Ana.cat
Mais um dia de viagem, felizmente - pensava Ana -, esta seria a última etapa a cavalo. Tinham passado dez dias desde a partida de Alcácer do Sal e finalmente estavam no último dia daquela jornada. Em Lamego esperava-os o Amoras, o foncet de Querobim Ferreira de Queirós que iria conduzi-los a Valladolid para finalizarem a venda da pedra para o porto daquela cidade castelhana.
Mas nem tudo poderia ser ouro sobre azul, aquele dia acordara cinzento e com chuviscos incómodos, a chamada chuva "molha-tolos", mas para piorar a situação ao final da manhã essa chuva adensou-se e começou a cair com mais força, molhando mais gente para além dos tolos.
Ana Catarina voltou a fazer uso da sua capa poeirenta, enrolou-se à volta daquela como se fosse um chouriço mas mesmo assim a chuva molhou-lhe as vestes que tinha debaixo do manto e empapou a terra da estrada, tornado a caminhada ainda mais lenta.
No entanto a situação ainda conseguiu piorar para a condessa, os nove dias de viagem começaram a pedir a factura ao seu corpo e as dores foram surgindo cada vez mais agudas e insuportáveis. Para além de já não sentir o seu condal rabo as costas latejavam a cada movimento mais brusco do cavalo, era como se ela se estivesse a desmontar aos poucos.
- Pelo amor que nos tens - dirigiu-se num murmuro ao céu - Será isto uma provação à nossa fé em Ti?
A condessa baixou a cabeça num lamento, queria parar e repousar, mas tal era impossível, tinham que chegar a Lamego antes do anoitecer, sob consequência de se perderem no caminho.
Com o decorrer da tarde a chuva começou a dar tréguas mas nem isso deu tempo ao grupo para respirar fundo, vindo sabe-se lá de onde um enxame de mosquitos levantou-se sobre eles e acompanhou-os por várias milhas, a Monforte não soube dizer quantos insectos engolira ou inspirara inadvertidamente, mas poderia afirmar com toda a segurança que estava jantada para aquele dia.
As torres da Igreja de Lamego só surgiram mais tarde, já o grupo quase se arrastava estrada fora, sem forças e completamente encharcados dos pés à cabeça. A condessa retirou o seu capuz e lançou um olhar ao céu.
- Graças a Deus... - murmurou numa voz carregada de fadiga.
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Mas nem tudo poderia ser ouro sobre azul, aquele dia acordara cinzento e com chuviscos incómodos, a chamada chuva "molha-tolos", mas para piorar a situação ao final da manhã essa chuva adensou-se e começou a cair com mais força, molhando mais gente para além dos tolos.
Ana Catarina voltou a fazer uso da sua capa poeirenta, enrolou-se à volta daquela como se fosse um chouriço mas mesmo assim a chuva molhou-lhe as vestes que tinha debaixo do manto e empapou a terra da estrada, tornado a caminhada ainda mais lenta.
No entanto a situação ainda conseguiu piorar para a condessa, os nove dias de viagem começaram a pedir a factura ao seu corpo e as dores foram surgindo cada vez mais agudas e insuportáveis. Para além de já não sentir o seu condal rabo as costas latejavam a cada movimento mais brusco do cavalo, era como se ela se estivesse a desmontar aos poucos.
- Pelo amor que nos tens - dirigiu-se num murmuro ao céu - Será isto uma provação à nossa fé em Ti?
A condessa baixou a cabeça num lamento, queria parar e repousar, mas tal era impossível, tinham que chegar a Lamego antes do anoitecer, sob consequência de se perderem no caminho.
Com o decorrer da tarde a chuva começou a dar tréguas mas nem isso deu tempo ao grupo para respirar fundo, vindo sabe-se lá de onde um enxame de mosquitos levantou-se sobre eles e acompanhou-os por várias milhas, a Monforte não soube dizer quantos insectos engolira ou inspirara inadvertidamente, mas poderia afirmar com toda a segurança que estava jantada para aquele dia.
As torres da Igreja de Lamego só surgiram mais tarde, já o grupo quase se arrastava estrada fora, sem forças e completamente encharcados dos pés à cabeça. A condessa retirou o seu capuz e lançou um olhar ao céu.
- Graças a Deus... - murmurou numa voz carregada de fadiga.
FRP: Outras etapas da viagem: http://www.univers-rr.com/RPartage/index.php?page=lv&id=1984 /FRP
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