[RP] O princípio do fim

Juliana ergueu os olhos para aquela que saíra da penumbra. Foi necessário um certo esforço para identificar de quem se tratava.

Ao notar Victoria, a expressão de Juliana era de incredulidade, mas esse sentimento era quase imperceptível no rosto da antiga matriarca dos Nunes. Ela não conseguia mais esboçar nada que não fosse dor e sofrimento. Aquilo não a aquietara. Estava diante de sua filha bastarda a gêmea de Adrian, que devotava-lhe tanto ódio quanto o irmão. Ambos frutos do seu relacionamento com William. Ela estava pagando por esse erro da pior forma possível.

Não tinha ilusão alguma sobre seu destino, apenas desejava que a morte chegasse e a livrasse de tudo aquilo. Victoria também desejava o seu quinhão de vingança? Também iria torturá-la como Adrian?

Os olhos de Juliana apenas foram capazes de externar alguma emoção quando ouviu Victoria citar Maria e Beatrix.

- O que pretendem fazer as minhas netas? Já não lhes basta essa vingança? Não tenho ilusões sobre meu destino final, só gostaria que ele chegasse logo. Mas não meta-as nisso.

Diante daquela manifestação Juliana encarou-a, ao ser segurada pelo pescoço seu corpo inteiro doeu, não saberia dizer o que doía mais depois de tantas privações e maus tratos, seu corpo inteiro era uma dor só, unida e constante, e até já se acostumara.

Quando Nicole largou-a continuou a olha-la. Queria ter certeza que aquilo era verdade e não apenas uma maquinação dos Casterwill. Seria aquela a verdadeira Nicole?

Juliana acompanhava a conversa das duas. Quase não podia acreditar que falavam dela. Os insultos de Nicole pouco lhe importavam, a ela que já fora tão orgulhosa. Estava de fato reduzida a algo inumano a uma coisa, uma propriedade.

As palavras de Victoria sobre Adrian não pareciam abalar Nicole. Mas as três ali sabiam que era verdade. A única coisa que superava o ódio de Adrian era a sua ambição e esse era o seu ponto fraco. O seu ódio a si, se devia a sua condição de bastardo e não aceitação. Ela nunca lhe fora mãe. O mesmo valia para Victoria. Era difícil acreditar que esta faria algo por Juliana.

Juliana, que permanecera em silêncio acompanhando aquela conversa, notou que agora era a ela que se dirigiam. Era estranho falarem dela como se não estivesse ali. Aquela resolução sem dúvida a surpreendera, pois ela também não esperava que fosse algum dia deixar aquele castelo com vida. Será que ouvira mesmo aquilo? Será que não era um delírio uma ilusão?

- E acaso tenho eu escolha? Que seja quando quiserem.

Disse encarando-a nos olhos e suspirou, cansada. Sabia que não havia preocupação legítima por sua pessoa. O que decidissem estava decidido. Ela era uma prisioneira e não mais que isso. Após calar-se Juliana entregou-se à apatia de antes. Não queria ter esperanças, não tinha forças para nutrir nada do tipo. Se seu corpo estava frágil e alquebrado, seu espírito não estava em melhor estado.