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The first 'pugna' in The Royal Jousting: Aristarchus against Countess of Sabugosa.

[Justas] Grupo D - R.1/C.2: Aristarco x Sbcrugilo - [C]

--Arauto.justas
Numa outra liça de treino (por Jah! são tantas!) dava-se inicio ao segundo combate do grupo D que iria colocar frente a frente Aristarco, reputado trovador, e a Condessa de Sabugosa.

O arauto tomou logo o seu lugar e ficou a aguardar instruções para quando se desse a chegada dos cavaleiros, para aí poder fazer a sua apresentação formal. Quanto tal se verificou o arauto aguçou a voz com uma tossidela e disse:


- Em defesa da sua própria honra, o cavaleiro Aristarcus Lem, da linhagem dos Lem ou Leme, e identificado com as armas da sua ascendência, de or, com cinco merletas de sable, postas em sautor.

E indicando à outra cavaleira, disse:

- Em defesa da sua própria honra, a cavaleira Sbcrugilo Ferreira de Queirós, da Casa dos Ferreira de Queirós, identificado com as armas da sua linhagem, esquartelado por uma cruz de gules; o 1º e 4º de azur com cinco estrelas de argent dispostas em formação estelar; o 2º e 3º de argent com leão de gules, armado e lampassado de argent.


Nota: a escolha dos armoriais a apresentar pelos cavaleiros já me deu uma dor de cabeça, alguns cavaleiros não têm armas pessoais, outros têm mas por vezes são incorrectas ou difíceis de descrever. Quando conseguir irei sempre privilegiar as armas pessoais, mas quando estas sejam excessivamente elaboradas é provavel que opte pelas armas familiares. Quem não tiver nem armas pessoais nem familiares será identificado com as armas da sua povoação. Pedidos de alteração serão aceites mediante a apresentação da descrição heráldica das armas correctas (mwahahaha).
Aristarco



O trovador chegou a uma das extremidades da liça, orientado por algum pajem ajudante do torneio que prontamente lhe indicara.

Era uma paisagem mui diferente para seus olhos tanto quanto uma sensação, sentimento e disposição singular de espírito: estar naquele lado ou lugar de um torneio, quando costumeiramente se encontraria em bancadas ou chão, ora a captar impressões que lhe guarissem trovas, ora por pura diversão (afinal, disto também precisava consistir a vida d’um homem), aquele momento destoava justamente porque nada disto casual faria, mas sim empunhar arma e se arrojar diante adversário.

Até a montaria já estava a resfolegar e relinchar, acostumada com aquel’ tipo de situação, mais do que o cavaleiro, que se diga a verdade.

Fizera mui gosto com o resultado do sorteio de oponentes, porque quanto mais difícil o confronto, mais honorável seria o significado; por outro lado, passava-lhe ao intelecto cousas como tal condição que não poderia oferecer aos demais oponentes, dado que ele era quase um estrangeiro em Portugal segundo suas origens, um trovador que costumeiramente mais envergava uma pena do que espada, inda que estivesse apto para tal.

Ao menos poderia olhar aos olhos do oponente a lhe dar garantia da probidade de intenções: se vitória fosse quase impossível, a disposição de endurentar e resistir na peleja era sua certeza; quem sabe isto, pudesse oferecer dignidade como sua oferta e contrapartida para os experientes adversários.

E para já, nada menos que Sua Graça, Condessa de Sabugosa.
Que a natureza com seus elementos lhe desse forças, que a virtude se mantivesse sem abandonar a alma, rogava lá Aristarco consigo.

Quando então pouco demorou para o arauto anunciar seu nome e condição, ao mesmo instante em que Martinho e demais chegavam com os aparatos por ali mesmo.

Aristarco disse, em voz abafada pelo elmo fechado, àqueles:

- Almas: preparai para tudo, aprumai então com arma e escudo.

E sem esperar reação do escudeiro assim como olhar para trás, imediatamente fez trotar o cavalo em direção até bem defronte do lugar em que se encontrava Sua Majestade, a Rainha lusitana.
O cavalo relinchou e foi preciso tocá-lo para se aquietar, inda que as patas batessem ao chão com desembaraço.

Moveu sua mão direita (manopla) à altura do elmo e abriu sua viseira, a cumprimentar a monarca de Portugal como bem convinha mostrar rosto limpo, face franca, assim rezava o costume.

Não menos, ali aguardou Sua Graça, a Condessa, para repetir-lhe o gesto cortes quando tão somente depois regressaria ao flanco destinado, para assim receber escudo e lança do escudeiro, assim como aguardar sinal de início.


