Celestis prometera para si que não visitaria mais o seu pai, justamente, para evitar aborrecimentos. Era um lugar sombrio, não lhe despertava os melhores sentimentos. Yochanan também não se alegrava ao ver a filha naquele ambiente, já que fora criada no mais absoluto conforto, mesmo que não fossem, necessariamente, pessoas tão abastadas. Entretanto, logo cedo, lá estava a filha do prior.
Havia uma gritaria completamente desnecessária entre Nreis e Imaculada, certamente, estavam a brigar. Celestis não pode deixar de rir ante aquela balbúrdia e decidiu visitá-los primeiro, em sinal de sua consideração, sobretudo, com Nreis, seu novo vizinho:
- Boas, por acaso necessitam de algo? Paz, talvez? Bem, não trouxe nada, vim de mãos abandando, como diz o populacho. Mas se precisarem, saibam que é só pedir!
Em seguida, dirigiu-se a Imaculada:
- Donzela, és muito bonita, sinto muito pela tua prisão, ainda que tenhas sido justa perante as leis de Jah. Tome estes instrumentos de toucador, é o que costumo carregar! Vais ficar bonita e manterás tua dignidade. É difícil ter dignidade quando se está assim, de rosto desfeito.
Depois, a Nreis:
- Espero vê-lo em breve na vila! É sempre muito pesaroso quando encontramos pessoas tão receptivas e doces como tu num ambiente tão lúgubre! Meus mais sinceros votos de boa sorte.
Finalmente, caminhava para o fim do corredor. Seu coração disparara e uma sensação indigesta pairava em seu organismo. Era como se farejasse algo de insólito, de incomum. O ar estava pesado, o guarda não tirava os olhos de Yochanan, nem dela. Simplesmente recostou as mãos nas grades e nada disse, apenas encarou o pai, à espera de que ele lhe dissesse algo.