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The third 'pugna' in The Royal Jousting: Aristarchus against Sir Kalled.

[Justas] Grupo D - R.3/C.1: Aristarco x Kalled

--Arauto.justas
Contiguo à liça principal estava montada um terreno mais pequeno e de bancadas com possibilidade de albergar menos pessoas. Aqueles terrenos secundários estavam destinados não só ao treino físico dos cavaleiros antes de entrarem em campo a valer mas também aos combates da fase de grupos, numerosos combates que um só campo não conseguiria suportar.
Neste campo iriam-se opor do grupo D os cavaleiros Aristarcus Lem e Kalled d'Ávila Guimarães.

O arauto tomou o seu lugar perpendicular ao terreno e anunciou o primeiro cavaleiro:


- Em defesa da sua própria honra, o cavaleiro Aristarcus Lem, da linhagem dos Lem ou Leme, e identificado com as armas da sua ascendência, de argent, com três merletas de sable.

Virando-se para o lado oposto esticou novamente o braço e anunciou o cavaleiro portuense:

- Em defesa da sua própria honra, o cavaleiro Kalled d'Ávila Guimarães, da linhagem dos Ávila Guimarães, e identificado com as suas armas pessoais, cortado, o primeiro partido; 1º de argent com cruz de azur; 2º semeado de arminho, carregado com duas espadas atravessadas de argent e guarnecidas de or; 3º de azur, com um castelo de prata encimano num monte de vert.
Kalled


Kalled chega ao terreno destinado ao próximo combate e coloca-se em posição, aguardando que o seu escudeiro lhe trouxesse a armadura.
Aristarco



Aristarco encontrava-se novamente ao campo de honra, para mais aquela peleja que tão logo se iniciaria; mui bem sabia que era seu último combate, não poderia passar à próxima etapa porquanto não acumulava condição (de regras) para tal, de maneira que lá pensava consigo mesmo em repousar toda sua esperança nisto: esmerar-se.
Esmerar-se para se despedir do Torneio da melhor maneira, porque só cabia isto ao honrar Sua Majestade assim como as cousas da cavalaria.

Entretanto já não lhe seria tarefa das melhores: no confronto que anteriormente se seguira com aquel’ outro duro e difícil opositor, recebera um golpe tão forte que por alguma questão de sorte (imaginava), não fora derrubado de sua montaria; a consequência daquilo tudo era um grande inchaço que havia ao braço esquerdo, infelizmente, que se não lhe tirava justamente daquel’ último enfrentamento, certamente que ia um tanto minado.
Mas o que se podia fazer, magoado ou não, senão encerrar da melhor forma possível, afinal as condições nunca estão ao controle, paciência, e o que na vida teria, talvez pelas únicas cousas da natureza do homem que sua alma na virtude (ou desvirtude).

Era-lhe um pouco difícil, não mais apenas pelo calor que sentia debaixo da couraça de metal, como também ao acréscimo das dores que sentia. O que dizer então daquela forte luz calorenta que lhe incidia naquela hora do dia, inevitavelmente.
Um esforço físico, assim como pensamentos de estímulo para não deixar desânimo ou abatimento chegar, era o seu 'mote' do momento...

Tão logo cumprimentou Sua Majestade e seu atual contendor bem logo ali, como bem convinha a tradição, incitou seu cavalo até seu canto da liça para prosseguir com o início da peleja.
E o contendor opositor também tinha bom nome, Dom Kalled, e não menos boa companhia, porque tivera o privilégio de beber à tasca n'O Porto, até mesmo a viajar em caravanas distintas, mas próximas, à vila de Aveiro.
Naquele momento, um rosto familiar se fazia bom, não porque isto afrontasse a cavalaria em algum subterfúgio ou algo que o valha, mas porque já era lá cousa do âmago do trovador, que se bem saiba.

Antes de fechar sua viseira e receber ali de Martinho tanto o escudo quanto a lança, disse-lhe com um sorriso lamentoso e em um tom pouco amargo:

- É assim mesmo, acostuma-te: na vida, nada é fácil para o homem. Não te preocupes tanto...

O rapaz nada respondeu, provavelmente porque jamais vira Aristarco daquela maneira, ou porque não estava à vontade, quiçá, as duas cousas ao mesmo tempo acrescidas d’outras mais de suas inclinações.

Aristarco não esperava que o aprendiz, ou melhor, escudeiro naquela situação, entendesse devidamente suas palavras, todas elas essencialmente mui estóicas sem dúvida alguma, provavelmente a deixar o outro confuso quando parecia surtir uma contradição.
Contradição apenas aparente, diga-se de passagem, mas que no momento oportuno bem explicaria a Martinho, porque para aquele instante estava centrado n’outra questão, de armas, montaria, calor (e dores ao braço).

