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A Fuga

Encapuzado
Estava escuro, a noite caíra já há largas horas... Seria ainda dia 18 ou estar-se-ia já no dia 19?

O silêncio que geralmente imperava durante a noite era naquele dia interrompido pelo barulho da chuva intensa e o som agonizante do violento vento que se fazia sentir. E fazia frio, imenso frio, um frioincomum, mesmo para uma noite de Janeiro como aquela. Tornava-se até perigoso sair para as ruas, tal era a força da tempestade que furiosamente se impunha. Telhas, folhas e ramos voavam, arrancados e projetados pela ventania, poças inúmeras formavam-se e árvores e edifícios tremiam debilmente.

Do paço surgiu um vulto que, da mesma forma que se protegia do mau tempo, ocultava a sua identidade, encapuzado e vestindo uma enorme capa. Avançava rapida e discretamente até ao exterior, onde alguém o esperava. Nos braços segurava alguma coisa, encostada a si e abrigada, debaixo da capa, do frio e da chuva. À medida que andava, o vulto ia verificando cuidadosamente como estava aquilo que transportava, ao mesmo tempo que atentamente olhava o que o rodeava, verificando se não era seguido ou observado. A tempestade e as horas tardias ajudavam a que ninguém percorresse aqueles espaços ao ar livre, nem mesmo os guardas se atreviam a enfrentar a fúria da Natureza...

Embora não desse para ver o que a figura encapuzada tão cuidadosamente transportava e abrigava da chuva e do vento que a fustigavam, dava para ouvir. Aquele pequeno choro que se fazia ouvir por entre o grande chorar do vento era inconfundível... era um recém-nascido.
Fernao_barreto
Fernão achava-se encharcado da cabeça aos pés, mas o pior era mesmo o vento forte e gelado que chegava do rio e não poupava ninguém à passagem. O velho cavaleiro tentou proteger-se envolvendo a capa à volta do corpo mas até isso se verificou de pouca utilidade. Mas não seria o mau estado do tempo, por mais assustador que fosse à medida que a noite ia passando, que o demoveria da sua missão.
O som de passos despertou-lhe a atenção. Levantou a candeia de óleo na direcção do som. Momentos depois os passos transfiguraram-se num vulto. "Como combinado", pensou o velho Barreto desviando instintivamente o olhar do homem encapuçado para o pequeno embrulho que trazia nos braços.

- Protege-la-ei com a minha vida - murmurou ao homem quando este lhe passou a pequena e mole trouxa para os braços.

O homem não lhe respondeu, mas pela sua expressão facial pareceu-lhe agradecido.
Fernão ajeitou a trouxa contra o peito e retirou com delicadeza parte do pano que a cobria. Envolta em linho e lã ali estava ela. Era franzina devido à sua prematura chegada ao mundo mas já possuía uma penugem loura, numa cabeça que mais se assemelhava a um ovo.
O Barreto passou-lhe a mão enrugada pela testa em jeito de carícia mas ela não pareceu ter apreciado particularmente aquele toque desajeitado e começou a agitar-se na trouxa. Olhou para ele com uns minúsculos olhos verdes, frios como gelo. O olhar da pequena fez tremer o cavaleiro. Voltou a tapa-la e subiu para cima da carroça, tinha um longo caminho pela frente.
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