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Aforas da Cidade do Porto - Paço dos Arcanjos

Eduardo_Alenquer, roleplayed by Johnrafael


Depois de deixar o incomum pacote (Uma cabeça de cachorro) na porta da casa da filha do Prior, Eduardo seguiu viagem. Ao guarda da Porta, entregou duas mensagens. Uma para Dimas, outra para o Grão-Mestre Yochanan.

Quote:
Mestre Dimas,

Peço que coloque, imediatamente, três soldados de guarda na residência da filha do Prior.

Envergonha-me dizer isso, mas a jovem Celestis Pallasque eu vi crescer está agindo como uma desfrutada. Bêbada nas tavernas, a atirar-se para um tal Dicroh.

É o que lhe posso pedir.

Mui atenciosamente

Johnrafael,
Celestis_pallas


Celly adentra o paço e, depois de cumprimentar alguns homens da ordem, segue vagarosamente para o estábulo. Tinha medo do que poderia presenciar. Para sua sorte, Tânder estava saudável e pastava tranquilo pela propriedade.

- Se talvez eu chegasse mais tarde, não o encontraria vivo! Meu Tânder, como estás? - acariciava a crina do animal, enquanto lágrimas de tristeza, medo e raiva percorriam seu belo rosto pálido.

Andava desconfiada pelo local. Era como se olhos em meio à penumbra lhe observassem. Enfim, autorizou o cocheiro a ir embora enquanto selava seu cavalo. Agora estava em posse do mesmo, seria seu amigo e seu meio de transporte. Mas nunca, jamais, esqueceria o que John fez - a decapitação de seu querido cachorro.

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--Dimas


Dimas estava velho, e a idade já começava a pesar muito no corpo daquele homem. As rugas se lhe haviam aprofundado e a pele estava ligeiramente mais amarelada. Em seus olhos pouco restava do antigo Dimas Arantes, Mestre Comendador da Ordem de Azure, conselheiro de dois Priores, que havia treinado tantos outros irmãos da Ordem, agora havia ali apenas cansaço, e agora tristeza após ler as palavras escritas por John.

Quando algumas horas depois a menina chegou ao Paço, ele foi vê-la nos estábulos, lá chegando a viu acariciando a Tânder.

- Olá menina Celestis. - disse o velho Dimas, e sua voz soava cheia de desapontamento.
Celestis_pallas


- Olá, Dimas. O meu dia não começou bem. Só não me encontro mais amargurada porque ontem já sorvi minha dose de felicidade nas tascas.

Subiu em seu cavalo. Imaginou que seria inútil indagar aos homens da ordem acerca do horário em que John esteve lá, os motivos que alegara para raptar Flocos ou se simplesmente tomou o cão sem autorização. Além do mais, o abate já estava consumado e nada mais há de se fazer a não ser lamentar a morte de seu querido bichinho.

- Passar muito bem! - disse, com um certo pesar.

Seguiu meio sem rumo. Precisava voltar para casa, mas tinha medo até mesmo do que mais poderia encontrar por lá em seu retorno. Talvez ficasse vagando com Tânder até o entardecer.

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--Pajemcarlos
Carlos chega na entrada do Paco dos Arcanjos. Um dos guardas pergunta o que ele quer.
- Vim entregar ao Prior uma carta de sua sobrinha Sissi Edelweiss.
Entrega a carta ao guarda e vai embora.



Caro tio,
Estou me mudando para Leiria em definitivo. Como patriarca da familia Viana peco que avise as minhas tias de minha partida. Quando forem para Leiria, gostaria muito de sua visita. Peco desculpas por incomoda-lo no Paco. Achei que fosse necessario avisa-lo de minha partida. Tenho muito carinho por sua pessoa.
Abracos,
Sissi Edelweiss
Yochanan


Ele se sentiu velho enquanto caminha entre as pedras que coroavam o alto da colina na qual se erguia o Paço dos Arcanjos. Remanentes de tempos antigos, vestígios do que alguma vez havia sido uma construção cujos propósitos apenas poderia supor sem nenhuma certeza absoluta. Haviam passado já varias semanas desde aquele dia em que o fogo ardeu mas enquanto passava por ali o Viana viu o lugar onde a terra estava queimada e por vezes achava que ainda podia sentir seu calor enquanto murmurava as palavras que disse naquele então:

