Como é o meu nome e o meu currículo que estão em jogo, eu vim aqui me pronunciar. Além de meu nome estar sendo arrolado de forma a tentar se lançar aleives sobre a minha reputação, vejo misturarem-se as coisas. É muito o que tenho a dizer, então comecemos, pois me dirijo a todos os presentes aqui e isso inclui a rainha.
Independente dos problemas pessoais ou políticos que tenham com a rainha, a pessoa mais prejudicada e aviltada aqui sou eu. Em nenhum momento essa discussão foi tratada em Sintra de forma clara e transparente com os demais conselheiros, como vi em outras situações, deixando pairar no ar uma dúvida inconsistente. Se há dúvida sobre o meu currículo, que solicitassem algum documento ou comprovação que pudesse saná-la. Já vi pedidos de cartas para se avaliarem candidatos, ou de outras documentações complementares. Isso poderia ter sido feito, mas preferiu-se deixar a coisa chegar a esse ponto, para tornar-se uma querela e trazer dúvidas sobre a minha pessoa. Vejo agora que pretendem fazer de tudo para anular a votação que me cedeu o título, para refazê-la, sobre a égide de uma dúvida inconsistente que poderia ser sanada facilmente, repito, uma vez que eu tenho meus registros de atividades sempre atualizados. Eu sempre detenho as informações que considero mais relevantes.
Da parte que me toca, gostaria de dizer que houve tempo hábil por parte de Sintra para checar as informações que chegaram às vossas mãos, uma vez que o pedido da rainha foi feito no dia 01 de junho e a minha indicação foi apresentada ao conselho de Sintra no dia 10 de junho. Só aí se foram dez dias. Eu consideraria isso irrelevante, pois sei que os conselheiros tem outras funções de maior importância e necessidade, se isso fosse um prazo comum a outros trabalhos do gênero nesse mesmo período.
Quanto à discussão da minha indicação, ela foi aberta no dia 09 de julho e se estendeu até o dia 24 de julho, enquanto o Estatuto de Sintra prevê prazos de 72 horas, que podem ser estendidos caso um dos membros solicite prorrogação, o que não aconteceu (o máximo de prorrogação é entre 24 e 72 horas). Nenhum membro de Sintra fez formalmente algum pedido, nem mesmo seu presidente. E o encerramento da votação se deu no dia 24 de julho. Ainda assim, deixou-se o processo parado por todo esse tempo e só se veio a público dar alguma satisfação um mês depois porque foi inquirido diversas vezes pela rainha. De novo reconheço que vosso tempo é escasso e precioso mas outros processos corriam livremente enquanto o meu continuava relegado e estagnado. Dai não se pode alegar realmente que havia membros do Conselho de Sintra com mandato a encerrar, estavam em pleno exercício, e consumiu-se todo o mandato sem uma única palavra vossa.
Quanto ao meu currículo deixo o que tenho atualizado com meus registros mais recentes e a devida comprovação. Não será cansativo ver, talvez seja até divertido e instrutivo (até mesmo a minha "quase morte").
CurrículoTalvez sentirão falta de registros de todas as minhas defesas da povoação, mas se tiverem paciência posso arrolar todas as minhas 128 missões pelo Exército Real Português que constituem defesas, fora as mais recentes, depois do meu retorno agora em junho desse ano. Se não havia tomada ou ameaça, normalmente não fazia registro na povoação, é algo voluntário não uma obrigação, pois não me incluía em nenhum calendário quando em reforma. Se estivesse em viagem poderia fazer a defesa em outro dia, ou mesmo fazê-la em outra povoação. Também não sou mais planeadora de Alcobaça há um bom tempo, pois pedi para ser substituída para atender uma convocatória de trabalho para o ERP.
Fora isso minhas demais declarações dizem respeito ao meu comportamento social, e eu desconheço qualquer queixa do gênero. A única vez que fui chamada pelas "forças superiores" foi por conta de uma faixa de luto muito avantajada que usava em luto pela rainha Ana Catarina. Levei minha reprimenda e encurtei a faixa. Mesmo na greve da heráldica me comportei com decoro. No máximo bati uns escudos para chamar a atenção e só. Tanto que o rei Pedro que havia dado a mim o título de persona non grata revogou-o de pronto, poucos dias depois sua consciência (alguns ainda tem isso e são poucos) doeu e ele se arrependeu, pois no fundo, sabia com que dificuldade e dedicação eu fazia meu trabalho na heráldica, apesar dos pesares. Cheguei mesmo a receber convite para voltar (não tenho provas, fica aqui a minha palavra por não ter como gravar conversas ao pé do ouvido) mas recusei, em fidelidade aos meus companheiros igualmente demitidos. O resto, é interpretação subjetiva de quem avalia o proceder de cada um com o olhar da malicia. Fui rebelde, agressiva? São os rebeldes, os questionadores que fazem a roda do mundo girar, que não deixam as coisas ficarem monótonas. São eles que trazem a mudança e não deixam as coisas estagnarem. Nem acho que sou isso, queria ser, e se fosse me sentiria orgulhosa, pois são esses que trazem o sopro de vida e a revolução. Uma pena que temos poucos, fazem falta. Fui delicada demais, gentil e cortês demais com quem não merecia, eis o meu erro.
