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[RP] Ateliê - A Donzela Tecelã - tecendo sonhos...

--Gennaro
Beatrix retornara dali a pouco, informando-o de que tudo havia sido providenciado para o seu descanso.

O mestre italiano permanecera sentado na sala, segurando a cabeça com as mãos e repensando algumas das suas acções. Era em alturas como aquela que o seu espírito misógino parecia ceder e dobrar-se perante a hospitalidade e encantos femininos. Vivia protegido por uma raiva cega, alimentada por cada pensamento magoado que dedicava à sua mãe, alimentado por cada noite sem colo, alimentado por um pai entristecido que perdera a mulher que amava... Os motivos e a amarguras multiplicaram-se ao longo das décadas e, nos dias que decorriam, Gennaro já mal podia encarar uma mulher sem que o seu mau humor e ressentimento aflorassem.

Com os olhos vermelhos do álcool que lhe fluía juntamente com o sangue, o mestre italiano encarou a sua pupila, levantando a cabeça e mostrando-lhe a sua expressão triste.

- Obrigado, muito obrigado.

Agradeceu, consumido por aquele incómodo no espírito. Seria injusto ou teria razões para alimentar a sua descrença no sexo feminino? Era-lhe difícil saber para que lado a sua razão e o emocional pendiam. Sentia-se dividido.

Levantou-se da cadeira, meio tonto e desculpou-se antes de se retirar e subir para o quarto.

- Peço perdão pelo meu comportamento indecoroso. Não foi digno. Não deveria ter bebido, trouxe a vergonha para esta casa. Não voltará a acontecer, pupila. - Fez uma breve pausa. - Se me déreis licença, subirei para o quarto.
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Beatrix_algrave


Beatrix não fez nenhum questionamento, apenas fez uma vênia aceitando as desculpas do mestre e esperando que aquela gratidão e gentileza não fizessem parte apenas dos sintomas da ressaca do mestre Gennaro. Despediu-se dele para que pudesse descansar.

- Certamente, mestre Gennaro.

Esperava que ele se recuperasse bem. Depois que ele subiu, pediu a Laurinda que fizesse uma sopa para o mestre. Naquele dia todas estavam dispensadas dos seus trabalhos, com exceção de André, que levaria as ovelhas para pastar e beber água, e também levaria as refeições de mestre Gennaro. Mas como ainda não se sentia segura para usar o porão, e não seria possível usarem o sótão por conta do descanso de mestre Gennaro, aquele dia foi usado como um feriado. Clotilde foi passear na praça da cidade com Eduarda e Atília. Beatrix foi pintar um pouco e também ajudou Laurinda com o almoço. Enquanto se dedicava às suas tarefas, Beatrix pensava sobre a visita do prior, e o que ele teria descoberto, e principalmente como. Ela ainda pretendia ir ao porão investigar. Não ia ficar prisioneira em sua própria casa, com medo de algo do outro mundo. Precisava encomendar as grades para a janelinha do porão.

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--Gennaro
Perante o assentimento da pupila, o mestre inclinou ligeiramente a cabeça, não se sabe se de gratidão ou apenas um reflexo tonto da bebedeira.

- Desejo-lhe um bom dia, amanhã retornaremos às lições.

Deixou Beatrix na sala e subiu para o seu quarto.

Havia um banho preparado e Gennaro não perdeu tempo e mergulhou o corpo cansado e abatido pelos efeitos nefastos do álcool na água tépida. Permaneceu de molho até a água esfriar e depois limpou-se com uma toalha suave e felpuda que estava colocada sobre uma cadeira estrategicamente posicionada ao lado da banheira. Vestiu roupa limpa e confortável e deitou-se, acabando por adormecer.

Mais tarde, André bateu à porta trazendo-lhe a sopa numa bandeja e um pedaço de pão fofo de cereais. Já mais refeito da indisposição, o mestre italiano comeu com vontade, parecendo estar a recuperar bem. A tarde foi novamente passada em repouso, os novos lençóis e a colcha não cheiravam a nada mais do que lavado, evitando a ocorrência de sonhos perturbadores.

