Depois da manhã atribulada na Babilónia e assim que o corpo de Marilu foi entregue ao senhor que ficara responsável por prepara-la para o velório, Madalena rumou a casa. Deitou-se e procurou descansar, mas os pensamentos na sua cabeça não lhe deram a paz de que tanto precisava. Imagens de Marilu, morta e dilacerada sobre a cama, fustigavam-lhe a mente de uma forma dolorosa. Não conseguia também esquecer as palavras que Letícia lhe dirigira, o mau presságio da sua mentora revelara-se uma verdade. Estaria ela envolvida? Traiçoeira e dissimulada como era, Madalena não duvidava dessa possibilidade. Nervosa, olhou para a adaga que estava pousada ao seu lado na cama e segurou-lhe o cabo, sentindo-se mais segura assim e acabando por adormecer.
Acordou horas mais tarde já perto da hora do velório de Marilu. Penteou os cabelos castanhos e compridos e prendeu-os discretamente. O
vestido que escolheu para a ocasião era de um tecido negro e lustroso, com o bordo as mangas e da saia debruados a renda de um tom vermelho. O decote estava coberto por um rendilhado fino e delicado do mesmo tom rubro. Por fim, cobriu os cabelos com um véu negro e que lhe caía até meio das costas.
A viagem até à floresta decorreu com a normalidade expectável para uma situação atípica assim. Em torno da pira fúnebre de Marilu encontrava-se já Rita, Cecília, Helena, Violeta, William e uma mulher de cabelos brancos e vestes largas que Madalena depreendeu ser a druidesa. Caminhou lentamente até ao local onde Marilu jazia, arrastando as saias do vestido pelo chão coberto de pequenas ervas e flores. Depositou uma rosa vermelha sobre o peito da jovem e depois prostrou-se ao lado dos restantes presentes, saudando-os com um discreto aceno.