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[RP] Casa da Babilónia

--Julia_campos
Cortinas de veludo vermelho, escuras e macias cobriam a única janela daquela sala. A escuridão era total apesar de no exterior a manhã já se fazer clara. Sentada numa poltrona estava Júlia, mantinha os olhos aberto embora nada conseguisse discernir. Naqueles últimos tempos vivia atormentada pelos erros do passado, ainda não ousara falar deles, o seu comportamento mantinha-se altivo e os arrependimentos subjugados pelo seu orgulho. Era ali, na escuridão opressiva daquele quarto, que se sentia mais aliviada. No negrume todos os pecados lhe pareciam menos ofensivos.

Um toque suave à porta acordou-a daqueles pensamentos. Sentiu a habitual fúria agitar-lhe os membros e aguçar-lhe a voz. A idade tornara-a ainda mais amarga.

Levantou-se com calma, demorando-se propositadamente nos actos que se seguiram, gostava que esperassem por ela. Antes de abrir a porta correu ligeiramente as cortinas, o suficiente para que um fio de luz atravessasse o quarto e lhe magoasse os olhos habituados às trevas.

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Adelma, roleplayed by Maria_madalena
Adelma subiu as escadas apressadamente, percorrendo os corredores vazios e silenciosos. Os seus passos ecoavam pelo soalho rangente e a sua respiração tornou-se mais arfante à medida que esta se aproximava do quarto da proxeneta. Júlia não era um exemplo de simpatia.

Bateu duas vezes à porta, toques suaves e pausados, sabia que ela não gostava de ser apressada, o tom de ordem era-lhe restrito e exclusivo. Adelma sabia bem disso.


- Senhora? - inquiriu através da porta.
--Julia_campos
Júlia abriu a porta de rompante gargalhando ante o sobressalto de Adelma.

- Que me queres? - havia um tom jocoso e autoritário na sua voz.

A proxeneta reparou no papel e no pequeno saco que Adelma trazia consigo.

- Abriste as pernas, foi? Houve alguém que te quis além da vassoura? - comentou às gargalhadas.
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Adelma, roleplayed by Maria_madalena
Assim que a porta se abriu, Adelma sentiu a falta da sua vassoura. Júlia estava tão intragável como o costume. Com a mão livre agarrou as saias, controlando-se para não fugir.

- Senhora, dona Júlia, pediram-me para lhe entregar este papel e este saco com moedas. - estendeu a mão, aguardando que a proxeneta aceitasse e ignorou educadamente todos os comentários ofensivos que esta acabara de proferir.
--Julia_campos
Júlia não perdeu o ar de graça ao estender a mão para agarrar bruscamente o papel e o saco com as moedas.

- Desaparece daqui! - as palavras rosnadas com violência.

Enquanto Adelma percorria o corredor Júlia desenrolou habilmente o papel e sorriu ao lê-lo. A fama da Babilónia crescia a cada dia que passava, isso dava-lhe satisfação.

De imediato pensou em Letícia, a jovem de cabelos loiros e olhos verdes que ia e vinha da Babilónia a seu belo prazer. Júlia nunca conseguira dominar o seu espírito bravio, mas também nunca tivera intenções de dispensa-la. Letícia aparecia para fazer uns quantos serviços e a proxeneta sabia que hoje a poderia encontrar na Babilónia.

Precipitou-se pelo corredor fora e num ápice estava a bater à porta do quarto que lhe interessava.

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Leticia


Leticia ouviu as batidas na porta enquanto se recompunha preguiçosamente. Ela fechava a blusa e arrumava displicentemente os cachos loiros que eram o seu orgulho e a sua fama. Seu cliente já havia deixado os aposentos, e só restava uma cama desarrumada que testemunhou mais uma noite de labuta e que fez valer aquele saco de veludo que ela agora acarinhava junto ao peito, com uma delicadeza cheia de volúpia.

Sem pressa ela pôs sobre os ombros o xale de renda vermelho e caminhou até a porta. Pela batida ela imaginava que fosse algum novo cliente empurrado por Julia. Ela que era tão caprichosa sobre quem ou não atender, as vezes cedia, para manter ali seu espaço.

Mas ela não era uma das "meninas de Julia", ela apenas usava a Babilônia para o seu trabalho, e fazia questão de deixar isso claro.

Assim, ela abriu a porta e ficou surpresa em ver Julia ali em pessoa.

Leticia era uma rapariga loira de uns dezenove anos, de cabelos longos e ligeiramente cacheados, tinha olhos grandes e verdes. Seus lábios eram carnudos e seu queixo delicado. Seu busto era farto, mas ela era um pouco magra. Descrevê-la assim aos pedaços não ajudava a entender a sua beleza, assim como saber a cor de seus olhos não explicava a sua expressão obliqua e dissumulada, de quem estava sempre a esconder algo. Alguém que nunca era sincera nas afeições que demonstrava. Mas nessa profissão o fingir bem, em vez de defeito era uma arte, uma qualidade apreciável. Sua delicadeza escondia uma dureza e uma agressividade que ninguém sonharia. Se os olhos são o espelho da alma, os de Leticia mentiam descaradamente, pois prometiam uma doçura que não existia.

- Precisando de mim? Já terminei meu encontro da noite, se é o que quer saber.

Ela disse e sorriu com um ar despreocupado e ligeiramente arrogante que irritava Julia, mas que encantava os homens.
--Julia_campos
Júlia sorriu, disfarçando o incómodo que a autoridade de Letícia lhe provocava. Estendeu-lhe a mão, segurando o papel amarrotado entre dois dedos.

