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[RP] A Ceia dos Averroístas e o Compartilhar do Conhecimento

Bluemouse


Embora não tenha sido convidado, chegou à Praça Pública e se juntou ao grupo (como quem não quer a coisa), que desgustava uma boa ceia e ia ouvindo o seu novo amigo Damasceno falar sobre o Único.
Ao ver a queda da madrinha, e logo o seu igual, foi em seu auxilio, sentiu vontade de rir, mas conteve-se e olhou para o outro lado e continuou ouvindo os outros amigos de Damasceno, falando das suas ideias e conhecimentos sobre o Único.

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Ghost.
Olá árabes, interessante celebrar um casamento. Ao menos ainda há o que ser celebrado, só andei vendo coisas sobre guerras. O que é necessário para me juntar a celebração de vocês? E posso beber algo também? hehehe
Komili
me senta cumprimenta novos irmão e sorri e pega sua sanfona começa tocar a Tarantella Napoletana uma musica tipica da Itália
Ltdamasceno


- O casamento do meu irmão Altair. Responde Damasceno a Sirman. - Será uma das primeiras cerimônias públicas do averroísmo em Portugal. Dirigindo-se a Beatrix, o mouro diz. - Uma cerimônia com amigos é uma cerimônia rica e próspera, independente de seus adereços. Junte-se a nós na ceia, temos o bastante para todos.

Com a vênia da estrangeira, o mouro retribuiu de forma cordial.

- Sou Damasceno Saadi Altir, o patriarca das família dos Saadi Altir. É uma satisfação conhecê-la. Disse ele de modo gentil. Notou ali a presença de seu amigo Blue que acabara chegando junto de Vst e Damasceno nem notara. Estava feliz com o número de pessoas se aproximando, até ver um desconhecido saudando a todos os presentes, o que acabou chamando a atenção.

- Olá rapaz, de facto sempre temos de celebrar, principalmente nos tempos de guerra. Não é necessário absolutamente nada, exceto o desejo de ter a fome e a sede saciada. Diz o mouro com uma gargalhada. - Venha, sente-se conosco e prove da garrafa de cidra, ainda há bastante delas para acabarmos. Completa sorrindo.

Com todos ali reunidos festejando, comendo e bebendo, ao som de uma música alegre Napoletana. Damasceno decidiu chamar um pouco mais da atenção dos amigos e falar sobre o averroísmo para alguns que nunca tinham ouvido sobre a religião dos árabes.

- Amigos e irmãos, muitos me perguntam quem foi Averroís, esse homem que deu espaço para a criação do Averroísmo, religião que carregou o seu nome e imagem pelo o mundo todo. Alguns o imaginam como um sábio, outros como um demônio, mas na realidade, ele era um homem comum, como todos nós. Desfrutava das riquezas da vida, de um naco de pão na taverna acompanhado de uma cerveja para ajudar a comida a descer nos fins de semana. Averróis viveu no século XII nascido em Córdova na Al-andalus, o que hoje é mais comumente conhecida como Península Ibérica. Foi médico e filósofo nas horas vagas, ele dedicou toda a sua vida estudando a obra de Aristóteles, ao qual nós reconhecemos como Profeta também, mas não como o último deles. O mouro faz uma pausa, esperando para que os presentes absorvam aquelas informações.

- Na história do averroísmo, houveram três Profetas antes de Averroís. Oane, uma mulher que viveu no início dos tempos. Foi a primeira Profeta da mensagem do Único, este apareceu para ela na forma de um pássaro e a revelou a Verdade. Os aristotélicos costumam confundi-la com um homem.

Depois veio Aristóteles, no qual teve um sonho onde o Único lhe revelava a Verdade. Daí nasceu a obra D'Amizade entre os Homens, no qual foi de suma importância para a sociedade averroísta.

