Bento
Assim que os convites para o Torneio de Arco e Flecha da cidade do Porto foram distribuídos em Lisboa, Bento, o homem do capuz negro, apressou-se a preparar uma trouxa com parcos haveres. Partida repentina, sem dúvida alguma, mas um amor como o seu não conhece barreiras, nem distâncias. Orgulhoso de si e dos progressos alcançados nos últimos tempos, acalenta a esperança de um encontro de carácter mais íntimo com Marih e, desse modo, não consegue esconder a ânsia que cresce no seu peito a cada dia que passa. É sabido que uma cisma é pior do que uma doença e o amor que Bento sente por Marih roça, não raras vezes, uma perversão doentia.
A viagem de Lisboa ao Porto decorreu sem sobressaltos de maior. As paragens breves e as palavras trocadas ainda mais fugazes do que as estadias. Bento sabe que o seu olhar velado não é suficiente para apaziguar o burburinho que se ergueu no seu encalço. As mulheres têm-no como um homem perigoso e secreto e, enquanto as mais ousadas procuram mergulhar no mar de incertezas, as mais incautas fogem de si como o diabo foge da cruz. Por todos os meios menospreza o contacto com o sexo masculino, ainda mais nestes momentos de paixão ardente, em que a imagem vívida das curvas suaves e femininas de Marih está marcada na sua alma. Meses antes, Bento era um homem inofensivo e inepto, mas uma paixão daquele tamanho pode enlouquecer até o mais inocente dos homens. E assim foi que, perdido em luxuriosos pensamentos, Bento cavalgou quase incessantemente, despertando a curiosidade daqueles que com ele se cruzaram.
Caía a noite sobre o Porto quando o cavalo de pêlo negro e lustroso se abeirou das muralhas da cidade. Envolvido por uma floresta densa, Bento acariciou distraídamente o flanco do cavalo, o seu olhar fixo na luz bruxuleante que iluminava os portões da cidade. O seu estômago rugiu nesse exacto momento e a dor que lhe atormentava as costas não mais poderia ser ignorada. Um caldo quente e uma cama de palha eram aquilo que mais desejava.
Incitou o cavalo mais uma vez e seguiu em direcção à cidade.
A viagem de Lisboa ao Porto decorreu sem sobressaltos de maior. As paragens breves e as palavras trocadas ainda mais fugazes do que as estadias. Bento sabe que o seu olhar velado não é suficiente para apaziguar o burburinho que se ergueu no seu encalço. As mulheres têm-no como um homem perigoso e secreto e, enquanto as mais ousadas procuram mergulhar no mar de incertezas, as mais incautas fogem de si como o diabo foge da cruz. Por todos os meios menospreza o contacto com o sexo masculino, ainda mais nestes momentos de paixão ardente, em que a imagem vívida das curvas suaves e femininas de Marih está marcada na sua alma. Meses antes, Bento era um homem inofensivo e inepto, mas uma paixão daquele tamanho pode enlouquecer até o mais inocente dos homens. E assim foi que, perdido em luxuriosos pensamentos, Bento cavalgou quase incessantemente, despertando a curiosidade daqueles que com ele se cruzaram.
Caía a noite sobre o Porto quando o cavalo de pêlo negro e lustroso se abeirou das muralhas da cidade. Envolvido por uma floresta densa, Bento acariciou distraídamente o flanco do cavalo, o seu olhar fixo na luz bruxuleante que iluminava os portões da cidade. O seu estômago rugiu nesse exacto momento e a dor que lhe atormentava as costas não mais poderia ser ignorada. Um caldo quente e uma cama de palha eram aquilo que mais desejava.
Incitou o cavalo mais uma vez e seguiu em direcção à cidade.