Maria_madalena
Madalena arregalou os olhos e quase deixou cair a taça vazia de whisky sobre a mesa ao ouvir William falar sobre a sua violação. Cada uma das cicatrizes nas suas costas pareceu arder e a respiração ficou-lhe presa nos pulmões ao recordar como o homem a imobilizara e violentara. Pior do que isso era saber que a sua mãe assistira a parte do seu tormento e nada fizera para lhe pôr um fim. Lembrou-se também de Zeca e da sua inesgotável dedicação durante meses, mas não pôde esquecer a forma como um dia a abandonou, sem uma palavra ou um olhar. Teve dificuldades em recuperar a fala e quando o fez, tropeçou e voltou a silenciar-se. O tempo pareceu-lhe longo, tal era a intensidade daquelas memórias.
- Quando se é exposta à violência em tenra idade, ela deixa de nos ser estranha. - A voz de Madalena não mais do que um murmúrio triste. - O primo não saberá como é. - Abanou a cabeça em desalento. - E não o considero um intrometido, agradeço as vossas palavras e a vossa preocupação. É bom saber que não estamos sozinhos.
Levantou-se, percebendo que o primo desejava partir, sorriu-lhe e esperou que este a seguisse até à porta.
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- Quando se é exposta à violência em tenra idade, ela deixa de nos ser estranha. - A voz de Madalena não mais do que um murmúrio triste. - O primo não saberá como é. - Abanou a cabeça em desalento. - E não o considero um intrometido, agradeço as vossas palavras e a vossa preocupação. É bom saber que não estamos sozinhos.
Levantou-se, percebendo que o primo desejava partir, sorriu-lhe e esperou que este a seguisse até à porta.
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