Aristarco estava ansioso para aqueles dias, e não era para menos, afinal despontaria para a terra lusitana o novo Rei, tirando aquela sensação de orfandade que mui sentira nos dias tristes antecedentes.
Não era incomum usar vestes sempre acompanhadas de algum tom preto, quando decidira por si mesmo a manter a cor enlutada até que Rei ou Rainha se fizesse mais uma vez para dirigir os destinos de Portugal, de maneira que tão somente desse lugar às cores vivas depois de tais acontecimentos.
Foi então quando soube da grande novidade, e não conseguindo ficar parado com isto para si, dirigiu-se até a praça espontaneamente para bradar:
- Temos Rei! Temos Rei!
Apanhou mais fôlego que podia dentro do peito para fazer ainda mais forte a voz, em sonoro berro:
- Vida longa à Sua Majestade Unclescrooge da Gama! Viva o Rei de Portugal!
Começou a balouçar o chapéu em círculos na direção do céu para ovacionar.
Por um momento lembrou-se da Rainha, quando os dias de tristeza deveriam dar finalmente seu lugar aos dias esperançosos, mais uma vez, porque assim era o ciclo da vida, uma roda incansável que girava a fazer o mundo (e os homens) experimentar o sabor da oposição: se era um dia feliz, para finalmente Aristarco deixar luto, jamais deixaria apagar na sua memória o apreço e a grandiosidade da Rainha Ana Catarina; e que o Rei dagora não fizesse menos durante seu reinado, rogou em seu íntimo...
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| Secrétaire Royal | Minstrel of al-Gharb al-Ândalus | Flemish-breton of Iberia: al-Musta'rib |