Maria_madalena
O silêncio que imperou durante os instantes que se seguiram à retirada da caixa não durou tempo suficiente. Um súbito estremecer abalou as fundações do labirinto e o mundo à sua volta pareceu desabar. O coração de Madalena retumbava nervosamente e quando esta já achava que o tecto lhe cairia em cima, tudo pareceu silenciar novamente. No momento seguinte, foram jactos de água fria que embateram contra si, provenientes da plataforma, e Madalena levantou-se de imediato, apavorada, esquecendo-se da caixa e acabando por deixa-la cair no chão.
Desesperada, agachou-se, sendo completamente atingida por um dos jactos que a empurrou para a direita, levou uma mão ao rosto limpando o excesso de água e palpou o chão em torno, procurando pela caixa, a tarefa demorou e pareceu-lhe impossível. Quando por fim os seus dedos tocaram o objecto de madeira já o chão estava coberto por alguns centímetros de água. Um suspiro de alívio escapou-lhe por entre os lábios, talvez a solução para o problema estivesse dentro da caixa. Com as mãos a tremer, procurou as ranhuras que permitiriam a abertura, naquela penumbra, com a pele molhada, o corpo frio e a alma envolta em medo, uma tarefa tão simples como aquela levou-lhe uma eternidade, tempo de que Madalena não dispunha. A abertura foi marcada por um discreto som, de súbito abafado pelo gorgolejar incessante da água. Madalena respirou fundo, os olhos fixos no local onde julgava estar a caixa, como seria de esperar, nada viu. Tacteou com receio o interior sentindo os contornos daquilo que lhe parecia ser um colar ou um medalhão. Foi invadida por uma torrente de pensamentos assim que os seus dedos delinearam melhor a silhueta do pingente.
- Júlia... - murmurou numa voz ligeiramente embargada pela emoção.
Pensou na sua meia-irmã, Nicole, e na prima Beatrix, e foi com esses pensamentos que enfrentou os jactos de água, tentando encontrar o caminho por onde viera. Não tardou para descobrir que andava em círculos e a sala estava maciçamente fechada.
Foi então que tentou aproximar-se novamente da plataforma. Tinha colocado o medalhão que lhe caía agora próximo do peito, onde deveria ter estado sempre e, se fosse possível, ver-se-ia a determinação que agora lhe ardia no olhar. Um movimento atrás do outro, sucessivos desequilíbrios e muitas quase quedas depois, Madalena estava novamente junto da plataforma.
De novo aninhada, procurou por possíveis fissuras. Talvez o medalhão fosse a chave para terminar o dilúvio, talvez a sua mãe fosse capaz de salva-la...
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Desesperada, agachou-se, sendo completamente atingida por um dos jactos que a empurrou para a direita, levou uma mão ao rosto limpando o excesso de água e palpou o chão em torno, procurando pela caixa, a tarefa demorou e pareceu-lhe impossível. Quando por fim os seus dedos tocaram o objecto de madeira já o chão estava coberto por alguns centímetros de água. Um suspiro de alívio escapou-lhe por entre os lábios, talvez a solução para o problema estivesse dentro da caixa. Com as mãos a tremer, procurou as ranhuras que permitiriam a abertura, naquela penumbra, com a pele molhada, o corpo frio e a alma envolta em medo, uma tarefa tão simples como aquela levou-lhe uma eternidade, tempo de que Madalena não dispunha. A abertura foi marcada por um discreto som, de súbito abafado pelo gorgolejar incessante da água. Madalena respirou fundo, os olhos fixos no local onde julgava estar a caixa, como seria de esperar, nada viu. Tacteou com receio o interior sentindo os contornos daquilo que lhe parecia ser um colar ou um medalhão. Foi invadida por uma torrente de pensamentos assim que os seus dedos delinearam melhor a silhueta do pingente.
- Júlia... - murmurou numa voz ligeiramente embargada pela emoção.
Pensou na sua meia-irmã, Nicole, e na prima Beatrix, e foi com esses pensamentos que enfrentou os jactos de água, tentando encontrar o caminho por onde viera. Não tardou para descobrir que andava em círculos e a sala estava maciçamente fechada.
Foi então que tentou aproximar-se novamente da plataforma. Tinha colocado o medalhão que lhe caía agora próximo do peito, onde deveria ter estado sempre e, se fosse possível, ver-se-ia a determinação que agora lhe ardia no olhar. Um movimento atrás do outro, sucessivos desequilíbrios e muitas quase quedas depois, Madalena estava novamente junto da plataforma.
De novo aninhada, procurou por possíveis fissuras. Talvez o medalhão fosse a chave para terminar o dilúvio, talvez a sua mãe fosse capaz de salva-la...
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