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[RP] Uma Festa

Fitzwilliamdarcy


O Condestável sorriu ao Barão de Portela e o cumprimentou acenando com cabeça. O sr. Fitz tinha grande respeito pelo patriarca dos Viana e era sempre agradável conversar com ele.
Ao que lhe convidou sua esposa para entrarem despediu-se de Amalric com um rápido cumprimento militar.
A noite começara a esfriar e a fina neblina agora aumentava lentamente. O Condestável era sempre muito atento, seus sentidos dificilmente estavam enganados. Entretanto a noite mostrava-se tranquila, sua esposa apesar de cansada, parecia feliz e Amalric, que com o passar do tempo tornara-se um homem de confiança do Condestável, estava certo da segurança do lugar o que lhe transmitia tranquilidade.
Após entrar com sua esposa, tendo Amalric ficado ainda do lado de fora, afinal estava em serviço, ela pedira licença para ir ter com a Rainha. Gentilmente o sr. Fitz consentiu e a deixou ir.

- Tudo bem querida, fique a vontade, estarei aqui. Não incomodarei mais Amalric pois está em serviço. Espero-te aqui, ficas a vontade, mas não demoras, sabes que tua companhia é tudo para mim.

O Condestável então buscou um lugar para ficar.

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Beatrix_algrave


Após despedir-se de seu esposo Fitz, Beatrix deixou a companhia dele para ocupar-se da rainha. Seria divertido vê-la ainda tentando enganá-la sobre a festa e afirmando que a embaixadora não demoraria a chegar.

Com esses pensamentos, Beatrix tentava desanuviar em vão os pressentimentos que tivera no início daquela noite, agora longe de Fitz eles retornavam. Ela subiu as escadas e sentiu o ar gélido varando as pesadas cortinas ao passar por um dos corredores. Aquilo provocou-lhe um novo arrepio que percorreu-lhe a espinha. A ruiva pensou em fechar uma das janelas, afastou as cortinas com essa intenção, quando reparou em um corvo aboletado sobre o parapeito de mármore na parte externa da janela aberta. A ave crocitou ao ver a ruiva fechar a janela e logo em seguida alçou voo noite adentro. Mesmo com a janela fechada, a sensação de frio continuava, como se o ar gélido da noite tivesse se ocultado em meio aos tapetes e tapeçarias. Ela continuou caminhando e seu passo era leve e diligente.

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Yochanan


O Viana resolveu voltar ao interior junto à Beatrix e Fitz, e observou quando a jovem baronesa cruzou o salão até deixar-lo por uma das portas laterais que levavam às habitações interiores do palácio, ficando ele a sós com Fitz.

- Deseja tomar algo senhor Condestável? Soube que minha irmã possui uma bela coleção de vossos vinhedos em suas adegas.

Apesar da pouca convivência que tinha com o jovem Condestável Real, o velho Prior havia desenvolvido um certo carinho por ele, assim como tinha por Beatrix. Ambos eram jovens honestos e honrados que não se deixavam abater pela adversidade, mas que se fortaleciam diante dela. O Caminho de ambos seria difícil, mas que eles tenham se encontrado os fortalecia além do que eles próprios imaginavam.

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Fitzwilliamdarcy


Ao ficar sozinho o sr. Fitzwilliam olhava para o salão e admirava seus ornamentos. Apesar de sua mente estar tranquila naquele momento ele pensava em inúmeras coisas ao mesmo tempo. Com os últimos meses árduos de trabalhos bastava ficar só para automaticamente vir em sua mente os projetos, reuniões, missões, desafios, dificuldades e possíveis soluções.

Mas não demorou muito para que ele tivesse companhia. Logo entrou no salão o Barão de Portela.

- Boas sr. Viana. Claro. Algo para beber cairia muito bem agora.

O sr. Fitzwilliam lembrava do pão de queijo da família Henriques. Sempre combinavam com um excelente vinho.

- A propósito sr. Viana, como tens passado?

Perguntou o sr. Fitzwilliam ao Barão de Portela.


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Bento


O corpo da Rainha, subitamente frouxo e pesado, deslizou contra o seu e Bento removeu as mãos do delicado pescoço, observando extasiado as marcas roxas que se formavam, o contorno dos seus dedos, longos e masculinos, perfeitamente delineado. Sorrindo, beijou-lhe os lábios entreabertos, ignorando a expressão de horror para sempre transfigurada nos olhos azuis de Marih.