Segundo Aristóteles há três tipos de amizade no qual passo a citar:


Citation:
A amizade segundo o prazer, a amizade segundo a utilidade e a amizade segundo a virtude, ou a amizade perfeita.

1) Aqueles que fundamentam sua amizade sobre o prazer o fazem por causa daquilo que é agradável em um para o outro. Pessoas espirituosas, por exemplo, têm muitas amizades não por causa do seu caráter, mas sim devido ao prazer que podem proporcionar umas às outras.

2) A amizade segundo a utilidade é estabelecida pelo bem que uma pessoa pode receber da outra. Mais uma vez, as pessoas envolvidas neste tipo de relação não se amam por causa do seu caráter, mas sim devido a uma utilidade recíproca.

3) Já a amizade segundo a virtude só pode se estabelecer entre os homens que são “bons e semelhantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um ao outro de modo idêntico, e são bons em si mesmos.”. Como estes homens são raros, amizades assim também são raras.

Tanto a amizade segundo o prazer quanto a amizade segundo a utilidade são geralmente efêmeras, passageiras, se desfazendo facilmente. Isso ocorre quase sempre se uma das partes não permanece como era no início da amizade, isso é, se deixa de ser útil ou agradável. Por essa razão, “quando desaparece o motivo da amizade, esta se desfaz, pois existia apenas como um meio para se chegar a um fim.”.


- Esta obra para nós é o pilar que nos guia a reconhecer que no averroísmo, todos somos irmãos, mesmo se não houver laços de sangue. Pois todos nós adotamos a amizade segunda a virtude, ou a amizade perfeita, como a chama Aristóteles. É perfeita tanto no que se refere à duração quanto a todos os outros aspectos, e nela cada um recebe do outro, em todos os sentidos, o mesmo que dá, ou algo de semelhante.

Dessa forma isso justifica porque andamos sempre juntos, porque nunca um averroísta mata ou agride outro. Porque o Único nos ensina que no averroísmo nós encontramos centenas de irmãos, encontramos uma família e para nós a família é sempre a coisa mais importante que existe.


Ele fez uma nova pausa, dessa vez para tomar uma taça de vinho.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."






Ltdamasceno


Após beber, ele retomou:

- Depois de Aristóteles o Único apareceu a Christos no deserto na forma de um abutre enquanto este jejuava. Lá o Único o fez libertar o povo que vivia na escravidão da fé de idólatras e homens que não mais serviam ao Altíssimo e sim a si mesmos e dessa forma, escravizava os demais os fazendo crer que apenas eles poderiam conceder o passaporte para o Altíssimo e não o próprio Altíssimo.

Depois de Christos, veio Averroís, onde este tornou-se célebre por ter sido o último Profeta que se saiba a trazer a palavra do Único. O Altíssimo apareceu para ele na forma de um Leão Gigante na cidade de Córdova, daí o nome O Leão de Córdova quando nos dirigimos ao Único. Novamente idolatras e homens de fé passaram a corromper os ensinamentos do Altíssimo ao fazer-se crer que o Único não era divino e sim uma outra entidade fictícia, ao qual chamam de Jah. Passaram a adorar essa divindade ilusória para que assim o povo se afaste dos ensinamentos de todos os três Profetas e passem a adorar os "Homens de Jah". Proibindo-os de casarem-se para que as suas riquezas nunca sejam herdadas ou compartilhadas para seus filhos e fiquem sempre na Igreja. Forçaram o dízimo como um meio de extorquir dos fiéis mais dinheiro, como também o casamento, onde exigem uma taxa substancial para que um homem possa ter o direito de se casar com a sua esposa. Ou seja, a Igreja tornou-se uma organização lucrativa e não mais sagrada e com uma missão divina...

