Sirenah realmente assusta-se com aquele pedido tão repentino. Casamento? Tuninho dizia que já tinham assumido tudo, tudo estava a seu tempo, em seu lugar. Sirenah pega em suas mãos, ambas estavam frias. Olhando-o em seus olhos, ajoelhado, ela diz:
- Querido, poucas pessoas sabem de nosso romance! Apenas alguns amigos, familiares. Não é por acaso que estamos mascarados, incógnitos! Ai, se alguém nos descobre... Tu sabes, papai queria arranjar-me com outro, filho de seu amigo. Depois, rebelei-me e por pouco não me envolvo com um parente distante! Nada deu certo. Prefiro que as coisas sigam como estão, pelo menos por enquanto!
Tuninho pareceu mudar o seu semblante. Permaneceu ainda em posição de submissão à sua amada, sem saber o que dizer. Sirenah abaixou-se à sua altura, quase a ajoelhar-se também. Olhou-o nos olhos e prosseguiu.
- Mas...se queres tu dizer que somos um amor assumido, eu como Sirenah, tu como Tuninho, sim, nós somos! As árvores desta floresta são testemunhas de nosso amor, as paredes daquele salão possuem olhos e ouvidos, tudo sabem! Sim, Tuninho, aceito casar-me contigo, aqui, agora! Deixe que a luz prateada da lua abençoe esta aliança!
Sirenah então pediu a aliança à Tuninho. Repousou-a na palma de sua mão esquerda, sobre a linha da vida, quase entre os dedos polegar e indicador. Era aquele apenas o começo de sua vida, o início de uma linda história, com sorte, muito pacata, mas repleta de aventuras e pequenas surpresas. Com mais sorte ainda, viriam os rebentos. E uma bela casa, que não precisaria ser tão grande, mas que fosse cheia de alegria. Sirenah então pediu para que olhassem para o céu e dissessem aos corpos celestes o "sim" tão aguardado. A jovem abriu seu delicado cordão atado ao pescoço, passando ali a sua aliança. Repousou-a por baixo do decote do vestido. Ninguém a veria, a não ser ela mesma e Tuninho, quando a abraçasse pelas costas e beijasse sua nuca imaculada.
Estava curiosa para saber o que Tuninho faria com a aliança dele. Parecia ainda confuso, a pensar que Sirenah era um pouco louca. A fim de tranquilizá-lo, explicou:
- Este é só o início! O importante é que nos amamos, queremos um ao outro! O mundo lá fora pode esperar! Quero também fazer-te um convite. Vamos para a minha cidade! Isso, claro, se eu não conhecer antes a tua família. Pressinto que nosso noivado será tranquilo, sem surpresas ruins. E depois, o tão aguardado casamento!
Uma brisa mais forte soprou entre o casalzinho. Com frio e um pouco assustada com o o uivo do vento, Sirenah encolheu-se, quase a cair de joelhos. Amparou-se em Tuninho e ambos se levantaram. Os olhos negros da jovem brilhavam de emoção pelo pedido que seu querido lhe fizera.