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| Scholar: humanist thinker | Minstrel of al-Gharb al-Ândalus | Flemish-breton of Iberia: al-Musta'rib |
Sbcrugilo


Dentro de sua tenda Sb escuta o Arauto anunciar seu combate... Já preparada, deixa a tenda e com ajuda de Paris sobe o apoio ao lado de seu cavalo branco.

As malhas que cobriam o cavalo levavam as cores de sua família e por todos os cantos do manto estavam bordados ora o brasão da família ora suas armas...

Era seu primeiro combate e a Condessa estava feliz. Do outro lado estava um ou artista. Sb já ouvira falar muito do jovem trovador que fizera uma trova ao barco de seu irmão e tinha muita vontade de quem sabe, nos jardins de sua casa em Leiria, trocar idéias com Aristarco para compor com ele uma canção...

Deu trote ao cavalo assim que o Arauto terminara de dizer seu anúncio e posicionou o animal ao lado de seu oponente. Da mesma forma,levantou a viseira para cumprimentar Sua Majestade e virou-se para o oponente ainda com a viseira levantada para que os dois pudessem trocar olhares e ele pudesse ver como estava honrada pela presença dele.

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http://sbcrugilo.blogspot.com/
--Arauto.justas
O arauto, posicionado no seu lugar, analisou os cavaleiros e quando recebeu o sinal para avançar fez a sua parte. Ergueu o pesado estandarte acima da sua cabeça e deixou-o cair quase de imediato até aos pés. Daí correu rapidamente para junto das protecções do público e aguardou o embate com ansiedade.
Não foi preciso esperar muito, assim que os cavaleiros se precipitaram um contra o outro foi bem audível o toque no escudo do cavaleiro das merletas. A condessa de Sabugosa fora mais bem sucedida e obtinha com apenas um toque e sem estilhaçar a lança os primeiros 3 pontos.
Sbcrugilo


Após o cumprimento, Sb foi para seu canto do campo e olhando firme para Aristarco, baixou a viseira, e preparou-se.

Ao sinal do arauto, atiçou Branco e com a lança em riste partiu em direção do adversário. Manteve a lança firme e não foi sem esforço que segurou-se no cavalo depois da carga firme no escudo do trovador...

Sorriu por baixo do elmo, conseguira 3 pontos. Em trote, posicionou-se para o segundo ato escolhendo uma lança nova que Paris lhe acalçara.

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Aristarco



Tão logo deram os cumprimentos, naquel’ velho espírito de hombridade, lá partiram para tomar suas posições.

O combate iniciado fora rápido. Ao menos aos olhos dos que expectavam.

Contudo, para o contendor, toda a noção do tempo se perdia, ao menos aquela que se consideraria normal: a impressão que as sensações davam diante a excitação d’alma parecia ser translúcida, inda que o corpo sensível pudesse mui bem captar as cousas, os alvos, a precisão ou coisa que o valha, do mundo físico.
Talvez o que mais ficasse proeminente era o bater do coração, como se o peito fosse pequeno para abrigá-lo, enquanto os fatos ocorriam. O intelecto desaparecia como um espectro...

Vira sua oponente se aproximar cada vez mais, enquanto seu escudo – o significado, a razão daquilo tudo – ganhava proporção; e ganhava e ganhava... Já podia ver os detalhos do esquartelado brasão nobre, com sua multicor e figuras ostentadas.

Mas a ponta de sua lança passara imediatamente ao vazio.

Contudo, Aristarco não ficara tão assim abandonado ao vazio: ao mesmo tempo, um súbito tremor lhe correu ao corpo em um pequeno abalo ao sinistro lado, inda que não lhe tirasse equilíbrio que o jogasse pelo ar (felizmente...); fora tocado à lateral do escudo.

Foi diminuindo o galope do cavalo enquanto chegava ao flanco opositor da liça, reduzindo assim ao trote.
Contornou a separação central do campo, para regressar ao seu lado, cruzando mais uma vez com a valorosa oponente; as lanças miravam o céu, neste ínterim, como rezava a tradição, quando dali de cima viria uma benção à próxima ronda, tanto quanto o respeito de mirar arma ao adversário somente no instante de embate.

Quando se encontrou com o escudeiro, já ao lado que lhe cabia, Aristarco fez um gesto para dar a lança a Martinho, que n’um piscar de olhos já segurava a rédea da montaria.
Isto feito, abriu a viseira novamente, mas desta vez era pura e simplesmente para ganhar fôlego e respirar...

