William Casterwill, roleplayed by Maria_madalena
O seu olhar gélido estava preso em Juliana. Haviam passado décadas e o seu ressentimento para com a matriarca do clã Nunes não diminuíra, algumas feridas simplesmente nunca se curavam. Era incapaz de lhe perdoar aquela traição e a única forma de terminar com a agonia lenta que o corrompia quando se entregava aos pensamentos e utopias do passado era matá-la. Já não existia calor no olhar de Juliana, a voz dela já não lhe provocava arrepios e o calor do seu corpo desaparecia em breve. Tudo o que desejava era vê-la morrer de forma dolorosa. O filho bastardo de ambos, Adrian Casterwill, era, sem dúvida alguma, a melhor coisa que aquela mulher lhe dera. Apesar do sangue mestiço, resultante de um cruzamento entre duas famílias que se odeiam, Adrian era o primogénito com que sempre sonhara, ousado, cruel, desmedido e sagaz.
Aqueles pensamentos conduziram-no a Nicole, a sua neta e o seu pequeno orgulho. Nela havia sede de poder e uma insensibilidade tão fria que rivalizava com a do próprio Adrian. A face bonita e o corpo esbelto tornavam-na numa arma ainda mais perigosa. Lorde Casterwill rejubilara com o assassínio de Vaughn e Monique, apesar de seu filho, Vaughn nunca fora digno da sua linhagem e a sua morte fora uma bênção porque ansiara durante longos anos. Aquela fora a derradeira prova e Nicole revelara-se uma assassina eficaz, capaz de matar cegamente em prol do clã. A vaidade que sentia por ela enchia-lhe o peito.
Fazia questão de sujar as mãos com o sangue de Juliana, mas naquele momento tinha outras prioridades. Um olhar mais demorado fê-lo reparar nas duas raparigas que acompanhavam Nicole. Uma morena, uma ruiva. Uma Casterwill, outra Nunes. A bastarda, a desprezível. Um sorriso de escárnio cobriu-lhe os lábios e o Lorde aproximou-se de ambas.
- My dear
* A voz um leve sussurro enlevado com malícia. I see that you brought me two little presents. Youre always surprising me. **
Não desviou o olhar das duas intrusas, mas a sua frase fora dirigida a Nicole. Aproximou-se mais, reduzindo a distâncias a escassos centímetros e, arrojadamente, William Casterwill afagou a face de Beatrix, acariciando-a levemente com as costas da mão direita.
- Nunes, procuras a tua morte? Perguntou com lentidão ao mesmo tempo que a sua mão desenhava pequenos círculos no rosto da ruiva. Parva, o que te passou pela cabeça para procurares o covil Casterwill? Julgaste que a Nicole te protegeria? Uma gargalhada divertida ecoou pelo silêncio que se havia apoderado do cais e a sua mão deslizou até aos cabelos ruivos de Beatrix puxando-os com mais força do que aquela que seria necessária. O teu sangue é a tua mácula, a tua origem desprezível, serás a última da tua linhagem.
As suas atenções desviaram-se para Madalena e a mão de William repousou-lhe brevemente pelo rosto descendo em direcção ao seu pescoço.
- Bastarda, bastarda, manchas o teu nome duas vezes, com o sangue impuro que te corre nas veias e com essas pernas que abres tão facilmente. Para sugerir exactamente o que acabava de dizer, William cravou a unha do polegar na carne macia do pescoço de Madalena até que uma pequena gota de sangue se formou, ao mesmo tempo a sua perna direita avançava até o joelho estar posicionado firmemente entre as pernas da meretriz. Legitimada? Não passas de uma rameira suja, uma manobra de diversão.
William afastou-se e cuspiu para o chão, mesmo em frente a Beatrix e Madalena.
* Minha querida...
** Vejo que me trouxestes dois pequenos presentes. Estás sempre a surpreender-me.
Narrador..
Arnold submetia se ao silencio enquanto observava os seus pais e a sua protegida, sentia-se incapaz de ajudar a sua própria família, e principalmente culpado por ajudar a Nicole a sobreviver aos ataques daqueles que agora lhe eram aliados.