Averroís foi caçado após receber a Revelação da Verdade do Único e constatar que os ensinamentos de Aristóteles e de todos os outros Profetas não eram mais ensinados. Ele chegou a essas conclusões que vos acabei de dizer e por isso teve de fugir e se esconder. Os seus escritos eram queimados e destruídos pela a Igreja, sobrando pouco das informações escritas intactas. A nossa fé somente sobreviveu até hoje através dos ensinamentos que passamos de pai para filho e de irmão para irmão, pois os poucos exemplares que ainda existem estão perdidos pelo o mundo.


O mouro disse essas últimas palavras com grande pesar e durante alguns segundos ficou em silêncio, amargurado pelo o destino e sofrimento que aflige o seu povo. Olhou para os demais e disse: - E então, alguém têm alguma dúvida antes de eu continuar? Disse ele, pensando se as suas palavras não teriam ofendido os aristotélicos que ali estavam presentes.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Elysa.
Elysa observava de longe o estranho grupo que se reunia aos poucos na praça, aproximando-se a pouco e pouco para tentar descriminar de que se falava. Ao ver chegar Altaair e Sirkratos, as únicas caras conhecidas, perde a vergonha e aproxima-se do grupo lentamente, pedindo desculpa por se intrometer. De religião pouco percebia, mas a curiosidade típica de uma jovem menina falou mais alto.

Desculpem meter-me, mas ouvi suas explicações senhor Damasceno e estou curiosa, gostaria de ouvir mais. Fome não tenho sem ser de conhecimento, da Igreja Aristotélica pouco sei e confesso que seus profetas me intrigaram. Posso juntar-me a vós para ouvir mais?
Kiarinha


A baronesa do Rio Zêzere vê o sr Damasceno discursar sobre o que é o averroísmo entra um pouco receosa na sala, e senta-se num dos poucos bancos vazios, pois como não conhece ainda nada sobre ser averroista, fica muito interessada no que houve, e pensa, talvez aqui encontre respotas para os seus anseios.
Sr Damasceno estou desculpe-me interrompe-lo mas estou a gostar de o ouvir e por isso venho aqui beber um pouco da sua sabedoria e já agora provar um pouco das iguarias que estão na mesa, se não achar que é atrevimento da minha parte.

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Leito


Leito ao ouvir seu nome nota ser conhecido e então acalma-se enquanto se aproximava e até que reconhece o mouro, damasceno...

Ei, é você... Quando tempo amigo, que se passa por aqui? Desculpe lá a confusão, é que ouvi tanto barulho e pensei que fosse mais uma daquelas lutas de rua... veja só, tudo a ver... eheheh

Dito tais palavras de aliviado, Leito senta-se então junto aquela irmandade enquanto ouve com atenção a história de damasceno, comendo e bebendo o que lhe fora oferecido.

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Vst


A fisionomia de V muda quando Damasceno aparece para ajudá-la. Ao ser apresentada a Altaair e a Sirkratos, V fica sem jeito quando este lhes diz:"Ela é minha igual. " Era estranho ouvir aquilo mas, apesar da timidez, sentia-se feliz por não esconder mais o seu segredo.

-Muito gosto em revê-los, amigos... - diz no momento que faz uma vénia.

Enquanto Damasceno vai cumprimentando as pessoas que vão chegando, estranha o cumprimento de um desconhecido e fica meio confusa. Desde que conhecera Damasceno e seus irmãos de coração, observava a forma como tratavam-se entre si mas aquele desconhecido... a frase que pronunciara não batia certo.

Não querendo incomodar, senta-se e assim que o mouro começa a falar, presta atenção em cada palavra que pronunciava. Desde o primeiro dia que o conhecera, sempre o admirara pela forma como falava do Averroismo, coisa que não acontecia com os Aristotélicos, a religião que um dia abraçara mas que há muito se sentia como ovelha perdida, revoltada contra o superior e contra algumas pessoas que se diziam serem filhos de jah, especialmente um padre que vivia de amores por leigo...