Então, entre um ganhar e outro de fôlego, disse com dificuldade para o escudeiro e ajudantes, fazendo um meneio com a mão (manopla):

- Admirável, não?

Admirável lhe fora Sua Graça, a Condessa, naquela condução e passagem, pensava consigo.

Sim, fora-lhe possível pensar algo, ainda que a respiração fosse pesada, em intervalos espaçados e profundos, felizmente bem melhor agora, com a viseira aberta. O peito parecia mesmo não caber muito bem debaixo de toda aquela quantidade de metal e peças de couro e lã.
O suor parecia tomar-lhe o corpo, como se estivesse untado e os músculos estava rígidos como madeira, mas inda sim sem haver qualquer cãibra, um bom sinal.
Algum lugar aqui e acolá fazia leve formigamento alternando-se, e essas cousas eram assim mesmo, afinal o desafio de fato que estava por vir era tentar novamente resistir à próxima ronda...

Martinho Albernaz lhe respondera algo que parecia um sorriso, não saberia dizer, porque deveria estar lá comedido com seu próprio estado de espírito. Provavelmente preocupado.
Fazia parte, enfim.



OOC:
Estudos medievalistas e arqueológicos (arq. experimental) recentemente confirmaram a dificuldade que eram as pelejas com o uso de armadura: peso, limitação de espaço e movimento, calor, relacionados com esforço e dificuldades ao corpo, já são mensuráveis, especialmente no âmbito biológico.
Chegaram a perspectivas de que a armadura, assim como as conhecidas condições do meio (embate) e do contendor (físico), definia fortemente ao resultado. Pareceria óbvio, mas até pouco tempo havia apenas indícios (com razão) da armadura sem grandes exames corporais; assim, definitivamente está para entrar como fator determinante dentre o conjunto maior. As pesquisas ainda prosseguem.
Realmente não deveria ser nada fácil para quem a usasse; essa era a essência deste post...

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--Arauto.justas
O arauto colocou-se na sua habitual posição para dar o início à 2ª ronda. Os cavaleiros já pareciam posicionados apesar de um deles parecer algo cansado, a ver pela posição e movimentos sobre a sela. O arauto não o recriminava por tal, amaldiçoado seja aquele, ou aquela, que marcara as justas para o verão! Até ele próprio estava a suar debaixo das suas espessas vestes de lã.
Tentou ignorar o calor e fazer o seu trabalho, assim que tudo se mostrou pronto ergueu mais uma vez o estandarte e deixou-o cair aos seus pés. Fugiu de seguida da liça arrastando o estandarte atrás de si. E na segurança do seu "esconderijo" presenciou o desfecho do combate. A condessa de Sabugosa marcava mais 3 pontos ao atingir novamente o escudo do seu adversário trovador.
Sbcrugilo


A condessa já tinha a nova lança à mão quando o contendor chegou ao seu lugar. Percebia desde onde estava o cansaço do trovador e o compreendia perfeitamente... Sua pele sem duvida alguma sentiria aquele dia.

Percebeu o arauto ir para a liça e preparou-se. Ao sinal, esforçou-se para manter a lança em riste e tocou seu andaluz em direção ao adversário. E mais uma vez, acertou com precisão o escudo do trovador terminando a justa.

Deu volta ao cavalo e voltou e foi ao centro aguardar Aristarco para os cumprimentos devidos.

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Aristarco



Aristarco baixou a viseira mais uma vez, recebendo do escudeiro seus apetrechos para mais uma ronda que estava prestes a se iniciar; respirar aquele ar, ainda que um pouco quente pela estação, nada se comparava a respirar aquel’ outro quando elmo estava encerrado, de modo que revitalizava brevemente como se fosse um bálsamo.
A expressão de Martinho era fechada, poucas vezes havia visto seu aprendiz com tal semblante, não deixou de sorrir com aquilo, oras, como se fazia bem interessante observar as reações de cada pessoa em cada circunstância inusitada, bem diferente daquelas mais comuns.
Algum traço d’alma tendia a ser revelado, poderia se supor.

Contudo não lhe amainou o estado de espírito, este sim mui bem já ao sabor daquel’ ambiente, quando a primeira ronda fora a chave da passagem para habituação: sobrevivera àquilo...
O desafio de sobreviver com resistência às demais inda persistia.

Quando tudo estava no devido lugar, para ambos os contendores, mais uma vez foi dado um sinal pelo arauto que tal qual um corisco, saiu de imediato da visão em uma corrida um tanto graciosa com aquel’ estandarte que esvoaçou pelo ar.
Aristarco esporou levemente a montaria que já como um outro corisco também, relinchou, para em seguida romper em um galope à carga, mas sem qualquer graciosidade daquel’ outro heraldo que abandonara o campo, naquela cena típica, mas ao mesmo tempo singular.