Apenas se voltou a levantar para jantar. Assim que terminou, deitou-se novamente, amanhã o dia começaria bem cedo.
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--Fiandeiras


Durante a tarde em que mestre Gennaro repousava, Beatrix tomou algumas providências. Seguindo o conselho do prior, ela mesma tratara de encomendar a grade, e acompanhou todo o processo de instalação da proteção e do cadeado, feito por um chaveiro de sua confiança.

Acompanhada de André e Atília, ela desceu as escadas do porão durante à noite. Ele estava silencioso e a tecelã fez suas investigações. Estranhamente, não achou marca nenhuma nos dois teares que o prior investigara. Atília solicitou que fosse deixada sozinha naquele espaço, e fez um ritual longe dos olhos da jovem tecelã e do menino André. Atília era a cortadora dos fios, por isso era naturalmente a mais próxima do Outro Mundo e ciente dos meandros da passagem. Ela sentou-se sozinha na escuridão, e meditando, abriu seus sentidos para a comunicação que desejava.

Abrindo os ouvidos aos sussurrosos, ela ouvia constantemente duas palavras entre as que lhe eram sopradas, e elas eram Sofrimento e Descanso. A velha druidesa retornou pensativa depois de acessar o mundo sutil que havia ali. Não gostou do que ouvira, e muito menos do que vira. O desequilíbrio instaurado naquele espaço deixara a druidesa cansada. Algo ali precisa ser restaurado para que o sofrimento pudesse ser superado e esquecido e o descanso tivesse finalmente lugar. Infelizmente, ela ainda não possuía a chave que faltava.

Na manhã seguinte, o atelier amanheceu em paz. Ou pelo menos ela durou até o amanhecer. Quando as fiandeiras retomariam as suas funções. Beatrix retomaria as suas lições e tudo aparentemente voltaria ao normal.

Cedo, o mestre Gennaro ouviu as batidas na porta, e o menino André chegando com a bendeja do desjejum. Um pão cheiroso e fresco, acompanhado de leite, frutas e chá.
--Gennaro
Quando a batida soou na porta já Gennaro tinha realizado a sua higiene matinal e aparado a barba. O mestre envergava uma camisa branca de corte simples e um colete castanho que condizia com as botas que lhe chegavam aos joelhos.

A cama havia sido feita e o quarto está miraculosamente asseado.

- Bom dia, André.

Cumprimentou numa voz quase afável.
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--Fiandeiras


- Bom dia, senhor Gennaro.

André o cumprimentou e deixou a bandeja do desjejum sobre a mesa. Ele preferiu não comentar nada sobre o dia anterior para não aborrecer o mestre tecelão.
--Gennaro
Gennaro aceitou de bom grado a bandeja que André lhe estendia.

- Obrigado, rapaz.

Voltou-se durante meros instantes para pousar a bandeja do desjejum sobre a mesa e, quando se acercou novamente da porta, já André havia desaparecido.

Comeu e bebeu o que lhe foi trazido. Assim que terminou, empilhou a louça suja na bandeja e desceu para procurar a sua pupila. Deveriam recuperar o tempo perdido.
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Beatrix_algrave


Beatrix está na sala com um livro, apenas aguardando a vinda do mestre. Ela sabe que terá um dia duro e está bem disposta e no melhor do seu humor, para aguentar o mau humor de Gennaro.

- Bom dia, mestre Gennaro. Estava aguardando o senhor.


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--Gennaro
Gennaro deixara a pilha de loiça sua na cozinha e dirigira-se de seguida à sala onde encontrou a sua pupila debruçada sobre um livro.

- Bom dia, pupila. Bom ver-vos pronta para uma nova lição. -

Aproximou-se um pouco e tentou ler o título do livro.