Sentindo-se ignorante de seus conhecimentos, fazia-lhe confusão o Único aparecer em forma de animais aos profetas, que simbolismo teria. Vendo o silêncio que se fazia, prefere não perguntar e aguardar que continue pois sempre era um enigma os ensinamentos que viriam a seguir. Olha para Damasceno e este ao vê-la, sorri e faz sinal que seja melhor continuar.

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Burzum


-Burzum ao passear pela praça reflectindo escuta um grupo de pessoas a comer e a discutir ideias,ao ver o seu grande amigo Damasceno aproxima-se

-Boas tardes amigos Averroístas que bom poder ver que no nosso reino existe diversidade e liberdade religiosa, como pagão que sou gosto de ver outras confissões praticarem a sua religião sem medo de discriminação!
Aqui o meu amigo Damasceno já me explicou por alto o Averrísmo mas será um prazer poder comer e discutir com vós!


-Burzum senta-se a mesa e começa a debater as suas ideias
Filipe
Filipe , como todos os dias , estava a dar uma volta pela praça . Encontrou lá um grupo de pessoas a debater vários assuntos , e reconheceu quatro conhecidos ao de longe , uns melhores , outros piores . Pelo menos os melhores , Burzum e LtDamasceno , estavam lá , mas pelos piores preferiu ficar a observar e a pensar :

- " Vou , não vou ... hummm .... " - e então aproximou-se discretamente do grupo de homens , sem ser visto , para tentar , pelo menos , ouvir um pouco da conversa e chegar à conclusão se seria melhor reunir-se com o grupo ou ir fazer a sua vida .

Como os viu a falar de Jah , juntou-se a eles :

- Bem , espero não incomodar , mas a curiosidade levou-me até aqui ! - disse cumprimentando os presentes e sentando-se ao lado de Burzum , a pessoa com quem tinha mais confiança ali .
Sirkratos


Kratos cumprimenta a dama Vst que fora apresentada por seu amigo mouro.

- Boas senhora Vst, fico feliz em rever-te. Responde o mouro realizando uma vênia.

Damasceno então começa o discurso com extrema destreza sobre os ensinamentos do Único, prendendo assim a atenção de Kratos. Muitas informações novas e outras sendo reforçadas, um ótimo momento de aprendizado já que os Hassan's após sua mudança para a península Ibérica ficara meio afastada de seus costumes e tradições, todavia o fervor e força aos poucos estão sendo reacendidos, uma noticia muito boa e que oferece um ganho de confiança para a aquisição de mais glorias para a família e seus irmão de fé.
Kratos em alguns intervalos em que sua atenção é desviada da fala de Damasceno fica muito surpreso, apesar de alguns olhares maliciosos frente a aglomeração na praça, houve boa aceitação até agora dos transeuntes que la se encontravam, visto que isto não era muito normal, afinal, os aristotélicos sempre tentam sufocar qualquer manifestação averroísta, talvez por medo de uma possível disseminação do pensamento.

- Graças ao Altíssimo, nenhuma manifestação mais agressiva e tudo esta transcorrendo com perfeita paz. Murmura com certo sorriso em sua face. - Grande conhecimento que tu carregas amigo! Completa Kratos parabenizando Damasceno.


Ltdamasceno


Damasceno, notando a aceitação dos presentes quanto a sua opinião e ensinamentos. Sorri ao ver uma jovem pedir licença para vir ouvi-lo.

- Claro que sim! Respondeu o mouro para Elysa. - Seja bem-vinda e fique a vontade para perguntar e questionar o que quiser. Aqui todos respeitamos pensamentos diferentes dos nossos. Completou ele com um sorriso gentil.

Pouco após a chegada da jovem Elysa, uma moça com ar nobre estava parada já a algum tempo vendo aquela assembléia de estudiosos mouros e aristotélicos, juntos, a ouvir mais sobre uma religião pouco falada publicamente.

