se sentira bem e eu por norma fui ajudá-la, fiz todas as tarefas da casa, ainda fiqueide olho nela, já devo ter dito que ela está grávida, mas se não o disse, digo-o agora. Não se nota porque ela já é gordinha por natureza, mas é lindo imaginar um ser crescendo em nosso ventre e imaginr o renovo da vida.

O interessante é que mesmo não se sentindo bem, com as pernas inchadas, enjoou, a mulher ainda teve um daqueles assombrosos desejos, já ouvi falar disso, mas achei que era mito, porque e minha terra vi grávidas, mas nenhuma queria algo tão sem  proposito, a mulher do senhorio olhou-me com aquele olhar de cachorro pidão em temposde mudança e disse que queria uma sopa de jiló com presunto, pior que eu nem sabia que se fazia sopa de presunto, masse ofazem quero distancia, porque eu fiz e quase sou eu a passar mal.

Hoje acordo bem disposta e já vou para os meus afazeres, espero ver alguns viajantes, Lamego está esquecida pelo tempo.

                                                                                                    L.

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*Quando uma leoa ruge, o leão abaixa a cabeça em reverência"
Leonna


Diário, pena e tinteiro

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09 de Março de 1960 - Residência em Lamego

Acordar hoje foi um sacrifício, a cama estava tão quentinha e lá fora o frio do inverno. Levantei-me preparei um delicioso desjejum, senti  o corpo meio dolorido, afinal ontem, com a mulher do senhorio de cama, fiz tudo sozinha e ainda cuidei dos viajantes, Dom Cientista que pousara em Lamego, me parecera um bom homem, disse vir a negócios, entretera-se com meu bom amigo Dom Guilherme_br, que ontem estava animado que só ele. Soubemos que a casa do povo sofreu uma tomada autorizada, não é mais Dom Majarax prefeito, mas sim Dom Extreminer.

Pedi folga ao senhorio, precisava arrumar as minhas coisas corretamente na minha casa, não era muita coisa, mas queria tudo em ordem. Ao vim para Lamego trouxe poucas coisas, minhas vestes, a caixinha de música de minha mãe, que não pude conhecer, sei apenas que se chamava Vitória de Medeiros, na estalagem onde fui criada, a dona de lá dizia que uma jovem criada pousou lá, dizendo que ia me levar para encontrar a minha família, mas a pobre coitada em um momento de desatenção escorregou da escada, vindo a óbito. Sem saber o que fazer a dona da estalagem pegou-me para criar, pois desconhecia a minha família, sabia apenas o nome da minha mãe por que a criada dizia ser uma boa mulher e sempre repetia o nome, como para não esquecer. Trouxe comigo também um medalhão, que me acompanha desde sempre também, alguns trocados e nada mais. Hoje, porém, já possuo uma pequena mobília e alguns trocados.
Ao começar a organizar minha coisa, pego na caixinha de música e por incrível que pareça ela ainda funciona, coloco para ouvir sua doce melodia, o curioso é que em algum momento a musica fica cortada, sempre foi assim, deve ser algum defeito. Movida pela curiosidade balanço a caixinha, mas pelo meu descuido a deixo cair, fazendo-se em mil pedaços, fico estática e lágrimas jorram de meus olhos, mas há algo entrelaçado no maquinário e nos destroços, me abaixo e pego, trata-se de uma carta, ponho-me a ler em ao acredito nos meus olhos.
                                                                                                  L.


A Carta



Code:
10 de março de 1460 - Residência em Lamego

Ainda estou perplexa como que li, tenho uma família. A figura do meu pai tomou forma em um nome, Henrique. Sinto-me meio que perdida, na carta deveria  ser entregue a Ana Catarina, mas não a conheço, e depois de tantos anos... Hoje pela manhã enviei uma carta para um endereço que estava junto co ma carta, será que serei atendida e finalmente saberei quem sou e minha origem? Tantas perguntas, tantas dúvidas.