- O que estáveis a ler?
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Beatrix_algrave


O livro tem uma capa de couro verde e nenhuma inscrição externa.

- Não é nada demais, é um Manual de Heráldica. Faz parte do meu outro trabalho.

Ela responde e guarda o livro.

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--Gennaro
O mestre italiano assentiu rigidamente com a cabeça e depois sugeriu:

- Subamos ao sótão, julgo que as lições serão mais produtivas longe das... distracções da cave. O tempo é restrito, pupila.
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Beatrix_algrave


Entendendo perfeitamente ao que o mestre se referia com "distrações da cave", Beatrix concordou e o acompanhou, dirigindo-se ao sótão com mestre Gennaro.

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Narrador, roleplayed by Maria_madalena
Mestre Gennaro e Beatrix subiram para o sótão ainda o dia mal tinha raiado para darem início a mais uma longa sessão de treinos. O mestre italiano tentou controlar o seu mau feitio e preconceito, mas não raras vezes deu por si a tecer comentários inapropriados, construir falsas críticas e a ridicularizar um trabalho perfeitamente aceitável. Beatrix aguentou como pôde, ora retrucando, ora castigando o mestre com o pior dos silêncios. Mas a pior punição, aquela que fazia Gennaro espumar pelos cantos da boca, era a forma briosa e perfeita como Beatrix executava as tarefas que lhe eram dadas.

Pararam apenas para almoçar, pontualmente às doze horas, e retornaram às lições uma hora depois. As horas pareceram tornar-se mais lentas e a exaustão cresceu a olhos vistos, silenciado um pouco a língua viperina do mestre que, por fim, concedeu alguns merecidos elogios. Apesar do cansado espelhado no rosto de Beatrix, esta não mostrou menor concentração e dedicação, sorvendo com vontade todo o conhecimento que lhe era transmitido pelo mestre, mesmo de má vontade.

Quando a noite caiu, a lição terminou.
Beatrix_algrave


Apesar de ter apreciado as árduas sessões de estudo e tudo que aprendeu àquela tarde, Beatrix estava muito cansada. Tudo que ela queria era um bom banho morno de banheira e deitar-se. Seu desgaste era tanto físico quanto mental e ela recebeu a noite com alegria.

Depois de jantar, ela recolheu-se aos seus aposentos, onde o banho a esperava. Atília o preparou pessoalmente, e fez tudo para que Beatrix pudesse descansar a contento.

Depois do banho tomado, ela foi deitar-se e adormeceu. Seu sono foi povoado por estranhos sonhos.


Ela sonhou que se encontrava sozinha no sótão. As paredes a sua volta vertiam sangue que ia tomando toda o salão, subindo por suas pernas, encharcando sua roupa. Não havia como sair dali, e Beatrix sentiu mãos puxando-a tentando arrastá-la para baixo. Foi com essa sensação horrível de desespero, que Beatrix acordou no meio da noite. Estava molhada de suor e assustada com o pesadelo. Talvez ela tivesse gritado, não tinha certeza.

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--Gennaro
Assim que a lição terminou, Gennaro dirigiu-se ao seu quarto onde tomou um banho e vestiu roupas mais confortáveis, preparando-se para uma noite de sono. Estava extenuado, pois o treino de uma mulher exigia-lhe uma tenacidade superior e Beatrix era especialmente boa no acto de desagradá-lo com a qualidade inegável do seu trabalho.

Dali a pouco, André trouxe-lhe a bandeja com o jantar e o mestre italiano devorou-o em poucos minutos. De barriga cheia, deitou-se e deixou que o sono tomasse conta de si. Foi um sono perfeitamente vazio e límpido.

Já a madrugada ia alta, quando Gennaro ouviu um grito cortar o silêncio da noite. O som agudo e carregado de medo, parecia vir de um quarto localizado debaixo do seu. Assustado com a possibilidade de um intruso ou algo pior, o mestre saiu do quarto e desceu as escadas, caminhando em direcção ao local de origem do grito.
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