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[RP] A Casa da Colina

Zeca, o Floresta , roleplayed by Maria_madalena
O caminho até à clareira foi feito num silêncio constrangedor, interrompido apenas pelo ocasional quebrar de um ramo e pelo canto ameno dos pássaros. A distância galgada em breves minutos durante a corrida desenfreada, tomou agora o seu tempo em passos cautelosos e por vezes incertos. Apesar do enlace das mãos ter sido quebrado logo no início do percurso, ocasionalmente Zeca tinha de amparar a mulher a seu lado.

Parece que chegámos... Seria melhor sentar-se aqui. - disse ao estender a sua capa negra no chão.
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Maria_madalena
Madalena acatou de imediato a ordem dada por aquele homem e sentou-se em cima da capa dele, soltando um gemido abafado e depois um longo suspiro.

O homem agachou-se à sua frente e abriu a sua sacola procurando por algo no interior. Ocasionalmente a meretriz ouvia o agudo trinar de frascos de vidro um contra os outros. Pensou em perguntar-lhe o que procurava, mas o homem estava tão compenetrado na busca que Madalena achou melhor permanecer calada. À sua volta a vegetação iniciou um terno oscilar provocado pela brisa de fim de tarde, o sol, já baixo no horizonte, refractava-se pelas águas corridas do Douro e providenciava alguma iluminação aos animais que por ali se escondiam. Do interior da sacola, saíram dois fracos de vidro gastos e com anotações toscas num papel, a meretriz olhou-os inquisitivamente, com a curiosidade à flor da pele, mas novamente permaneceu calada. Os cortes nas pernas ardiam-lhe e a Madalena concentrou-se em manter a expressão facial impenetrável. Foi somente quando o homem se levantou e caminhou em direcção ao denso arvoredo que a meretriz perguntou:


Onde vai?
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Zeca, o Floresta , roleplayed by Maria_madalena
Zeca olhou a mulher por cima do ombro e sorriu:

Vou apanhar umas ervas para fazer um cataplasma, senhora. Volto já.

O Floresta caminhou em direcção ao emaranhado de vegetação, de olhos postos no chão e ligeiramente curvado. Ocasionalmente, aninhava-se em frente a alguma erva e analisava-a: começava por lhe tocar levemente com as pontas dos dedos, sentindo a textura e recortes das folhas; depois cheirava a planta, procurando discernir as suas características e propriedades principais, um ritual quase sagrado.

Ao fim de alguns minutos e muitos metros percorridos, Zeca segurava um molho de ervas do seu agrado e regressou à clareira.

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Maria_madalena
Madalena ouviu-o antes de o ver, pois os passos pesados daquele homem retumbavam ruidosamente no chão coberto de folhas e ramos secos, desta vez ele caminhava descuidadamente, alheado dos sons que provocava e das atenções animalescas que recaiam sobre si. Nas mãos trazia um molho de ervas de dimensão consideráveis e o olhar espelhava alguma preocupação e dúvida. A meretriz voltou a olhar os cortes nas suas pernas e não lhe pareceu que fossem dignos de tal inquietação. Quando por fim o homem surgiu à sua frente, Madalena prendeu a respiração por breves momentos e apenas o contemplou, admirando a sua beleza felina.
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Zeca, o Floresta , roleplayed by Maria_madalena
Zeca acercou-se imediatamente da mulher, tomando um lugar ao seu lado no chão.

Qual o vosso nome, senhora? - perguntou na ânsia de satisfazer aquela curiosidade.
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Maria_madalena
A meretriz sorriu delicadamente.

Madalena, e o vosso?

Distraidamente, a meretriz envolveu algumas folhas velhas com as mãos e esmagou-as entre os dedos.

Tendes por hábito recolher ervas para todas as senhoras que ameaçais?
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Zeca, o Floresta , roleplayed by Maria_madalena
Desta vez foi Zeca quem gargalhou. O comentário mordaz assentava perfeitamente naquela mulher de pele alva e olhar aparentemente inocente.

Zeca... E não, não tenho por hábito recolher ervas para todas as senhoras que invadem a minha propriedade. - informou-a num tom de voz risonho.

Zeca levantou-se e limpou o solo de folhas velhas num local próximo de Madalena, em seguida, recolheu alguns galhos bem secos e empilhou-os em forma de pirâmide no centro.

Vou acender uma fogueira, senhora. - disse-lhe, constatando o óbvio.

As duas pedras que segurava entre as mãos chocaram algumas vezes e por fim uma chama iluminou os ramos.

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Maria_madalena
Tende cuidado, não queremos pegar fogo à vossa estimada floresta. - admoestou a meretriz, abarcando num gesto a paisagem à sua volta.