Restava agora aguardar o sinal do arauto, que já vinha acelerado (e arfando) para sua posição, seguido do estandarte que esvoaçava atrás de si, mesmo naquele calor sem uma brisa de vento, “pelo bom Sado”, pensava consigo Aristarco...


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| Scholar: humanist thinker | Minstrel of al-Gharb al-Ândalus | Flemish-breton of Iberia: al-Musta'rib |
--Arauto.justas
O arauto saltou para o terreno com o estandarte às costas e posicionou-se bem no centro da liça, mas suficientemente longe para não ser abalroado pelos cavaleiros. Enquanto aqueles tomavam os seus lugares o arauto sacudiu o pó do seu tabardo e endireitou o estandarte para daquela forma já estar pronto para quando o momento de dar inicio ao combate chegasse.
Quando tal se sucedeu o arauto só teve que deixar cair o estandarte e recuar alguns passos para se precaver de eventuais destroços ou poeiras que pudessem advir do embate entre tão dignos cavaleiros.
Felizmente - para o arauto - quando esse se deu não lhe saltaram lascas de madeira nem poeira, tinha havido embate entre os cavaleiros e um deles pontuara 3 pontos ao atingir o adversário no seu escudo prateado de merletas, o vencedor da primeira ronda fora portanto o portuense Kalled d'Ávila Guimarães.
Aristarco



Assim que o arauto sinalizou com seus trejeitos, já rapidamente à cata d’um lugar seguro diante refrega que iniciaria, Aristarco tocou seu cavalo para aquela investida enérgica mui comum tão logo à frente.
D’alguma maneira, apesar de todo aquel’ torturante arranjo de pesos com o sufocante calor, mais os cansaços acumulados de peleja em peleja, assim como não menos algumas feridas e inchaço ao braço esquerdo dolorido, lá se foi ao que devia cumprir e ao que se havia proposto.

A montaria obediente ganhou velocidade rapidamente e em poucos instantes (daqueles que um homem não consegue contar), encontravam-se ambos em uma carga com toda força possível rumando em direção ao oponente, que fazia o mesmo em tudo, a parecer uma cópia d’outro lado, e talvez dissessem aqueles escolásticos dos mosteiros ser meramente uma imagem refletida ou efeito de ‘speculum’ ao encontro da sua origem com seu duplo, segundo os movimentos similares que se empregavam.
Mas claro, aquele encontro de combate era tipicamente cousas da Física e pouco (ou nada) ilusórias como uma imagem refletida (afinal, até se poderia morrer depois de confronto), e mesmo Aristarco naquela situação já havia abandonado qualquer atividade de ‘speculatio et speculari’, inda que em seu íntimo sofresse com tais tipos de investidas; essas cousas assim são, investidas de um canto ao outro, naquilo que é visível e sensível e naquilo que é invisível e distante da matéria.
E naquel’ momento, tratava-se somente ‘pugna et pugnare’, oras.

Pois em seguida, enquanto o ‘duplo’ ia a lhe passar também em boa cavalgada, bem mirou seu escudo tripartido já a poder divisar algumas peças, tal qual um castelo ou mesmo espadas que se aproximavam, onde queria não deixar de tocar com a lança para ganhar algum mérito, oras, bastava um toque apenas.
Entretanto não fora afortunado mais uma vez (também isto já lhe soara algo comum) e a tensão do braço direito no preparo do encontrão não se aliviara em seguida: tocara nada mais do que a imensidão do ar empoeirado logo atrás do contendor.

Mas a rigidez dos músculos do sinistro braço já sentia outra dor acrescida com uma leve pancada ao escudo, suficiente para saber-se derrotado naquela ronda; teria o físico (médico) do campo mais um combatente em breve para oferecer sua arte, não tinha dúvidas o trovador sobre esta questão.
Não o chamara outrora, porque por alguma peça pregada mui possível, temeu que o físico lhe recomendasse retirada por isto ou aquilo e Aristarco não estava para lá de ouvir cousa assim, justamente antes de seu último enfrentamento.
Teria tempo à vontade para negócios de unguento e afins, pouco faltava. Mas não ainda.

Foi diminuindo de galope ao trote sua montaria à medida que se aproximava ao flanco opositor, acompanhado de olhares atentos de escudeiro e outros ajudantes daquela parte da liça; prosseguiu a contornar a divisa central e cruzar novamente com seu oponente para dirigir-se ao seu lugar destinado.
Aquel’ conjunto de movimento lhe dava suor, algumas dores espalhadas aqui e acolá e ao braço, além de uma terrível sede para uma boca seca debaixo de metais aquecidos em tempo mui inclemente.

