M.benoit
É o primeiro dia da semana em que Benoit acorda bem disposto. O pacato, mas árduo trabalho campestre é diametralmente oposto as suas agitadas aventuras dos tempos de quando era mais jovem. Mesmo não sendo uma atividade de grandes emoções, Benoit gosta de ser camponês. A vida em Portugal deveras lhe é mais difícil. Mesmo em seu país natural, ele não mora mais com sua mãe, tampouco em sua vila de origem, sem contar que está bem longe de sua família paterna nas terras francesas. Agora em Guarda, no interior de seu querido reino, precisava trabalhar, e se sustentar de modo geral. Ele conseguiu abrigo em uma comunidade camponesa nas proximidades de Guarda, terra de um certo nobre. Neste dia de trabalho que se iniciara, era dia de trabalhar em suas próprias terras, de acordo com os acordos feitos com o tal nobre. Após suas costumeiras preces matutinas, que saem mais altas que costumeiras, se arruma, come um pão seco e sai de sua pequena casa. O dia não parece acompanhar sua animação, sendo um dia nublado, de temperatura temperada. Já não era tão cedo, pois a vila já estava movimentada. Camponeses carregando suas ferramentas em direção aos campos, artesãos abrindo suas oficinas, e a pequena feira da vila com algumas senhoras e crianças.
- Buenos dias Ben, ou algo do tipo... saúda Jorge com seu sarcasmo característico.
- Bonjour Jacques Bonhomme! responde Benoit na mesma moeda (OOC expressão de época francesa de escárnio. Algo como o João Ninguém em português).
- Detesto quando fala assim nessa fala engasgada, parece que o senhor está nos xingando. Manoel interfere no diálogo com tom sério como lhe é habitual.
- Imagina responde o jovem enquanto caminha com seus associados em direção ao campo. Jorge é gordo, zombador, calvo, possuindo alguns fiapos loiros em sua cabeça. Manoel é bastante alto, cabelos oleosos e curtos de tom escuro e de rosto bastante fechado. Benoit e Jorge parecem ser amigos de infância, apesar de se conhecerem a pouco tempo. Durante o caminho conversam bastante, em alguns pontos de maneira bastante animada. Manoel apesar de sério, não é de modo algum desagradável, sempre mediando a conversa como um capitão, impedindo que os dois idiotas entusiastas, o que na maior parte do tempo considera eles, entrem em conflito, o que às vezes é comum.
- Vou recolher alguns raminhos de ervas que surgiram por esses dias diz Benoit aos dois enquanto caminha para o outro lado do campo. Há tempos não se sentira bem, como se tudo fosse dar certo daquele momento em diante. De certa forma, por mais que as pessoas ainda o achassem estranho, ele gosta da sensação de fazer parte de algo e de ser prezado como pessoa. Sentiu um pouco disso quando esteve com suas primas no cais em Alcácer e logo após. Lembrou-se de sua mãe e família materna por um instante enquanto tropeçara em uma bota entre um montinho de terra meio fofa. Ele se levanta e chuta a bota para longe com repentina raiva, mal percebendo que um pé fora junto com a bota. Um cheiro bastante ruim sobe e quando retira um pouco de terra com seus próprios pés percebe um corpo morto enterrado no local.
- Senhores! grita bastante alto em direção ao outro lado do campo preciso de um grande favor dos senhores por aqui. Plantaram algo a mais em nosso campo.