Mais uma vez baixou a lança a mirar o abismo do esquartelado escudo que se aproximava; também retesou inda mais o braço esquerdo, caso a sorte não lhe sorrisse mais uma vez e fosse tocado (mais para manter-se firme à sela, sem dúvida).

Finalmente se entrechocaram com um “clanque” ruidoso.
E fora-lhe mais uma vez ao vazio sua arma enquanto um tremor se fez vibrar d’outra banda do corpo, tal qual a parecer uma repetição da primeira passagem.
Não obtivera êxito a investida e estava difícil fazer-se eficiente a lança contra um alvo terrivelmente fugidiço, mas que cousa.

Aristarco foi diminuindo a velocidade até ganhar o trote e atravessar posição adversária, para então contornar a divisão e cruzar caminho com Sua Graça que igualmente regressava para seu flanco.
Havia por fim uma última tentativa, quem sabe tudo vertesse para aquel’ instante, enquanto as rondas que se deram seriam apenas preâmbulos a atiçar ensejo ou ânimo maior.
Quem há de saber, quem há.

Ao se aproximar do escudeiro, deu-lhe novamente a lança para em seguida reabrir a viseira e respirar um pouco mais (ou bem mais, por assim dizer melhor).
Desta vez nada falou ao rapazote, porque já parecia demandar um esforço desnecessário diante a circunstância.

Já sentia um pequeno incômodo mais contínuo ao braço esquerdo, certamente ressentido a dois trancos seguidamente; não foram golpes em cheio (felizmente), porém receber carga d’um hábil oponente montado com aquel’ tipo de arma, também não era como combate de infantes ou outras maneiras de guerrear: a força contrária sentida ao corpo desde já causava efeito, uma adversidade (um pouco dolorida).

O calor que sentia parecia queimar a pele um pouco mais, quando no momento em que colocava as peças de roupa lhe passava sensação de vantagem em proteção outrora, enquanto agora lhe espicaçavam, quase a pedir que arrancasse tudo do corpo e d’uma vez só: não era incomum que os cavaleiros se livrassem ou jogassem peças ao chão – especialmente o elmo – após o combate.
Tentou recuperar as energias um pouco mais, o quanto fosse possível; de fato muito agastavam de si os combatentes naqueles embates, não era espanto algum se encontrarem cansados entre uma peleja e outra, e finalmente exaustos depois d’um dia inteiro de justas.

Então a figura do arauto cruzou novamente o caminho (com seu estandarte pelo ar) para se posicionar em seu lugar, para dar prosseguimento.

Aristarco fechou a viseira (a lhe abafar imediatamente ao rosto), para em seguida receber sua lança do escudeiro.
Assim, aguardou o sinal do arauto que tão logo se movimentaria com seu estandarte (e com boa corrida)...

Eis a decisiva prestes a oferecer desfecho.
Só um pouco mais a resistir...



OOC:
Olá “arauto” e Sbcrugilo, tudo bem convosco? Desejo que sim. Perdoai minha demora, por favor, por conta de motivos particulares...
A título de nota, tenho impressão que falta uma 3ª ronda ainda, segundo o funcionamento (pontos nas rondas).
Porém, posso estar redondamente enganado, e se assim for, editarei a publicação ou adequarei a mensagem seguinte assim que tiver um sinal (RP ou OOC), tudo bem?

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--Arauto.justas
O arauto aguardou que os cavaleiros viessem ter até à tribuna real e só então se virou para aquela para encarar a soberana:

- Vossa majestade, reconhece este combate como limpo e verdadeiro à luz dos mui nobres e antigos princípios da arte da cavalaria?
Ana.cat
Ana Catarina abeirou-se da tribuna e dali sentenciou a justa de acordo com os resultados contabilizados pelo arauto. Antes de falar deitou um olhar ao amigo trovador, já não o via há algum tempo e sentia alguma tristeza por o ver cansado debaixo daquele sol abrasador.

