Johnrafael
Chegara o verão, e a forja não era mais um lugar tão agradável para demorar-se, como fora no inverno. Mas o trabalho com os machados a afiar e fazer era muito, e não haveria tempo de refrescar-se. As encomendas não esperariam.
John Rafael, em tronco nu, avental e luvas de couro, retirava uma peça de ferro da forja, olhava um lado e outro, virava-a e devolvia-a às brasas. Fez isso por quatro ou cinco vezes, até tê-la enegrecida, com um ou outro lampejo rubro. Por fim, levou a peça à bigorna e começou a dar a ela a forma básica de um machado, a marretadas.
-Tardia.
-Precoce.
-Precoce.
-Tardia.
-Tardia.
Um senhor havia entrado na forja, e olhava as espadas. Aproximava tanto o olho das lâminas que mais de uma vez o jovem ferreiro pensou que ele poderia ter furado o próprio olho. E depois de cada espada que via, dizia "precoce" ou "tardia". Quando terminou de ver todas, John lhe perguntou:
-Desejais uma espada, senhor?
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