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Aforas da Cidade do Porto - Paço dos Arcanjos

--Emengardo


Emengardo, o guarda mais mexeriqueiro da extinta ordem, conversava com um sonolento soldado que guardava a área dos aposentos:

- Reparaste no ventre proeminente da dama Ava? Talvez tenha devorado muitos queques antes de vir para cá! Ou talvez tenha se deitado com um daqueles guardas parvos nas masmorras! Se bem que... não faz o gênero dela! Ou talvez...

Ambos ouvem uma respiração curta e repentina, como se alguém puxasse o ar com a boca, num indício de espanto. O guarda despacha todo o torpor que começava a invadir seu corpo, desembainhando a espada. Emengardo sugere:

- Veio dos aposentos da senhorita Celestis Pallas. Pensas que ela poderia estar a nos ouvir?
Celestis_pallas


Celestis não poderia simplesmente passar pelos soldados e alcançar o quarto de seu primo sem que Emengardo se desse conta. Celly, aliás, sempre fazia o possível para que aquele alcoviteiro não ficasse a par de nada sobre ela, uma vez que distorcia acontecimentos e tudo sempre chegava aos ouvidos tanto de seu pai quanto de John Rafael. Decidiu então saltar a janela, não claro, sem que fosse vista por alguns que se encontravam ao lado de fora. Um pouco constrangida, inventou:

- A minha porta estava emperrada! Não se preocupem com isso, podem consertar amanhã! Com licença, vou retornar ao interior... só espero que outra janela esteja aberta também...ah, sim, está! Obrigada pela compreensão!

Sabiam que dava para os aposentos de John Rafael e riram-se com a confusão provocada pela filha do prior. Celestis cerrou cuidadosamente a janela e pôs-se a procurar a tal carta, oculta num dos bolsos do casaco de seu primo. Depois disso, percebeu algumas sombras na parede e ocultou-se atrás de um dos lados da cama. Com certeza eram os guardas, conferindo se Celestis fora capaz de abrir a porta do quarto de John para alcançar o corredor. Abaixada, de bruços, foi capaz de ler silenciosamente todo o conteúdo, mesmo que na penumbra, alumiada pela fraca luz duma vela a alguns passos dali. Então exclamou para si:

"Não pode ser aquilo que pensei! A carta está muito bem redigida e confere detalhes que Ava jamais saberia, mesmo sendo muito amiga de meu pai. Certamente foi ele quem escreveu tudo, sendo conivente com a própria morte. Morreu como mártir. Mas então o que Sissi quis dizer?"

A carta encontra-se na página 15. Convenientemente, farei citações da mesma

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Bakita


Era quase noite quando Rafael acordou. Vestiu-se e encaminhou-se para o salão principal. Mandou ainda reunir os guardas, aprendizes e criados de casa, além de é claro, Celestis Pallas.

-Digam-lhe que é um assunto importante, que necessita de sua atenção.


Após algum tempo, estavam todos ali, a exceção da filha do Prior. Decidiu prosseguir, ela não se demoraria muito. Sabia que de tão curiosa que era a jovem Celestis, não perderia aquilo.

-Senhores, Yochanan está de volta ao lar. Não da forma que todos esperávamos, mas temos de seguir com o trabalho. A partir de hoje, esta propriedade pertence a Família Viana, e sob esta condição permanecerá enquanto esta família existir. Sabendo disto, quem quiser partir está livre. As portas estão abertas.

Ninguém fez menção de mover-se.

-Agradeço-lhes pela confiança. Os criados de casa podem voltar aos seus postos. Precisamos alimentar os que restaram.

Assim se fez, e a maior parte dos intendentes deixou a sala. Com exceção de Eduardo e Sorento, dois rapazes por volta dos dezesseis anos.

-Eu disse que os intendentes deviam retirar-se. Mas devo crer que os dois que ficaram desejam tornar-se Defensores desta casa?

Os dois rapazes assentiram.

-Eu compreendo o desejo de Eduardo, o qual conheço desde pequeno, e não tem mais nenhuma família. Como vai o compromisso com a filha do lenhador?

- Bom, é… Estamos comprometidos, e quero casar-me com ela, mas antes tenho de juntar dinheiro para essas coisas de casamento

-E Sorento, que apesar de não ter mais pais ainda tem a sua irmã, como vai ela? Ainda na Catalunha? Quando escreve-la, encomenda-lhe um Armorial de Romain.