Todos os caminhos conduzem ao inefável encontro com o Guardião da Portas, mas como nos apresentamos ante ele depende apenas de nós. - Ele havia recitado o trecho do Livro da Aurora. - A morte não é o final, mas apenas o inicio de uma nova jornada em outros Reinos. - Ele fez uma pausa finalizando a passagem daquele livro do saber dos Nove. - Não conheci, em todos os meus anos até hoje, melhor homem ou mestre mais sábio e como os grandes sábios do mundo ele também reconheceu que o seu momento de partir se aproximava e resolveu partir em seus próprios termos. Hoje nos despedimos do venerável Dimas Arantes, Mestre Comendador da Ordem da Cruz de Azure, nosso irmão, e mais do que um pai para muitos de nós, com a certeza de que ele se encontrou com o Guardião como um se encontra com um velho amigo.

Perdemos a um grande mestre e amigo, mas não devemos manchar sua memoria buscando a vingança. Tal não seria o seu desejo. Mas honremos-lhe continuando com sua e nossa labor em prol do Equilíbrio. Sigamos os seus ensinamentos pois agora sua luz brilha junto à dos Nove - e então se calou, pois sentiu que sua voz começava a quebrar-se e em silencio caminhou em direção ao grupo de mestres que se reunia ali. A um sinal seu uma única flecha acesa iluminou o arco de sua trajetória até enterrar-se profundamente na palha seca entre os madeiros sobre os quais repousava o corpo de Dimas em suas vestes cerimoniais. Momentos depois a pira se acendia em brilhantes chamas e quente como o hálito do dragão recebia o corpo de Dimas como ditava sua fé ancestral.

Com os olhos marejados a visão daquela cerimonia ocorrida no final do inverno desvaneceu-se e ele sentiu ainda mais o peso da caixa que levava em suas mãos. Desceu as escadas de pedra que davam ao labirinto que existia debaixo do Paço, e seguindo quase mecanicamente o caminho que já havia percorrido tantas vezes antes chegou a um pequeno salão que se encontrava exatamente abaixo do templo romano na superfície. Aquela era uma habitação circular cujas paredes, povoadas de estantes abrigavam centenas de caixas como a que carregava o Viana. A luz trêmula da chama da lanterna lançava faíscas sobre a prata das cruzes de Azure que ocupavam os tampos das caixas de madeira lustrada, ainda que a maioria delas já perdera seu brilho e sua idade e dono fosse impossível de determinar com grande exatidão sem consultar os Arquivos ou abrir-las o que estava proibido.

Ele foi ao centro da habitação, onde uma escada em caracol descendia ainda mais profundo na terra. Vários foram os degraus que ele caminhou em silêncio reverencial por aquela escada esculpida na própria pedra que recheava as entranhas daquela colina até que chegou onde queria, e ali, junto às outras caixas, repousaria aquela que ele carregava.

Com cuidado ele a colocou junto com as demais, e levou então a mão esquerda ao peito e fez uma vênia à caixa. E em silêncio voltou ao salão circular, saindo pela mesma porta pela qual entrou. Yochanan se deteve um momento enquanto lançava um último olhar para aquelas estantes. E então fechou a porta com um baque seco e com um ruído metálico a trancou.

Refez então seus passos até a saída do labirinto no alto da colina, e dali até a Villa do Paço, já não haviam lágrimas em seus olhos.

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Sancha


Sancha, a fiel amiga de Celestis, encontrava-se receosa em adentrar o Paço dos Arcanjos, afinal de contas, soubera da morte de Dimas, bem como, dos boatos infelizes que muitos lançavam por aí sobre "uma assombração rondando aquelas bandas"... Mesmo assim, era necessário falar com o prior.

- Ele não se encontra - avisou um jovem, que apesar de belo, era muito sério e parecia não se eriçar com damas jovens, mesmo que fossem bonitas - gostaria de deixar-lhe algum recado?

- Bom, "nas verdades" eu queria sim... diz que a menina Celly andou a se meter numas confusão, mas só para eu resumir tudo, ela disparou com o cavalo, caiu numa ribancera, quebrou a perna, coitada! Agora consertou, está boa, mas certeza que anda a mancar! Também está a vir, deve já estar em Leiria nestes momentos... passar muito bem e fala para ele não se descabelar, apesar de tudo ela está boa!