Assim que parou diante Martinho, entregando-lhe os apetrechos, nem tanto para renová-los, mas para descansar peso naquele átimo, respirou fundo e lentamente algumas vezes, quisera o corpo se livrar das maquinarias e parafernálias e por que não, pular ao primeiro rio que lhe aparecesse ao horizonte, ou por que não pular naquelas piscinas dos al-Kaid nas tawa’if ao sul ou leste da velha Ibéria.
E disto, Aristarco sorriu, pois vejais o que faziam as inclinações d’alma em momentos adversos, a fazer voar imaginação que compensava a carência real e concreta d’alguma cousa; e isto era tão importante a se considerar que em momentos agudos, sabia-se em África ocorrer algo mui comum naquelas gentes das nações repletas de areia e poeira, da imaginação a ultrapassar aos olhos, dar ao encontro do que se comumente dizia nas bandas de lá por miragem.

E com aquela imagem de frescor de regato, piscinas ou algo parecido (que não pretendia ser miragem, claro), apoiou-se à ideia de ao término do dia, que todo o assunto estaria resolvido e que lhe sobrasse apenas o braço em cuidados (por algum tempo), ou melhor a dizer, não somente isto, mas também que lhe sobrasse um sentimento digno mui bem abraçado com a imaginação a verter por caminhos da criação de rimas e tonalidades musicais, porque isto tudo bem merecia mais trova; disto não se olvidaria ainda...


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Kalled


O estandarte subira e a cavalgada em direção ao adversário começou. O embate não causou muitos embaraços, tinha sido um duelo renhido, sem que no entanto ninguém se evidencia-se. Não terminava ali, sentira Kalled. Após a atribuição dos pontos, sabia que tinha que ser mais forte na próxima, sob pena de não conseguir vencer.

Notou uma recaída no adversário, seu colega de outrora nos copos e, espera, no final do duelo novamente. Talvez pelos embates anteriores não tenha recuperado completamente, pelo que decidiu aproximar-se e oferecer a sua ajuda. Provavelmente os seus conhecimentos em ciência pudessem ajudar. Felizmente, não foram necessários. D. Aristarco deu sinal positivo. No entanto, Kalled sabia exatamente onde atacar na próxima ronda..
--Arauto.justas
Decorrida que estava a segunda ronda os cavaleiros voltaram às suas posições nos extremos da liça. Aquele embate seria decisivo para as aspirações de ambos!
O arauto tomou o seu lugar no terreno e ergueu o estandarte acima da sua cabeça, deixando-o cair quase de imediato. E sem olhar para trás correu para lá das protecções enquanto aguardava o desfecho daquele combate.
Os cavaleiros galoparam em grande velocidade e quando se cruzaram, por meros instantes, foi perceptível um ruído metálico que empolgou a assistência! O nobre portuense pontuara mais uma vez e vencera daquela forma a sua última ronda!
Então o arauto voltou-se para a tribuna e perguntou:


- Vossa majestade, reconheceis esta vitória como sendo limpa e verdadeira à luz da antiga e nobre arte da cavalaria?
Aristarco



Aquela era sua última passagem ao Torneio, em montaria com último galope, a lança em derradeiro riste contra seu adversário.
E lá partiu, quando estandarte do arauto esvoaçou ao avisar que refrega se iniciara: avante, por uma resistência condigna e fiel ao valor da cavalaria e hombridade à Rainha, oras, que bem assim fosse para quaisquer resultados da pugna.

Todo aquel’ esforço tipicamente humano lhe soaria mais como uma repetição de um entendimento formal, quando tudo estivesse escrito ou registrado por palavras n’algum lugar qualquer, assim como eram naquelas mui velhas crônicas de Fernão Lopes ou Jean Froissart.
Oras, pois nada mais sublime do que viver as palavras que hão de compor alguma cantiga, quando a vivência é única em cada instante, de cada experiência, não importando nomes à posteridade ou algo que o valha.
Eis as Justas, ei-las, e desde quando o seu esforço tanto quanto dos demais, exatamente ali e naquel’ momento, poderiam ser trocados por qualquer cousa etérica que não o próprio sentido do fazer, agir e sentir até então?
Que conclusão errática sem dúvida, para Aristarco, mas bem se sabia dividir a atividade d’uma cousa e outra, pois assim tinha de ser.

