Aristarco
À tardinha, depois de mui cousas em conformidade e condignamente resolvidas (como repouso em boa cama, barriga cheia, com fumaças de cachimbo a flanar por fim), o trovador resolveu dar uma saída bem escondida, porque surgira uma pendência inesperada que lhe importava deveras, não poderia ser diferente: se por um lado se sabiam temperamentos e índoles das gentes que na taberna iam de quando em quando molhar garganta, por outro se sabiam diversas novidades variando da anedota à algo sério, de relevância e importância; tudo parecia girar de fato nas boas tabernas e praças, certamente.
Era como dizia um mestre-trovador em sua época de aprendiz: se queres algo saber, procura taberna sem pestanejar.
E de fato soubera: alguns irmãos templários se encontravam em Alcácer a terminar uma fortificação templária, um pequeno posto por assim dizer, com o costumeiro fito de tratar das cousas da Ordem, assim como receber quaisquer viajantes e peregrinos, visitantes de todos os tipos a procurarem algum abrigo para pernoitar em segurança, uma boa refeição para aplacar a fome e sede, e uma boa conversa para amainar fardos que às vezes os corações tendem a querer bem carregar; há que se aliviar um pouco nesta vida, oras, há sim...
Para lá se dirigindo, logo viu fincado o estandarte templário, bem ali no topo duma torre simples feita de pedra, sob um morrote bem próximo de um dos caminhos principais para a vila.
Bem localizada estava a fortificação, apesar de mesmo longe se notar suas dimensões reduzidas, pois sim, nada mais era do que um posto, com sua atribuição costumeira.
Quando chegou nele, Aristarco rapidamente foi prestar auxílio nos últimos detalhos daquele edifício, gastando boa parte do dia; mas tais imperativos não podiam ser furtados, pura questão disciplinar também não menos costumeira em que os irmãos das causas templárias se dedicavam (mui vezes às próprias expensas).
Já fazia parte da tradição, bem como auxiliar qualquer pessoa necessitada que dalgo precisasse na paragem.
Por fim, conseguiram terminar, porque outros irmãos se achegaram no decorrer daquele dia e juntaram dedicação e força de braços e capacidade de intelecto para tudo organizar e executar.
Simples e eficiente como os velhos construtores romanos, matutava consigo Aristarco, não esquecendo tampouco aquele valor de urbanitas que tão lera do Scipio Africanus, Cicero, Cato (o velho) e Seneca, dentre outros preclaros mais.
Afinal se tratavam por irmãos sem qualquer vantagem ou proveniência, apenas na fraternidade de coração e gana em que põem homens às causas. Ao menos das causas honestas, que bem se o diga.
As alas já estavam sendo limpas, a deixar quase tudo pronto para receber quaisquer viajantes e visitantes, ainda mais clérigos para oportunamente abençoar os cavaleiros, assim como estariam convidados todos à experimentar cerveja da pequenina adega do posto, barricas várias que lá se encontravam.
O ambiente era tipicamente espartano, mas só na aparência, é preciso bem frisar, já que nos espíritos que ali se encontravam, fraternidade sobrepujava toda e qualquer intempérie (até mesmo alguma ressaca do bravio mar tão próximo), porque é assim que precisam ser os homens factualmente, resistentes mas flexíveis, tal qual um caniço que também se inclina e sobrevive à rajada, permanece, porém a lamentar o rijo carvalho tombado que a nada se curvava ao orgulho temerário de à nada ceder.
Havia um cansaço pairando no ar, afinal corpo é para se cansar mesmo (não deixa de ser fardo in natura), mas ao contrário do que se pensaria, havia satisfação e tranquilidade, porque os templários felicitavam aquele pequenino ponto de encontro, naquela boa vila.
OOC:
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| Secrétaire Royal | Minstrel of Gharb al-Ândalus | Flemish-breton of Iberia: al-Musta'rib |