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Aforas da Cidade do Porto - Paço dos Arcanjos

Celestis_pallas


Quote:
- Sabes o que é ser o filho de um traidor? Não queira saber.


De todas as palavras proferidas por John Rafael eram aquelas as que Celestis estava mais intrigada. Já viera cismada, desde a igreja, que todos viviam a esconder-lhe os acontecimentos mais importantes na tentativa vã de protegê-la.

- Caro John, se há alguém que necessita ser protegido sou eu...mas de mim mesma! Não sabes o que sou capaz de fazer. Como disseste, sou moça feita, quase adulta.

Fitou-o com um olhar assustador, como que fosse capaz de atirar alguém por aquele coche. E estava conformada de que John realmente não fosse lhe dizer quais as implicações de ser a filha de um traidor. Talvez nem ele soubesse todos os detalhes.

Chegaram, finalmente, ao paço. Tudo estava horrivelmente monótono, como Celestis previra. Tânder, seu cavalo, ainda estava lá e pastava tranquilamente. Decerto que logo o conduziriam ao estábulo.

- Meus cães! Onde estão? - desesperou-se, a empalidecer repentinamente.

Logo um cavaleiro da ordem veio com duas gaiolas, tinham estado em posse do mesmo. Estavam irritadiços por conta do confinamento temporário.

- Não, pode levá-los a alguma baia, no estábulo. Dá-lhes comida, não economiza. - recomendava a jovem, que parecia cansada demais para dar destino aos mascotes. Então Flocos e Filé foram imediatamente levados para a casinha improvisada, repleta de "cachorros enormes" que com certeza eles estranhariam muito!

Ainda sentada no banco do coche, com a porta entreaberta, Celly reclamou estar enjoada e com as pernas trêmulas. Talvez fosse efeito da viagem, embora nunca tenha estado daquela maneira. Mas ainda tinha algum ânimo de olhar feio para o primo quando este cruzava o seu campo de visão. Tinha mania de meter culpa de tudo o que acontecia no pobre John.

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Bakita


Estava com a paciência curta para os melindres da prima. Se ela tinha algo a reclamar, que o fizesse com o pai, assim que este estivesse de volta. Seu dever era protegê-la, e assim o faria, como o fizera, entre idas e vindas, nos últimos sete anos. Sua maior preocupação agora era Yochanan no cárcere. Queria notícias de tudo o que se passava na cidade. Indo diante do intendente, iniciou os despachos.

-Até que Yochanan envie alguma carta, quero um homem de olho no castelo, em quaisquer movimentos incomuns. Reforcem a proteção no Paço. Caso a senhora minha mãe venha para cá, faça com que garantam sua escolta até os homens do Visconde deixarem as terras. Sinto dizer, mas não confio em nenhum homem de Monserrate. Se vier algum, capturem-no e tragam-no a mim. Eu tratarei de enviá-lo a meu pai.

Anoitecera. E como Celestis falava, o Paço sem seu senhor era um lugar sem vida. O jovem Viana rezava a Jah para que a moça descobrisse ter um pouco do jeito do pai. Que agisse de forma madura e pensasse em sua segurança e seu futuro, em vez de pensar apenas em marido, vestidos, Pinhal do sei-lá-o-quê...

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Celestis_pallas


Há alguns dias do evento, Celestis ainda parecia um pouco desolada com a iminente prisão de seu pai. A única coisa capaz de distraí-la satisfatoriamente eram os cãezinhos. Levava-os para passear pela propriedade e estes pareciam divertir-se como nunca naquela vida de cachorro que levavam. Depois, deitava-se com eles sobre a grama, a acariciar suas barrigas brancas.

Mesmo com a presença de alguns guardas, bem como, de seu primo, o Paço parecia um pouco abandonado. A grama já crescia, os cavalos não traziam suas crinas penteadas...e às vezes um relapso cavaleiro esquecia-se de encher o cocho das montarias. John Rafael parecia tão preocupado em resolver prontamente a situação de Yochanan que pouco se dava conta da falta de organização.

Primeiro, Celestis tratou de cuidar das pequenas coisas. Tratou com o responsável pela comida e comentou, com muita delicadeza, que as refeições estavam a sair cada vez mais atrasadas, o que poderia até mesmo prejudicar o desempenho dos cavaleiros da ordem. Também pediu ao mais velho, o de mais confiança, que reorganizasse os pertences de seu pai. Com aquela saída abrupta para o batizado, tudo ficou meio espalhado pelo quarto.

