Ltdamasceno
Damasceno havia recebido um convite indireto para o casamento de Volúpia, seu amigo e Conde Majarax o havia convidado para os acompanhar, mas o Patriarca ficou pensativo se deveria ir ou não. Conhecia a dama Volúpia, mas não saberia se seria bem-vindo em um templo hexista, suas experiências em adentrar templos nunca eram agradáveis e nem lhe traziam boas lembranças...
O caminho era razoavelmente longo e ele já se sentia cansado das estradas, longas viagens lhe fazia filosofar sobre a vida e sobre o que viveu até então. Isso lhe entristecia, pois chegava a conclusões deprimentes e por fim, ficava com raiva.
Na estrada e em sua carroça, desacompanhado da esposa e de seu fiel amigo Manoel que ainda se recuperava do último assalto que sofreram, Damasceno viajou em silêncio e sem pressa. A chuva caia e ele passou a "adorar" ainda mais o percurso, a melancolia agora gargalhava de si e o Patriarca podia notar isso claramente. Por fim, avistou uma nuvem negra se elevar a distância e quando se aproximou melhor, percebeu que se tratava de fumaça, era fumaça demais para ser uma simples fogueira.
Pessoas e carroças cruzavam o caminho de Damasceno, a frequência aumentava cada vez mais e isso deixou o Patriarca preocupado, até que abordou um sujeito:
- Salaam Aleikum cidadão, o que houve?
- Um incêndio meu senhor, queimaram o templo mais ao sul durante um casamento, houve um ataque, uma confusão generalizada. Estamos indo para a próxima cidade buscar por auxílio para retirar os escombros e cuidar dos feridos. Diz o homem apontando para a fumaça e depois voltando para Damasceno.
- É necessário tanta gente para ir buscar ajuda? Diz Damasceno notando o número de pessoas a ir na direção contrária.
- Alguns deixaram a cidade e estão indo se refugiar na casa de parentes distantes, ao que parece será uma noite difícil por lá. Disse o homem com um ar preocupado. - Eu lhe recomendaria cautela se estiver indo para o templo.
- Obrigado cidadão, que o Único abençoe seu caminho. Finaliza Damasceno, dando um estalo no cavalo para continuar o caminho.
Algumas horas se passaram na estrada e a fumaça estava cada vez mais próxima, já o suficiente para que fosse possível sentir o cheiro de queimado. Subitamente, um vento bateu contra Damasceno trazendo as gotas de chuvas para o seu rosto, porém não era só isso, junto do vento e da chuva veio um sussurro...
"A noite de inverno está pálida e atraente, dançando nas nuvens ela está levando os seus sonhos para o abismo do limbo...ame-a."
Damasceno para a carroça e começa a olhar para todas as direções em busca da voz, mas nada encontrou, havia apenas uma estalagem próximo da estrada. Ele olhou para as mãos e percebeu que elas estavam tremendo, mas não de medo ou de frio, apenas tremiam.
- Mas o que? Diz o Patriarca para si mesmo enquanto fechava as mãos com força, tentando cessar o tremor.
Ele se aproximou da estalagem, precisava parar por alguns momentos e beber algo forte. Amarrou os cavalos próximo a um cocho e adentrou a estalagem, buscou por uma cadeira vaga no balcão e levantou o braço ao taverneiro.
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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."