- Minha... És minha para todo o sempre, e não serás de mais ninguém. - Murmurou baixinho contra os lábios dela, como se ela ainda o pudesse ouvir.

Colocando um antebraço debaixo da articulação do joelho da Rainha, e usando a outra mão para apoiar o tronco, Bento pegou nela ao colo e depositou-a delicadamente sobre a cama. Ajoelhado ao lado de Sua Majestade, o homem do capuz desviou-lhe os cabelos loiros da face e colocou-lhe as mãos sobre o ventre, entrelaçando os dedos.

- És tão bela, mesmo quando o sopro de vida em ti já se extinguiu. - Sussurrou, debruçado sobre o corpo dela. - Não te preocupes, meu amor, não tarda estaremos juntos. Juntos para toda a eternidade. Mas antes, antes tenho de matar aquele outro a quem o teu coração pertence. Não o quero entre nós.

Curioso, Bento esticou um braço a apanhou a carta, desdobrando cuidadosamente o papel e leu-a:




Querido mano,

Se você estiver lendo essa missiva é porque algo de ruim aconteceu comigo, e como eu previa isso, resolvi te escrever para te pedir duas coisas.

Há algum tempo tive em sua casa e mexendo em um livro encontrei uma carta da nossa mãe que contava segredos sobre mim. Nessa carta ela contava que eu não era uma Camões. Dizia que... Bem, você sabe bem o que a carta dizia. Então mano, já que não sou Camões, quero te pedir que resolva os documentos da Adini e da Maria, faça-me o favor de retirar em cartório esse sobrenome que não nos pertence.

A outra coisa que te peço é que você procure a Clarie e se possível o Tugas para contar-lhes que a Clarice é uma Sagres, uma legitima Sagres. Ela é fruto da minha relação com o meu ex-noivo o Respadaneira que veio a falecer antes de nos casarmos. Quando descobri que estava gravida e ele morto, me desesperei e fui ter o bebê num convento, lá deixei a criança aos cuidados da Madre que prometeu me manter informada de tudo. Ela foi adotada por uma pessoa caridosa que quando veio a falecer e fiquei sabendo fui a procura e então eu a adotei para tentar suprir o meu erro.

Aqui despeço-me deixando um abraço enorme dessa tua irmã que te ama muito,

Marih Beatrice Viana


Os seus olhos, marejados de lágrimas, mostravam-se horrorizados e foi com muito custo que o homem voltou a olhar para a mulher que amava e matara injustamente.

- Oh meu amor, perdoa-me! Perdoa-me! - Bradou desesperado, abraçando-a nos seus braços e abanando o corpo lasso.
Yochanan


Ao ouvir a concordância do Condestável Real, o barão sinalizou a um dos pajens do palácio para que lhes trouxera um pouco de vinho.

- Tenho passado bem senhor Fitzwilliam. Infelizmente minha ausência me deixou alguns quantos assuntos que ainda devo resolver, mas nada que me seja em demasia complicado, apenas levarão seu tempo para ajustar-se. E o senhor, como tem passado? - ele retorquiu enquanto o pajem se aproximava com o vinho já servido em taças em uma bandeja.

Yochanan tomou as duas taças e ofertou uma à Fitz.

- À saúde de Sua Majestade, e à nossa! - ele brindou.

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Beatrix_algrave


Ao final do corredor, Beatrix se deparou com a porta entreaberta e a ausência de guardas no corredor, pois por conta da festa, os mesmos se concentravam nas entradas do castelo.

A Camareira Real abriu a porta com certa naturalidade, mas ao fazê-lo se deparou com uma das cenas mais assustadoras de sua vida, mesmo o assassinato dos Nunes por Nicole no cais não havia sido tão assustador quanto aquilo.

Um homem muito alto e forte se lamentava enquanto abraçava o corpo exangue da rainha,e ela logo percebeu pela sua experiência ainda que parca em estudos médicos que mais que exangue aquela era uma palidez de morte, a expressão dos olhos azuis arregalados, a mancha arroxeada em seu pescoço, aqueles detalhes mínimos lhe saltaram aos olhos. Ela não conseguiu conter o grito de terror que saiu de sua garganta, ela gritou a plenos pulmões. Seu grito reverberou pelos corredores e não pôde ser contido nem pelas tapeçarias nem pelas cortinas.

