Beatrix caminhava com Fitz pelo pomar de Alcobaça. Os dois seguiam de mãos dadas e de vez em quando olhavam um para o outro e sorriam. Ao final de fevereiro, o tempo estava mais agradável, não havia mais tanta chuva, apesar de que a tarde esfriara um pouco. No ar rescindia o perfume agradável das maçãs alcobacenses, tão cheirosas e docinhas.
Pelo meio do pomar corria um regato de águas cristalinas e o som do rio correndo misturava-se ao som do farfalhar das folhas das árvores. Algumas maçãs caídas rescendiam aromáticas de uma forma mais intensa e adocicada. Tão doce que chegava a enjoar um pouco os sentidos.
Alguns coletores de frutas terminavam aquela hora a sua labuta do dia, e carregavam seus cestos, cansados, mas animados com a colheita. A maioria provavelmente passara o dia todo ali, e havia almoçado ao pé das macieiras. Era um trabalho duro, era um trabalho honrado como qualquer outro.
Próximo a um aglomerado de macieiras maiores, havia um tronco grande ao qual puseram uns calços para que não deslizasse. Provavelmente ele era usado para o descanso e as refeições dos coletores, mas aquela hora da tarde estava vazio. Beatrix parou e sorriu para Fitz, convidando-o a sentar-se um pouco ali com ela. Os dois haviam caminhado muito e a ruiva queria descansar um pouco.
Beatrix notara que Fitz parecia nervoso e animado naquela tarde. Era como se ele tivesse algum segredo ou surpresa para contar-lhe e isso a deixava cada vez mais ansiosa e curiosa. A curiosidade infantil que tomava o coração de Beatrix transparecia através de seus olhos, assim como o amor que ela sentia por Fitz. Mas as vezes ela sentia-se apreensiva, temendo que aquela felicidade se extinguisse e que a ela se sucedesse a decepção. Fitz era gentil, era agradável, mas será que ele realmente a amava e queria mesmo estar sempre ao lado dela? Suas palavras e seus gestos diziam que sim e Beatrix confiava nisso, pois apesar de tantas decepções ela não era cética como Nicole em relação às pessoas.
Beatrix aguardou a resposta de Fitz ao seu convite e observou um instante a cor dourada do sol, descendo no horizonte, e que ia tomando tons avermelhados. Aquela luz tornava os cabelos de Beatrix ainda mais vermelhos e vibrantes. Era como se queimassem com a luz do sol.
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