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[RP] Ateliê - A Donzela Tecelã - tecendo sonhos...

M.benoit


Benoit sorri quando o homem aperta sua mão de maneira que considera acintosa. Mas geralmente são estas as reações que as pessoas têm quando ele se apresenta, então ignora. Benoit se levanta devagar, tendo seus olhos concentrados nos materiais da oficina, tecidos, linhas e etc, que o cercam. No entanto continua com a sensação de ter interrompido algo importante que estava ocorrendo, talvez uma negociação presume.

— Atrapalhei-lhe com um cliente prima? — pergunta o jovem ao voltar seu olhar novamente para o homem. — Ah! Na verdade eu sou Benoit, como já sabes, primo de mademoiselle Beatrix Algrave.
Beatrix_algrave


- Não, primo, ele não é um cliente. Ele é na verdade o mestre Gennaro. Ele está aqui para ensinar-me sobre a arte da tecelagem. Não se engane com os modos dele. É de fato um homem muito inteligente e habilidoso, só não teve uma boa noite de sono e me culpava por isso por ter lhe indicado a única estalagem da cidade e essa não o ter agradado.

Beatrix explica ao primo Benoit e observa Gennaro olhando para a janela.

- Parfois est très difficile discerner le génie de la folie.

Diz ao primo em francês.



Às vezes é muito difícil discernir o gênio da loucura
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--Gennaro
Gennaro bufou inebriado quando o francês o tratou por tu. Que rapaz insolente era aquele? Nem a ruiva demoníaca conseguia ser tão desprezível, apesar da sua condição.

- Olhe o respeito, senhor Benoit. Não somos amigos para que me possa tratar assim.

A explicação de Beatrix não o deixou mais calmo, pois a mulher referiu-se com desagrado aos seus modos, apesar de lhe ter elogiado a habilidade.

- Se tivermos estas interrupções constantemente, menina Beatrix, nunca chegará à minha perícia.

Voltou-se novamente para a janela e inspirou fundo.
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Beatrix_algrave



- O primo Benoit é francês, e não domina tão bem o português quanto o senhor. Ele não teve a intenção de ofendê-lo. Tanto que quando se dirigiu ao senhor em francês usou o "vous" e não o "tu".

Ela disse e olhou para Benoit e depois para Gennaro, que havia ofendido o primo em "bom português". Em seguida ela fez uma pausa e dirigiu-se ao mestre novamente.

- Mas enfim, creio que o senhor tem razão quanto às interrupções.

Em seguida, pediu a Benoit.

- Primo, enquanto trato com o mestre, Laurinda o acompanhará até a cozinha e te servirá algo mais sólido para comer.



vós, tu
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M.benoit


Benoit quase desencadeou altas gargalhadas ao ouvir o mestre de ofícios.
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Alguma Estrada no Condado de Coimbra - meados de 1446

— Mamãe, eu não quero voltar para a casa de meus tios? — repete desolado o rapazinho de cabelos castanhos e olhos negros quase fechados. Sua mãe mesmo impaciente lhe dá um forte abraço. Ela deve conter suas lágrimas, afinal seu filho precisa partir.

— Por que não queres ir filho? — Fala com voz um pouco rouca — lá tem uvas tão grandes, e você adora uva!

— Lá eu tenho que trabalhar mais que os outros por desrespeitar os mais velhos, segundo falam. Eles sempre querem que eu use o vous! Vous pra cá! Vous pra lá! Maldição! — retruca o garoto com voz garrada, entalada no fundo de sua garganta, que guarda muitas palavras magoadas além destas.

Ele abraça forte sua mãe mais uma vez, e corre até a carroça onde está seu tio Jacques Blanc.

— Qu'est ce que elle a dit? — pergunta Jacques já iniciando o percurso.

— Maman a dit travailler c'est bien!

— Allons-y garçon! — exclama Jacques bagunçando o cabelo de Benoit.
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Uma vaga e curiosa lembrança retira imediatamente seu sorriso do rosto. Ele força uma expressão pelo menos amigável.

— Comme vous voulez! - reitera Benoit — como o senhor quiser.

— Obrigado mais uma vez prima — voltando-se para Beatrix — seguirei mademoiselle Laurinda.


Qu'est ce que elle a dit? - O que ela disse?

Maman dit travailler c'est bien! - Mamãe disse que trabalhar é bom.

Allons-y garçon! - Vamos nessa garoto!

Commo vous voulez - como você quiser (formal).
--Fiandeiras


Laurinda acompanhou Benoit com todo o prazer. Ela tinha simpatia pelo rapaz magrinho e achava o mestre de Beatrix um homem detestável. Uma pena que ele não pegou uma bela de uma pneumonia com a friagem da noite.

- Venha meu rapaz, vou servir-lhe um bolo de nozes e um pouco do que sobrou do desjejum.
--Gennaro
Assim que Benoit se volta para seguir Laurinda, Gennaro encara Beatrix com um olhar de reprimenda.

- Que francês mais petulante. Criatura insuportável. A vossa criação parece quase digna ao pé daquele homem. - Estala os lábios um contra o outro, fazendo um nítido som de desagrado. - Desçamos, tenho coisas para vos ensinar e muita pouca paciência para ousadias e faltas de respeito. - Começa a andar em direcção às escadas, sempre a reclamar e sem esperar por uma resposta da ruiva. - Não vim de Itália até aqui para por a conversa em dia com um bando de ineptos! Ainda vai demorar muito? Siga, mulher!

Talvez um dia fosse capaz de controlar o mau feitio, mas hoje não era esse dia.
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Beatrix_algrave


Gennaro certamente merecera o tratamento que recebera de Beatrix e Benoit. Assim ela pensava. Contudo, ela não estava mais com disposição para prosseguir a contenda. Àquela altura ela queria apenas prosseguir com os ensinamentos e livrar-se daquele italiano desagradável.