- Leia isto. - disse-lhe e meneou ligeiramente a cabeça incentivando-a.

Com a outra mão abanou o saco das moedas.
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Leticia


Leticia leu com atenção o que dizia o papel. Essa era outra peculiaridade sua, era letrada, algo raro a época.

Ao ler a mensagem ela sorriu.

- Atendo todos os requisitos. Entendo quando pedem uma loira, ou fazem questão de uma ruiva... Mas o que será que dá a este sujeito aversão a morenas? Talvez eu descubra, talvez não... Aceito, pois é o meu tipo de serviço, como você sabe.


Ela disse e admirou com o olhar o saco sobre a mão de Julia, medindo-lhe o contorno e adivinhando-lhe o peso que ajudava a convence-la.

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"Sabe o medo que algumas pessoas tem da escuridão? Às vezes ele é verdadeiro. Nunca negue seus instintos, pois eles não mentem."
--Julia_campos
Júlia sorriu ainda mais, mostrando a boca com falta de dentes e entregou o saco com as moedas a Letícia. Havia retirado a sua parte no curto percurso até ao quarto da jovem.

- Muito bem, é sempre um prazer negociar contigo, minha jovem.

Esperava que aquela quantia lhe fosse suficiente.
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Leticia


Leticia sentiu o peso do saco. Imaginava que Julia já tivesse subtraído sua parte mas estava conformada.

- Considere feito. Só quero saber mais detalhes de onde será o encontro "romântico", pois aqui não tem nada além da cidade. Não quero vagar por Santarém a procura de um estranho de quem nem sei o nome.

Leticia pediu, ligeiramente desconfiada com aquela imprecisão. De certo era algum homem casado ou sacerdote, para ocultar-se assim e sequer desejar por os pés na Babilônia. Mas se ele queria discrição, certamente a teria.

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"Sabe o medo que algumas pessoas tem da escuridão? Às vezes ele é verdadeiro. Nunca negue seus instintos, pois eles não mentem."
--Julia_campos
Júlia bateu levemente com a mão direita na testa.

- Oh, minha querida, falha minha, tens um homem à tua espera no salão principal. Ele levar-te-à até ao cliente.

A proxeneta desviou-se da porta e estendeu a mão, incentivando-a a partir.
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Leticia


Aquelas palavras despertaram a curiosidade de Leticia que concordou em ir até o salão e tratar com o mensageiro. Queria descobrir mais sobre aquele cliente que buscava tanta discrição.

- Está bem, vou tratar dos detalhes com ele, então.

Leticia deixou Julia e caminhou até a sala onde deparou-se com o mensageiro Enrico. Ela arrumou displicentemente os cachos e dirigiu-se a ele, indo logo direto ao assunto.

- Bom dia, creio que temos negócios a tratar. Quero os detalhes que preciso para atender ao seu senhor em Santarém. Creio que atendo todos os requisitos que ele pediu, só me falta o endereço. Em que local de Santarém nos encontraremos?
--Enrico
- Bom dia, creio que temos negócios a tratar. Quero os detalhes que preciso para atender ao seu senhor em Santarém. Creio que atendo todos os requisitos que ele pediu, só me falta o endereço. Em que local de Santarém nos encontraremos?

-Amanhã ao anoitecer, a carruagem irá parar em frente à Sé de Santarém. Eu serei o cocheiro. A senhorita só terá de entrar e fazer o seu trabalho. Quando o meu senhor chegar ao destino, deves te manter composta, pois aparecerás em público. Pareça uma mulher digna, se conseguir. Seu nome é?- ouviu a resposta. Muito bem. Na Sé de Santarém, ao anoitecer de amanhã.

Dito isto, deixou a mulher a se preparar e foi embora.
Leticia


A mulher ouviu as palavras do mensageiro, achando aquele encontro deveras peculiar.

"Pareça uma mulher digna, se conseguir."

Nesse ponto, Leticia levantou uma das sobrancelhas discretamente em sinal de desdém. Obviamente que ela poderia atender a esse pedido, pois representar fazia parte do negócio, e era hábito seu atender uma clientela mais abastada. Já fizera-se passar certa vez pela esposa de um rico senhor de terras, mas aquilo tivera um propósito bem diverso daquele. Ela já fingira tantas coisas, que essa comparada às outras coisas que lhe pediam, era bem simples.

- Leticia.

Ela respondeu ao homem, e emendou.

- Sim, estamos acertados.

Após concluir esses detalhes, ela observou o homem partir. Ela estava pensativa sobre aquele estranho gosto. Mas cada um sabia o que mais lhe apetecia, e onde teria mais satisfação. Se aquele desejava tal distração na carruagem, que assim fosse.

Ela pensava e deixou a Babilônia, cobrindo-se com o xale, pois o dia estava frio. Caminhou até a esquina e tomou uma carruagem para retornar mais rapidamente a sua casa e preparar-se adequadamente para aquele serviço.

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"Sabe o medo que algumas pessoas tem da escuridão? Às vezes ele é verdadeiro. Nunca negue seus instintos, pois eles não mentem."
Leticia


Depois da conclusão do encontro com o jovem senhor e de sua missão em Sintra, Letícia estava de volta ao Porto. Ela havia recebido na praça de Lisboa uma mensagem de um dos seus contatos de que deveria retornar para a Casa da Babilônia. Assim, na noite em que retornou ao Porto, ela foi ao bordel e tomou o quarto que sempre utilizava, que felizmente estava desocupado.

Ali ela ficou aguardando receber os detalhes da nova missão que deveria desempenhar. Esperava que desse vez fosse algo emocionante e desafiador.

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