Dito isso, achou por bem montar em seu burrinho e partir logo. Tinha medo de dar de cara com a tal "assombração".

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Ltdamasceno


A tempos existia a promessa de visitar o Paço dos Arcanjos, e Damasceno finalmente estava a se dirigir para lá. Tinha chegado na cidade do Porto no dia anterior, parte da sua família o acompanhava. Ainda era noite e Damasceno mantinha um ar triste consigo.

Deixou sua família na Hospedaria, beijou sua esposa solenemente e se dirigiu para a porta, mas Amy o segurou pelo o braço e o encarou. Parecia que ela era capaz de ler seus pensamentos só com o olhar e Damasceno não se importava em deixar sua esposa saber dos males que lhe entristeciam. Ele a tocou na face e expressou um sorriso com a esperança de acalmá-la. - Eu irei voltar antes que você perceba, não se preocupe. Damasceno tomou seu machado e saiu da Hospedaria. Lá fora Manoel, seu fiel amigo, estava numa carroça a sua espera. Damasceno que aos poucos não estava mais dependendo da bengala, subiu na carroça e perguntou: - Pronto para ir? Manoel respondeu dando um estalo nos cavalos: - Sempre meu senhor.

Pedindo informações aos cidadãos do Porto, descobriram para qual direção ficava a propriedade, as poucas pessoas que se encontravam nas ruas tão tarde da noite informavam para tomar cuidado pelo o caminho pois ele era deserto, e isso preocupava Damasceno cada vez mais. Ele não se sentia pronto para um combate, ainda se encontrava indisposto e fraco pela a doença, tendo como força apenas a teimosia de ir contra as recomendações dos médicos. Sua esposa já havia conversado diversas vezes com ele, Manoel já havia se convencido que a teimosia de seu amigo era implacável e alguns de seus familiares já haviam parado de dizê-lo para descansar. Estes perceberam que a segurança dos Saadi e do reino, tiravam o sono de Damasceno constantemente.

Após algumas horas de viagem a carroça parou, um grupo de estranhos se via ao longe no caminho contrário ao da carroça pela a estrada. Manoel desembainhou a espada mas foi interrompido por Damasceno: - Se agirmos assim, pensarão que é um assalto e irão nos atacar. Guarde essa espada e ponha a carroça a andar tranquilamente, se eles agirem pule e corra o máximo que você puder de volta para a cidade. - Mas e o senhor? Indagou Manoel. - Não se preocupe com isso, eu completei o treinamento e você ainda não, lembra? Apenas corra e eu irei logo atrás de você. Manoel guardou a espada e deu ordem ao cavalo para continuar, quanto mais se aproximavam dos estranhos mais o coração palpitava. Damasceno começou a sentir um leve frio na espinha, somado de raiva e medo. Em silêncio, começou a orar ao Único enquanto discretamente segurava uma adaga escondida debaixo de suas vestes e com a outra mão mantinha o cabo do machado perto de si. O grupo de estranhos se aproximava cada vez mais até que já era possível contar quantos eram, seis.

- Com certeza é um assalto, percebe como eles começaram a se espalhar rumo a nós? Estão pretendendo nos cercar e assim impedir que possamos reagir de alguma forma. Devem achar que somos nobres com bens que valham a pena serem roubados. Diz Damasceno. - Mas nós estamos levando um presente ao Prior de Azure. Afirma Manoel já com a voz falha. - Sim, mas esse presente só é valioso ao Prior. Responde Damasceno com seriedade, olhando para trás afim de garantir que não estavam sendo seguidos.

