Sylarnash
O Sol levantava-se lentamente no horizonte depois de uma merecida noite de sono. A contrastar com a disposição horária do Sol, os serviçais do Conde de Óbidos encontravam-se desde o início do dia anterior a vaguear de um lado para o outro, para eles fora um dia e uma noite extremamente atarefadas, a lista de afazeres ainda era longa e as preparações pareciam encontrar-se atrasadas. Vindo do interior da propriedade ouviam-se ecos do que pareciam ser severas ordens do Mestre-sala. Não era a primeira vez que aquele grupo, às ordens do Mestre-sala, ficara encarregue de organizar cerimónias, inclusive tinham já, no passado, organizado cerimónias para a Coroa Portuguesa, no entanto a importância da cerimónia que organizavam e, em boa verdade, a quantia investida pelo Conde de Óbidos faziam daquele um evento no qual se deviam esmerar.
Era dentro do imponente edifício da Ordem que a maioria das mudanças se faziam sentir, o amplo Grande Salão outrora repleto de valiosíssimas obras de arte de todos os cantos do mundo, possuía agora apenas um pequeno punhado de telas pintadas e o vazio que permitia aos visitantes caminharem livremente pelo interior do Salão tinha sido preenchido por uma estrutura mais ou menos alta, em madeira e de formato rectangular, em frente a esta encontrava-se uma considerável quantidade de mesas e bancos rústicos. Somente um pequeno espaço, mais à direita da estrutura de madeira se encontrava intocado, e junto a este permaneceu a fileira de cadeiras vazias, local de descanso dos visitantes.
Àquela hora já se ouviam uns ruídos algo semelhantes aos de um ferreiro na sua forja. Apesar da semelhança era possível garantir-se que não se tratava de um ferreiro, não havia uma forja perto da propriedade, na verdade o barulho vinha da cozinha improvisada no pequeno refeitório. As cozinheiras tinham recebido generosas ofertas por parte dos produtores locais e encontravam-se desde o findar da noite a trabalhar arduamente na confeção das iguarias que seriam servidas ao jantar desse mesmo dia. O espaço cedido para servir de cozinha acabara por tornar-se pequeno, haviam sido trazidos inúmeras variedades de carnes, inclusive alguns presuntos estrangeiros, os pescadores locais tinha oferecido também bastante peixe, e os mercadores locais trouxeram uma soberba quantidade de queijos, frutas, alguns barris de vinho e até mesmo um barril de whisky.
No lado oposto ao pequeno refeitório a servir de cozinhas, junto aos portões principais, encontrava-se uma fileira de guardas destacados para segurança da propriedade. Apesar da inocência da Ordem e das boas intenções dos seus membros, os inimigos aglomerar-se-iam junto dos convidados para se infiltrarem na festa.
Os jardins já se encontravam devidamente enfeitados, todas as folhas que tinham caído no decorrer do dia anterior tinham sido recolhidas de forma a deixar os jardins com um ar mais limpo e belo, as duas estatuetas à entrada da propriedade também tinha sido alvo de um polimento geral, fazendo com que as mesmas encaixassem na perfeição naquele lugar paradisíaco. Um grupo de mordomos havia sido instruído para se manter ali mesmo, perto das estatuetas, no local de entrada, tinha-lhes sido dada como função receber os convidados e direciona-los pelos cantos da propriedade da Ordem, em breve teriam o seu propósito realizado, a cerimónia estava prestes a dar início.
Não obstante o atraso, a grande festa de inauguração da Ordem da Bússola d'Ouro realizar-se-ia, os últimos arranjos estavam em curso e a partir do meio da tarde os convidados começariam a ser recebidos.
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