Sendo assim, ela o acompanhou, e a única resposta que lhe deu, foi uma monótona concordância, assim que ele parou de vociferar e expor sua raiva. A raiva de Beatrix já havia há muito se dissipado, e se ela não lhe pediu desculpas, é por que ele também não se desculpara, e portanto nada dela merecia em termos de cortesia, mas ele era o mestre.

- Sim, mestre Gennaro. Prossigamos.

E em seguida o acompanhou.

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--Gennaro
Desceram para a sala de tecelagem e Gennaro olhou em volta.

- Mostre-me as urdideiras, pupila.

Os seus olhos recaem sobre Beatrix e o italiano é capaz de notar como ela está irritada.
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Beatrix_algrave


A verdade é que Beatrix já não estava mais zangada com o mestre. A rabugice dele era tão intensa e habitual que não valia a pena. Aos olhos da ruiva, aquilo se tornara até engraçado, e ela não ria, pelo respeito que prometera a si mesma, ter em conta pelo mestre, que tinha mais experiência. Ele era um desagradável rabugento, e estava velho demais para que ela insistisse em modificá-lo. Ele detestava mulheres, mas parecia uma daquelas tias solteironas em seus piores dias.

Ela ouviu o que ele disse e tratou de mostrar-lhe as urdideiras. Essas não eram mais do que duas peças de madeira paralelas e verticais, guarnecidas de pregos de madeira, em que se urdiam os ramos da teia a partir de um novelo. Ali também estavam os liços para a passagem dos fios.

- Aqui estão, mestre.

Ela mandara fazer todas as peças sob encomenda a um carpinteiro em Lisboa. Eram bem acabados e lixados para evitar qualquer tipo de desfio.

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Gennaro, roleplayed by Maria_madalena
Gennaro observou a urdideira que a pupila lhe mostrou notando que a peça fora concebida por um carpinteiro bastante hábil. Não havia qualquer imperfeição na madeira o que era óptimo quando se trabalhava com fios mais delicados.

- Não tendes uma urdideira de parede? - Inquiriu olhando em volta, mas pareceu-lhe bastante óbvio que não. - Pois bem, mostrai-me a vossa técnica, para saber o que preciso de vos ensinar.

Incitou-a com um gesto de mão a mostrar o que sabia.
Beatrix_algrave


- Na verdade tenho sim um tear vertical de parede, ele fica na outra sala. O senhor não lembra dele, quando o trouxe aqui da primeira vez? Foi feito pelo mesmo carpinteiro que fez essa. Mas sim, podemos começar com essa se o senhor desejar.

Ela disse e em seguida separou um novelo, pegou o liço e depois de meter-lhe o fio armou a urdidura que cruzaria a trama. Era um fio de lã trançado em s, com uma boa textura suave e bem constituída. A urdidura foi montada nos pentes liços, com uma boa tensão para a passagem da cala, mas sem exageros. Cada tear exigia uma tensão diferente, que variava também de acordo com a trama que seria constituída, e é claro com o tipo de fio e textura pretendida. Beatrix parecia bastante hábil na tarefa e montou a urdidura rapidamente. Não havia falhas, torções ou desfios. O segundo passo seria passar a trama com a navete, que atravessaria a cala, criando o tecido. O bater dos pentes intercalariam os fios da urdidura com os da trama.

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--Gennaro
- Veremos esse tear a seu tempo. - Resmoneou em voz baixa, mas altiva, zangado por não se ter lembrado da existência do tear de parede. Começaremos por esta, não percamos mais tempo, pupila. - Disse e com um gesto rápido das mãos incitou-a a mostrar o que sabia.

Beatrix pegou num novelo de lã com fio trançado em s e montou a urdidura com este. Assim que a urdidura foi montada nos pentes, Gennaro avaliou a tensão dos fios, mas nada disse. Permaneceu naquele silêncio avaliador até ao fim de todos os movimentos e passos necessários, observou e tomou notas mentais. A verdade, era que a técnica daquela mulher era bastante perfeita e isso apenas contribuía para o irritar.

- Vejamos, vejamos... - Comentou ao aproximar-se ainda mais assim que Beatrix parara o tear. Procurando defeitos que não existiam, procurou em vão motivos para ataca-la, foi-lhe difícil encontrar o que dizer. - Pois bem, dizei-me, caso não tivésseis estes materiais, apropriados à tecelagem, como faria uma urdidura em cruz?
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Beatrix_algrave


Beatrix acompanha a avaliação de Gennaro. Sabe que ele não é dado a elogios, então se não apontou defeitos isso já pode ser considerado muito bom. Diante da pergunta dele, ela responde.

- Eu podia fincar três estacas no chão, com as distâncias extremas igual ao cumprimento desejado, faria a cruz entre a primeira e a segunda estaca. Também podia usar duas cadeiras. Ainda seria possível fazer a trança da urdidura na mão, e usar algo para marcar, até pedaços roliços de madeira servem. O método vai depender principalmente do tamanho que se quer a trança da urdidura e da habilidade da tecelã. Fazer a trança na mão seria o método mais complicado.

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--Gennaro
Gennaro arregalou os olhos em descrença e cerrou as mãos em punhos. Como é que aquela criatura odiável e defeituosa ousava saber esta resposta? Mostrar este tipo de criatividade e sentido de improviso não era coisa própria digna de um ser naquela condição deplorável.

- QUEM FOI QUE VOS ENSINOU? - Perguntou quase aos berros.

As veias do seu pescoço estavam dilatadas e uma fina película de suor havia-se formado na sua testa.
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