E naquel’ tempo transcorrido da correria de uma ponta a outra da liça, mesmo com mais uma vez a ter seu escudo tocado (com um tanto de dor acumulada), não poderia estar em outro lugar que não ali mesmo, independentemente de qualquer ofício ou valor que atribuísse nas causas d’uma peleja ou d’uma trova.
O regresso até seu flanco determinado já fora-lhe com o espírito mais sereno e satisfeito, mesmo com o corpo sobrecarregado com aqueles detalhos já bem mencionados; por dentro de seu elmo sorria, enquanto passava a lança e escudo para Martinho ali ao chão.

Fez a montaria trotar até defronte à tribuna em que se encontrava Sua Majestade, para uma vez mais abrir sua viseira e cumprimentar seu contendor de valor, Dom Kalled, assim como a dignitária real que tão logo faria seu pronunciamento a encerrar aquel’ desafio.
Aristarco mantinha o sorriso, a adversidade da dor existia eis um facto, mas já não era mais suficiente para talvez alquebrá-lo, quando inspiração d’algum sopro da musa assoviava-lhe ouvido, oras, como são esquisitas essas cousas que abalroam os corações dos homens.

Quando então o arauto, tomou um fôlego para passar palavra final à soberana lusitana, havendo ainda tempo para tirar o grosso do suor que lhe escorria à testa, naquel’ calor imenso.


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Kalled


A tática utilizada para a última ronda servira-lhe na perfeição, tinha saído vencedor. Kalled desmonta do cavalo, entrega a lança ao escudeiro e chega-se perto de Dom Aristarco, a fim de cumprimentá-lo e parabenizá-lo pelo difícil adversário que havia sido.

É então que ouve o Araúto dirigir-se à Rainha e, colocando o joelho direito no chão e o punho direito junto ao coração, com a cabeça baixa, aguarda o veredicto de Sua Majestade.
Ana.cat
Ana Catarina levantou-se do seu lugar na tribuna e dirigiu-se aos cavaleiros presentes na liça.

- Meus senhores, mais uma vez nos presentearam com um grande e emotivo combate, sois merecedores dos mais rasgados elogios e reverências! Que as vossas façanhas vibrem por todos os alaúdes deste Reino - sorriu para o amigo trovador - Mas só um pode ser declarado vencedor, é ele o mui digno Visconde de Margaride, parabéns!
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Med pa varvin-me kreiz ar Brezel, interit me e douar santel | Mas se morrer em combate, que me enterrem numa terra bendita
Aristarco



Aristarco ouvia as palavras de Sua Majestade, naquela costumaz aceitação d’um encerramento.
O falar de Ana Catarina de Monforte lhe caiu como acalanto ao coração, acerca de feitos e alaúdes, assunto “d’algum interesse” do trovador (a ponto de lhe marejar os olhos); então curvou mui levemente o corpo (com dificuldade de movimento) em um tácito agradecimento por permitir ao trovador, assim como os demais contendores, em honrar sua Aclamação e cousas da cavalaria naquel’ instante.

Ainda com alguma dificuldade pela armadura, tentou mesmo de sobrolho parlamentar com seu oponente, Dom Kalled; com algum esforço, de tudo um pouco naquela situação, disse:

- Depois d’O Porto, aqui nos reencontramos ao campo de honra, Vossa Graça; um feliz reencontro por duas vezes, ora para um rosto já conhecido, ora para quem mui dignamente pelejou e mereceu o louro.

Sentia-se como se estivesse n’uma fogueira (pobres daqueles assim castigados), quando tudo parecia lhe queimar com aquel’ calor sufocante envolta de si e também dentro de si, debaixo da intempérie e debaixo da couraça de metal.
Entretanto também lhe queimava a alma para tão logo (depois d’algum refazimento) por as mãos na pena e pergaminho, e assim fazer rebentar as rimas d’uma cantiga qualquer; então se veria livre ‘por duas vezes’, como naquelas palavras ao valoroso contendor, por já ter em conta que seja da cousa das rimas paridas d’alma, seja por um corpo livrado de pesados apetrechos de metal...
Respirou fundo novamente e disse:

- Que as próximas refregas te sejam inda mais duras, Dom Kalled.

Eis um pequeno jogo de palavras, como se fazia um velho hábito na cavalaria, em desejar as maiores dificuldades na próxima contenda, afinal uma glória condigna era fruto dos maiores e avolumados obstáculos até o fim.
Aristarco sorriu.

Lamentava-se por um átimo não ter logrado algum sucesso, mas estava em paz consigo quando alimentava a ideia de que não houvera desonra a cavalaria assim como à Sua Majestade, de maneira que tudo então repousava bem ao seu âmago.

Assim, despedia-se do campo, com aquel’ negócio todo de “façanhas vibradas por alaúdes” a tamborilar dentro de seu peito, oras, bem sentira que havia sido atingido não apenas em seu escudo.


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