- Dama Kiarinha, a vossa presença honrará este encontro com o ar de sua graça. Fico feliz que minhas palavras lhe sejam agradáveis aos ouvidos. Fique a vontade em saborear de nosso banquete e também em compartilhar as vossas ideias e opiniões. Há ali uma cesta de tâmaras de Alexandria, caso tenha curiosidade em experimentar algo das terras árabes.

Com a reação de surpresa de Leito, Damasceno sorri e aproxima-se para abraçar o amigo que a bastante tempo não reencontrava.

- Sim meu caro. Disse rindo. - De facto bastante tempo! Este é um encontro de irmãos de fé, nos reunimos de vez em quando para compartilhar nossas ideias e conhecimentos, sejam eles sobre o Único ou sobre o mundo. Hoje especificamente estamos a falar de nossa religião e pelo o visto foi o dia perfeito, já que tantas pessoas se interessaram em vir ouvir. Senta-te conosco e acompanha-nos, acredito que irás gostar de nossas assembleias, sempre há bastante bebida e comida e tudo é compartilhado com todos. Finaliza o mouro estendendo a mão em sinal para que o amigo se sente ali próximo.

- Amigo Burzum! Bom revê-lo!! E sim, este tem sido um grande exemplo de liberdade religiosa, mas confesso-lhe que é algo raro. Estou muito feliz por tantas pessoas desejarem ouvir mais do Único, mesmo sendo de outras religiões. Venha, tu é um homem de grandes ideias, senta-te conosco e compartilhe-as também. Diz Damasceno estendendo ao amigo uma taça de cidra.

O mouro viu a chegada de seu colega Filipe e foi cumprimentá-lo, indicando que ele seria bem-vindo ali. - Não é incomodo algum companheiro, fique a vontade para tirar quaisquer dúvida que tiver.

Damasceno estava contente naquela praça, esperava que o encontro continuasse naquele clima de paz e curiosidade entre os presentes. O mouro sentia-se exposto, pois falar do Único em público sempre era pedir para ser alvo de ofensas de todos os tipos, mas a sua fé o blindava em coragem para sempre continuar falando do Único aonde quer que fosse. Mas apesar de toda a sua fé, foi o sorriso doce e o olhar de aprovação de Vst que lhe deu forças para continuar a falar.

Brevemente perdido nos seus pensamentos, Damasceno retorna ao mundo quando seu irmão de fé Kratos o diz: - Grande conhecimento que tu carregas amigo!

- Obrigado meu irmão, eu espero sempre ajudá-los a manter viva a nossa fé e cultura. É essa a minha grande missão na terra. Disse sorrindo, enquanto pousava a mão no ombro de Kratos, antes de prosseguir com os ensinamentos de Averroís.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Ltdamasceno


Com a aceitação dos que estavam ali, o mouro então continuou dissertar sobre a religião.

- Irmãos e amigos, o averroísmo é sustentado por sete pilares de fé que resumem o que nos torna averroístas e como sempre nos mantermos fiéis ao Altíssimo.

Fazendo uma breve pausa para tomar ar, ele continua:

- O primeiro pilar nos diz que a nossa fé deve ser verdadeira e sincera. Pois do contrário ela não é de facto uma crença e sim uma superstição.

O segundo pilar nos diz que nós, os fiéis, devemos estar preparados para mostrar a nossa fé em actos de caridade para com os demais, sejam eles irmãos averroístas ou não. Pois não é porque nosso próximo não partilha da nossa verdade que devemos privá-lo da glória que o Único nos concedeu. Por essa razão, o banquete que todos vos saboreiam nesse momento é compartilhado por nós independente de crerem no Único ou não. Porque é da nossa fé sermos gentis e ajudarmos todos aqueles que aceitem a nossa ajuda.