-Sí, señor, ella está em Caspe ahora.

-Acredito que os dois tem satisfações a dar sobre isto a elas. Agora retirem-se. A partir de amanhã juntam-se a Gascon e Daniel no treinamento. Os dez que ficaram, receberam sua missão de treinar os mais novos. Lauro, deixo o treinamento por sua conta nestes primeiros dias. Tenho alguns assuntos para tratar. Podem sair todos agora, menos Lauro,Eduardo e Celestis.

Os demais guardas voltaram a seus postos, e ficaram apenas os quatro no Salão.

-Lauro, como o mais experiente dos guardas, Eduardo como meu rapaz de confiança, e Celestis como a irmã que sempre foste para mim. Sois as três pessoas em que confio completamente dentro desta casa. Então coloco-lhes a par de algumas coisas. Primeiro, esta carta. Yochanan deixa o Paço para a Família Viana, sob meus cuidados, mas caso um Varão me preceda em direito, devo prepará-lo para assumir tudo o que Yochanan deixou. A Condessa parecia muito orgulhosa de seu ventre, então pode ser que em breve tenhas um irmão ou irmã, Celestis. Desta forma, necessito de ti no Pinhal do Ruivo. Se esta gravidez for verdadeira, precisas descobrir e tratar para que o herdeiro receba tudo o que for preciso. Se for falsa, precisas descobrir onde e porque ela está mentindo.

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Celestis_pallas


Celestis parecia mais abatida do que o comum. Ninguém sabia, mas esteve a investigar a tal carta que John recebera de Ava e isso explicaria tudo. Enquanto se deixava desabar sobre uma cadeira, um pouco a bocejar, sorvia das últimas palavras do primo:

Quote:
Celestis. Desta forma, necessito de ti no Pinhal do Ruivo. Se esta gravidez for verdadeira, precisas descobrir e tratar para que o herdeiro receba tudo o que for preciso. Se for falsa, precisas descobrir onde e porque ela está mentindo.


Fora mais fácil do que imaginava desvendar parte do mistério. Teria Ava enredado Yochanan de tal forma que conseguisse engravidar do prior apenas para possuir suas terras? Celestis não era capaz de subestimar a esperteza de seu pai a tal ponto, afinal, ele nunca dera um passo sem antes pensar muito bem. E já a espantava o fato de ter sido apanhado e morto. Tudo era muito suspeito, mas um corpo havia sido enterrado, prova irrefutável da morte de Yochanan.

Celestis permaneceu algum tempo a fitar o primo, como quem esperasse um pouco mais. Uma vez apartados de todos, disse-lhe:

- O que quer de mim exatamente, que eu vigie Ava? Certo... talvez tu estejas preocupado com a herança. Deveria primeiro esperar que o defunto esfriasse, seria menos rude de tua parte. Mas isso também me diz respeito. Sei que isto tudo é meu, em termos, já que tu é quem cuidarás do Paço. Mas ainda assim, sou a herdeira imediata. Ava realmente representa um perigo. Aquieta-te, vigiarei a suposta grávida como águia.

John esperava colaboração daquela a quem confiava e talvez estivesse feliz com a resposta afirmativa. Mesmo que Celestis não fosse herdeira, faria o favor ao primo, afinal, até o momento, Ava era digna de desconfiança da família. Antes de ir embora, alinhavou:

- Imagine se eu tivesse tratado mal a minha vizinha? Não terias agora uma vigia a teu favor! É necessário diplomacia se queres ter algum poder, John. E o maior poder de um homem é quando ele consegue dominar a si próprio, bem como, a sua própria vida. Penso que tu estejas muito próximo de alcançar teus objetivos.

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Bakita


Conversaram alguns instantes em particular. Celestis seguia desconfiada do primo, mas ao menos concordara em tentar obter mais informações de Ava.

-Tua motivação nã0 me parece a melhor, mas ignorarei isto. Não vá ainda, tenho mais a dizer.

Voltaram a mesa, e o jovem Viana prosseguiu:

-Em segundo lugar, pretendo casar-me. Proporei casamento a senhorita Sissi, minha prima, filha dos Viana e Ferreira de Queirós, e tratarei disto com celeridade. Se tudo der certo, antes do próximo Inverno quero ter um filho a caminho. Mulheres bem-educadas e fortes como ela são excelentes mães e será ainda uma excelente Guardiã para estas terras. Devo ainda acrescentar que ela é uma Viana, e esta casa pertence tanto a ela quanto a mim, a Celestis e a toda a Família. Por fim, preciso admitir também que tenho muito apreço e carinho por ela, e a considero muito formosa e desejável. Minha prima, quero que sejas madrinha.

