Ltdamasceno
Damasceno escutara de seu companheiro Filipe uma dúvida quanto ao quarto pilar e com um largo sorriso, o mouro respondeu:
- Meu amigo, sempre haverá momentos onde o primeiro insulto que nos vier a mente seria uma boa resposta. Mentiroso é aquele que se diz averroísta e nunca ofendeu alguém, uma vez que seja. Disse o mouro, com verdade nas palavras. - Todos os averroístas pecaram contra os sete pilares em algum momento de suas vidas. Eu mesmo já pequei contra o quarto pilar, ao dirigir palavras ofensivas a outras pessoas que fizeram a ira transbordar em minha alma. Mas o que me torna averroísta é reconhecer esse erro, é buscar me redimir perante ao Único e não mais errar. Damasceno observara as reações de Filipe e os outros enquanto respondia.
- Sempre quando desejares insultar alguém, lembra-te que o Único reserva para nós um futuro de fortuna e boa-aventurança. Futuro este que nada que os infiéis façam, poderá impedir que se cumpra. Portanto quando sentires que há razão para insultar, lembra-te da promessa do Único e saiba que para todos os infiéis, há um destino sombrio reservado. Esse destino é pior do que qualquer insulto ou resposta que deres a eles. Conclui o mouro.
- E para vós, amigos aristotélicos e pagãos, infiel não é aquele que crê em uma divindade diferente do Único, infiel é aquele que prega uma religião diferente ou fere a um averroísta, quebrando assim as leis divinas. Ao nossos olhos, os próximos de outras religiões são pessoas que encontraram o que para si é a sua própria Verdade e são felizes com aquilo, seja real ou não, se aquilo para eles o trás felicidade, se eles são bons e justos, o Único, em sua total misericórdia, jamais os fará mal e portanto não sois infiéis. Diz Damasceno aos presentes. - Agora se tu para onde quer que vá prega uma divindade diferente da do Único, se faz outros acreditarem e usarem os símbolos de um deus falso, se os guia ao caminho da perdição ou se tu faz mal ao teu próximo e não se arrepende, independente deste ser averroísta ou não, então tu és um infiel. Diz o mouro, de modo firme.
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"E eu testemunharei que não há ninguém digno de adoração, exceto o Único."