Enfim, tudo não era apenas questão de organização. Juntou umas flores e reuniu uns vasos, para pelo menos tentar levantar os humores. Também organizou um mutirão para remendar madeira em algumas paredes externas, apodrecidas pela ação do tempo. E desde então nenhum cavalo teve sua alimentação racionada, sua crina mal aparada... e a grama estava baixa, como sempre esteve, mas numa altura excelente para que os animais ainda pudessem pastar.

Já um pouco cansada, ao cair da tarde, Celly dirigiu-se aos seus aposentos e notou que John ainda parecia preocupado com alguns papéis. Deixou uma xícara de chá sobre sua mesa e um pedaço de pão. Algo bem raro vindo de Celestis:

- Aproveita isto antes que saia a ceia. Também vá descansar um pouco, não compensa estender o trabalho quando falta algum ânimo.

Mas emendou com um pedido:

- Não sei se seria possível, mas queria muito visitar meu pai! Preocupação...gostaria de saber como ele tem sido tratado.

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Bakita


À medida que os dias passavam, Celestis fazia do Paço dos Arcanjos seu Pinhal do Ruivo. Ora se não podia sair, ia tornar aquele um lugar perfeito para ela. Começou mandando que arrumassem tudo.

O Jovem Viana tratava de algumas contas quando a prima chegou. Trazia pão e chá. Que gentil de sua parte. Após deixar a refeição sobre a mesa, perguntou:

- Não sei se seria possível, mas queria muito visitar meu pai! Preocupação...gostaria de saber como ele tem sido tratado.

Cinco dias já haviam se passado. Era evidente a apreensão da jovem.

-Encaminharei uma mensagem à senhorita Ava. Eu visitarei vosso pai na manhã de Domingo, após a missa. Caso desejes ir, deve estar pronta pelo amanhecer, pois a viagem é longa, e a cavalo.

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Celestis_pallas


Celestis considerou cômica a mudança do primo. Se bem que talvez ele próprio estivesse impressionado com a repentina mudança de Celly. O que um pão e um chá não fazem, afinal. E ser gentil não lhe doeu tanto. Seguiriam a cavalo, ignorando todos os tais perigos citados por John Rafael? Bem estranho...A menos que alguns cavaleiros os acompanhassem. Sim, seria isso. Caso contrário, a própria Celestis requisitaria a presença dos mesmos. Não estava com vontade de levar uma flechada no peito, ou mesmo, que cortassem-lhe a cabeça no meio da estrada. Pelo menos, não de graça.

Escovou bem os cabelos, para que continuassem brilhantes como sempre, vestiu seus trajes de montaria e levou um traje pouco melhor na bagagem. Não entraria na missa com as botas enlameadas e as vestes empoeiradas. Ela própria verificou se John iria bem trajado e perguntou-lhe se não se esquecia de nada. Há de se conservar a dignidade, mesmo que o patriarca estivesse sob o julgo da lei. Para o pai, levava não mais do que o seu afeto, bem como, suas palavras de esperança.

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--Emengardo


Um dos guardas do Paço - o mais alcoviteiro - notara que Celestis e John demoravam a retornar da cidade. Foi quando decidiu ir até lá, uma vez que tinha certas incumbências. Foi então que viu a senhorita Viana,próxima ainda às masmorras, acompanhada de mais dois cavaleiros da ordem e que a menina comentara algo sobre ir até o mercado. John Rafael não estava com ela, decerto, tinha ido resolver alguns assuntos, a deixar a menina sob a tutela daqueles homens. Decidiu vigiar...
--Brigittemariedumond
Madame Dumond estava em uma carruagem com destino a Leiria.

A madame não conseguia encontrar posição confortável. Sentia calafrios, uma tosse constante. Ao perceber, que não estava em condições de chegar a Leiria, madame Dumond lembrasse do Paço dos Arcanjos.

Entre uma tosse e outra, e com um pouco de ar, pede ao cocheiro:

-Senhor, mudaremos de trajeto. Leve-me ao Paço dos Arcanjos, e rápido, pois não estou me sentindo bem.

