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Aforas da Cidade do Porto - Paço dos Arcanjos

Yochanan


Dias e semanas se sucederam desde que Yochanan retornara de Roma e a maior parte de seu tempo era ocupado pelos assuntos do Condado uma vez que novamente se via na posição de Conselheiro do Condado do Porto.

Sua irmã Vivian havia assumido a roda do leme do Condado como Condessa do Porto, e Yochanan oficiava naquele mandato como Comissário do Comércio, motivo pelo qual passava a maioria dos dias da semana na capital portuense, hospedado em uma estalagem próxima aos edifícios do governo, mas procurava nos finais de semana retornar às suas terras ao norte da cidade, meio dia de jornada separava o Paço dos Arcanjos da capital condal o que tornava a colina fortificada um refúgio das atribulações do cotidiano da urbe costeira.

No Paço chegavam missivas provindas de todo o mundo, os últimos Azures percorriam o mundo conhecido e aventuravam-se no desconhecido protegendo o que havia sobrevivido À Queda. Os artefatos e relíquias eram então transportados às Sedes e ali repousavam em segredo. As ruínas que restaram seriam reclamadas pelo mundo, e seu rastro desapareceria, sua memória preservada sua realidade esquecida tal como havia ocorrido com Bayt Ghyr Marwf.

Yochanan ainda não havia tido a oportunidade de dar continuidade à sua busca, mas ele continuava a percorrer o Caminho pelo qual havia optado semanas atrás a bordo do "Sogno di Vesper".

Yochanan estava vestido em tons de marrom e verde enquanto subia os degraus gastos das ruínas do alto da colina. Ali no que uma vez foi um salão com pisos de mosaicos e colunas de mármore, havia uma cadeira esculpida em pedra junto a uma das poucas colunas que permaneciam de pé. Foi ali que ele teve a visão a última vez, e ali ele recomeçaria suas buscas. Mas antes de chegar à metade do caminho que separava o último degrau da cadeira, ele foi chamado.

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--Eleazar_sayyid


-Meu senhor Prior. - Chamou Eleazar subindo com aprumo pela escadaria pétrea. Vestia roupas comuns mas ainda mantinha o costume de chamar ao Viana pelo título que ele já não mais assumia como próprio. Era uma agradável memória de um tempo que já não existia. Resquícios de uma Ordem cujos últimos membros juramentaram que nenhum outro utilizaria o nome que os uniu por tantos anos. Algo que o Viana já havia desistido de corrigir ao antigo irmão de armas.

Os Azure estavam destinados ao esquecimento, os feitos da Ordem fadados à perder-se nas sombras da história. Seu fim marcava o final da Grande Queda. Com a derrota de Apolinário Celestino meses antes o último grande rival da Ordem, o último grande perigo para o Equilíbrio chegava ao seu fim.

Ou assim todos eles pensavam até que uma nova ameaça ao Equilíbrio surgiu, uma ameaça que nem sabia que o era, mas assim eram a maioria delas. Uma ameaça que deveria terminar antes de descobrir o dano que poderia causar. Uma ameaça nascida da ignorância e do estudo errôneo de relíquias que os últimos Azure agora dedicavam sua vida a recuperar.

Em suas mãos Eleazar trazia um embrulho de couro cru, amarrado com um cordel. Um selo de cera sem marca, lacrava o pequeno pacote. - Chegaram-nos as notícias que aguardava meu senhor. - ele disse entregando o embrulho de onde Yochanan retirou um medalhão de bronze. - Se fossem outros tempos ele poderia ter sido um excelente Grigori. - concluiu o Sayyid fazendo referência ao dono original do medalhão.

- Não meu amigo
- disse o Viana. - Fossem os tempos outros ele poderia ter sido um grande Arcano. Mas os tempos são os nossos, e agora ele está na paz dos Jardins de Caleth. Caminhe comigo meu amigo. Nosso tempo começa a chegar ao seu fim, mas ainda há muito a ser feito e muito que tenho de contar-lhe e ensinar-lhe antes do fim. - Yochanan concluiu guardando o medalhão no bolso do colete e indicando a Eleazar que caminhasse a seu lado. Cruzando as mãos nas costas o Viana continuou seu caminhar em direção à cadeira de pedra.
Yochanan


O tempo passou no Paço dos Arcanjos, e todos os dias o Viana reservava algumas horas para conversar longamente com Eleazar junto à cadeira de pedra. Ali eles discutiam sobre assuntos diversos e em sua maioria sobre questões que o preparariam para completar a última missão que Yochanan lhe encarregaria.

Um dia, Yochanan havia retornado do Porto após cumprir com suas responsabilidades como conselheiro do condado para encontrar-se com a notícia chegada da capital do reino. O Rei estava à beira da morte.

Apesar de toda a situação do reino a morte de um Rei era sempre um problema. O período de regência não dispunha do mesmo vigor e a segurança nas semanas que antecediam a eleição real era colocada a prova. Muitos grupos buscavam fortalecer seus interesses assumindo a posição mais elevada do reino... a Coroa.