Zeca não lhe respondeu e a meretriz encolheu os ombros, limitando-se a observá-lo. O homem retirara uma pequeno tacho de barro da sua sacola e enchia-o agora com água do rio. Madalena olhou para trás, pensou que esta seria a altura ideal para fugir, talvez pudesse mesmo aproximar-se dele suavemente e atirá-lo ao rio... Se ele se apercebesse da sua chegada, poderia distrai-lo com um beijo e atirá-lo na mesma ao rio. Ali as águas eram fortes e mesmo um homem de bom porte-físico teria dificuldades em resistir à corrente.

A meretriz apoiou as mãos no chão e ergueu-se ligeiramente. Iria concretizar aquele plano, mandaria o homem ao rio, não se submeteria às vontades masculinas, era uma mulher forte. Porque diabos estava ele a cuidar dela? Faria tenções de retê-la ali? Tomá-la como sua? Matá-la? Não deveria ter-se iludido com o beijo, muito menos com os olhares inocentes e a preocupação no rosto do homem. Bem sabia que tudo não passava de um ardiloso esquema. Mas que esquema? Os pensamentos desenrolavam-se na sua mente num constante frenesim e Madalena estava já a meio do percurso, quando se indagou acerca da credibilidade daquelas teorias. Os seus olhos perderam-se por momentos no horizonte e quando voltou a procurar o vulto ao pé do rio este já lá não se encontrava.

Sobressaltada a meretriz olhou à volta...


Que fazeis? - perguntou numa voz aguda ao vê-lo cortar as ervas com uma navalha para dentro da panela com água.
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Zeca, o Floresta , roleplayed by Maria_madalena
Zeca permaneceu concentrado no corte das ervas e respondeu calmamente:

Preparo-vos o castaplasma. Não vendes senhora? Estou a adicionar as ervas a esta água... - na ausência de resposta, continuou - Teremos de esperar que ferva, podeis usar esse tempo para magicar outras fugas, mas não vos aconselho. A noite está a dar os primeiros sinais, acabaríeis perdida... sozinha...

Encolheu os ombros.
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Maria_madalena
Madalena balbuciou algumas palavras incompreensíveis, agitou os braços no ar e por fim desistiu. Sem outras opções viáveis, a meretriz voltou a sentar-se na capa e ficou a olhá-lo de forma desconfiada.

Certamente que desfrutara do beijo e daquele toque desesperado, certamente que apreciava os cuidados que estava a ter com ela, a ousadia das respostas e o travo selvagem daqueles olhos. Mas era exactamente por isso que estava desconfiada. Compreendia a atitude hostil, compreendia se a tivesse morto imediatamente ali, mas não compreendia o modo afável e a nítida preocupação. Ela tê-lo-ia morto, se tivesse a oportunidade e os meios, tê-lo-ia expulso da propriedade, se esta fosse sua, tê-lo-ia amordaçado e violado, se tal pensamento fosse alcançável. Porque não fazia ele isso tudo? Nos breves momentos após o beijo, Madalena acreditara nas boas intenções do homem, ou pelo menos tentara acreditar.

Agora que a noite rasgava o horizonte, o medo percorria-a de novo.

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Zeca, o Floresta , roleplayed by Maria_madalena
Madalena permaneceu calada durante os minutos que se seguiram e Zeca nada acrescentou. Limitou-se a adicionar farinha à agua que já fervia até esta formar uma massa espessa e pegajosa, depois despejou o conteúdo dos dois fracos de vidro e mexeu a mistura com um raminho.

Durante todo aquele tempo não lhe dirigiu um único olhar ou palavra. Um silêncio gélido percorria a clareira.

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Maria_madalena
Os sentimentos da meretriz eram contraditórios e o coração retumbava fortemente no seu peito, sinónimo da sua instabilidade emocional. Madalena tinha o queixo assente sobre os joelhos e as mãos à volta das pernas, os seus olhos estavam fixos no homem e nos seus movimentos, mas o torpor mental era tão grande que sentia-se incapaz de formar qualquer tipo de pensamento coerente. Podiam confundi-la com uma criança, tal era a perturbação no seu rosto.
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Zeca, o Floresta , roleplayed by Maria_madalena
Zeca retirou a panela do lume e assentou-a sobre o chão esperando que arrefecesse o suficiente. Assim que ficou satisfeito com a temperatura da mistura caminhou até Madalena e ocupou uma posição a seu lado.

Madalena? Senhora?
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Maria_madalena
Madalena ergueu timidamente o olhar para ele e murmurou:

Sim?
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Zeca, o Floresta , roleplayed by Maria_madalena
Zeca indicou vagamente a panela ao seu lado e referiu:

O vosso cataplasma está pronto. Tenho autorização para aplicá-lo? Ou preferis fazê-lo por conta própria?
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