-AAAAAAAAAAAAAH!

Ao grito se sucedeu uma ação rápida. Ao dar-se conta de que naquele momento se achava desarmada, a ruiva avançou para pegar o vaso de cristal que ornamentava 0 quarto da rainha. Ela gritou novamente enquanto estava já com o vaso na mão e as rosas vermelhas caíram aos seus pés.

- GUAAAAAAARRDAS!!!

Quando o homem se levantasse, Beatrix veria que ele era ainda maior do que ela imaginara. Tudo foi tão rápido que ela ainda não havia se dado conta que não era a primeira vez que via aquele homem no castelo real.

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Bento


Bento osculou os lábios da Rainha repetidamente, e as suas lágrimas molharam o rosto de feições albas, agora ainda mais empalidecidas pelo toque suave e frio da Morte. Entrelaçou os dedos com os de Marih e acariciou-lhe a pele suave que lentamente esfriava, mesmo perante o seu toque delicado. No seu coração, havia desespero e arrependimento, e o amor avassalador que outrora sentira foi placidamente substituído por remorso.

Perdido nestes pensamentos e na dor que lhe corroía a alma, Bento não se apercebeu da chegada de um intruso. E, portanto, foi com sobressalto que ouviu o aterrorizado grito, largando a Rainha Marih no leite e levantando-se num ápice. À sua frente estava a Camareira Real, Beatrix Algrave e, apesar de ciente dos seus erros, Bento não desejava entregar aquele destino que só a ele lhe pertencia a mãos alheias.

- Calada, porra! - Sibilou irritado, os seus olhos subitamente assustadores, dominados pelo ódio de quem é interrompido num momento tão íntimo.

Beatrix agarrou um dos vasos com rosas, mas Bento sabia que tal acto era fútil. Rapidamente, o homem do capuz desembainhou um punhal e perfurou o ventre da ruiva com a lâmina retorcendo-a por breves instantes antes de a remover, apenas para impulsionar o braço novamente e voltar a penetrar o abdómen dela com a arma.
Beatrix_algrave


O xingamento e a ordem do assassino da rainha não foram suficientes para calar Beatrix que ainda gritou e atirou o vaso na direção do homem, o que não serviu para detê-lo, pois logo ele avançou com fúria contra ela perfurando-a com o punhal.

Ela sentiu a dor do aço penetrando em sua carne, o golpe violento e profundo aliado ao giro da lâmina fez com que o corte fosse ainda mais doloroso e que sangrasse mais abundantemente. A dor se transformou em mais um grito desesperado de socorro.

- GUAARRRRRDAS!!! SOCOOOOORRO!!!

Em meio a dor a ruiva ainda tentou em vão chutar o atacante que lhe apunhalara, mas isso pareceu irritá-lo ainda mais, era um gesto desesperado. O segundo golpe calou Beatrix e ela não teve mais forças para gritar, nem manter-se em pé. Ela caiu de joelhos e em seguida seu corpo tombou sobre as rosas do chão. Seu sangue misturou-se com o vermelho das pétalas esmagadas manchando de um vermelho profundo o vestido tão branco e imaculado que ela trajava. Ela ainda viu as madeixas loiras da rainha espalhadas sobre o chão recoberto pelo tapete vermelho e dourado. O frio que antes lhe atormentava aos poucos foi tomando o seu corpo. Ainda que tudo começasse a ficar distante, ela não cerrou os olhos. Permaneceu ali, quieta em meio a dor e sentindo sua vida se esvair lentamente, aos poucos ia perdendo os sentidos e a noção de tempo.

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Fitzwilliamdarcy


O Condestável Real observava os pagens vindo a pedido do Sr. Viana e ouvia atentamente o mesmo falando sobre como estava. O sr. Fitzwilliam sentia-se cansado de tanto trabalho, a vida nos afazeres da coroa não era fácil e não tinha problemas em dizer isso ao Sr. Viana, que tinha a confiança do militar. Respondeu-lhe o Condestável Real:

- Eu vou bem, obrigado senhor Viana. Sinto-me um tanto cansado, não tem sido fácil os assuntos da coroa, contudo é uma grande honra servir a minha Rainha.

