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[RP] Ateliê - A Donzela Tecelã - tecendo sonhos...

Toninho, roleplayed by Maria_madalena
Toninho pareceu despertar subitamente quando Arlete quebrou o beijo e só aí reparou na presença daquele homem.

- Juntar-se? Juntar-se não Letinha, bem sabes que não me enrabicho com outros homens. - Abanou com veemência a cabeça e deu uma palmada no rabo rotundo e empinado de Arlete. - Precisa de ajuda com o cavalo? - Perguntou estupidamente, ao observar a forma como Arlete desapertou o quarto botão, mais um e aqueles seios estariam livres.
--Gennaro
- Devassos! - Gritou com cólera perante aquele comportamento. - Eu bem sabia que não devia confiar na palavra daquela mulher. Mandou-me para um antro de podridão a desgraçada. - Os seus olhos faiscavam de raiva mal contida e os punhos estavam cerrados. - Não quero nada consigo, megera! Vá-se embora! A vossa presença é ofensiva.

Respirou fundo e pareceu controlar-se para não investir sobre a mulher, não evitou contudo cuspir no chão.
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Arlete, roleplayed by Maria_madalena
Os olhos de Arlete cobriram-se de lágrimas e o seu lábio tremeu momentos antes desta ser acometida por soluços chorosos. Saiu de cima do fardo de palha, incapaz de levantar o olhar para aquele homem e correu curvada sobre si até à porta. Ao passar por ele o seu corpo encolheu-se ainda mais de medo, o seu choro intensificou-se e pela primeira vez desejou com intensidade o conforto e segurança da cozinha.

Num ápice tinha desaparecido.
Toninho, roleplayed by Maria_madalena
Toninho ficara atordoado com os gritos carregados de cólera daquele estranho homem. Desde que conhecia Arlete nunca vira um homem trata-la assim, ainda mais quando ela se mostrava tão pronta a agracia-lo com a visão divina dos seus fartos seios.

- Peço desculpa, senhor. - Disse meio envergonhado e dirigiu-se ao homem em passos incertos. - Posso tratar do vosso cavalo?

Esperou a alguns metros do homem por uma resposta.
--Gennaro
Gennaro permaneceu em silêncio durante alguns momentos. Pensou em procurar outra estalagem, pensou em pernoitar ao relento, a ideia de permanecer ali, entre as mesmas paredes que aquela mulher, provocava-lhe uma angústia furiosa e foi somente o cansaço da viagem que o derrotou.

- Sim, trate-me do cavalo, mas primeiro lave essas mãos. - E o seu olhar repousou sobre uma tina de água em cima de uma mesa gasta de madeira. Ante o olhar perplexo do moço dos estábulos acrescentou. - Essas mãos estão imundas, tocaram naquela... megera. - A última palavra pronunciada num lento escárnio.
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Toninho, roleplayed by Maria_madalena
Perplexo, Toninho acatou as ordens do estranho homem e depois segurou o cavalo dele pela rédea.

- Estará bem entregue. - Reassegurou com as mãos já limpas. - Tem aqui um belo animal. - Deu uma palmadinha no dorso do animal e quando por fim reparou como o homem permanecia sisudo rematou. - Tenha uma boa noite.
Beatrix_algrave


Enquanto isso no atelier da donzela tecelã, Beatrix fechou a porta assim que Gennaro se foi. Ela estava pensativa, imaginando se de fato conseguiria conviver com alguém tão misógino. Certamente que não permitiria que ele ofendesse as suas três fiandeiras, quanto a ela, teria que aprender a lidar com ele.

- Mas que problema o senhor Yochanan foi me arranjar. Ele ainda me deve explicações sobre aquele encontro com o senhor William no cais de Alcácer. Aquilo certamente foi algo que eu não esperava. Vou pedir-lhe uns dias de licença da heráldica e aproveito e peço também uma explicação.

Ela falava essas palavras em voz baixa, para si mesma, quando notou a presença de Clotilde.

- Está tudo bem, Clotilde. Ele já foi. Poderia me chamar por favor Laurinda, Atília e também quero que chame o André e a Eduarda? Preciso conversar com todos.

Clotilde fez sinal de que sim, com a cabeça e foi buscar as fiandeiras, André e Eduarda. Em pouco tempo estavam todos na sala para a "reunião".

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Fiandeiras


As fiandeiras estavam ansiosas por saber o motivo daquela reunião. Quanto a Eduarda, ela imaginou que se tratassem e notícias da irmã. André não fazia a menor ideia sobre o que era. Apenas Clotilde tinha a suspeita de que a conversa tinha a ver com aquele homem estranho que viera ao atelier.

Atília foi a primeira delas a falar.

- O que se passa minha filha? Algum problema? Noto que está tão tensa. Seja o que for, estamos ao seu lado.


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"Para tecer com fios de luz
A força que me conduz
Para olhar o mundo
Desnudando lá no fundo
Da caixa de costura
A minha alma guardada
Para tecer comigo
A minha própria caminhada"
Beatrix_algrave


Diante da pergunta de Atília, Beatrix foi direto ao ponto, como era de seu feitio.

- Tenho que avisá-las que a partir de amanhã receberei um mestre tecelão, ele virá para me ensinar e aprimorar a minha técnica de trabalho.

Estou avisando pois ele parece ser uma pessoa muito rigorosa, então, isso certamente afetará nosso trabalho por um tempo. Há duas rodas de fiar e um tear horizontal no sótão. Quando ele estiver aqui, poderão trabalhar lá. Assim, não o atrapalharão. Peço isso também pois ele parece ter uma personalidade difícil. Ele é misógino e muito arrogante. Resumindo, ele me parece detestar mulheres, então quanto menos mulheres ele ver, menos vai se irritar.


