--Julia_campos
Cortinas de veludo vermelho, escuras e macias cobriam a única janela daquela sala. A escuridão era total apesar de no exterior a manhã já se fazer clara. Sentada numa poltrona estava Júlia, mantinha os olhos aberto embora nada conseguisse discernir. Naqueles últimos tempos vivia atormentada pelos erros do passado, ainda não ousara falar deles, o seu comportamento mantinha-se altivo e os arrependimentos subjugados pelo seu orgulho. Era ali, na escuridão opressiva daquele quarto, que se sentia mais aliviada. No negrume todos os pecados lhe pareciam menos ofensivos.
Um toque suave à porta acordou-a daqueles pensamentos. Sentiu a habitual fúria agitar-lhe os membros e aguçar-lhe a voz. A idade tornara-a ainda mais amarga.
Levantou-se com calma, demorando-se propositadamente nos actos que se seguiram, gostava que esperassem por ela. Antes de abrir a porta correu ligeiramente as cortinas, o suficiente para que um fio de luz atravessasse o quarto e lhe magoasse os olhos habituados às trevas.
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Um toque suave à porta acordou-a daqueles pensamentos. Sentiu a habitual fúria agitar-lhe os membros e aguçar-lhe a voz. A idade tornara-a ainda mais amarga.
Levantou-se com calma, demorando-se propositadamente nos actos que se seguiram, gostava que esperassem por ela. Antes de abrir a porta correu ligeiramente as cortinas, o suficiente para que um fio de luz atravessasse o quarto e lhe magoasse os olhos habituados às trevas.
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