O militar viu o sr. Viana pegar as taças e oferecer uma a ele. O viu e ouviu brindar. O Condestável Real então sorriu e erguendo também a sua taça foi brindar a Rainha de Portugal com o patriarca da família Viana.

- Sim! A Saú...

Ouviu-se um grito de terror pelo palácio, interrompendo assim as palavras do Condestável.
Qualquer som por mais brando que fosse poderia ser ouvido devido ao silêncio e quietude que reinavam naquela noite. Mesmo a fina neblina, que muito lentamente ganhava força, não fazia um único ruído.
O sr. Fitzwilliam sempre teve uma boa audição, capaz de ouvir ruídos e distingui-los, afinal inúmeras vigílias patrulhando a povoação de Santarém, Montemor e Alcobaça em longas madrugadas, muitas delas sem iluminação nem mesmo dos astros do céu, treinaram sua audição.
Mas aquele não era um ruído, era um grito estrondoso e aterrorizado e o Condestável Real não só tinha a certeza que era familiar como sabia de quem era o grito.
Ele arregalou os olhos e franziu as sobrancelhas lhe dando um ar de quem tentava imaginar a cena de onde veio o grito. O Condestável Real olhou para o patriarca dos Viana, que também ouvira o grito, e indagou já soltando a taça sobre uma mesinha de que estava próximo.

- O senhor ouviu isso!? Foi Beatrix, tenho certeza!!

A cada segundo enchia-se de dúvidas e temores o coração do militar. A única certeza é a de que aquele grito era de sua esposa.

Tudo isso se passara em alguns segundos. Logo antes mesmo de responder o sr. Viana foi possível ouvir mais gritos, dessa vez a chamar pela guarda. Um grito desesperado e acusador.



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Yochanan


- O senhor ouviu isso!? Foi Beatrix, tenho certeza!!

Gritos ecoaram pelos corredores vazios do palácio, mas foi a certeza do Condestável Real que confirmou aquilo que o Viana suspeitava. As vezes já não tinha certeza se algumas das coisas que ouvia eram reais ou ecos de outros tempos...

Novos gritos clamando pela guarda fizeram o palácio estalar em ebulição. Os guarda que ouviram se dividiam alguns já se dirigiam pelos labirínticos corredores à origem dos gritos, outros corriam para alertar o resto da guarda. O Palácio se fechava em si mesmo.

Logo Yochanan se viu correndo pouco atrás de Fitz, indicando-lhe atalhos que havia aprendido nos tempos que serviu de Camareiro-Mor de Sua Majestade. Os corredores dos criados são muitas vezes desconhecidos pelos demais. Passagens criadas justamente para que fosse possível transitar pelo palácio sem ser visto pela Corte.

Um novo grito acelerou sua corrida. Mais uma curva e estariam diante das portas dos aposentos reais.

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Maria.viana.sagres


Já havia escurecido desde a última vez que Maria olhou pela janela de seu quarto. Não tinha noção de quanto tempo tinha se passado desde que começaram a arrumá-la; só sabia que podia ouvir o pio de uma coruja que parecia voar ali perto e isso significava que estava tarde.

Sentada na cadeira em frente à penteadeira, olhava o próprio reflexo no espelho enquanto uma criada penteava-lhe os cabelos. Irrequieta, bufou em desaprovação com tanta demora e disse:

- Ainda levará muito tempo até isto terminar? Eu não agüento mais estar presa aqui!

Até que teve uma idéia para se desvencilhar daquela situação: fome. Afinal, quem recusaria comida à infanta? Além disso, fazia muitas horas que ela não havia ingerido qualquer alimento e sabia que este artifício iria funcionar. Em um relance, a menina começou sua encenação: colocou a mão direita à barriga na altura do estômago, fez uma cara de dor e disse:

- Aiii, tenho fome! Meu estômago dói e quero comer alguma coisa agora! Anda, anda! Traga-me um pedaço de pão e um copo de leite... Senão conto tudo à minha mãe e ela não vai gostar...