Manteve se inerte ao monólogo de Nicole e de William, questionando se a si mesmo, quando seria o fim..
Narrador..
Arnold submetia se ao silencio enquanto observava os seus pais e a sua protegida, sentia-se incapaz de ajudar a sua própria família, e principalmente culpado por ajudar a Nicole a sobreviver aos ataques daqueles que agora lhe eram aliados.
Manteve se inerte ao monólogo de Nicole e de William, questionando se a si mesmo, quando seria o fim..
William Casterwill, roleplayed by Maria_madalena
William observou com nítida satisfação a aproximação da neta aos Nunes e ficou ainda mais satisfeita ao vê-la agir com tanta prontidão e rapidez. Num gesto lento, satisfeito e preciso, Nicole cortou a garganta de Virgílio. O homem contorceu-se à medida que o sangue lhe toldava as respirações e a vida o abandonado. Havia um brilho sinistro no olhar da sua neta e no seu também. Aquele espectáculo era-lhe agradável.
O sangue do Nunes manchava o chão e Lorde Casterwill aproximou-se cautelosamente, não fazendo intenções de sujar a sua roupa, pelo menos por enquanto. Virgílio ainda se debatia em sufoco, produzindo sons abafados quando Nicole terminara de o abordar. Por longos momentos pareceu deliberar naquelas propostas enquanto coçava a barba distraidamente até que falou:
- O que dizes, rapariga? Julgas que tens a fidelidade delas? - Desviou o olhar para as referidas, atentando nelas brevemente, até que voltou a dirigir-se à neta. - Estão horrorizadas. - Uma gargalhada gutural ergueu-se em si. O sofrimento alheio deixava-o satisfeito. - Mas diz-me até que ponto nos podem ser úteis... sabes bem que nunca recuso um bom negócio.
William Casterwill, roleplayed by Maria_madalena
As palavras da sua neta provocaram uma reacção que ele não esperava. A indignação e o sofrimento, mostravam quer empatia com Nicole, quer com as crianças que esta se disponibilizara para usar como moeda de troca. A segurança dos meninos em favor da sua impotência contra o clã Casterwill, não era de todo uma má ideia, mas não lhe pareceu a mais eficaz. Só uma solução calava todas as vozes dissonantes e essa era a morte. Passou as mãos pensativamente pela barba e atentou nas ameaças e insultos que eram proferidos. Aquela despedida revelara-se melhor do que todas as previsões.
Juliana ousara falar e o seu olhar repousou de imediato sobre a sua antiga amante. A voz dela provocou-lhe arrepios, não sabia se por recordações do passado ou se por vontade de lhe deitar as mãos ao pescoço e vê-la sufocar e espernear no seu abraço brutal. A memória dos lábios carnudos de Juliana sobre os seus reprimiu-lhe aquele pensamento atroz. Com uma sacudidela da cabeça tentou esquecer-se daquilo. Não estava ali para recordar as paixões do passado, mas sim para matá-las.
- Nicole, my dear, they're losing their respect for you. Do you really want to subjugate them by fear? It can be tricky and risky. Sooner or later they'll betray you.* - William aconselhava a sua neta acerca daquelas decisões, Nicole era jovem e faltava-lhe a experiência que apenas vinha com a idade. - A Eduarda é uma Casterwill, bem verdade, mas tem o sangue do teu pai, parece-me que herdou o espírito enfraquecido dele, não nos será de grande utilidade. Devias tê-la trazido para a carnificina de hoje, seria menos um problema para lidares no futuro, quero-a morta. - Sorriu e deixou claro que aquilo era uma ordem. - Esse André, desconheço quem seja, mas se estiver associado a Nunes, também o quero morto, Nicole. Como vais calar essas duas? - inquiriu ao apontar com o dedo para Madalena e Beatrix.
* Nicole, minha querida, elas estão a perder o respeito por ti. Queres realmente subjuga-las pelo medo? Pode ser complicado e arriscado. Mais tarde ou mais cedo elas vão trair-te.