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[RP] Dois raptos para uma vítima

Leticia


Letícia partiu imediatamente, seguindo as ordens do prior "renascido". Ela tinha urgência em realizar a segunda parte do plano. Imaginava que tudo seria fácil e rápido, uma vez que a sua vítima jamais imaginaria o que se sucederia, nem o que lhe fora planejado.

As palavras de despedida de Letícia para Ava, foram breve e imprecisas, ela dissera apenas que enviaria notícias e nada mais.


Desse modo, Letícia retornara e Ava não tinha consciência de que forma essas notícias seriam recebidas.

A noite estava escura e um denso nevoeiro cobria a cidade. Letícia e sua comitiva prenderam seus cavalos na estrebaria da estalagem, onde seu colaborador os esperava. Todos os detalhes deveriam estar prontos. Eles incluíam a carruagem que levaria Ava e a droga que usariam para dopá-la.

Ela só saberia do ocorrido quando já estivesse praticamente na presença do prior.

O plano era perfeito. Assim pensava Letícia. Ela não contava que mais alguém arquitetara planos para Ava.

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Ava



Haviam passado alguns meses desde que Luamarela partira para o Convento. Ava prometera que iria manter a sua casa em ordem e que sempre que sentisse saudades iria até lá. Os recentes acontecimentos e a falta de noticias de Leticia deixavam-na mais inquieta que o normal.

Aos poucos Ava embrenha-se num pequeno atalho na floresta, onde as ervas verdejantes e os galhos velhos das árvores predominam na paisagem. A noite aproxima-se, mas Ava não teme os perigos que possam vir com ela, afinal conhece aquele caminho melhor do que ninguém.

Desde a tomada do Castelo, que Ava caminhava sempre desconfiada de que estaria a ser seguida, sempre olhando para trás tentando perceber se estaria a ser seguida, ou se tentariam atentar contra si, mas nada via.

Apanha um pequeno malmequer do chão e rapidamente se lembra do Prior, e recordando um brincadeira de criança que a tia Lua lhe ensinara, começa a desfolhar o malmequer:


- Malmequer, Bem me quer, muito me quer, pouco me quer ou nada me quer...

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_narrador_


No silêncio da noite, Ava era observada, cuidadosamente...

Cada gesto seu era analisado, e em pensamento seu futuro algoz já a imaginava dependurada, pronta para o sacrifício que daria início ao seu ritual de vingança. Enquanto ele a observava, seus pensamentos iam longe ao passado, apegando-se a lembrança de seu pai a quem tanto admirava.

Uma perda irreparável com a tola desculpa da manutenção do equilíbrio em uma guerra injusta em que ele foi sacrificado em vão. E para que? Para o crescimento e o orgulho da ordem de Azure? Para a sustentação de um grupo de privilegiados?

Ele tinha certeza que a causa da ruína de seu pai fora a inveja da grandeza dele, de sua sabedoria, pois ele sim deveria ser o grão prior, e não um velho tolo, fraco e solitário envolto em um manto negro, que sem seus asseclas mal se manteria de pé.

Ele que tinha em suas mãos a energia e o vigor de tantos comandados e não agia como deveria agir, conquistando o mundo a sua volta e criando um império digno de seus nobres antepassados. Faltava-lhe força e intrepidez. Mas ele derrubaria aquele estrupício e se ergueria sobre todos, esmagaria a ordem de Azure com a violência de um anjo vingador e traria o verdadeiro poder aos escolhidos.

Mas por enquanto ele apenas observava Ava e antecipadamente se regozijava com o sabor que teria a sua vingança.
William_algrave


Na estalagem, estava William Algrave esperando por Letícia. Assim que a viu ele sorriu e estendeu uma cadeira para que a loira se sentasse. Quem visse a cena imaginaria um encontro romântico, ou um galanteador fazendo uma nova conquista. Mas assim que tomou o primeiro gole de whisky e tornou a olhar para Letícia, o olhar de William era de preocupação.

- Está tudo pronto, como combinado, mas sinto que há algo estranho. Eu vou acompanhar você. Eleazar não respondeu minha última mensagem, e ele não costuma demorar. Vou ajudá-la e depois investigar isso.
Leticia


- Isso é mesmo estranho, mas ele pode estar com algum problema. Não vejo necessidade de me acompanhar nessa missão, será simples, mas se é o que o seu instinto diz, será um prazer.

Letícia disse e sorriu ao irlandês maliciosamente, segurando em sua mão. Em seguida, ela tomou um trago de whisky e mal bebeu, logo levantou-se, convidando-o a acompanhá-la. Letícia encostou-se levemente em William ao passarem pela porta, insinuando-se a ele. O homem alto apenas sorriu, sem demonstrar segundas intenções, acompanhou-a até os cavalos.