Ela diz isso e fez uma pausa, esperando a reação das fiandeiras.

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Fiandeiras


- E você vai deixar um homem assim tão mau e cheio de preconceitos entrar na nossa casa?

Laurinda falou aborrecida com revelação.

- Você não precisa de aulas, já trabalha bem. E depois achei aquele homem assustador, ele parece mau.

Clotilde disse, revelando a impressão que Gennaro lhe deixara.

- Como assim detesta mulheres? Ele não teve mãe, irmãs, namorada? Ele deve ser doido.

André disse, com cara de espanto.

- Mulheres são pessoas maravilhosas, ele deve ser muito infeliz.

Ele disse a última parte olhando para Eduarda, então sorriu e corou um pouco.

- Cuidado minha filha, esses homens que odeiam as mulheres são perigosos. Lembro que há religiosos assim, que escrevem que mulheres são amaldiçoadas por causa de Eva, que somos fonte de pecado. E assim, levam muitas a mortes cruéis e injustas na fogueira. Que esse mal não venha a entrar em nossa casa, pela bondosa Deusa.

Atília foi a última a falar.

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"Para tecer com fios de luz
A força que me conduz
Para olhar o mundo
Desnudando lá no fundo
Da caixa de costura
A minha alma guardada
Para tecer comigo
A minha própria caminhada"
Beatrix_algrave


- Eu não sei os motivos dele ser assim, nem me interessam, mas eu realmente preciso das lições. Sou ciente do meu talento, mas comecei há pouco tempo pois sou jovem, e preciso de um mestre, sempre podemos nos aprimorar. Se a Ordem de Azure o enviou, ele deve ser bom. Quanto ao resto, por isso que não gostaria que se aproximassem dele. Não precisam se esconder, mas não quero que interrompam as lições.

Beatrix pediu, tentando acalmar os ânimos.

- Venham apenas se eu chamar. Não quero que ele destrate ou ofenda nenhuma de vocês. Não permitirei isso na nossa casa. Também não quero correr riscos, ele não deve saber nada sobre a fé que professam, se seguem a Jah ou a Deusa.

Ele virá amanhã bem cedo, antes mesmo do sol nascer. Sei que acordamos sempre cedo, mas amanhã será mais cedo ainda. Então, por hoje vamos guardar nossos trabalho e descansar, está bem?


Ela propôs e as fiandeiras concordaram, ainda que não aprovassem de todo a ideia de receber um homem assim tão perverso em seu meio.


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--Gennaro
Bufou com desagrado e abanou a cabeça, descontente com aquela primeira recepção. Não dirigiu mais nenhuma palavra ao moço dos estábulos e saiu dali a passos largos, o seu corpo tenso com a violência que lhe enchia o espírito. A estalagem era logo ao lado do estábulo e Gennaro notou de relance que, apesar do aspecto cuidado, o edifício era já bastante antigo e certamente que sofrera um restauro recente que conservara as características originais. Não se delongou com aquelas análises e entrou.

A sala de recepção estava vazia. Um pequeno balcão de madeira enegrecida e andrajosamente trabalhado ocupava a parte central daquele pequeno cómodo. Em cima do balcão estava um livro vermelho de capa dura e uma planta de folhas verdes e viçosas num vaso com a mesma cor do livro. Do lado direito um banco de madeira almofadado e do lado esquerdo uma série de portas. Havia uma única janela e, àquela hora do dia, o sol iluminava-a conferindo à sala um ar acolhedor.

- Oh da casa! - Chamou com a expectativa de que alguém aparecesse para o atender.

Enquanto esperava tomou a nota mental de nunca mais voltar a confiar na palavra da mulher ruiva.

- Mio dio, mio dio. Che giornata perdente. - Murmurou ao fim de algum tempo quando ainda ninguém tinha aparecido.
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Recepcionista , roleplayed by Maria_madalena
Finalmente liberto das tarefas a que andava entregue dirige-se para a sala de recepção, o seu local habitual de trabalho, e lá encontra um novo hóspede de ar sério e sotaque italiano que praguejava em voz baixa pela demora.

- Boas tardes senhor, peço desculpa pela minha demora. Como posso ajudá-lo? - Sorriu simpaticamente e manteve as mãos colocadas atrás das costas enquanto observava com curiosidade o homem à sua frente.
--Gennaro
Gennaro preparava-se para voltar a chamar quando um homem adentra a pequena sala de recepção. Mostrou-se simpático e o tom da sua voz era afável, mas depois daquela espera e do pecado nos estábulos, a paciência que lhe restava não era muita. Suspirou ao notar como o homem o observava com curiosidade e agradeceu a tudo o que há de mais sagrado o facto do recepcionista não ser uma mulher.

- Quero um quarto sossegado, somente isso. - Informou como se não houvesse nada mais óbvio no mundo.
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Recepcionista , roleplayed by Maria_madalena
O recepcionista anuiu prontamente e fez-lhe sinal com a mão para que o segui-se.

- Venha comigo, temos um quarto bastante recatado nas traseiras, muito, muito sossegado, tenho a certeza que vai gostar. - Tagarelou o homem enquanto o conduzia pelos corredores. - Estrangeiro é? Que propósitos o trazem à nossa bela cidade? Coisas boas espero. - Sorriu e olhou-o, aguardando uma resposta.
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