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Celestis_pallas


Celestis já andava a desconfiar das intenções de John para com Sissi, mas não imaginava que fossem consumar os votos tão cedo. Empalidecida, assentiu o pedido de ser testemunha daquela união apenas com um leve gesto de cabeça. Apesar do susto, estava feliz tanto pelo casamento quanto pela oportunidade de ladear o casal na cerimônia, algo que ela particularmente gostava muito de acompanhar. Ah, as cerimônias, os batismos...tudo era quase sempre muito feliz e uma ótima oportunidade de socializar.

Quanto ao caso do Paço dos Arcanjos, concluiu:

- Acho certa graça que coloques o Paço como pertencente de todos da família. Mas saiba que não faço questão nenhuma de que este local receba nossos familiares com seus rebentos. É uma casa grande, aconchegante e com uma bela história em seus alicerces. Papai ficaria feliz ao presenciar tanta alegria.

Antes que John se tornasse indisposto com suas palavras um tanto duras, reverteu o assunto:

- O que vão querer como presente? Padrinhos devem dar presentes bons e caros, assim manda a boa etiqueta! - disse, a sorrir.

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Bakita


- O que vão querer como presente? Padrinhos devem dar presentes bons e caros, assim manda a boa etiqueta!

Em festa ela alinhava fácil, mais ainda em casamento. Decerto queria pegar o buquê. O clima ainda era soturno demais para sorrir daquilo, infelizmente. Levaria algum tempo ate aquela gente transformar a ressaca do luto novamente em alegria. Preferiu uma reação mais contida e carinhosa. Todos ali precisavam de um pouco de atenção e gentileza.

-Calma, prima. Nem sequer fiz o pedido ainda. Caso ela aceite, deves perguntar a ela. Nada sei destas coisas de enxovais e presentes e noivas. Quero saber apenas da família que formaremos e de agradá-la por enquanto. Pensei em pedir-lhe alguns conselhos sobre o que ela gosta, mas não é tempo ainda. Pareces cansada. Vá para teu quarto, mereces uma noite de descanso. Se precisar de algo, procure-me. Estás em minhas orações, minha irmãzinha.

A seguir, dispensou Eduardo, entregando-lhe o derradeiro mandado da noite.

-Eduardo, feche o escritório de Yochanan até segunda ordem. Entrar lá nos próximos dias não fará bem a ninguém. Amanhã tenho uma correspondência para a senhorita Sissi. Depois, pode ir ficar com a sua Sancha.

Por último, tratou com Lauro sobre a segurança.

Lauro, dê uma folga a todos os guardas por esta noite, mas faça reforçarem as barreiras com qualquer coisa que impeça a entrada. Não sei se as batalhas chegarão aqui, mas se chegarem, quero os homens descansados antes de iniciarem o treino. Estarei nos meus aposentos.

A noite já ia escura quando Rafael subiu para seus aposentos e voltou a deitar-se. Não conseguiria dormir. Não por ter passado o dia inteiro desmaiado de sono, mas porque não parava de pensar.

Pensava no melhor dos cenários possíveis, depois no pior. A história se enredava em sua mente e trazia contornos de tragédia, com o Paço a arder sob a força dos inimigos. Por outras vezes, os pensamentos eram felizes, com Johnrafael a receber a mãe, as tias e os primos, ladeado de Sissiedelweiss, e esta carregando uma criança em seu ventre. O pensamento oscilava, e ora via os Viana brandindo espadas, ora via seus rapazes da guarda mortos em poças de sangue. Ou era sua esposa morta e ele atirando-se de espada em punho sedento por vingança, ou era Eduardinho e Sancha, e mais cinco filhos, todos com os cabelos loiros da mãe, brincando numa casinha de madeira. O sublime era sobreposto pelo horrível, tornando a aparecer na sequência.

Aquela confusão em sua imaginação prosseguiu por muito tempo, até estar tão assustado e cansado de tudo aquilo e acabar novamente caindo no sono.

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Celestis_pallas


Quote:
Pareces cansada. Vá para teu quarto, mereces uma noite de descanso. Se precisar de algo, procure-me. Estás em minhas orações, minha irmãzinha.