- Se caso nos perdemos, não volte para me encontrar sozinho, traga ajuda e encontre um jeito de informar meu irmão do que ocorreu. Damasceno segura a nuca de Manoel. - Não tente ser herói meu amigo, não faça nada que não valha a pena morrer! Manoel confirmou acenando com a cabeça e dirigindo o olhar rumo aos estranhos que haviam parado no meio da estrada.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Ltdamasceno


- Ouw, ouw, ouw, o que nós temos aqui rapazes? Um nobre a passear sem escolta a essa hora da noi... Ei você, parado!! MATEM ELES!!! Gritou um dos ladrões ao ver que Manoel havia pulado da carroça e corrido para longe da estrada. Dois dos seis assaltantes perseguiram Manoel e quatro ficaram para enfrentar Damasceno. Ele que estava sentado, levantou-se e atirou sua adaga no rosto do primeiro ladrão, aquele que deu ordem para os outros atacarem. Pulou da carroça com o machado em punho gritando: - ALLAHU AKBAR!!! e acertou um dos ladrões que teve a espada quebrada e a lâmina do machado penetrada no ombro. Sem hesitar arrancou o machado chutando o segundo ladrão ao chão e rosnando defendeu do ataque que recebeu de um terceiro. O quarto tentou cercá-lo mas Damasceno rapidamente empurrou o terceiro ladrão com o machado e lançou um ataque horizontal rumo ao quarto, de seguida atacou o terceiro verticalmente fazendo assim com que ambos se afastassem.

Agora os três se encaravam e davam passos lentos na mesma direção, Damasceno recuando e os outros dois avançando lentamente contra ele. O Patriarca percebeu que já estava sem fôlego, seria a sua idade ou efeito colateral da doença? Naquela hora não importava, estava ofegante e cansado demais para tentar um ataque sem a certeza de sucesso. "Preciso esperar os ladrões avançarem para só então contra-atacar. Será que Manoel está bem?" Pensou ele suando frio. Os ladrões continuavam avançando lentamente, sem dizer nada, encarando Damasceno com os olhos queimando de ódio por ele ter ferido seus companheiros. O Patriarca sentia a frieza no olhar deles e pensou se ali era o destino que o Único havia reservado para si, se era aquele o momento onde receberia as suas recompensas e castigos? Subitamente o quarto ladrão se distancia do terceiro e tenta um ataque, mas Damasceno se esquiva. O terceiro também ataca e com a espada, esfaqueia Damasceno de raspão no braço fazendo-o gritar de dor. Ainda assim, o Patriarca puxa o braço do terceiro ladrão e acerta o seu rosto com a cabeça, fazendo-o cambalear para trás, largando a espada e pondo as duas mãos para proteger a face. O quarto avança para o ataque com a sua espada acima da cabeça, mas Damasceno se adianta, agachando-se e usando a ponta do machado, acerta o nariz do quarto com toda a sua força, levando-o ao chão.

Damasceno havia aprendido aquele movimento com o seu pai quando ainda era vivo, e desde então treinou o golpe durante a vida inteira, mas aquela era a primeira vez que ele havia de fato usado para machucar alguém.

Damasceno ao ver o quarto ladrão caído, se apressa e acerta o rosto dele com o machado e então acerta novamente. De seguida observa o terceiro ladrão em pé a observá-lo com medo, ainda tendo as duas mãos no rosto encharcadas com sangue. Damasceno arranca o machado da face do quarto ladrão e caminha na direção do terceiro lentamente, que começa a recuar enquanto gritava: - Piedade meu senhor, piedade!!! Mas Damasceno responde friamente: - Não há piedade para covardes... E enterra o machado no rosto do terceiro, que cai morto.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Ltdamasceno


Após ter recuperado a adaga e confirmado a morte do primeiro e do segundo ladrão, Damasceno possuia a certeza de que estava sozinho e então começou a estudar os corpos.

- Este primeiro pelo o visto era o chefe, está um pouco acima do peso, não parece ter uma vida ruim o suficiente para que passe fome e precise roubar. Provavelmente ganhava a vida assim e não devia possuir muitos escrúpulos. Então andou até até o segundo corpo. - Este segundo é mais jovem e magro, parece que nunca lutou na vida. O que diabos faz uma criança andar com gente desse tipo? Dirigiu-se ao terceiro corpo. - O terceiro pediu por piedade, coitado. Provavelmente não assaltou muitas pessoas para implorar pela a própria vida a quem quer que fosse. Deve ter família para alimentar e se submeteu a essa vida recentemente, visto não possuir muitas cicatrizes. Por fim dirigiu-se ao último. - O quarto parece ser o único com experiência em combate, experiência demais comparado aos outros. Sabia manejar bem a espada, deve ter aprendido durante algum tipo de serviço militar. O que está havendo com essa gente? Indaga Damasceno agora ao observar todos os corpos.