Poucos dias depois chegaria ao Paço a notícia fatídica. O Rei estava morto. O Condado do Porto declarava três dias de luto e as bandeiras no castelo foram hasteadas a meio mastro. Na biblioteca do Paço, o velho Viana observava o sol poente daquele dia de verão.

- Que a Luz dos Nove ilumine o vosso caminho, Majestade, e que em seu final encontre a resposta ao que buscaste durante vossa vida, e todas as dúvidas se tornem certezas e que além dos Portões de Caleth encontre a paz. - Ele murmurou para a brisa vespertina. Ele ainda olhava para o céu poente quando tocaram à porta. Era Gascón, antigo protegido de Dimas e um dos que quando terminou a ordem jurou serviço à Casa Viana. - Ahh Gascón meu jovem.. amanhã, na primeira luz, parto de volta ao Porto. Que esteja tudo preparado. Com uma vênia o jovem se despediu. E mais uma noite cruzaria os céus do Paço dos Arcanjos.

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Beatrix_algrave


Poucos dias após a morte do rei Yochanan, Beatrix seguiu para o Paço, pois recebera uma mensagem de Eleazar que para lá ela deveria se dirigir. Desse modo ela partiu, lá chegando próximo ao entardecer, no horário marcado.

Naquela tarde de primavera, o coche se aproximou do passo na chamada hora dourada, aquele momento logo antes do pôr do sol quando a luz do dia é mais avermelhada e mais suave. Curiosamente era um dos horários em que a ruiva mais gostava de pintar. Deu-lhe uma saudade do seu passatempo, enquanto ela observava essa mesma luz, banhando as estátuas do Paço.

Aquela luz deixava os fios ruivos e as sardas de Beatrix ainda mais evidentes. Ao chegar próximo do local combinado, ela desceu do coche, e tapou os olhos um instante com a mão, pois uma réstia de luz bateu em cheio em seus olhos verdes.

Quando ela novamente recuperou a visão, notou a procissão que se seguia. Eram os Azures deixando o Paço. Entre os rostos conhecidos, ela notou o de Eleazar e dele se aproximou. Não sabia o que dizer, mas o que ela viu, parecia evidente. Ela assistia a uma despedida. Ela mesma estava ali para se despedir dos que partiriam.

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--Eleazar_sayyid


O Rei estava morto, o Prior partira deste mundo para o próximo e agora seu sucessor guiava seus irmãos seguindo a missão de sua Ordem. Convocou ou enviou cartas a todos os irmãos e irmãs da Ordem em Portugal, a maioria partiria daquelas terras, poucos ficariam, tal foram as últimas instruções do Prior. Do último Prior.

Eleazar recusara o título, em seu lugar assumiu o de Pretor, um título que indicava um papel de regência dentro da Ordem. Deste modo Eleazar honrava a Yochanan como o último verdadeiro Prior da Ordem de Azure.

A Ordem deixava Portugal, sua batalha tomava forma no oriente, e assim os Azure marchavam entre os dois arcanjos que ladeavam a entrada do Paço. e ali junto à entrada estava Beatrix.

- Você veio, Filha de Ariadne. - Ele usou o vocativo da posição dela como uma Fabri Telae. Ele sorria um sorriso triste. - Me alegra que haja podido vir ver nossa partida. - Ele disse.- Meu senhor Prior instruiu-me há muitos meses que quando fosse o momento, lhe entregasse isto. - Ele retirou um pacote, não maior que um palmo por dois de tamanho e meio de altura, embrulhado em couro cru e amarrado com corda de juta. - Deixamos estas terras, Aranrú, mas não a abandonamos, pois como vós, outros poucos permanecem para buscar as sementes de uma nova era. O Prior assim disse. que o Tempo dos Azure chegou a seu fim, e deste fim viriam os novos herdeiros da Casa Errante, assim como nós fomos eles serão... - Eleazar falava em um tom quase profético, um tom que o próprio Yochanan usava quando falava de coisas que pareciam ainda estar há muitos anos de distância.

No final se despediram e apenas uma suave brisa acompanhou ao último dos Azure que partiam do Paço dos Arcanjos. Dali viajariam para o Leste, além do Ebro e do Sena, cruzando os alpes e as planícies onde o mar do norte se encontra com as Terras de Hadeln e onde mais o Equilíbrio exigisse deles.
Beatrix_algrave


- E eis que a grande roda continua sempre a girar e o fio se renova. Boa viagem a todos vós que partem.

Ela respondeu enquanto recebia o pacote. Despediu-se com um aceno. E ficou um tempo ali, pensativa, enquanto a hora dourada se extinguia em um tom vermelho intenso e logo a noite chegava. Ela não cruzou muito além os portões do Paço. Após essa breve despedida, entrou novamente na carruagem e indicou ao cocheiro que seguisse.

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