Maria Madalena olha apreensiva para a Capela de Santa Galadrielle do Douro, o edifício é austero e imponente, tal como todas as capelas e igrejas do Reino. A meretriz nunca colocou um pé em locais sagrados, é uma herege natural, nascida e educada na prostituição, os hábitos religiosos simplesmente não vieram. O mais perto que esteve de atingir a salvação foi quando satisfez um bispo entre os brancos lençóis da Babilónia. E agora ali estava, cabelos arrumados e bem presos, o seu vestido mais discreto colocado, incerta e insegura. Fazendo uso da pouca tenacidade que lhe restava, Madalena obrigou-se a caminhar e entrar na Capela.
No interior estavam já alguns dos convidados, Madalena reconheceu Beatrix e David e acenou discretamente aos dois. Agora que estava no interior do edifício sentia-se ainda mais nervosa. A sensação de falta de pertença apenas crescia. Observou que alguns dos convidados rezavam, mas a meretriz não sabia como fazê-lo.
Apressou-se a arranjar local, sozinha, num dos bancos do meio. Pelo menos o silêncio permitir-lhe-ia alguns momentos de reflexão.
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