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[RP] Ateliê - A Donzela Tecelã - tecendo sonhos...

Beatrix_algrave


Beatrix fez uma vênia ao Maese e pediu licença para se retirar.

- Não esquecerei mestre. Boa noite Maese Gennaro.

Ela disse e deixou os aposentos do mestre.

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--Gennaro
Depois de Beatrix se ter retirado dos seus aposentos, o mestre jantou. Como sempre, a comida era saborosa e bem cozinhada, satisfazendo por completo os parâmetros elevados e por vezes estranhos do italiano. No fim, empilhou a loiça suja na bandeja e deitou-se na cama, retirando um livro da estante. Leu até a vista lhe doer, acabando por adormecer meio sentado com o livro sobre si.
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Beatrix_algrave


Beatrix foi jantar, e depois de dar conta de todas as suas obrigações, ela considerou que não faria mal se desse um passeio na praça e fosse ver ainda que por uma hora o desenrolar da festa de que ouvira falar.

Naquela noite ela sentia-se um pouco desanimada. Seu irmão William partira a alguns dias e ela não tinha mais notícias que a animassem. Nem mesmo do belo jovem com quem se encontrara algumas vezes às margens do rio.

Aquela parecia uma longa espera até a viagem, sem pausas para diversão em meio ao trabalho. Então, ela foi até seu quarto, tomou banho e vestiu um belo vestido negro com detalhes em vermelho. Pensou em enfeitar-se com alguma joia e ao abrir a gaveta deparou-se com o estojo de prata no qual guardava as cartas de sua família. Ali estava a carta lacrada que seu pai lhe enviara, pouco tempo antes de sua morte.

A simples visão daquela carta perturbava Beatrix. Ela prometera ao irmão que leria, que acabaria com aquela angustia, mas lhe faltava a disposição para tal. Ela segurou a carta, amarfanhou-a junto ao peito, mas não abriu o lacre. Jogou-a na bolsa. Aquele no momento era o seu bem mais precioso e o seu objeto de tormento. Ela prendeu o cabelo no alto, deixando cachos vermelhos soltos, enfeitou-se com um colar de camafeu um par de brincos combinando, então, perfumou-se pegou sua capa, e em seguida despediu-se de Atília que encontrou na sala.

- Vou tomar uma carruagem e ver a festa na praça. Não devo demorar.

Ela disse e partiu, deixando o atelier Donzela Tecelã.

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--Fiandeiras


Atília despediu-se de Beatrix apenas recomendando que a jovem tecelã tomasse cuidado.

- Tome cuidado, minha filha, tente não chegar muito tarde, pois ficamos preocupados. Divirta-se. Você é jovem e merece uma distração.

Ela disse e depois que Beatrix partiu, fechou a porta, pois Beatrix tinha uma chave só dela. A velha tecelã sentou-se por um tempo, na cadeira perto da porta enquanto tricotava umas meias de lã para André. Depois a mulher resolveu recolher-se e guardou o trabalho, indo para os seus aposentos. Atília tinha sono leve e dormia pouco, mas achava as cadeiras da sala muito desconfortáveis. Assim, depois de um tempo ela foi para o quarto no andar de cima. Dali veria a chegada de Beatrix através da janela. Contudo, talvez pelo cansaço do dia, ou pela demora de Beatrix a fiandeira cochilou e adormeceu.
Beatrix_algrave


Depois de comer, beber e dançar, Beatrix, preparou-se para deixar a festa. Aos amigos que ia encontrando pelo caminho ela acenava e sorria.

Antes de deixar a festa ela pegou uma garrafa de vinho. Ainda queria embriagar-se mas não ali. Não desejava nesse noite ser o vexame ou a atração de ninguém. Queria ficar bêbada, mas sozinha. A sua última ilusão de felicidade durara pouco e já se dissipara. Não tinha mais esse consolo e teria que se haver com seus demônios e temores. O álcool parecia ser um bom escudeiro, ao menos por essa noite.

Fizera uma promessa ao seu irmão William e não a cumprira, não abrira a carta, não enfrentara o pai morto. Se distraíra com a sua doce e breve ilusão, mas essa se desvanecera tão rapidamente quanto surgira. Agora ela estava sozinha novamente e esses pensamentos a atormentavam enquanto ela entrava na carruagem à caminho de casa. A carta queimando dentro de sua bolsa.

