MúsicaDiversas bandeiras coloridas tremeluziam agitadas pelo vento do inverno que naquele ano parecia reticente em chegar. Diversas tendas foram armadas para atender aos competidores, o que conferia um colorido ainda mais intenso à praça onde as arenas já estavam montadas.
Palanques e arquibancadas foram armados em volta das arenas para proporcionar comodidade aos que iam assistir ao espetáculo. Para os nobres havia até mesmo cadeiras forradas de veludo, para a plebe, bancos de madeira mais simples, além de espaços onde a multidão se aglomeraria e alguns até mesmo dispunham as cadeiras que traziam de casa.
Em volta das arenas estavam barraquinhas onde artesãos vendiam desde roupas até comidas e brinquedos para crianças. Entre os brinquedos, haviam cavaleiros e espadas de madeira, bastante procurados. Também havia bonecas de pano e olhos de retros, com tranças de lã e vestidinhos de retalhos, que imitavam as roupas das damas da nobreza. Alguns estavam mais interessados na feirinha do que nos combates. E um cheiro bom de carne assada e cerveja tomava o espaço.
Mas era ali na arena principal, em que se daria a abertura do evento, que o burburinho se concentrava.
Pajens e arautos circulavam de um lado a outro dispondo os últimos detalhes da decoração, vendo se nada faltaria aos competidores. Alguns médicos foram convocados para prestar socorro aos competidores que necessitassem. Alguns escudeiros já ocupavam as tendas, vendo se a equipagem de seus cavaleiros estava perfeitamente em ordem.
O chão de terra das arenas de combate à pé e à cavalo fora cuidadosamente preparado e batido. Na arena de combate à cavalo diversas bandeirolas nas cores de Portugal enfeitava o corredor baixo das fileiras que separariam os cavaleiros na justa.
Aos poucos os participantes iam chegando, entre competidores e platéia. Havia
nobre e plebeus, camponeses, artesãos e membros do clero, e à medida que chegavam cada um ia se dirigindo à parte que lhe era destinada, pela sua classe e condição social.
Mais que o mero combate e exibição de força e destreza, aquela era uma celebração da graça e da cortesia. As espadas e lanças estariam naquele dia, privadas da sua função mortal, pois as lanças estariam sem ferro e com a ponta roma e as espadas sem o corte. Acidentes poderiam é claro acontecer, mas a arena não deveria ser manchada de sangue, exceto em alguma eventualidade.
Tudo parecia preparado para a divulgação das chaves de competidores e em breve os cavaleiros saberiam quem seria seu primeiro adversário na disputa em se tornar campeão do II Torneio Real de Justas, realizado pela Coroa Portuguesa.
Depois de um toque de fanrarra, o arauto desenrolou o pergaminho e finalmente anunciou a programação do evento e a escolha das chaves dos competidores que se enfrentariam à partir do dia seguinte, bem cedo.