Já havia amanhecido, o corte no braço permanecia aberto e só agora Damasceno foi começar a senti-lo. O braço, as roupas, o rosto, estava tudo sujo de sangue e para a sua sorte, a maioria não era dele. Mesmo assim, não se sentia confortável banhado em sangue, se sentia culpado, principalmente por não saber onde estava Manoel, que correu num rumo desconhecido e Damasceno não era lá bom em seguir pegadas.

Decidiu arrastar os corpos, tirando-os do meio da estrada. Começou a buscar por algum sinal de transeuntes mas a estrada estava deserta e não havia nenhum sinal de pessoas ou animais em qualquer direção, apenas o silêncio do amanhecer. Precisava se lavar, o sangue dos ladrões em si já havia secado e apenas o seu próprio permanecia fresco ao escorrer pelo o braço. Ao notar a profundidade do corte, foi até a carroça e buscou por um pedaço de pano e amarrou no braço até que ouviu:

- Senhor Damasceno?! Senhor Damasceno!!! Era Manoel que vinha correndo e mancando de uma perna. - Manoel, tu estás bem? Onde estão os bandidos? Perguntou Damasceno abraçando-o. - Sim, os dois me seguiram mata a dentro durante alguns minutos, não consegui despistá-los e acabei lutando, me acertaram na perna mas consegui matar um e feri outro que fugiu rumo a cidade. Respondeu Manoel apontando para a coxa esquerda que tinha um corte mais feio que o de Damasceno. - Isto está mal, precisamos de um lugar longe daqui onde possamos cuidar desse ferimento. O Paço dos Arcanjos não deve estar tão longe, vamos seguir a estrada ao norte, até encontrá-la. Diz Damasceno, enfaixando a perna de Manoel com um pano e ajudando-o a subir na carroça. - Sim...arght...senhor. Responde Manoel grunhindo de dor ao ajeitar a perna.

Continuaram a viagem seguindo a estrada durante algumas horas, o cheiro de sangue estava começando a ficar forte em Damasceno, ele não estava nada apresentável e temia pela a reação do Prior ao vê-lo assim, mas não havia tempo a perder, o ferimento de Manoel estava grave e corria o risco de sangrar sem parar se não encontrassem ajuda rápido.

Finalmente chegou num ponto da estrada onde ela se dividia e de longe era notável que um lado guiava rumo a uma propriedade e o outro seguia o rumo da estrada. Pegaram o lado que guiava a uma propriedade e mais a diante notaram na entrada duas estátuas que pareciam muito antigas, passaram por elas e Damasceno pensou que aquele lugar só poderia se tratar de um santuário, para erguer esculturas tão belas e tão harmoniosas como aquelas. O averroísmo pregava a existência dos Arcanjos, mas era a primeira vez que Damasceno pode ter uma noção de como seria os Arcanjos do paraíso. Já dentro da Vila, Damasceno avistou alguns guardas e então aproximou a carroça, um deles notou Damasceno coberto de sangue e veio se aproximando.

- Bom dia soldado, meu nome é Damasceno Saadi Altir, patriarca dos Saadi Altir, estava vindo com a intenção de me encontrar com o Prior de Azure, mas eu e meu amigo fomos atacados e agora rogamos pela a hospitalidade do Prior. Diz Damasceno agora notando que Manoel havia desmaiado.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Bakita


No interior do Paço, John ditava cartas a um intendente.

-Ao Monsenhor Conde de Óbidos, escreva que conheci o tal homem que a inquisição investiga. A parte, escreva que meus compromissos no Paço me impedirão de ir à próxima reunião da Bússola. À minha mãe, escreva que a espero para terminar sua recuperação no Paço. Ao prior... deixe que ao prior eu escrevo. O que mais há para hoje, Daniel?

-Senhor, chegou uma carta da Casa do Povo. Parecem estar comprando madeira.

-Muito bem. Responda a Dom Shyido que irei à floresta para ajudar a Casa do Povo nos próximos dias.

Neste momento, chega um guarda.

-Senhor, Damasceno Saadi Altir está às portas do Paço. Traz consigo um companheiro ferido e pede acolhida.