Uma vez protegida por aquele casulo de ferro e madeira da carruagem ela relaxou, bebeu sofregamento do vinho até sentir-se distante e anestesiada. Ali não haveria vexame nem vergonha. Ninguém partilharia nem abusaria do que ela realmente era, por trás da sua pele doce e tão macia.

Quando chegou em casa, mal conseguiu descer. Seu orgulho a fez seguir sem o auxilio do cocheiro que queria ampará-la, o cuidado cheio de péssimas intenções, ela dispensou. Alçou devagar os degraus, abriu a porta e desabou sobre o tapete macio da sala.

Ali deitada sobre o tapete, levou a mão até a bolsa, pegou a carta, quebrou o lacre, mas não tinha coragem de ler. Os olhos ignoraram as linhas e fixaram na assinatura do pai. A letra que ela não teria como reconhecer, pois nunca vira. O traço era firme e reto, duro, ríspido, parecia agredi-la. Ela tentou ler, mas sentiu a cabeça rodar, a vista embaçar e desmaiou no tapete da sala, segurando a carta do pai sobre o peito.

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--Gennaro
O quarto de Gennaro estava iluminado pela chama tímida de uma vela e o mestre dormitava sentado, a cabeça tombada para o lado direito e apoiada sobre o ombro, por entre os lábios entreabertos escorria um pequeno fio de saliva que caía sobre a ombreira da camisa de linho branco. A sua mão esquerda estava pousada sobre o livro de capa de couro vermelho que lhe repousava no colo. Uma dor de costas lancinante, fruto da posição desconfortável em que se encontrava, despertou-o das profundezas do sono e o mestre italiano mexeu-se, inquieto naquele sono que lhe parecia cada vez mais doloroso. Por fim, os seus olhos abriram-se e ajustaram-se à claridade frouxa do quarto, tudo estava igual. A pilha de louça suja ainda se acumulava na bandeja e a vela que acendera para ler estava agora reduzida a menos de metade do comprimento inicial. Soltou um gemido e endireitou-se na cama, esfregando as costas com a mão direita. Levantou-se e espreguiçou-se tal e qual um gato, arqueando as costas até o torpor nos músculos se tornar mais frouxo.

Sentia uma secura desagradável na boca e não havia água na sua jarra, pelo que o mestre italiano devolveu o livro ao seu lugar na estante, alisando as folhas e a capa com as mãos antes de o pousar, e depois desceu até à cozinha. Enchia um copo com água fresca quando ouviu a porta da frente abrir-se e logo de seguida um baque suave. Intrigado, deixou o copo meio vazio, pousou a jarra com água e dirigiu-se para a sala.

Ao entrar no cómodo, deparou-se com a sua pupila estendida sobre o tapete, nas suas mãos uma carta com o lacre quebrado.

- Beatrix?! Beatrix?! - Chamou enquanto se ajoelhava ao lado dela e colocava dois dedos no seu pescoço para lhe sentir a pulsação.

Aproximou o rosto do pupila e pôde sentir o bafio quente e pesado a álcool. Beatrix estava bêbeda!

- Beatrix! - O seu tom de voz era ríspido e zangado. - Acorda!

O mestre italiano deu-lhe palmadas no rosto.
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Beatrix_algrave


Beatrix estava tendo um pesadelo. Em seu sonho ela encontrava-se com o pai. Ele era ríspido com ela, e suas palavras eram duras e sarcásticas. Ele a acusava do assassinato da própria mãe e dizia que ela era uma maldição que deveria estar morta. Lágrimas assomaram ao rosto de Beatrix e diante delas o pai a estapeara. Mas os tapas que ela recebera em seu rosto na verdade eram de Gennaro e não de seu pai.

Ela murmurou entre soluços do choro que tentava engolir.

- Pai me perdoa.

E ao abrir os olhos deu de cara com a expressão carrancuda e furiosa de Gennaro.

- Hã?

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--Gennaro
Parecia-lhe que Beatrix estava a ter um pesadelo. A ruiva soluçava e chorava e o mestre continuava a dar-lhe palmadas, agora mais delicadas, no rosto. Parou quando ela implorou o perdão do pai.

- Não é o teu pai, é o mestre Gennaro.

Disse-lhe e a sua pupila abriu os olhos. Estava furioso com ela por se ter embebedado e não a pouparia.