Enquanto cumpro com meus afazeres minha mente vagueia repetindo cada palavra dita na carta, como se quisesse que nunca mais saísse dos meus pensamentos. E agora o que fazer?

Aguardarei, veremos o que o destino reserva para mim....
                                                                                                               L.

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*Quando uma leoa ruge, o leão abaixa a cabeça em reverência"






Leonna


Diário, pena e tinteiro

Code:
19 de março de 1460 - Lamego

O diário desapareceu.... (rabisco em uma tabua)
                                         
                                                                                                      L.

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*Quando uma leoa ruge, o leão abaixa a cabeça em reverência"
Leonna


Diário, pena e tinteiro

Code:
20 de março de 1460 - Lamego

Meu diário havia desaparecido, após faxina, agora que o encontrei reescrevo a miha história. Enviarei a tal carta prometida a dama Ana Catarina e ela me dirá oque fazer, pois agora nesse dez últimos dias, me senti perdida aqui em Lamego.  O curioso é que vi uma criança com seus pais, tive imensa vontadede receber um abraço e não havia ninguém ali para me dar.
                                         
                                                                                                      L.

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*Quando uma leoa ruge, o leão abaixa a cabeça em reverência"
Ana.cat
Ana Catarina tinha regressado há escassos dias a Portugal depois da prolongada viajem pela França e Bretanha, ainda nem a sua pesada bagagem estava arrumada.
De volta à sua casa, a Monforte foi à janela... dali podia ver a magnifica paisagem da sua terra-natal, o velho casario estendia-se até às margens do Sado enquanto na margem contrária daquele os férteis campos agrícolas eram por ele constantemente irrigados. A condessa respirou fundo aquele ar puro, era bom estar de regresso...


- Vossa Graça... - interpelou-a um dos criados da Casa - Chegou há dias esta carta por pombo, está-lhe endereçada. Como na altura ainda não tinha chegado decidi guarda-la... - disse o criado entregando-lhe a carta.

Ana pegou na carta e examinou-a antes de a abrir, estranhou não ter o lacre que identificasse o remetente.


- Fez bem... - disse ao criado - Embora não esteja de forma alguma a advinhar quem a terá enviado... - dito isto a condessa pegou na sua adaga e rompeu de um só golpe o cordão que selava a carta.

Abriu-a e começou a lê-la, à medida que avançava nas linhas o seu rosto fechou-se...


Quote:

    Olá senhora Ana Catarina,

    Venho até vós para lhe contar um pouco do que me passa, descobri recentemente fazer parte de vossa família, sou eu uma Medeiros e sei que esse apelido não lhe traz boas lembranças. Meu pai deixou-me uma carta e eu descobri também ser uma Monforte, se puderes ler a carta, agradeceria e mais ainda se puderes me dizer o que fazer, pois ando a vagar por Lamego, como um cego costuma andar em meio a uma batalha.


    Anexo

    Grata pela atenção

    Marcelle Leonna de Medeiros


A Monforte engoliu em seco, como se tentasse engolir a raiva que se apoderara de si, e murmurou:

- Os Medeiros? Mas... como se atrevem eles?! Não basta o que nos fizeram... e ainda... vêm com mais esta?!

Ana Catarina tinha a certeza que tinham sido os Medeiros os responsáveis pela orquestração do assassínio mascarado de assalto do seu pai e tio ainda quando ela era uma criança. De facto as duas famílias nunca tiveram boas relações. O que em gerações idas não era mais que um mero azedume com o tempo evoluiu para um ódio cego. E para piorar a situação o seu tio-avó, o irmão mais novo de Pedro Simão, enamorou-se da filha do patriarca dos Medeiros. Ana ainda era uma criança na altura, mas conviveu de perto com a angustia do seu avô, este sentia-se atraiçoado dentro da própria família e expulsou Henrique, o irmão mais novo, do seio familiar. Aquele acabaria por fugir com a filha do Medeiros, e este pensando que a filha tinha sido forçada a fugir, ou até mesmo raptada pelo Monforte benjamim, planeou a sua vingança... que culminou no assassinato dos dois filhos mais velhos de Pedro Simão, o pai e tio de Ana Catarina.
Por tudo isto é perceptível a raiva que se apoderara de Ana quando leu aquela carta e reviu aquele apelido que causara a discórdia e a morte na sua família. O primeiro impulso dela foi de pegar fogo àquela carta e fingir que nunca a lera... mas à medida que a sua raiva se foi esfumando, dando lugar à razão, Ana pensou para si
"Aquela pobre alma não tem culpa do avô que teve..."