O terceiro pilar nos diz que devemos ser cidadãos exemplares, apoiando todas as obras de caridade e justiça. Isso significa que não devemos cruzar os braços ao vermos um próximo tentando ajudar ao outro, significa que devemos ir até lá ajudar ele também. Se um homem tem a sua casa derrubada pelo o vento e estão a reconstruí-la, um verdadeiro averroísta iria até lá ajudar a reerguê-la sem esperar ser chamado. Não se é visto os actos de caridade averroísta com tanta frequência pois poucas são as pessoas que de facto aceitam a nossa ajuda. Muitas das vezes nos expulsam ao primeiro sinal de nossa aproximação.
Diz o mouro, com grande pesar.

- O quarto pilar nos diz que devemos pronunciar-nos com justiça, tanto quando estivermos tomados pela ira como quando estivermos repletos de contentamento. Significa que mesmo quando os outros estiverem a nos ofender ou acusar, não devemos tomar a ira como arma e proferir o primeiro insulto que nos vier a mente. Significa que devemos abraçar a misericórdia do Único e aceitar dele a força e a sabedoria para que nossas palavras sejam sempre justas, seja ao responder os puros ou os ímpios.

O quinto pilar nos diz que devemos mostrar moderação, tanto na pobreza como na riqueza. Se és rico, não esnobe os demais com a tua riqueza, se és pobre, não se humilhe a implorar por moedas. Seja rico na glória do Único, pois a todos os averroístas já está destinado a fortuna e boa-aventurança, cabe a nós sermos humildes ao dividi-la com todos aqueles que nos recebam em suas casas e em suas vidas.
Diz o mouro com um sorriso gentil.

Antes de continuar, ele enche um copo com vinho do Porto, beberica um pouco e põe de volta ao seu lado para continuar.

O sexto pilar nos diz que devemos dar àquele que nos despreza. Isso significa que para todos aqueles que nos ignoram ou nos ofendem e fazem de tudo para nos diminuir, que não devemos retribuir esse ódio e sim, dar a estes a nossa paz, a piedade, o perdão e a misericórdia. O Único nos diz que até nos casos de guerra, toda a vez que capturarmos um inimigo em batalha, que deves dar a ele a chance de se converter e se arrepender de seus pecados, jamais o permitindo partir para os braços do Altíssimo sem antes ter recebido o seu perdão. Isso nenhuma outra religião faz, somente a nossa.

O sétimo e último pilar nos diz que a nossa alma tem que ser firme perante todas as circunstâncias. Isso significa que muitos tentarão nos desviar da nossa fé, seja com ameaças, ações ou emoções. Porém nós devemos sempre seguir firmes em nossa crença e na glória do Altíssimo que certamente nos concederá a abertura dos Jardins das Delícias e nele gozaremos de seus prazeres eternamente, se nos mantermos dignos.
Finaliza, observando com atenção a reação dos presentes ali.

Todo aquele que se diz averroísta e não abraça os caminhos dos sete pilares não é de facto um irmão, mas sim uma alma perdida, necessitada de ajuda e não de repreensão. O Único nos diz que os fiéis que se perdem no caminho, são destinados a Montanha da Desolação. Um lugar de penitência e reflexão para a expulsão dos pecados e a ascensão a glória do Altíssimo. É também o nosso dever proteger os nossos irmãos para que nunca se percam nos caminhos da fé. O mouro olha para todos os seus irmãos que estavam ali presentes.

- Algum de vocês tem alguma dúvida sobre os sete pilares? Pergunta, antes de dar seguimento ao próximo ensinamento.

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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."
Filipe
Depois de ouvir Damasceno , viu se ele iria passar para outros ensinamentos . Mas ele perguntou se havia dúvidas , e Filipe tinha uma :

- Caro Damasceno , eu tenho uma dúvida em relação ao quarto pilar . Então se devemos ser justos , não haverá por vezes razões para dizer o primeiro insulto que nos vier à cabeça se transformar numa boa resposta ? - disse intrigado . Ele acreditava que havia algo que o regia , mas não sabia bem o que era , pois havia sempre estes prós e contras que tornavam para Filipe difícil perceber que religião é a verdadeira .
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