- Cavaleiros, podeis estar orgulhosos da vossa prestação da mesma forma que também nós estamos. Irei seguir a indicação do arauto e declaro a Condessa de Sabugosa como a diga vencedora deste combate, os meus parabéns!
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Med pa varvin-me kreiz ar Brezel, interit me e douar santel | Mas se morrer em combate, que me enterrem numa terra bendita
Aristarco



Aristarco já se preparava para mais uma carga quando curiosamente o arauto lhe fez um discreto sinal de menear negativo com a cabeça, em que imediatamente o trovador compreendeu: já estava encerrada aquela peleja, uma pena, mas era como assim deveria ser.
Relaxou um pouco mais o corpo, já para aquele afastamento de necessidade de confrontação e então passou mais uma vez a lança para o escudeiro (que estava com expressão bem mais tranquila, subitamente), seguindo-se o escudo, ambos os apetrechos recolhidos cuidadosamente pelas mãos de Martinho Albernaz.

Apanhou as rédeas e deu um toque calmo à montaria, dirigindo-se para defronte à bancada em que se encontrava Sua Majestade, porém em uma passada tranquila e sem pressa, procurando amainar o próprio animal inclinado àquela lida de combate.

Aproximou-se finalmente, emparelhando-se bem próximo de Sua Graça, a Condessa de Sabugosa, como assim demandava, para reabrir sua viseira e prosseguir se não inda com novos cumprimentos, então para com o aguardo da palavra Real que se faria proferir.

Bem mais aliviado daquela excitação d’alma aos belicismos típicos do embate, exceto pelo sentido de honraria que povoava o íntimo ao fazer parte daquelas comemorações da Aclamação, ouviu Sua Majestade que assim decretou:

- Cavaleiros, podeis estar orgulhosos da vossa prestação da mesma forma que também nós estamos. Irei seguir a indicação do arauto e declaro a Condessa de Sabugosa como a diga vencedora deste combate, os meus parabéns!

Aristarco curvou-se mui levemente o tronco, quase que imperceptivelmente, coberto que estava por aquelas pesadas peças de metal; o suor lhe escorria a face, os tecidos de lã e de linho não lhe davam paz enquanto grudavam incomodamente na sua pele.
Pôde assim ele saudar, monarca e decisão, em um só tempo naquel’ gesto.

Sua Majestade não mudara seu tom de voz, inconfundível, mesmo em ocasiões festivas, naquela expressão firme, ainda que envolta daquelas rouparias mui galantes.

Uma curiosa imagem lhe veio à lembrança, na recordação da nobre senhora naquela comitiva que seguira até as terras castelhanas, com o mesmo tom de voz que ora saltava ao mais imperativo, emitido por sua silhueta debaixo d’uma gasta capa de campanha que ostentava, a se passar de maneira deveras discreta.
Parecia mais à vontade naqueles caminhos ao dorso de montaria, talvez preferível isto a ficar n’algum recinto do Palácio, mal podendo divertir-se com os detalhos d’algum conto antigo enquanto ela mesma pegaria a própria taça de cidra de Bretanha, quando serviçal até para isto agora haveria.

Assim mesmo nunca se sabia o que passava ao âmago d’alguém, e o trovador lembrou-se do olhar de Ana Catarina, ora preocupado, ora melancólico por vezes, depois de parlamentar com El-Rei de Castela; andava com saúde debilitada o castelhano, o físico (médico) se fazia mais presente e não era incomum alguma sisudez dos súditos após os cuidados ministrados.
A Rainha, em certos momentos da longa jornada, parecia se encontrar n’uma distância quase instransponível como se existissem dois mundos que não se encaixavam, um interno e outro externo a si, em que se equilibra por sobre ambos da melhor maneira possível.
E as pessoas são isto mesmo, um mistério por fim, oras...

Mas para agora havia sorriso nos festejos de sua Aclamação, assim tudo ficava bem ou satisfatório, supunha Aristarco. Oxalá...

Bastava um breve instante para cousas desta natureza acontecerem, um simples e breve instante, que povoou assim sua cabeça com ideias de como percebia o mundo, assim como imagens reminiscentes devaneadas.

Ouviram-se aplausos então, naquele momento imediato após a voz Real ser ouvida, quando também Aristarco abriu um meio sorriso finalmente, e o ímpeto da peleja tinha desaparecido tal qual mágica, como sequer houvesse existido (exceto por algumas dores e corpo, testemunhas para lá de convincentes a reclamarem maus jeitos e tempo calorento).

Contudo, houve inda jeito de voltar-se em baixa voz à Sua Graça, a Condessa, logo ali mui próxima, para dizer-lhe em cumprimento:

- Pelejaste formidavelmente, Vossa Graça.

Não conseguira expressar melhor, mui seca que se encontrava a boca naquela altura...
O cavalo moveu a cabeça agitadamente e relinchou, com os ruídos emanados das bancadas; quanta inquietação (da montaria e das gentes, como bem queirais)...


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