E decidiu escrever-lhe uma resposta...

Quote:

    "Senhorita Marcelle Leonna,

    Não lhe irei ocultar a minha surpresa quando li as suas palavras, como pode imaginar não foi boa a sensação de reencontrar o apelido causador de sangue e discórdia no seio da minha família. As feridas ainda não estão saradas, mas não a posso culpar pelo que aconteceu, tal cousa seria irracional da minha parte.
    Não conheço bem a povoação de Lamego, mas se você se sente sozinha e desamparada convido-a a vir até Alcácer do Sal, mas se não puder fazer tamanha deslocação não se aflija havemos de encontrar uma solução, eu mesma poderei ir aí ter consigo.
    Algo que aprendi dos meus antepassados é que perante as adversidades a família é o nosso maior refúgio, poderá contar com a minha ajuda para o que for necessário.

    Escrito em Alcácer do Sal a Março do anno domini 1460.

    Ana Catarina de Monforte"


- Coloque a mensagem no pombo que trouxe a primeira carta e lance-o ao céu... - disse por fim
_________________
Leonna


Leonna estava cuidando de seus afazeres quando ouve alguém arrebentar a porta com tantas pancadas, enxugando as mãos, pois o seu atual afazer era lavar a loiça, vai até a porta e a abre já queixando-se

§ Por que será que não estou supresa? Juan, onde estão seus modos homem, queria me por a porta abaixo?


§ Não me venha com essa, já agora me fizeram menino de recados, chegou essa carta para tu, tome logo, não sou seu empregado.

Terminando de falar, o mal educado vira as costas e deixa Leonna plantada na porta de casa. Franzindo o cenho, esta observa ele ir longe já e pensa com seus botões que esse arremedo de gente devia ser menos mal humorado. Volta-se para a carta e fica olhando por um tempo, pois ao ver o selo percebe que talvez seja resposta a suas lamentações.

Entra em casa e fecha a porta atrás de si, a mão já esta suando e fica ali apenas a observar a carta, fecha os olhos por um instante e então peg uma faca que estava sobre a mesa e rompe com o lacre e começa então a ler a bendita. Conforme seus olhos percorrem a bela caligafia, as lágrimas teimam em fugir de seus olhos e pensa então no que fazer.

Quote:

    "Senhorita Marcelle Leonna,

    Não lhe irei ocultar a minha surpresa quando li as suas palavras, como pode imaginar não foi boa a sensação de reencontrar o apelido causador de sangue e discórdia no seio da minha família. As feridas ainda não estão saradas, mas não a posso culpar pelo que aconteceu, tal cousa seria irracional da minha parte.
    Não conheço bem a povoação de Lamego, mas se você se sente sozinha e desamparada convido-a a vir até Alcácer do Sal, mas se não puder fazer tamanha deslocação não se aflija havemos de encontrar uma solução, eu mesma poderei ir aí ter consigo.
    Algo que aprendi dos meus antepassados é que perante as adversidades a família é o nosso maior refúgio, poderá contar com a minha ajuda para o que for necessário.

    Escrito em Alcácer do Sal a Março do anno domini 1460.

    Ana Catarina de Monforte"


Terminando a leitura, pega pena e papel e começa rabiscar algumas linhas.