Celly pensava em qual bicho mordera John para que este, repentinamente, se tornasse tão pacífico. Nada como as tragédias para enternecer o coração até do mais duro, pelo menos, temporariamente. Era nisto que pensava quando John passou por ela e arrastou-se até seus aposentos, visivelmente fatigado.

Era, enfim, momento de esquecer-se daqueles que pereceram para pensar nos vivos. Celestis indagaria Sissi acerca do presente de enlace, claro, em momento oportuno. Mas tinha certeza de que ela aceitaria ser desposada pelo próprio primo, pareciam ter sido feitos um para o outro e os olhares claramente denunciavam. Rumaria ela também para seu quarto, não sem antes retribuir, de alguma forma, as ternas palavras de Rafael:

- Descansa em paz também, meu primo, meu irmão. Conte comigo para o que mais necessitar.

John parecia preocupado com a segurança do Paço. Saiu a distribuir ordens, embora estivesse prestes a dormitar em pé. Apesar disso, queria que os guardas contassem com barreiras inanimadas e fossem também dormir. Celly achou loucura, mas era menos preocupada que o primo. Que o Paço ficasse em chamas, nada mais de pior poderia se passar naquele dia...

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Bakita


Os dias passaram-se, e com eles todos os seus acontecimentos. O jovem Viana noivou, brigou, foi gravemente ferido num duelo, e recuperava-se no Paço dos Arcanjos. A dor dos cortes sequer se comparava ao orgulho ferido. Este demoraria muito a curar. E não dava sinais de que nada melhoraria.

-Senhor. Receio dizer-lhe que não trago boas novas. - Eduardo aparecia de vez em quando, trazendo notícias do Porto - Mais uma vez a tua mãe foi vista nas tavernas junto ao infiel.

Aquilo o feria como uma seta venenosa. Engoliu em seco e prosseguiu.

-Realmente é ultrajante ver a senhora minha mãe rebaixando-se a este ponto. Espero que saiba lidar com as consequências. E quanto à minha amada, que novas me trazes de Sissi Edelweiss?

-Dela não sei mais do que sabia ontem senhor. Está em Leiria, tratando da venda de seus campos. Celestis está com ela, e segundo o que ouvi, está enredando um compromisso com Lockee, dos Torre.

Lockee, dos Torre. Aquele parecia um homem bom, havia pedido um brasão nos últimos tempos... Passando por cima do orgulho dos Viana, via em Lockee um bom rapaz. Os Torre eram gente muito bem apessoada, e muito trabalhadores. Não seria um mau marido. O problema seria se ele suportaria Celestis. Se ela controlaria seus impulsos de liberdade e se tornaria uma boa esposa... Mas ora, do que estava falando. A única esposa que devia se preocupar era a sua próxima. Antes que Eduardo pudesse perguntar-lhe se queria mais algo, pediu.

-Por hoje basta. Poderia trazer para mim a minha cópia do Livro das Virtudes? Está na biblioteca...

-Sim, senhor... vou já bus... - Eduardo lembrou-se de algo importante, que encontrara na Biblioteca dias atrás.

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Eduardo, o mensageiro, roleplayed by Johnrafael


Dias antes...

Era o dia após o funeral do prior, e Eduardo fora incumbido pouco antes de fechar a biblioteca até segunda ordem. Ao entrar para conferir, notou uma pequena caixa e um pergaminho.

-Meu... Sen... Senhor... - sabia das letras, mas como lia pouco não tinha prática. Também nem precisava, já que não era para ele.

Quote:
Meu senhor Viana, a pedido de seu tio, neste momento em que abandonamos o Paço, lhe entrego isto que o vosso tio me confiou até este dia. Que lhe seja uma benção e não uma carga, ainda que as vezes lhe parecerá muito pesada. - Teodoro -


-Essa caixa deve ser importante, vou colocá-la no quarto do senhor.


Bakita


-EI! Eduardo! Que fazes aí parado? Vai buscar o livro.

-Espere senhor... Há algo que precisas ver. - disse, e foi até uma gaveta. Rafael estranhou, mas logo o rapaz trazia uma caixa. - Perdão, senhor... Esqueci de entregar isto, foi antes do Duelo que achei. Maese Teodoro quem deixou.

-Teodoro? O que será? - abriu a caixa, e em seu interior duas bolsas de veludo. Abrindo o primeiro, um anel, armoriado e ricamente gravado. Na face aparente, as Armas mais antigas dos Vianas, quando ainda não tinham sido aumentadas com a cruz de Alcántara. Como suportes, dois arcanjos. Pelo estilo dos desenhos, aquilo devia ter mais de cem anos.