Os dois tomaram cada um o seu cavalo, e um dos homens que veio com a loira iria também com eles. Era mais que suficiente para dar conta da missão. O informante que vigiava os passos de Ava, dera a William os detalhes da rotina da jovem, e eles tinham um bom palpite de onde encontrá-la a caminho de casa. Ela não devia ter tempo de chegar a residência.


_________________
_narrador_


Apolinário Celestino apenas observava Ava através das árvores da floresta, em absoluto silêncio. O ar parecia mais pesado e aquele silêncio repentino era o presságio de algo ruim.

A moça distraidamente desfolhava a flor e o homem pensava em como seria interessante desmembrar a jovem parte por parte, mantendo-a sempre consciente, ainda viva até o suspiro final. Se ela sabia algo certamente falaria custasse o que custasse. Havia um mistério envolvendo o sumiço do corpo de Yochanan, e ele o desvendaria. Em meio a esses pensamentos ele suspirou candidamente. Um dos homens que o acompanhavam imaginou que aquilo fosse encantamento pela bela moça colhendo flores, com seus belos olhos como uma corça entre as folhagens.

Apolinário fez sinal ao besteiro. Era o momento da caçada. Ele queria a diversão da perseguição e não apenas derrubar uma presa desprevenida.

O homem disparou uma seta que esmigalhou a flor que Ava segurava, passando rente a sua mão e por pouco não a atingiu. Mas essa não era a função do disparo. Ele desejava apenas alertá-la, assustá-la.
Ava


Perdida nos seus pensamentos enquanto desfolhava a pobre flor, Ava sorria ansiando o tão prometido encontro com o Prior, afinal ela havia fugido depois de o tomar num beijo e nem esperou para saber se o que havia sentido era reciproco.

Diante dos seus olhos a flor é esmigalhada por uma seta que a traz de volta à realidade. O primeiro pensamento que surge na cabeça de Ava é o de correr até chegar na cidade, mas sabe que isso provavelmente só fará com que o caçador se entusiasme mais com a caçada.

A tremer e tentando esconder o medo, olha em redor e grita:

QUEM ESTÁ AI? QUEM QUER QUE SEJAS APARECE. É DEMASIADA COBARDIA ATACAR UMA JOVEM INDEFESA. APARECE E MOSTRA-TE DE UMA VEZ POR TODAS.

Olhando para todos os lados, esperando que alguém surja vindo do meio das árvores e tenta perceber se existe algo que a possa ajudar a defender-se caso seja necessário.

_________________
_narrador_


Em silêncio, Apolinário Celestino indica aos homens que peguem a moça e tragam até ele. A ausência da alegria da caçada o exaspera. Um novo virote é disparado, e dessa vez prendendo a manga do vestido de Ava à uma árvore próxima.

Ela vê um grupo de três homens armados com espadas saindo das sombras e cercando-a. O besteiro não se revela, mas provavelmente está ali também a espreitá-la.
Ava


No lugar da resposta que pretendia, apenas recebeu outra flecha que prendeu a sua manga numa árvore e três homens surgiram. O seu coração começou a bater aceleradamente, de uma forma tão intensa que ela conseguia ouvi-lo como se estivesse encontada junto a ele.

A sua vontade era gritar na esperança de que alguém a socorresse, mas sabendo que tl não iria acontecer, apenas esperou que os homens fizessem o que tinham a fazer.

_________________
_narrador_


Diante da rendição de Ava, os homens não manifestaram emoção alguma, um deles tirou uma corda do alforge e começaram a amarrar a moça, suas mãos e seus pés. Ela também foi amordaçada e sobre sua cabeça foi colocado um capuz, deixando-a na mais completa escuridão. O pedaço da manga do vestido ficou rasgado propositadamente preso à árvore.

Mais do que uma informante, Apolinário queria uma isca. Ele soube por um de seus espiões que havia algo planejado para aquela moça. Se ela era importante para seus inimigos, ela era importante para ele também.

O segredo, ela devia saber o segredo do sumiço do corpo de seu inimigo, se é que ele estava mesmo morto.

- O que você esconde afinal, donzela? Eu irei descobrir, pode ter certeza.


Apolinário disse para a Ava, e ela ouviu-lhe apenas a voz na silenciosa floresta. Um barulho de cavalos no entanto, rompeu de vez aquele silêncio.

Ava


Ava não resistiu, deixou que a amarrassem e mesmo que quisesse responder à pergunta que lhe colocaram, coisa que não queria, não o poderia fazer. Começou a ficar desconfiada de que toda a situação estaria relacionada com o Prior. Mas independentemente do que acontecesse e do que lhe fizessem, Ava fizera uma promessa e iria cumpri-la até ao fim, mesmo que a perda da sua vida fosse uma possibilidade.

_________________
Leticia


Pela estrada que seguia para a residência de Ava, iam seguindo William, Letícia e Timóteo.