Após proferir as ordens em tom ligeiramente ameaçador, Maria observou a criada que lhe arrumava arregalar os olhos e rapidamente sair do quarto, dizendo que já iria trazer a pequena refeição pedida.

Estando o aposento vazio, levantou-se e caminhou em direção à saída. Queria ter certeza de que seu plano tinha funcionado. Assim, encostou-se no caixonete da porta, esticou a cabeça para fora para ver se tinha alguém a vigiá-la. Sorriu e respirou fundo ao reparar que não tinha obstáculos. Como uma criminosa em fuga, seguiu até o jardim do Castelo, escondendo-se de todos que pudesse encontrar pelo caminho. Ela queria pegar seu gato Mingau, que devia estar por lá, para poder brincar com ele.


Fitzwilliamdarcy


Não faltavam certezas para o sr. Fitzwilliam, seu coração apertado em angustias fazia-o correr cada vez mais rápido pelos corredores. Apoiando-se nas paredes sempre que deslizava nas curvas. O sr. Yochanan logo atrás o orientava o caminho mais curto.

A quebra do silêncio foi sem trégua alguma. Gritos vindo do quarto real, soldados para todos os lados, ordens e alertas por todo o sítio. Uma grande agitação tomou o palácio. O resultado daquela tempestade era o que mais temia e trazia angústia ao coração do condestável.

Yochanan e Fitzwilliam foram os primeiros a chegarem nos aposentos reais. Fitz um pouco a frente empurrou a porta já aberta para escancara-la. Deu dois passos a frente e viu a Rainha imóvel sobre a cama, parecia pálida. E viu sobre rosas vermelhas Beatrix no chão, paralisada, o sangue escorria pelo chão e sua roupa já toda ensanguentada fizeram o Condestável sobressaltar os olhos.

- Beatrix!! Majestade!!

Ele gritou em desespero. Instintivamente ao ver Beatrix ele abaixou-se e sentiu que estava ainda viva, porém não sabia por quanto tempo ainda teria com todo aquele sangue perdido.

Segurando a mão de Beatrix ele levantou os olhos e viu um homem embainhando uma faca na cintura, abrindo uma janela e tencionando fugir por ali.

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Yochanan


A cena que tinha diante de si era terrível, o corpo inerte de sua irmã deitado na cama os olhos claros antes vivazes e determinados, sem vida fixos no vazio de um outro mundo. No chão em uma poça de seu próprio sangue estava Beatrix, o vestido alvo manchado de vermelho escuro, a pele palidecia e o grito de Fitz enchia o quarto.

O Viana viu Fitz hesitar um momento quando viu o homem tentando escapar e pôde perceber que ele lutava entre perseguir o fugitivo ou ficar e cuidar de sua agonizante esposa. O tempo urgia e Yochanan sabia que não tinha mais a agilidade de outros tempos então, com a mesma voz com a que comandou antigamente, disse:

- Condestável! Vá! Pegue o maldito! - e aminorando um pouco o tom completou confiante já ajoelhando-se ao lado de Beatrix. - Eu olho por ela. - Ele procurava deixar a certeza em Fitz de que Beatrix se salvaria. Mas naquele momento nem mesmo ele tinha certeza.

As feridas da Algrave eram graves e o primeiro que ele tinha que fazer era parar o sangramento, algo difícil em feridas daquele tipo. Sem miramentos tirou a capa dos ombros e usou-a para pressionar as feridas. sentia o esforço que ela fazia para respirar, mas felizmente era uma respiração limpa.

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Beatrix_algrave


Beatrix ainda viu a chegada de Fitz e Yochanan aos aposentos reais, enquanto ouvia o som de passos apressados vindo em direção ao mesmo local. O grito de seu esposo Fitz soou distante aos seus ouvidos, ainda que ele estivesse tão perto.

A ruiva viu o velho amigo prior perto dela e sentiu dor quando ele pressionou as feridas para conter a perda de sangue. Ela desfaleceu observando o rosto preocupado do prior, não conseguindo mais resistir aos ferimentos e manter-se acordada. Ao menos ela nutria a esperança de que o assassino covarde e vil que pusera fim à vida da rainha Marih não escaparia impune. Fitz faria justiça à sua rainha e amiga querida.

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