Pegou de volta a bolsa e guardou o anel. Abrindo a segunda, viu peças de metal, bem pequenas. Devia haver umas vinte ou mais. Umas do tamanho da unhas de um polegar, outras pequenas como uma lasca de ferro que se partia ao ser martelada.. Derramou-as sobre o lençol e pegou uma a uma. Analisou-as minuciosamente, começando pelas maiores. Em uma delas havia uma cruz, e em outra alguma inscrição. Mas estava escuro demais. Para piorar as coisas, ao levantar para pegar uma vela, o Viana sacudiu o lençol, fazendo com que algumas caíssem no chão.

-Raios, não é possível! - uma nuvem negra devia estar pairando ali.

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Sissiedelweiss
O dia começa a raiar e Sissi montada em Escarlate, chega na entrada do Paço dos Arcanjos. Quando saiu do Porto para ir a Leiria, havia deixado o noivo curando-se da ferida causada pelo duelo. Havia resolvido primeiro ir visitá-lo e depois ir ao Porto, para casa dos pais.

Ao chegar nas portas do Paço, identifica-se.

-Bom dia, sou Sissi Edelweiss, noiva de Dom Rafael.

Os portões do Paço são abertos e Sissi entra com Escarlate.

Ao entrar no casarão encontra Eduardo.

-Bom dia Eduardo, poderia me levar ao quarto de John, gostaria de vê-lo. Ele está melhor do machucado?

Eduardo vai levando Sissi e os dois vão conversando até chegar na porta do quarto. Sissi bate na porta e pergunta:

-Rafael, meu noivo, posso entrar??

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Bakita


Dormiu e acordou pensando naquele monte de pecinhas metálicas. Seguia embevecido com aquilo, até escutar baterem a porta.

-Rafael, meu noivo, posso entrar??

Sissi? Sabia que ela devia estar a caminho, mas não sabia que chegaria tão cedo. Estava muito pouco vestido, com a barba por fazer e com as marcas do duelo ainda cicatrizando.

-Oh, Sissi. Um minuto e já a recebo. - juntou o anel as peças de metal, colocando-o na mesinha, pegou uma camisa e vestiu-a as pressas, deixando todos os cordões soltos. Quando levantou-se para abrir a porta, pisou em uma das peças de metal que havia ficado no chão. A dor chegou e foi segurada da melhor forma possível, com uma careta e um gruhido abafado pela almofada.

Foi até a porta e abriu.

-Minha querida noiva, que surpresa. Fico feliz que tenha vindo até mim. Peço que me perdoe os trajes, mas tenho descansado para me recuperar do derradeiro incidente.

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Sissiedelweiss
-Minha querida noiva, que surpresa. Fico feliz que tenha vindo até mim. Peço que me perdoe os trajes, mas tenho descansado para me recuperar do derradeiro incidente. diz John Rafael

-Te perdoo, pois isso prova que está te cuidando, o que muito me alegra. Já fizeste teu desjejum? Aparece-me que passou a noite em claro.. e esse machucado está cicatrizando?

Sissi adentra o quarto e percebe a bagunça que o ambiente está.. suspira em pensamento, pensa que falta uma mulher para organizar o Paço...

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Bakita


Voltou a sentar-se na cama, enquanto Sissi acomodou-se em uma poltrona.

-Estou bem, minha querida. Ainda não tomei meu desjejum, e creio que a senhorita também não. Mal o dia amanheceu já estás aqui? Eu dormi muito pouco na última noite, mas a senhorita parece não ter dormido. Assim preocupas não só a teus pais mas também a mim. - admoestou. - estas estradas são perigosas para se andar no meio da noite, minha amada... EDUARDO! - chamou, e tão logo o rapaz apareceu, entregou-lhe as ordens. - vá as cozinhas e mande que preparem desjejum para dois. E mais, um quarto para minha noiva. Ela precisará de um pouco de descanso.

Depois que o menino saiu, foi mais para perto dela e prosseguiu.

-Sei que me amas. Eu também a amo, e a desejo com todas as minhas forças, agora mais ainda que vamos nos casar. Mas tende cuidado, minha querida. - e beijou-lhe as mãos, levantando-se a seguir. Calçou as botas e convidou-a para o desjejum.

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