Quote:

    "Senhora Ana Catarina de Monforte,

    Fiquei feliz ao receber vossa carta, sei que de algum modo meu apelido lhe causa algum desconforto, espero poder conhecer mais da nossa família, pois nada sei sobre a minha linhagem a não ser o nome citado por meu pai nesta carta que lhe enviei. Encontrar a carta de meu pai foi como acender uma vela em meio à escuridão, espero poder ampliar essa luz. No momento sair de Lamego se torna um tanto difícil, uma vez que talvez eu vá viajar para um pouco mais longe, nada certo ainda, claro. Mas se for, não creio que demorarei. Mas o simples fato de saber que não me rejeitas já me deixa feliz. Quero conhecê-la pessoalmente e perceber o que se passou entre nossas famílias e pensar em um futuro mais apaziguador.

    Lamego, março de 1460

    Marcelle Leonna"


Ao fim, pega mais um pombo e envia a dama Ana Catarina.

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*Quando uma leoa ruge, o leão abaixa a cabeça em reverência"







1000faces


Matheus pergunta-se se a história continuará...

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Fé, honra e tradição. Eis os Templários!
Ana.cat
[Em Março, Alcácer do Sal]


A condessa encontrava-se no seu pequeno gabinete a examinar as contas da Casa com umas lunetas postas na ponta do nariz, à sua volta o silêncio reinava, ela mesma fazia questão de dispensar a criadagem nas manhãs que desejava passar a fazer as suas contas. À sua frente um largo livro enchia-lhe a mesa e dificultava-lhe a leitura das contas, na mão esquerda segurava a sua pena a pingar de tinta enquanto a outra manipulava o ábaco.

- Couros e tecidos... 67 cruzados... velas... 13 cruzados... três cestos de mercearia... 42 cruzados... palha para ração... 27 cruzados... três rodas de carroça... 12 cruzados cada... (...) - apontava ela numa folha à parte com uma letra muito pouco perfeita.

Mergulhada no seu livro, à frente da janela que lhe providenciava iluminação Ana nem deu pela chegada de um pombo a alta velocidade, o animal não deverá ter reparado na transparência do vidro e embateu nele com um estrondo. A Monforte caiu da cadeira com o susto e a sua pena saltou-lhe da mão, borrando as suas contas de imediato.


- Koc'h!!! Malloz Doué!!! - praguejou ela nas piores expressões que conhecia do idioma dos seus ancestrais.

Sentada no soalho a condessa tentou erguer-se por ela, tal não foi possível, decidiu então chamar pelos criados mas estes estavam dispensados por ser "manhã de contabilidade".

- Tu! - apontou para o pombo - Vou fazer de ti um guisado! - disse ainda vermelha de fúria.

O pombo continuava no parapeito com uma mensagem na pata direita, bicava o vidro como se tivesse esperança de assim conseguir entrar. Ana agarrou-se à cadeira e conseguiu levantar-se, apressou-se a abrir o vidro para deixar entrar o pombo e ver a sua mensagem, embora a sua vontade fosse apertar-lhe o pescoço...
A ave trazia uma mensagem de Leonna, isso aguçou-lhe a curiosidade. Sentou-se e pegou na sua pena já sem tinta e rabiscou uma resposta.


Quote:

    "Senhorita Marcelle,

    Que o dinheiro não seja obstáculo para a separar das suas raízes, juntamente com este pombo enviar-lhe-ei alguns cruzados que lhe possibilitarão pagar uma passagem do porto de Lamego até ao Sul do Reino.
    Desejo reabilitar a linhagem dos Medeiros-Monforte, desta forma os antigos fantasmas poderão ser finalmente afastados entre nós. Venha até Alcácer, farei de si minha protegida e educa-la-ei como se fosse minha filha de sangue. Fazendo uma analogia às armas dos Medeiros, muitas cabeças foram arrancadas nesta antiga rivalidade, tanto águas de ouro como leões de prata, é hora de pôr uma pedra sobre o assunto.

    Alcácer do Sal, Março de 1460

    Ana Catarina de Monforte"



Ana atou uma pequena bolsa com três moedas de ouro a uma pata do pombo e a carta à outra, de seguida soltou-o dizendo entre-dentes...

- Voa... não será desta que irás virar guisado...
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