Ariana_branca
- 22 de Fevereiro de 1463, algures no mercado do Porto
Era domingo, um dia pouco estranho para andar pelo mercado, mais estranho ainda tendo em conta a posição social que a aparência de Ariana transparecia - uma nobre senhora.
Ariana movimentava-se discretamente por entre as diversas bancadas repletas de objetos, no entanto esta não apreciava nenhum dos produtos que os vendedores tinham expostos, mas sim algo mais vivo, mais carnudo, mais humano.
Por entre os toldos que protegiam, ora do sol, ora da chuva, os produtos dos vendedores no mercado do Porto, Ariana caminhava tentando copiar os passos de um jovem que aparentava ter a sua idade. Este trazia um casaco de ombreiras esverdeado e com alguns pequenos enfeites. Na parte inferior da cintura tinha vestido um par de calças acastanhadas, e nos pés uns sapatos também castanhos. Sobre o quase invisível cinto o jovem tinha uma espada curta de uso diário e ainda um par de luvas.
Ariana percorrera mais alguns metros em paralelo com aquela figura, tentando ser o mais reservada possível. não só para não chamar atenção para si mas também para não dar a entender que avaliava o rapaz. Infelizmente a concentração de Ariana quebrou por um segundo e esta acabou por se esbarrar contra um relativamente gordo mercador que repunha o estoque do que tinha exposto na sua bancada, e este acabara por deixar cair grande parte dos seus produtos criando um pequeno alvoroço.
- Mil perdões senhor! - exclamou imediatamente a mulher - Não dei por si. - disse ajudando o homem a recolher grande parte dos seus vegetais
Enquanto aquele homem rogava interiormente uma praga à jovem - já que este nada disse - Ariana olhou novamente para o outro lado do mercado onde o jovem de verde se encontrava no entanto este já lá não estava. O jovem tinha olhado de relance para a situação mas seguido o seu caminho. O que é certo é que naquele momento Ariana sentiu um vazio dentro de si, sentira que parte de si tinha desaparecido e um sentimento de solidão tomou pela primeira vez conta de si.