O cocheiro, dirige-se ao Paço ao mais rápido possível. Ao chegar no Paço, na entrada, lhe é perguntado quem é e o que faz ali.

-Senhor guarda, sou um cocheiro de aluguel.Estava levando madame Dumond à Leiria, mas ela esta passando muito mal e pediu que a trouxesse aqui, e falasse com o senhor John. Diz o cocheiro.

Enquanto aguardam a permissão de sua entrada, madame Dumond percebe que está com febre e começa a delirar na carruagem, até que desmaia..
Bakita


O jovem Viana tratava de um brasão que lhe havia sido pedido quando um intendente entrou na sala.

-Senhor, a criada da senhorita Edelweiss está às portas do Paço. Segundo o que chegou até mim, não parece bem de saúde.

Madame Dumond, doente? Era verdade que a mulher já começava a aproximar-se do ocaso de sua vida. Mas aquilo era incomum. Brigitte Marie Dumond era governanta de Laylla e tutora de Sissi Edelweiss desde que a conhecia. Sempre vira nela a cara da inflexibilidade. Sempre rígida, sempre forte.

-Receba-a. Faça com que repouse e receba cuidados de Maese Teodoro. Encaminharei um pombo à minha prima em Leiria. Após os meus afazeres, hei de visitá-la.

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--Brigittemariedumond
Madame Dumond foi acomodada num quarto.. Maese Teodoro veio vê-la. Nisso, madame Dumond acorda.

A senhora já idosa, ardia em febre e delirava chamando por Sissi e tossia muito..

-Sissi!! Sissi!! minha menina!! dizia madame Dumond em seu delírio.

Maese Teodoro percebeu que o caso era grave e pela idade da mulher piorava a situação. Tentou fazer tudo o possível para baixar a febre, mas não confiava que isso fosse ter um efeito de restabelecê-la, apenas ajudá-la em sua partida.

Aguardava o senhor John ou a senhorita Celly para comunicar a situação.
Pajem_otto


Depois de vários dias estabelecida na aldeia Pinhal do Ruivo, Celestis sentira remorsos por não dar nenhuma notícia formal, ainda que todos os guardas soubessem de seu paradeiro, mesmo porque, a filha do prior havia arrastado pelo menos três deles para seus estábulos, a fim de manter-se segura. Ordens de Yochanan, afinal.

- Desculpa, desculpa vir assim, mas Celestis mandou esta carta. Disse que está bem, ainda no Pinhal do Ruivo e que três guardas estão a acompanhá-la. Entretanto, ela receia retornar para o paço, justamente, devido à situação em que seu pai se encontra perante a, cof, cof, a lei! Bem, não vou me prolongar, há mais detalhezinhos na tal carta...

Fazia, às vezes, questão de ser desagradável. Aquela tossezinha apenas servira para incrementar sua ironia. De forma alguma estava tocado com a prisão do pai de sua patroa, pelo contrário, considerava uma vergonha e fazia questão de espalhar fofocas da família aos quatro ventos.

Meteu-se na casa, a adentrar cada vez mais fundo. Até que topou com Maese Theodoro e John Rafael. Viu também a Senhora Brigitte, fazendo com que levasse um lencinho ao nariz.

- Que se passa com essa moribunda? Espero que não seja nenhuma peste! - pensava.

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Bakita


A situação era grave. Madame Dumond tinha febre e tossia. Mandara dois mensageiros encarregados de avisar Sissi da doença de sua tutora, pois temia que algum deles fosse cercado e morto por qualquer dos exércitos.

-Faça tudo o que for possível, Maese.

Saindo o quarto, notou a presença de Otto, jovem trocista, com sua má educação de sempre... Aquele rapaz era incorrigível. Como se não bastasse a guerra, a prisão e o praticamente inevitável enforcamento do tio, a doença de Madame Dumond e a insistência da prima em habitar fora do Paço, aquele diabo vinha irritar-lhe mais.

-Que fazes aqui, infeliz? Traze-me noticias de Celestis? Pois deixa-as e Rua! RUA!


Visivelmente irritado, Tomou a carta das mãos do jovem e deixou o corredor rumo aos seus aposentos.

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--Brigittemariedumond
Brigitte sentia que era a sua hora de encontrar Jah. Depois da dor enorme que sentia, tinha a sensação de paz..