- Estás bêbeda. - Constatou o óbvio. - E voltas de madrugada. Este não é o comportamento adequado a uma donzela! Sabes tão bem disso que fico ainda mais desiludido contigo. - Bufou, tentando acalmar-se. - E as lições? Vamos ter de adiá-las novamente. Não consegues estar de pé, quanto mais aprender o que quer que seja!

Agarrou-lhe numa mão.

- Vamos, precisas de beber água e de chegar à cama.
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Beatrix_algrave


- Sim, estou.

Ela disse e escondeu o rosto molhado por lágrimas, amarfanhando mais ainda o envelope da carta do pai.

- Não, não vai adiar. A Atília vai cuidar de mim. Vou ficar bem.

Ela dizia ainda desnorteada quando Gennaro agarrou-lhe a mão para leva-la a beber água. Ela tentou por-se de pé, mas sentiu-se tonta e apoiou-se no mestre. A cabeça latejava e a voz dura do mestre aumentava essa sensação.

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--Gennaro
Beatrix estava demasiado bêbeda para que o auxílio da sua mão fosse suficiente e acabou por apoiar-se contra o corpo do mestre Gennaro.

- Veremos se recuperas a tempo.

O italiano colocou-lhe um braço em torno da cintura e amparou-a até a cozinha. Com um pé afastou uma cadeira e ajudou-a a sentar-se.

- Senta-te aqui, depois trago-te água.

O mestre reparara como a sua pupila segurava a carta com força, mas não queria importuna-la com questões acerca dela. Tinha o pressentimento que o assunto era pessoal.
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Beatrix_algrave


Beatrix sentou na cadeira oferecida pelo mestre Gennaro e sem nada mais dizer ficou esperando em silêncio pela água.

Ao ver que amarfanhava a carta, Beatrix pegou-a e guardou em sua bolsa desajeitadamente. Seu estomago doía mas ela nem se dava conta. Sua cabeça rodava e ela teve a sensação de ver dois mestres Gennaro, quando sacudiu a cabeça, em desespero. Até tentou levantar-se mas uma nova tontura a impediu.

- Essa cozinha tem que *hips* parar de rodar.


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--Gennaro
Gennaro retirou outro copo do armário e encheu-o com água, depois colocou o copo em frente a Beatrix e incitou-a a beber.

- Se entornar não faz mal. Vá, bebe. Ou precisas de ajuda para segurar o copo?

A imagem que construíra de Beatrix nos últimos dias estilhaçara-se ao encontrá-la tombada no chão sob o efeito do álcool. Os contornos diabólicos da ruiva surgiam lentamente no seu campo de visão e estava a ser difícil agarrar-se aos fragmentos de rectidão e perícia que tinha encontrado nela. Não obstante, tentava tratá-la com delicadeza, não havia assim tanto tempo que o próprio mestre se embriagara. Que exemplo era ele para a sua pupila?
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Beatrix_algrave


Beatrix aceitou o copo sem questionar. Sim, ela ainda era capaz de segurá-lo e fez o que o mestre dissera, entornando a água e bebendo. Aquela situação era muito desagradável. Ela devia ao menos ter tentado percorrer o lance de escadas, ou tentar chegar até o depósito. Fora uma ideia estúpida desabar sobre o tapete, mas ela de fato não tivera muita escolha e naquele momento havia esquecido completamente a presença do mestre.

Ela já imaginava que o dia seguinte seria um inferno.

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--Fiandeiras


Atília dormira na cadeira à espera de Beatrix e ali ficara. Ao ouvir barulho no andar de baixo, ela que tinha o sono tão delicado, acabou por despertar. Vestiu seu xale e desceu as escadas para ver se era Beatrix.

Levou um susto ao ver Beatrix na cozinha sentada, recebendo um copo de água de mestre Gennaro.

- Beatrix, minha filha, você está bem? O senhor não precisa se preocupar, eu cuidarei dela e farei um chá.


Ela disse por fim, se dando conta de qual era o mal de Beatrix.

--Gennaro
Gennaro observava a sua pupila a beber e a entornar água sobre si mesma quando Atília chegou.

- Não, ela não está nada bem. Bebeu para além da sua conta e desmaiou no tapete. - Abanou a cabeça para expressar o seu desagrado. - Tendes a certeza, dona Atília? Mal se consegue suster. Como ireis levá-la até à cama?

Pegou no copo de água que enchera para si e bebeu um longo trago.
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