Em galope acelerado iam percorrendo a estrada, pois notando o vazio e a ausência daquela a quem deveriam encontrar, perceberam que algo estava errado. Foi Letícia quem primeiro divisou algo, na clareira, onde Ava fora capturada. Mesmo na escuridão da noite, quebrada pelo brilho de parcas estrelas ela percebeu por instinto que algo estava errado. A flor despetalada no chão, a seta mais adiante e o pedaço do vestido de Ava chamaram a atenção dela e de William, experientes rastreadores. Marca de botas a volta.

Enquanto coletavam essas informações. Uma nova seta foi disparada, só que dessa vez, o besteiro atirara com intenção mortal, e Timóteo caíra do cavalo com um virote na garganta. Após cumprir seu papel, ele recolheu a besta e tomou o cavalo onde estava Ava. Deveria levá-la dali. Ava ouviu as vozes, e sentiu que o cavalo em que fora colocada começava a se movimentar.

Letícia sacou a espada e três homens saíram para enfrentá-los. Um quarto se mostrou e a loira o reconheceu.

- Então, eu estava certa. Apolinário Celestino.

_________________
_narrador_


- Sim, sou eu, não achei que fosse me reconhecer. Sempre me achou tão insignificante, não? Confesso que estou surpreso com a presença do Hiberno, vamos ver se essa sua lâmina é assim tão aguçada quanto dizem.

Ele diz e dois dos homens partem com as espadas para cima de William, que luta com a sua espada e uma main gauche, atacando e defendendo-se habilmente dos golpes. Mas acaba recebendo em meio a luta, um corte em seu tronco, ainda que não tão profundo. Os guerreiros escolhidos por Apolinário são mais habilidosos do que William inicialmente supôs.

- Quanto a você Letícia...Resta apenas uma... Letícia, Lethes, estás fadada ao esquecimento...Assim como seu prior. Eu vi a execução, ainda não entendo porque roubaram o corpo, mas vou descobrir.

Ele diz e sorri atacando Letícia com sua espada. O homem que está com ele, ataca-a também. Letícia luta não com espadas mas com um punhal. A aparência insignificante de Apolinário Celestino esconde um brilhante espadachim. Letícia é habilidosa, mas não consegue defender-se de um dos golpes de Apolinário que a fere no ombro direito. A força do ataque quase derruba Letícia que se defende atirando um alfinete de cabelo contra o olho de Apolinário que grita com a dor provocada.

É o tempo dela pegar novamente o punhal e atirá-lo contra o segundo atacante, atingindo-o mortalmente, no peito.
Leticia


Ela respondeu com ódio, após ter atirado o punhal ao peito do vassalo de Apolinário.

- Pensei que pudesse me esclarecer isso. Imaginei que fosse ato seu, para privar o corpo dele do último alento da família, seu miserável. Veremos quem vai ser esquecido.

O ferimento recebido por Letícia no entanto não permite que ela consiga fazer um novo esforço para deter Apolinário que mesmo ferido e cego de um olho, corre para o cavalo à fim de fugir, quando vê que William derrubou o último adversário.

Enquanto Letícia ainda está caída, William tenciona ir atrás de Apolinário.

- Vá atrás de Ava, ela é mais importante no momento, deixe que de mim cuido eu.


_________________
William_algrave


William não questiona, ele segue o pedido de Letícia e vai atrás de Ava, que está sendo levada pelo besteiro. Felizmente, a segunda carga torna o cavaleiro menos lépido. William é capaz de seguir o rastro e saindo em disparada alcança-o depois de um grande esforço. O besteiro tenta em vão atingir William ao perceber sua aproximação e como uma distração deixa o "pacote" cair ao chão para assim escapar.

William fica preocupado temendo que a queda tenha ferido Ava. Ela sentiu dor ao cair repentinamente, sofreu escoriações e contusões mas felizmente não quebrou nada. Ao menos é o que parece. Sem tirar o capuz da moça, William a coloca em seu próprio cavalo e leva-a rapidamente até Letícia, preocupado também com a loira, que fora ferida. Seu próprio ferimento doí e sangra muito, mas ele nem se apercebe no momento.

Somente quando ele chega ao local onde está Letícia, ele tira o capuz e Ava pode ver que ali estão Letícia e um homem de cabelos escuros e olhos verdes. Ele tira a mordaça de Ava, mas não a solta e vai até Letícia socorrê-la do ferimento em seu ombro.

- Espero que esteja bem. Não pude evitar sua queda. Assim que estancar o ferimento em Letícia eu trato da senhorita.

Ele diz a Ava, enquanto procura socorrer a loira estendida no chão com um grande ferimento em seu ombro e que está perdendo muito sangue. Ava nota que o homem também tem um ferimento no tórax e sua camisa está suja de sangue.

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