John conhecia Damasceno, o Mercador, há pouco tempo, mas sabia que era homem de boa índole, seguidor do Único. Era homem de certa confiança do Prior, e parecia estar em apuros, pelas palavras do guarda.

-Faça os entrar. Leve-os até Mestre Teodoro para tratar do ferido. Avise que logo irei até lá dar as boas vindas.

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Ltdamasceno


Damasceno com a ajuda de um dos guardas retirou Manoel ainda inconsciente da carroça e agilizaram para entrar na casa.

- Vamos colocá-lo nessa mesa! Afirmou Damasceno enquanto outros dois guardas tiravam as coisas de cima dela. - Algum dos senhores entende de medicina? Há algum médico aqui? Perguntou.

- Sim! Respondeu um dos Guardas. - Já fomos chamá-lo, em breve ele estará aqui.

Ele não sabia o que fazer em situações como essa, seu pai sempre insistira que ele deveria ter estudado mais sobre a área de medicina, mas Damasceno não se interessava por isso e acabou só frequentando uma ou duas aulas. Naquele momento se arrependera de não ter ouvido os conselhos do pai, jamais imaginaria que veria um amigo ferido de tal forma e nada saber fazer para ajudar. O pano envolto na perna de Manoel já estava encharcado de sangue, assim como o lado esquerdo da calça. Damasceno estava nervoso e angustiado, não suportaria a ideia de descobrir que seu amigo fora morto por sua causa. Não suportaria dar a notícia a sua família que não fora capaz de protegê-lo.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Teodoro, o Herbolário, roleplayed by Johnrafael
O velho Teodoro veio, trazendo compressas e remédios, com os quais tratara anteriormente tantos outros. A mesa do salão de jantar não era o melhor lugar para atender o ferido, mas a situação não permitia uma remoção rápida. O sangue que saía do corte já era bem menos do que o que encharcava o curativo improvisado.

O Herbolário retirou o trapo que servia para estancar a ferida e a lavou. Se não estivesse desacordado, o homem gritaria de dor, pois a água estava quente.

-Deem espaço. O jovem precisa respirar. - disse Teodoro, suturando com calma, para não cortar ainda mais a pele do homem, e por fim aplicou uma pasta de ervas no local. - Pronto, assim a ferida cicatrizará sem sangue nem gangrenará. Senhor Damasceno, vosso amigo precisa de repouso, para que a ferida se feche. Tenha cuidado. - disse a Damasceno, e depois dirigiu-se aos guardas. - carreguem-no com cuidado para um dormitório, sem mexer a perna.
Narrador do Paço, roleplayed by Yochanan


No Paço dos Arcanjos, o ferido Manoel se recuperava da ferida recebida, enquanto que o Patriarca Damasceno já havia retornado às suas viagens e responsabilidades comerciais e politicas que o faziam viajar pelas estradas do Reino.

Os dias se passavam e a recuperação de Manoel era lenta mas constante, a ferida havia cicatrizado limpamente mas ele havia perdido muito sangue com o combate e a viagem até ali. Teodoro mantinha um olhar atento e uma dieta restrita para o convalescente enquanto pensava a si mesmo que sorte havia tido o homem pois no frio inverno aquele ferimento ainda que tratado poderia ainda ser mortal.

Foi no final de um dia de primavera, quando o calor do verão já se fazia anunciar mesmo a algumas semanas do solstício, que o Prior retornou e Teodoro permitiu que Manoel tivesse uma dieta livre.
Yochanan


O regresso do Prior ao Paço dos Arcanjos havia demorado mais do que o Prior havia inicialmente imaginado, mas aquilo não o atribulava pois em seus anos de estudo nos escuros salões de Bayt Ghyr Mawf havia aprendido que todos os eventos do mundo ocorrem exatamente quando devem ocorrer, e que seus resultados são determinados apenas pelas ações conjuntas de muitos mais além daqueles mais cercanos ao evento.

Se diz que os mistérios aprendidos no caminho percorrido por um Arcani são tão profundos que até mesmo seus segredos possuem segredos. Mas naquele final de dia, enquanto o sol descendia no oeste pouco pensava Yochanan nos mistérios de sua arte. Naquele final de tarde primaveril com o balanço de seu fiel Itzal e os muros do Paço adiante apenas a felicidade de retornar à casa enchia seu espirito.

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