Então, de fato não consigo perceber onde está o problema no meu currículo, e onde estou sendo mentirosa diante do que exponho sobre mim. Na verdade o problema todos nós sabemos onde está, e não é em mim. Só lamento que Portugal passa ano, entra ano não muda absolutamente nada, parece que na verdade só piora. Tudo que fiz ou que deixei de fazer em Portugal e por Portugal foi porque eu gostava do meu trabalho e me sentia realizada fazendo, era simplesmente divertido, e se ajudava outras pessoas fico feliz com isso. Nunca mirei um título, e se acha que vou me sentir melhor ou mais enobrecida por causa dele, se engana. Não é isso que enobrece a minha alma, é saber que eu fiz o que era correto aos meu olhos é saber que estou em paz com a minha consciência, uma vez que não se pode mesmo agradar a todos. Nem de longe tenho essa pretensão. Se querem me julgar, paciência, pois do alto a todos julga Jah. E claro há pessoas que podem até mesmo forrar suas camas com títulos até o dossel, forrar as paredes da alcova e da sala, mas por dentro vão continuar tão pobres de espírito, tão mesquinhas e vazias quanto sempre foram.
Portugal está mesmo muito mal. Não vou questionar o merecimento dos que foram até agora agraciados com títulos, pois seria injusto da minha parte, não conheço os corações e os feitos de todos, fico muito ocupada com meu trabalho para vigiar a vida alheia. Mas a verdade é que nesse momento, esse título que a rainha me oferece não desperta em mim a menor vontade, não sou colecionadora de títulos (posso ser colecionadora de Res Parendus, mas acho que já tenho o suficiente por aqui, até me diverti com a ideia de fazer mais um com isso, mas sinceramente, tiraram-me a inspiraçãoe e a vontade, uma coisa que era para ser divertida e legal, virou um aborrecimento, ficou sem graça), não vou ficar triste por causa de um brasão, sou feliz com a minha lisonja que traz as cores da minha família da qual me orgulho muito (orgulho-me com paixão de todas as três que faço parte).
Só posso chegar a conclusão depois de tudo que vi e ouvi aqui, pela mesquinharia que essa discussão se tornou, que o título que realmente nesse momento me deixaria verdeiramente feliz seria o de "Persona Non Grata" que recebi e me foi retirado pelo rei Pedro rapidamente (perdi o ineditismo). Pois esse título sim, mostrava de verdade como são tratados muitos dos cidadãos portugueses que se dedicam ao Reino, esse título sim expressava o que verdadeiramente é Portugal. Já estava a estranhar essa mudança de ares (olha que iludida e ingênua que fui). Mas vejo que tudo continua igual (sempre as mesmas peças, sempre o mesmo jogo enfadonho, que afasta tantos daqui, e isso é em toda parte, eu mais uma vez iludida achava que em algum lado seria diferente). Ainda mais quando se ameaça tirar títulos de outras pessoas refazendo votações com alegações mesquinhas, duvidosas e manipuladoras.
Eu renego esse título de baronesa que a rainha me oferece e que Sintra votou aprovando-me unanimemente e pelo qual agora sou chamada injustamente de mentirosa e sobre o qual lançam dúvidas sobre a minha vida. Desculpe, majestade, mas sinceramente, ele não me enobrece, diante da forma mesquinha com que fui tratada aqui, só me traria lembranças tristes e amargas do que Portugal se tornou, e eu quero mesmo agora é ir embora, esquecer o que esse reino se tornou e se possível esquecer também o caminho de volta. Deveria ter me perdido quando voltava de Alexandria e ter seguido meu instinto e ficado em alguma tasca do Império Otomano, do Sacro Império ou mesmo da França. Mas ainda há tempo, ainda sou jovem e as estradas estão abertas e sempre é tempo para se partir e recomeçar. Não vou te abandonar, ficarei até o final do vosso reinado como prometi, mas depois é adeus Portugal. Não existe nada pior que talento desperdiçado e sinto que estou desperdiçando meu talento aqui. Posso soar pretensiosa nessa parte, mas cada um sabe o que vale, e eu valho sim, muito, eu valho a pena.