-Caro senhor, sinto que minha vida está se esvaindo. Durei mais que esperei e peço que o senhor John ouça a minha confissão antes de partir.. se a menina Celly pudesse estar junto ficaria feliz. e tosse.. Minha jornada nessa vida está terminando.. e tosse novamente.. Muito obrigada por cuidar dessa velha senhora.. e fecha seu olhos, pois cansou-se muito ao falar..
Celestis_pallas


Mesmo demonstrando-se ultrajado depois do tratamento que recebera de John Rafael, Otto dirige-se ao Pinhal do Ruivo e comunica à Celestis o estado de saúde da governanta e ama de sua prima, Sissi Edelweiss.

- Também pudera! Como o tratou? Com a falsidade de sempre? Faz favor, tu poderias ser um pouco mais agradável! - aconselhava.

Celly temia tomar a estrada. Era perigoso, com a guerra que assolava o Porto. Mas Madame Dummond fora sempre muito doce com ela, tratando-a quase como sobrinha. Chamou então os guardas que se escondiam em um de seus estábulos para que a acompanhassem.

- Venham, guardas! Digo, titio, primo...

Estava a se esforçar ao máximo para que os vizinhos não percebessem que, de fato, eram guardas. Pouco antes de tomar as estradas, armaram-se por completo. Celly seguia com a parte de cima de uma armadura , para proteger-se no peito. E um dos homens da ordem fez o favor de emprestar-lhe uma espada, embora ela ainda não soubesse muito bem como utilizá-la.

Enfim, adentraram o Paço dos Arcanjos. Celestis atirou seu longo casaco ao chão e correu para os quartos, o mais rápido que pode. Observou Madame Dummond de olhos cerrados, pálida como cera. Não sabia bem se já havia partido.

- Sinto muito não ter chegado antes, senhora! - sussurrou, ajoelhada à altura da cama e a tomar sua mão calejada.

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Bakita


A noite começava a cair, e com ela chegava o frio do norte. Provavelmente sequer dera tempo da mensagem chegar a Leiria, mas era o que o jovem Viana mais desejava. Preocupado com aquela que um dia fora empecilho para si (o quão irônico aquilo era?), Johnrafael uniu-se à sua prima Celestis à cabeceira da cama de Madame Dumond.

-Descansa, senhora. Enviei uma mensagem à Sissi, deve chegar às suas mãos ainda esta noite. Precisas comer algo, tens de recuperar alguma força.

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--Brigittemariedumond
Ao ouvir a voz de Celestis e depois a de John, Brigitte conseguiu abrir os olhos.. tentou sorrir ao dois.

-Meus caros, tenho algumas coisas para encaminhar antes de partir. e tosse. Querida Celly, sabes que sempre tive um carinho muito grande por ti. Peço que fiques mais próxima de tua prima, ela ama-te como uma irmã e sempre sente tua falta. Dentro de meu baú, há um saco de veludo verde. Neste saco há uma jóia simples que comprei para quando casasse. Te dou agora, pois não conseguirei chegar até o dia de teu casamento. e tosse novamente. Conheci tua mãe, em uma passagem dela pela França, tens os olhos dela e a mesma energia que ela tinha..

Brigitte tem um ataque de tosse forte. Ao se recuperar, torna a falar:

-Senhor John, primeiro quero lhe pedir desculpas pelo mau julgamento que fiz de ti a alguns anos. Sei que atrapalhei bastante tua paixão por minha menina, e quero que saiba que ela sofreu muito. No mesmo baú, em um estojo de veludo carmim, há cartas e um presente que ela quis dar a você. Cumpri meu dever. Não sei se agiria diferente, mas, o senhor se tornou em um homem responsável e cumpridor de seus compromissos. Como estou me despedindo desse mundo, posso te entregar o que nunca foi meu, mas sim teu. Minha menina não imagina que isso nunca chegou ao senhor.. e tosse.. Novamente lhe peço desculpas.. Essa era a minha confissão..

Novamente tem um ataque de tosse. Com pressa diz:

- Celly.. minha querida, o resto que está no baú, é de minha menina, entregue a ela.. tão parecida com a filha que Jah me levou e que logo encontrarei...

Brigitte fechou os olhos para nunca mais acordar. Havia feito a passagem.
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